Comecemos por partilhar isto: sempre nos sentimos agradecidos a quem se disponibiliza para observar o que se passa no nosso SETOR CULTURA (embora não saibamos onde começa e acaba) e mais ainda se o mostra no Espaço Público gratuitamente. Independentemente de se concordar ou não com o que nos dizem. Por acaso, no que se refere à «CARTA ABERTA» da imagem de há muito que por aqui se defende que a DGARTES precisa de ser REFUNDADA. REINVENTADA. Que o SISTEMA DE «APOIO ÀS ARTES» de há muito que está esgotado. Que se deve estruturar um SERVIÇO PÚBLICO DE CULTURA onde o «apoiar» seja substituído por «garantir». Aliás, tudo isto foi prometido pelo PS em campanha eleitoral antes de iniciar os seus ciclos de Governação mais recentes. Não cumpriu. Os «Partidos do Arco da Governação» na Cultura têm feito remendos. As transformações necessárias não acontecem. E sem elas não há Desenvolvimento Sustentável, e eventualmente até o dirão para adornarem narrativas ...
Neste ambiente de Reforma de Estado/Reforma da Administração em que nos afogam com parangonas e, pelo andar da carruagem, uma vez mais, sem uma direção estratégica global que se entenda - também «desta» tudo aponta por «gavetas» - o que estará reservado para a CULTURA? Bem sabemos, começar com a criação do Ministério da Cultura & C.ª não augura nada de bom. Neste quadro, em concreto, que previsibilidade para a CARTA ABERTA aqui em apreço?
Aqui e agora, neste agosto 2025, impõe-se curiosidade sobre qual será o acolhimento para registos - excertos da Carta Aberta - seguintes, e outros equivalentes:
«(...) É uma DGArtes pseudo-catedrática, presa a ideias distorcidas sobre o que é arte, programação ou comunicação contemporânea – Mas não culpando a sua mediocridade. Isso deve-se em parte ao profundo desconhecimento do universo das artes a impulsionar esta ignorância, que leva a conceitos erróneos sobre quem faz bem e quem faz mal. Não participa na vida artística – não conhece a história do seu ambiente cultural, não põe os pés no terreno, e retém o pior do passado salazarista, a falta de diálogo com o universo das artes. No entanto, o pior é a falta de curiosidade pelo universo da arte contemporânea que leva a preconceitos: não ter curiosidade significa desinteresse, no que está a ser feito, e no que devia ser feito com o financiamento público. Não ter interesse, significa não investigar, não se apaixonar. Não se apaixona, não retira prazer: não aprende, não sabe inovar! Resultado: só conhece a ignorância! Assim é a Direção Geral da Artes, dirigida de forma ignorante sem conhecimento do universo das artes e da cultura.
Porque, a DGArtes precisa de uma visão muito diferente [cosmopolita]. A actual direção, nunca sequer esteve próxima de ser “razoável’ – nunca chegámos a vê-la ou a conhecer as suas ideias para as artes ou para a cultura! … E, como é frustrante, não me recordar de nenhuma visita à Plataforma Revólver da Direção Geral das Artes, em todos os anos que programo arte e cultura, física/material e digital. Não se trata do culto das amizades, de conhecer o director da DGArtes como se fosse amigo íntimo – querer uma direção das artes amada por todos, é sentirmos proximidade à direção que decide, é sabermo-nos observados e analisados (como sei que é importante sentirmo-nos observados e analisados por quem nos financia? Porque recebi na Plataforma a visita de n diretores das artes de países estrangeiros, de diferentes direções gerais que ao longo do tempo financiaram projectos de exposições pontuais realizadas na Plataforma; curiosos e apaixonados, para conhecerem as nossas actividades) — E não me fale a DGArtes das comissões de acompanhamento rigoroso e de avaliação contínua acerca do nível de cumprimento dos objectivos artísticos e culturais que presidem à atribuição dos apoios, porque na verdade essas comissões não existem na prática, é literalmente teoria; razão porque impõe à entidade beneficiária uma carga absurda de relatórios que não são + que duplicações do projecto submetido: sobrecarrega a entidade com frivolidade absurda, infindável burocracia, que nada acrescenta na realidade à boa execução do projecto, antes pelo contrário, ocupa o candidato com um processo infindável de obrigações teóricas que só contribui para lhe retirar a energia necessária para a execução do projecto. E o que faz a DGArtes para contrariar este estado cristalizado dos concursos de apoio às artes? Literalmente nada, para além de anualmente trocar a ordem de algumas das infinitas alíneas que compõem os formulários de candidatura.
