terça-feira, 31 de maio de 2011

"Italia risorgi nella difesa del patrimonio della cultura"



«Un fuori programma inaspettato ieri sera al Teatro dell'Opera di Roma per la prima del Nabucco,Muti, già sul podio con la bacchetta in mano, si è rivolto al pubblico ed ha svolto questo paragone: "Il 9 marzo del 1842 -- ha detto -- Nabucco debuttava come opera patriottica tesa all'unità ed all'identità dell'Italia.
Oggi, 12 marzo 2011 non vorrei che Nabucco fosse il canto funebre della cultura e della musica". Parole accolte da applausi e da una pioggia di volantini dalla balconata, che dicevano "Italia risorgi nella difesa del patrimonio della cultura"
Dopo aver diretto il fatidico coro del terzo atto il maestro ha detto: "Sono molto addolorato per ciò che sta avvenendo, non lo faccio solo per ragioni patriottiche ma noi rischiamo davvero che la nostra patria sarà 'bella e perduta', come dice Verdi. E se volete unirvi a noi, il bis lo facciamo insieme".
E come ad un comando tacito tutti gli spettatori si sono alzati in piedi e coloro che sapevano qualche rigo del testo hanno cantato insieme ai cento coristi rimasti sul palcoscenico. Un fatto assolutamente inedito»

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O CONTRÁRIO DO MESMO


O contrário do mesmo

1. Opinião e voto
O problema não está no que se diz, mas no modo como se diz e na estrutura em que o que se diz faz agir o que se diz numa lógica não dominada, no território de um poder alheio. Portanto o que se diz no quadro do modo como nos fazem dizer é, desde logo, um modo de ceder aos gestores dos modos de dizer, serventuários de outros poderes, os proprietários que exercem um poder nunca legitimado, soberania ilícita e diária exercida pela homogeneização ideológica neoliberal e consumista e que, em última instância, se materializa em toda a sua potência de discricionariedade, fechando a loja, abrindo outra, deslocalizando instrumentos de produção opinativa, comprando outros directores, despedindo pessoas por motivos de opinião, submetendo os espaços informativos a uma comercialização total, a regras de propaganda publicitária, etc.
É como o voto, não serve aquilo para que supostamente é, mudar na realidade e não apenas de forças de poder, pois necessitamos dada a situação precária em que estamos metidos de uma mudança radical, mas serve para nos dizer à exaustão que a democracia existe, que ela é esse direito de votar, como se a isso se pudesse reduzir e isso bastasse, miragem elaborada de uma metamorfose anunciada e ansiada numa conjuntura em que o voto é parte de um mecanismo emaranhado de grandes tensões psico-sociológicas, no contexto de um drama eleitoral fulanizado e de folhetim, os eleitores de credo na boca, em cada um habitando um devedor mais que um cidadão e pela frente o credor vestido de anjo da guarda, de calculadora na mão. O exercício do voto enquanto drama exposto do trauma da dívida é deste modo uma coacção, o caminho estando predefinido, já que é claro que um devedor, sem meios claros de se libertar do que deve, é como um náufrago. E um país de devedores tendo a pagar um crédito insuportável, um paquete a afundar-se que espera, enquanto se afunda, que o casco possa ser reparado e que para isso se agarra aos “salvadores de serviço” no mercado partidário que mais perto estão dos que emprestam ou mandam no empréstimo, os credores nossos amigos ligados aos poderes políticos dominantes. Ao náufrago votante não se pergunta se quer a bóia ou não.
Mas os mecanismos da opinião ainda são mais sofisticados porque aquele que diz o que diz, nos tais contextos em que o que diz é condicionado pelos modos e formas a que é obrigado – esse trato civil politicamente correcto ao ponto da fusão entre trato e uma neutralidade para consumo cavalheiro dos telespectadores, estilo imposto ao lado das alarvidades dos programas para massas – é também obrigado ao afunilamento temático, ao primado da contabilidade por oposição a economia e da economia por oposição a cultura e à vida - o palhaço pobre do espectáculo da crise - a ser referida para fabricar lágrimas de impotência no telespectador eleitor, vias da passividade e da neurose.
Mas quem opina, o tal líder político e as suas cortes maiores ou menores de segundos e terceiros homens, é ainda sujeito ao fogo de barragem imediatamente posterior dos opinian makers que logo branqueiam o que se diz ao serviço do futuro inevitável que aí vem, e tudo encaminham para a solução que está pré decidida e que é definida pela lógica do empréstimo, em tudo mais banqueira que Europeia – ver a Europa de Shakespeare reduzida a uma instituição de crédito vulgar, isso sim, é a maior das tragédias e a verificação da sua falsa existência e consistência unitária. (...). TextoCompleto

