quinta-feira, 9 de outubro de 2025

DO ARTIGO DE OPINIÃO DO PROFESSOR JOSÉ NEVES NO EXPRESSO |«O problema da esquerda hoje não é tanto o de estar ou não estar unida entre si, mas a crescente desafeição entre toda e cada uma das suas partes e o grosso da população. O discurso de João Ferreira sobre a cidade tem conseguido contrariar esta desafeição e é uma das poucas exceções ao estado de descrença e desmoralização em que a esquerda portuguesa hoje se encontra»

 

 
Estaremos de acordo que o «VALOR» de uma Candidatura, na circunstância à Câmara de Lisboa, também se mede pelos seus apoiantes nomeadamente quando o assumem publicamente. Pensamos nisso ao ver o artigo de opinião do Professor José Neves, no Expresso, de 1 de outubro,  que só hoje lemos na integra. Apoia, como se vê na imagem acima, a CDU -  aqui a lista de apoiantes. O título: Um casamento de conveniência não é uma união de facto. A nosso ver uma pérola, que nos leva a encarar o processo eleitoral como algo muito sério, para lá dos «slogans» mas que são importantes quando refletem conteúdos bem trabalhados e, digamos, sempre em processo. Os tempos mais do que nunca são dinâmicos - complexos, turbulentos, em mudança - e por isso contrariamente ao que alguns e algumas pensam precisamos de alicerces sólidos. De PILARES que nos mostrem onde queremos chegar, pois só assim se podem reajustar ESTRATÉGIAS, conceber e reformular PROGRAMAS  e PROJETOS. Mais, tudo interligado  aplicar o modelo «ORÇAMENTO-PROGRAMA» (sim, sim, é equivalente ao «BASE-ZERO»), e que tem passado em Autarquias ... E previsto na Lei do Enquadramento Orçamental. Mas tem aplicação além da macroeconómica, útil em qualquer organização. Também nas PÚBLICAS, e assim voltamos a um dos nossos temas de estimação: hoje, onde se ensina e aprende GESTÃO PÚBLICA? Para pormos termo à GESTÃO LEGALISTA que progride cada vez mais e nos afoga ... Ainda não ouvimos falar disto na tão propalada «Reforma do Estado/Reforma da Administração». Por acaso numa das conversas da CDU Lisboa o assunto apareceu, se bem nos lembramos quando se falava de transparência.
 
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Mas vamos ao que interessa, aqui e agora. Depois daquela divagação voltemos ao artigo de José Neves, com mais a transcrição seguinte. Cristalina:

«O primeiro debate televisivo a respeito das eleições autárquicas em Lisboa ia ter apenas dois candidatos. Acabou por acolher mais intervenientes, devido a uma decisão da Comissão Nacional de Eleições (CNE), que assim deu uma lição de democracia a todos nós e, em particular, aos dois candidatos tidos por presidenciáveis. Trata-se de uma lição importante, que a nossa permanente tentação pela bipolarização não deve fazer esquecer, tanto mais porque não queremos que nas próximas legislativas uma qualquer estação televisiva se limite a colocar frente-a-frente os líderes dos dois partidos com mais deputados.

Mas regressemos à cidade.

A decisão da CNE teve o condão de permitir a João Ferreira intervir na campanha eleitoral de Lisboa num plano menos secundarizado, o que por ele tem sido aproveitado para apresentar diagnósticos críticos e formular políticas alternativas às que têm sido seguidas nas últimas décadas. E assim o que era para ser uma corrida a dois tornou-se num debate a três. De resto, o contributo diferenciado do candidato da CDU tem sido reconhecido por apoiantes tanto de Carlos Moedas como de Alexandra Leitão. Independentemente de concordarem ou não com o discurso de Ferreira, os lisboetas que o ouvem têm ficado a conhecer melhor a cidade em que vivem, tomando consciência da comunidade no seu todo e dos desafios que esta consciência coloca.