Na realidade, a DGArtes finge saber o que cada uma das entidades apoiadas anda a fazer com o dinheiro dos contribuintes! Como é que sabe a DGArtes o que realmente andam as estruturas a desenvolver? Não sabe pura e simplesmente. Ignora! E deve alterar esse estado das coisas — A ignorância é uma forma activa de corrupção, não me canso de referir; depois lamentam-se que a maioria dos jovens vota diferente do passado recente. A razão? — Não se querem sentir totalmente desacompanhados. Querem acreditar num sistema social, cultural e político que defende que o sucesso e as oportunidades de cada um dependem, principalmente, dos seus próprios méritos e esforços.
Soubesse a DGArtes pensar arte e cultura com inovação e conhecimento, e não estaria o país artístico onde infelizmente se encontra, sem sucesso, sem ideias e atrasado! É um conhecimento sem ciência, sustentabilidade e futuro que a DGArtes promove. Sabemos que a DGArtes não acompanha os projectos financiados no terreno, e que o seu objectivo único é controlar a pronuncia dos candidatos não elegidos, através de uma equipa treinada nesse sentido. Os seus formulários e métodos de avaliação são os mesmos de há vinte anos, implementados na Secretaria de Estado da Cultura de Francisco Viegas, do governo de Passos Coelho.
Recordas-te Américo, qual é a história por trás da criação destes requintados formulários e métodos de avaliação e como se projectaram eles acima de todas as razões nos concursos de apoio às artes? Provavelmente estavas no terreno na época — Realizados pelo director geral das artes, da Secretaria de Estado de Francisco Viegas, para exibirem burocracia e complexidade, centraram-se na capacidade inata (presente desde o nascimento) de resistirem à contestação. Mas também celebram a ignorância da DGArtes, e o + notável de tudo, a cegueira das apreciações e classificações.
Resultado: ofereceram à direção da DGArtes uma liderança autocrática, para apreciar teoricamente o universo das artes, em oposição à prática e à realidade. Surpreendentemente, tornava-se claro que a direção Geral das Artes não precisava de ter experiência e conhecimento do sector para apreciar e classificar candidatos artísticos. De uma insana complexidade(!) erguem-se [os formulários] como uma montanha acima dos candidatos a apoios financeiros para projectos artísticos. Enormes, cobrem os candidatos com uma parede de inumeráveis questões, perigosamente burocráticos, estendendo as suas infinitas alíneas e espalhando o terror entre os candidatos. Estes frágeis candidatos não são os únicos em risco. Tão enorme são os formulários que faz parecer pequena a arte, cuja simplicidade e beleza não se pode comparar com a obsessiva convulsão de alíneas prontas a engoli-la. Atacam tudo: artistas, curadores, estruturas, até a arte. Também tomaram a DGArtes de assalto.
É uma criação antiga que copias, Américo! A actual Direção Geral das Artes segue um padrão errado, a copiar. Não está a repetir, repetir, repetir um conceito seu - a actual direção não criou nada seu, não criou nada diferente nos concursos de apoio às artes que procure aperfeiçoar repetindo, repetindo, repetindo. Repetindo. Aliás, não tem ideias! Está a copiar um pensamento velho, formulários e métodos de avaliação antigos formados numa profunda desconfiança política e desconhecimento do sector das artes, uma carroça velha que já não nos serve se é que alguma vez nos serviu. Não há beleza em copiar!
A DGArtes, está enredada nos próprios formulários e métodos de avaliação complexos e decadentes, e falsas ideias de que o universo das artes está a evoluir. O culto da complexidade, que lhe é tão familiar, não significa que os métodos de avaliação passem a ser + objectivos. A DGArtes está atrasada no tempo, distante do sector e da simplicidade da arte motivo para se continuar a servir de formulários obsessivamente complexos, relatórios obsessivos e critérios blindados do passado - tornando-se resistente a qualquer renovação dos concursos. (...)».
A nosso ver, as questões denunciadas pela ArteCapital são tão fortes - mas em que outras Organizações Culturais se reveem, é só lembrar o «gritado» em encontros, e veio-nos à memória um havido na Assembleia da República organizado pelo PCP na sequência dos resultados de um dos famigerados concursos da DGARTES - que não podem deixar de ter consequências. Isto não pode ser ignorado, passar em branco, mesmo nestes dias de calor. Para muitos infernais ... E também por isso os mais poupados têm obrigação de pensar a «arte».
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