quarta-feira, 25 de maio de 2011

EU TENHO UM SONHO: CULTURA COM MINISTRO SEM MINISTÉRIO










Quero desde já dizer que assinei a petição que está correr a favor da continuação de Ministério da Cultura no próximo Governo do País. (Caso queira também fazê-lo vá por aqui). E isto por razões objectivas e subjectivas, de entre as quais: nos últimos tempos toda a gente enche a boca com a importância que a cultura tem na economia, no emprego, na competitividade, sem se cuidar de olhar para a cultura e as artes por aquilo que elas são em si mesmas, e, assim sendo, se desaparece o Ministério então é que nunca mais se retomará a assunção de que o Estado deve garantir um serviço público na cultura e nas artes, bem delimitado, como nos demais sectores em que se articula a vida das sociedades e bem tipificados na Constituição da República; se a estrutura do próximo Governo e a sua forma de funcionar continuarem a ser as tradicionais, e o povo a valorizar o Ministro e a ver os Secretários de Estado cada vez mais «ajudantes» como alguém, ao mais alto nível, em tempos, já lhes chamou, sem qualquer autonomia, parece que ficamos sem quem se dedique à «politica, política» para o sector, situação agravada se Governo se mantiver como o somatório de Ministros onde cada um trata do seu quintal. Visto assim, dá ideia que a cultura nunca teria «assento» no Conselho de Ministros. É certo que de cultura toda a gente sabe, como de futebol: por vezes numa amálgama de amadorismo e provincianismo que não resiste a uma avaliação minima de base profissional. Em particular, olhando para o passado, um dos melhores momentos da intervenção do Estado na Cultura, no dizer de muitos, coincidiu com a existência de Ministério da Cultura: com um Ministro e um Secretário de Estado (por acaso sem Secretaria de Estado). Estou a referir-me ao primeiro Governo António Guterres, e ao Ministro Carrilho e ao Secretário de Estado Rui Vieira Nery. E era este que na Equipa ( e justifica-se sublinhar equipa) tinha o «pelouro» das Artes do Espectáculo que tanto ocupam este blogue. Mas houve outros momentos no passado, do meu ponto de vista, igualmente bons, fazendo sentido lembrar estruturas, até para as valorizarmos «quanto baste» e constatar que se as estruturas são importantes mais importante é estar claro para que é que elas existem. Assim, sem a preocupação de tudo cobrir: houve Ministério da Educação e Cultura em governos provisórios e constitucionais ( e é claro que a leitura é que a Cultura está na Educação e não o contrário); houve a situação em Governos Provisórios (no PREC lembrarão muitos, só nesta altura se juntaria a cultura com a comunicação social, dizem-me muitos, que horror, adiantam outros) em que para a cultura havia uma Secretaria de Estado da Cultura no apenas designado Ministério da Comunicação Social (e durante estes periodos com Governos sempre curtos, pelo Palácio Foz onde era a «sede da Cultura» passaram figuras que marcaram, deixaram legado que ainda hoje se sente - João de Freitas Branco, Helder Macedo, Eduardo Prado Coelho, João Vieira, ... -; e temos um Ministro da Cultura, Coimbra Martins, no IX Governo Constitucional (no arquivo histórico do site do Governo não existe a orgânica para este periodo); e temos algo que me é muito caro, a solução no Governo Pintassilgo - Ministro da Cultura e da Ciência (para um Ministério com duas Secretarias de Estado, uma para a Ciência e outra para a Cultura, com Helder Macedo como Secretário de Estado) mas o Ministro, Professor Sedas Nunes, era também apresentado como Ministro da Coordenação Cultural, Cultura e Ciência (ver site do Governo); houve também o Ministro da Cultura e da Coordenação Cientifica (Lucas Pires) no Governo Balsemão; e, claro, existiu a solução que aparece sempre como alternativa, a de uma Secretaria de Estado da Cultura inserida na Presidência do Conselho de Ministros. Pode aprofundar este assunto recorrendo ao Portal do Governo aqui. E tem cabimento o reparo: há lacunas e nem sempre será fácil concluir das verdadeiras características das soluções orgânicas vividas na esfera da Cultura ao longo dos tempos. Uma das que vivi muito por «dentro», a do Governo Pintassilgo: o Governo teve uma duração tão curta que não houve tempo sequer para se interiorizarem as designações, mas no terreno muitos se aperceberam do alcance e do que se pode fazer quando se sabe para onde se deseja ir - por exemplo aquela da «Coordenação» tinha a