Deixo dois exemplos concretos do que está aqui em causa: na questão da higiene urbana, não se trata apenas de protestar contra o mau cheiro das ruas da cidade, assunto que tanto tem dividido Moedas e Leitão, mas de considerar como a ineficiência da ação municipal se articula com a degradação das condições de quem trabalha na recolha do lixo. Segundo exemplo: na questão dos transportes, não se trata apenas de propor uma política de gratuitidade para quem mora no concelho, mas de enquadrar esse objetivo à escala da metrópole, por mais que os habitantes de concelhos vizinhos não votem para eleger o presidente de Lisboa.

Percebo o apelo ao “voto útil” formulado por alguns apoiantes de Alexandra Leitão, como o meu colega João Costa, mas creio que labora em três erros importantes. Primeiro, o PS deveria estar focado em ir recuperar os votos que perdeu em 2021 e que na sua esmagadora maioria terão ido para Moedas. Segundo, a candidatura de João Ferreira revela-se neste momento em condições de mobilizar eleitores de classes sociais mais baixas que deixaram de votar ou nunca votaram à esquerda. Terceiro, o problema da esquerda hoje não é tanto o de estar ou não estar unida entre si, mas a crescente desafeição entre toda e cada uma das suas partes e o grosso da população. O discurso de João Ferreira sobre a cidade tem conseguido contrariar esta desafeição e é uma das poucas exceções ao estado de descrença e desmoralização em que a esquerda portuguesa hoje se encontra. Vamos desapoiá-lo e deixar de votar nele porque é do PCP e não do PS? Não o farei. (...)».
Leia na integra.

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 e não se podia deixar passar a ocasião: recordar 
José Afonso funciona sempre como um bálsamo
 


VOLTANDO À CONTA SATÉLITE QUE A SENHORA MINISTRA DA CULTURA & Cª. «TROUXE À BAILA» | um post de 2017

 
 
Em síntese, NESTES DOMÍNIOS, as  ALTERNÂNCIAS que nos têm governado  não se distinguem. A grande sobra: venham as ALTERNATIVAS.
Ah, e porque estamos em eleições autárquicas esta passagem como palavras do Primeiro Ministro de então:
 « (...)»Desta forma, o primeiro-ministro disse estar envolvido, a par dos ministérios das Finanças e da Cultura, na "construção de um orçamento-satélite da Cultura que inclua, além do orçamento inscrito no Orçamento do Estado, como receitas gerais do Ministério da Cultura, os orçamentos próprios dos diferentes organismos da administração central e [no qual] estejam também as verbas da administração regional e local, que são muito significativas". Só assim, afirmou António Costa, é possível obter um "verdadeiro retrato do montante investido em matéria da Cultura".  (...)».
 

«à espera de Godot»

 


 

Sinopse

Dois mendigos, Vladimir e Estragon, aguardam junto a uma árvore por alguém chamado Godot. Para passar o tempo, recorrem a diálogos circulares onde refletem sobre a existência, o absurdo e a própria espera. Chegam outras personagens, Pozzo e o seu servo lucky, que pouco esclarecem. Entre o cómico e o trágico, Beckett constrói uma obra fundamental do teatro do absurdo, explorando o vazio e a condição humana diante da espera e da incerteza. Saiba mais.

 

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E do que escreve João Carneiro no Expresso:«(...) “À Espera de Godot” começa com Estragon a tentar descalçar uma bota. Chega Vladimir e chega uma primeira constatação de Estragon: “Nada a fazer.” “Começo a ter a mesma opinião”, responde Vladimir. Entre o título, o lugar e o tempo, assim como entre os dois finais, joga-se muito daquilo que pode ser a peça de Beckett. Um lugar em que duas personagens esperam a chegada de alguém que se chama Godot e que nunca chega. Esse alguém envia um mensageiro, por duas vezes, no final do dia e no final de cada ato, que vem dizer que o Sr. Godot manda dizer que não vem hoje, mas que virá amanhã. Estragon e Vladimir, ou seja, Gogo e Didi, continuam à espera.

Enquanto esperam, Estragon e Vladimir tentam passar o tempo. “E, agora, o que é que fazemos?” “Esperamos.” “Está bem, mas enquanto esperamos?” “E se nos enforcássemos?” O enforcamento não chega a acontecer; ou porque não há um ramo de árvore adequado ou porque não há corda que sirva para o efeito. “Amanhã enforcamo-nos... a não ser que venha o Godot” “E se vier?” “Estamos salvos.”

 A peça é, ainda, atravessada por outras duas personagens, Pozzo e Lucky; senhor e criado, ou melhor, senhor e escravo. Um é frio e cruel, o outro um ser meio morto, tratado da maneira mais abjeta pelo dono — que aliás planeia vendê-lo; aparecem nos dois atos, e a sua passagem é um dos aspetos que mais impressionam o encenador, António Pires; justamente, pela figura do escravo, tão presente na realidade atual, fora do teatro e que a escrita e a invenção de Beckett cristalizam de maneira exemplar, no limite do suportável. Mas a relação de Estragon e Vladimir, ferida por um vazio iminente e um pessimismo irrecusável, é atravessada por outros tópicos. Entre os dois homens existe uma verdadeira amizade. No início do primeiro ato, Vladimir exclama: “Fico contente por te ver”; no segundo ato, também no início, o mesmo Vladimir exclama: “Outra vez!... Vem cá para te abraçar”, ao que Estragon, depois de um “não me toques” inicial, responde: “Fica comigo!”; e abraçam-se, realmente. Entre os dois existe uma esperança, por isso esperam por Godot; existe, também, muitas vezes uma certeira e partilhada ironia — Pozzo: “Sou cego”; Estragon: “Talvez ele consiga ver o futuro”; ou de novo Estragon: “Quanto mais tempo é que vamos ter de acarretar com este?... Não somos cariátides.” E entre os dois corre, ainda, uma fortíssima corrente lírica — Estragon: “Enquanto esperamos podemos tentar conversar calmamente, já que somos incapazes de ficar calados”; Vladimir: “Tens razão, somos inesgotáveis.” E continuam partilhando um sublime diálogo: “Todas as vozes mortas/ fazem um barulho de asas/ de folhas/ falam todas ao mesmo tempo/ cada uma para si/ ou melhor, sussurram/ ciciam/ murmuram/ o que é que elas dizem?/ falam das suas vidas/ não lhes chega ter vivido/ não lhes chega estar mortas/ não é suficiente/ fazem um barulho de penas/ de folhas/ de cinzas/ de folhas.” (...)».

 



terça-feira, 7 de outubro de 2025

CANDIDATO DA CDU A PRESIDENTE DA CÂMARA DE LISBOA | aqui estamos cada um ao seu jeito para se tentar minorar o efeito dos convites que em Lisboa não se fazem a João Ferreira | E DEPOIS COMO DIZ O PRÓPRIO TEMOS O «AUSENTE» «PRESENTE» QUE NÃO TEM POSSIBILIDADES DE ARGUMENTAR SOBRE O QUE VAI APARECENDO ... |POR ISSO ACHAMOS JUSTO DIVULGAR O ARTIGO DE VASCO CARDOSO «A DOENÇA INFANTIL DO "VOTO ÚTIL"» PUBLICADO NO EXPRESSO

 




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Conjugámos a publicação de João Ferreira com o artigo de Vasco Cardoso e achámos que fazia sentido trazê-los para aqui - para equilibrar (com este gesto mínimo mas ambicioso, quiçá saudavelmente  ingénuo) a divulgação das propostas e dos candidatos e para fomentar a reflexão que leve à escolha refletida de cada pessoa 
 
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uma imagem da campanha da CDU de que gostamos
 particularmente - veja aqui
 

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

SENHORA MINISTRA PODEMOS ENTRAR PELA «CONTA SATÉLITE» PARA INDO AO ENCONTRO DE VOSSA EXCELÊNCIA TERMOS MAIS DO QUE «DADOS» SOBRE A CULTURA | de facto preciamos de «informação» e «conhecimento», ou seja, é fundamental estruturar o setor |MAS NÃO HÁ COMO FUGIR É NECESSÁRIO CRIAR UM MINISTÉRIO DA CULTURA DIGNO DESSE NOME