ver com a importância da cultura em toda a actividade governativa. Há discursos que fundamentam o lado conceptual e práticas que mostram a diferença.Por outro lado, apetece-me trazer para aqui soluções actuais dos outros paises: Espanha ( Ministerio de Cultura), França ( Ministère de la Culture e de la Communication), Reino Unido ( Department for culture, media and sport ), Brasil ( Ministério da Cultura). E depois disto, do que, para lá da Petição, tem sido escrito quando o PSD adiantou que ia acabar com o Ministério da Cultura, onde, na minha avaliação, há muito ruido, e menos ideias mobilizadoras. Desde logo, o trabalho do público de hoje, em que 1o pessoas se manifestam sobre a existência ou não do MC. Depois um artigo de opinião da ainda Ministra Gabriela Canavilhas publicado na Visão e que pode ser lido no Blogue da Cultura do Ministério, em que se tenta fazer uma comparação com situações estrangeiras (que não me parecem bem caracterizadas) e que está em linha com o que depois foi afirmado pela ministra e tão divulgado: Canavilhas diz que acabar com Ministério da Cultura é "retrocesso civilizacional" , e pode ler mais aqui. E as reacções em catadupa: «O ex-ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho diz que a intenção do PSD de extinguir este ministério é uma "certidão de óbito" passada a um sector que "está completamente morto há muito tempo". O antigo ministro de António Guterres lamenta a intenção do PSD, mas culpa o actual primeiro-ministro, José Sócrates, pela "mais miserável política cultural que o País conheceu desde o 25 de Abril de 1974" quando, em sua opinião, este devia ser um dos sectores "a alavancar a saída da crise". ; do antigo Secretário de Estado Amaral Lopes - Amaral Lopes, que colaborou no programa do PSD, qualificou de "desrespeito e insulto" as declarações da ministra da Cultura que indicou a Hungria e Malta como exemplos de países em que não existe Ministério da Cultura.; da escritora Inês Pedrosa, em artigo no Jornal SOL - A expressão «dependência directa» diz tudo: recusa-se a esta pasta a dignidade de uma acção autónoma. A Cultura passará a ser o passatempo das horas vagas do primeiro-ministro. A rapariga com a qual se vai dar uma voltinha antes de se regressar a casa, ao conforto da família e à tranquilidade das coisas sérias. O prazerzinho clandestino que ajuda a aguentar a dura realidade. A flor no ego: só um primeiroministro cheio de força vital consegue aviar a Cultura nos intervalos da chefia do Governo de um país de pantanas. Entre muitos mais ... E na rádio Rui Vilar Presidente da Fundação Gulbenkian pronunciou-se sobre a matéria, adiantando qualquer coisa que remetia para a estrutura global do Governo; mas também no «Governo Sombra» da TSF onde Pedro Mexia disse, nomeadamente, não ver com bons olhos a cultura na educação (nem eu); ... Com a ironia possível: e então não é que se discute cultura na campanha eleitoral! E foi neste contexto que apareceu a Petição acima referida. Nesta atmosfera ruidosa, eu quero dar para este peditório através da linha de força (fica bem a expressão) «Eu tenho um sonho: a cultura com ministro sem ministério». E em que consiste isto? Num ministro prestigiado que não começasse a pensar a cultura a partir do momento em que foi convidado, que tivesse pensamento próprio e nunca dissesse que ainda não conhecia os dossiês, que não fosse fazer um tirocínio no lugar, e que desse garantias de que mais tarde não ia ser apenas ministro de si próprio. Seria um Ministro de Estado que cuidava da cultura na transversalidade que todos lhe atribuem com aquela ideia de que todos os ministros são também ministros da cultura, como cada um, afinal, é/deveria ser ministro de também de todas as áreas e só assim se pode entender um Governo e um Conselho de Ministros. Quanto aos serviços tradicionais burocráticos, o mínimo dos minimos, e para o resto tudo em programas, projectos, processos, assentes nas tecnologias da informação e comunicação, onde fosse clara a razão da sua existência, e quais os serviços e produtos que beneficiam as populações. E lembro que é para isto que apontam quadros de trabalho aprovados na Assembleia da República - Orçamento-Programa, Orçamento-base-zero, diz-lhes alguma coisa? - e as técnicas modernas das organizações e da sua gestão. Por fim, é um sonho, mas é fazível. E podiamos começar pela cultura e assim contribuir para a criatividade e inovação na gestão da coisa pública.

terça-feira, 17 de maio de 2011

«PARA QUE SERVE UM MINISTÉRIO DA CULTURA»



O artigo de opinião de António Pedro de Vasconcelos, publicado no Jornal SOL, a 9 de Maio, tem características que o recomendam  a ser trazido para este blogue: é mais uma reflexão que faz sentido acrescentar às que temos publicado, quando o que se pretende é precisamente dar sede comum ao pensamento que anda por aí disperso. Diz em particular: «(...)A prioridade não deve ser o subsídio aos artistas, mas a criação de públicos: o que nos falta são leitores, ouvintes e espectadores. E isso não é tarefa do MC, mas de outros dois ministérios: o da Educação e o das Comunicações, que tutelam, respectivamente, esses dois instrumentos decisivos para a cultura de um país, que são as escolas e a televisão». A verdade é que, até hoje, nenhum governo ousou questionar se a concentração dessas tarefas no MC é a melhor maneira de o Estado impulsionar as artes, garantir o acesso dos cidadãos à cultura e melhorar a sua formação. Continuo a pensar que não é. (...)». O artigo completo.

O MEMORANDO DA TROIKA

Acabo de ouvir na SIC notícias que o célebre Memorando sobre a ajuda ao País ainda não está disponível, em Português, em sítios institucionais. Já tinhamos dado por isso há muito, e comentamos a situação noutro Blogue, e identificamos endereços para colmatar a falha. Talvez ainda tenham alguma utilidade para os leitores do Elitário Para Todos. Então, veja aqui.

sábado, 7 de maio de 2011

DISCERNIMENTO

Ontem no jornal Público, no  Ípsilon, foi publicado um artigo de opimião de Augusto M.Seabra com o titulo A cultura «à rasca» mas que  na web é de acesso reservado aos assinantes. Assim sendo, por agora (vamos tentar obter o texto completo), apenas um excerto retirado da edição impressa, sublinhando-se o «discernimento»  com que o artigo é terminado. 
«(...)
Há portanto toda uma História e todo um lastro teórico que justifica que a Cultura deva ser considerada um bem público e como tal objecto de apoios - os que estigmatizam a "subsiodiodependência" deviam ao menos fazer um esforço de discurso articulado, em vez das meras diatribes. Mas atenção, e isto há também que dizê-lo: há artistas e agentes culturais, sobretudo alguns com maior proeminência pública, que andam sempre a queixar-se de que não tiveram os subsídios suficientes. Em razão dos seus "curricula" e actividades até podem por vezes ter razão, mas não pode é haver um equívoco: o ministério da Cultura tem que apoiar os projectos artísticos e culturais mais relevantes, mas como ministério que é, o seu quadro é bem mais amplo e tem como horizonte último o conjunto dos cidadãos. A cultura e nomeadamente o apoio às artes foram drasticamente atingidos pelos cortes orçamentais e cativações dos sucessivos PECs e do OE. Tenhamos contudo presente que essa é uma situação geral, num quadro de gravíssima crise financeira e económica e de emergência social. Infelizmente, pagaremos todos por múltiplos erros de governação, até ao desnorte actual. O que já parece inaceitável é que, neste quadro de crise e de cortes no sector, se opte por "dividir o mal pelas aldeias", sem olhar a manifestos irrealismos, a estrangulamentos e a pontos que deviam ser estratégicos. Não tem o mínimo dos sentidos, por exemplo, que o Instituto do Cinema e do Audiovisual tenha decidido dividir o apoio atribuível a uma longa-metragem para a produção de duas no concurso do Programa de Apoio às Co-produções com Países de Língua Portuguesa, tornando os projectos ainda mais sub-financiados e de difícil concretização. Já que falo de cinema, vejase a situação da Cinemateca, que não é devida aos cortes orçamentais mas ao rígido aperto imposto pelo ministério das Finanças, no caso pela Portaria 4-A 2001, que, abrangendo a execução das despesas, faz depender da autorização prévia daquele ministério a circulação de cópias de filmes vindo do estrangeiro, limitando a instituição à programação do seu acervo próprio, e fazendo prolongar o anúncio de "sessão temporariamente suspensa".
 Mas há mais notícias e de especial gravidade. Detesto a expressão "descentralização" no que ela supõe um movimento que irradia do "centro" para a "periferia". Mas, mudando os termos, acho em absoluto crucial uma redistribuição territorial dos equipamentos culturais públicos - e daí que fosse tão importante concretizar a rede nacional de cine-teatros. Neste aspecto, aliás, invoco sim o modelo francês: criados (ou designados enquanto tal) em 1990, os diversos espaços culturais designados por "scène national", são hoje 70 estruturas no conjunto do território, e custam ao Estado menos que só os quatro Teatros Nacionais de Paris (sem falar da Ópera), a Comédie-Française, o Odéon, Chaillot e La Colline!
 Apesar do muito que falta, também muita coisa já realmente mudou em Portugal, com estruturas como o Centro Cultural Vila Flor em Guimarães, o Teatro Municipal da Guarda, o Teatro Viriato em Viseu, a Casa das Artes de Famalicão, o Centro de Artes Performativas do Algarve, etc, sem esquecer dois dos mais importantes festivais portugueses, aliás em concelhos limítrofes, as Curtas de Vila do Conde e o Festival de Música da Póvoa do Varzim.
 Já havia indícios de que os cortes poderiam afectar em particular estruturas como estas. Mas na semana passada soube-se o pior, inaudito mesmo: a Rede 5 Sentidos, englobando o Vila Flor, o Teatro da Guarda, o Viriato, a Virgínia (Torres Novas) e também um teatro de Lisboa, o Maria Matos, anunciou estarem obrigados a cortes e aos custos elevados de recorrer à banca, devido a um atraso nos financiamentos do Quadro de Referência Estratégica Nacional, QREN, isto é, têm atribuídas verbas do Fundos Europeu de Desenvolvimento Regional, mas não as contrapartidas de investimento nacional que o FEDER exige. A propósito escrevia-se justamente em Editorial deste jornal de 27-04: "Ontem, cinco teatros vieram a público dar conta desta realidade, lembrando que a falta de comparticipação do Estado de 1,2 milhões de euros os impede de receber verbas europeias no valor de 1,8 milhões. Bem se sabe que, face aos actuais constrangimentos, terá de haver mais critério e controlo nos gastos; mas uma coisa é rigor e exigência, outra é desperdício. No actual estado do país, não aproveitar até ao limite a ajuda europeia é um erro que raia o absurdo". Há semanas, uma das mais singulares instituições culturais de Lisboa, a Galeria Zé dos Bois, ou ZDB, publicou como anúncio neste suplemento um comunicado que exige ponderação. A ZDB é a única estrutura cultural de relevo que resta na zona do Bairro Alto, e uma instituição pluridisciplinar muito singular: galeria, espaço de música e de espectáculos e uma livraria. Ora, também neste caso, não há sinal do "reforço" prometido pela ministra da Cultura, após o corte global e único de 23 por cento dos apoios. "Os contornos inexplicáveis que caracterizam este processo fazem com que, até à data, a ZDB não tenha recebido uma única parcela do montante que lhe foi adjudicado para o presente ano e, consequentemente, tenha sido obrigada a recorrer ao crédito e a prescindir de colaboradores essenciais".
Os cortes são infelizmente inevitáveis mas será demasiado pedir que sejam feitos com um mínimo de discernimento e não estrangulando estruturas das mais importantes?»
 

CORTES & CONSEQUÊNCIAS - 4


Continuando a olhar-se para as consequências dos cortes nos apoios às artes mais uma notícia:
«Com menos dias e com uma programação mais condensada, a 34.ª edição do FITEI – Festival Internacional de Expressão Ibérica é apenas a “possível” tendo em conta os cortes orçamentais que o evento sofreu.
(...)
A solução de última hora foi arquitectada pelo organizador, depois dos fortes cortes orçamentais que o festival sofreu.
“O primeiro corte do orçamento em relação ao que estava no contrato que assinamos com o Ministério da Cultura foi de 23%. Depois houve uma redução desse corte, a que o ministério chamou ‘reforço’, mas não se trata de tal, porque quando pagamos o que devemos, ou parte do que devemos, não podemos dizer que é um reforço”, acusou Moutinho, indicando que o corte final andará em torno dos 16%.
Este FITEI é, por isso, um FITEI desvirtuado que, apesar nunca ter estado em risco, não segue os passos dos seus antecessores.
(...)

domingo, 1 de maio de 2011

«ARTE POLÍTICA» - Alexandre Pomar

Só hoje demos pelo artigo de Opinião da ainda Ministra da Cultura, de Setembro de 2010, e sobre o qual, ou a partir dele, ALEXANDRE POMAR escreveu um post nessa mesma data no seu blogue  ( vai ficar nos links permanentes do ELITÁRIO PARA TODOS). O título do post:   ARTE POLÍTICA. E se aqui queremos reunir reflexão, faz todo o sentido que aqui o fixemos.  Passagens:
No Público de hoje (dia de Ípsilon, por sinal): "A criação artística contemporânea, uma questão ideológica", por Gabriela Canavilhas - com uma frase em destaque: "Estamos na discussão pura e dura sobre a liberdade da criação, e se ela deve, ou não, ser subsidiada pelo poder".
Julgo que um artigo de opinião ministerial não devia ser de acesso restrito a assinantes do jornal. Não é opinião, é doutrina. Não é privado, é público. (...)No centro das questões actuais, ideológicas e políticas, não parece estar a subsidiação de uma criação artística que tem o seu espaço próprio de afirmação no quadro amplo de um mercado da cultura que cresceu como um sector económico de pleno direito, e muito menos a continuidade de formas de subsidiação assistencialista, sem sentido público, mas sim a preservação e o fortalecimento das estruturas de formação, divulgação, conservação e investigação que são a base do sistema em que assenta a eficácia colectiva da actividade artística, a qualificação da recepção.