 



  


Desde a Universidade de Verão do PSD que tínhamos na agenda voltar à «Conta Satélite para a Cultura» até porque reparámos na palavra «criar» (veja recorte acima) pronunciada na ocasião, mas ficou mais ou menos esquecido. Entretanto, as palavras da Senhora Ministra na Mondiacult 2025, em Barcelona, (ver recorte acima), avivou o assunto. E decidimos isto: voltar a memória que já temos divulgado que a nosso ver a Senhora Governante não poderia ignorar. Assim, recorremos ao post a que se refere a imagem inicial que se centra na INICIATIVA «Organizações, Cultura & Artes». Como já temos dito, e foi público, existe Brochura com as intervenções (na nossa avaliação dos nossos melhores, infelizmente algumas das pessoas já não se encontram entre nós, mas o que nos disseram continua atual) à espera de ser disponibilizada - tanto quanto sabemos encontra-se na DGARTES. 
 
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O post das Imagens - está neste endereço - e aqui vai a reprodução:
 
«Assisti na segunda-feira, dia 1 de Março, à apresentação pública do estudo O SECTOR CULTURAL E CRIATIVO EM PORTUGAL de que pode ver o Sumário Executivo aqui. E o documento integral pode ser procurado no GPEARI  entidade que encomendou o trabalho. Neste estudo como noutros que visam este amplo sector, que não se sabe muito bem onde começa e acaba, há uma questão que me preocupa deveras  relacionada com o  SERVIÇO PÚBLICO que ao Estado compete garantir e que fica diluído naquele grande «caldeirão» mesmo quando não é esquecido. Sublinhe-se que  neste estudo  está   escrito como uma das quatro grande componentes desse sector:

 «O "sector cultural" em sentido restrito, como espaço de afirmação de bens e serviços públicos e semi-públicos onde os "stakeholderas" determinantes são os cidadãos portadores de direitos democrárticos de acesso à cultura».

 Ora, de há uns anos a esta parte esse serviço público constituia-se como a razão de ser central dos organismos que integram o Ministério da Cultura sendo mesmo o seu elemento organizador. Nas reacções a estes estudos, em regra, esquece-se isto onde há muito para fazer e começa-se a falar nas outras dimensões que, salvo melhor opinião, embora não devam ser ignoradas pelo Ministério da Cultura, antes pelo contrário, terão outros Ministérios que saberão melhor tratar delas. E talvez o contributo que o MC tenha de assegurar no conjunto de todas as componentes seja tratar como deve ser o SERVIÇO PÚBLICO NA CULUTRA E NAS ARTES.

 Mas isto não é a razão de ser deste post. Quero, isso sim, referir-me à necessidade  de uma "conta-satélite" para o sector que é recomendada no estudo, e com o que não se pode estar mais de acordo. E lembrei-me das recomendações nesse mesmo sentido que foram feitas no seminário realizado em Novembro de 2001, por iniciativa do ISEG e do então  IPAE - Instituto Português das Artes do Espectáculo. Recordemos com destaques nossos:

 

 Cultura e Artes no desenvolvimeto económico e social do País

JOÃO FERREIRA DO AMARAL

 «(...)

  Por um lado a cultura é um fim em si próprio do desenvolvimento e julgo que isso, aliás, distingue muitas outras actividades, mas ao mesmo tempo a cultura é também uma actividade importante para o desenvolvimento agora estritamente económico. Há aqui uma dupla característica que deveria levar a crer que os economistas teriam tido desde sempre muito cuidado em considerar as actividades culturais nos seus estudos económicos. Mas na realidade não se tem verificado, e aliás a Senhora Ministra já há pouco referiu o mesmo, e a culpa tem sido dos economistas. A economia herdou uma tradição do século dezanove que é a do homo economicus, isto é, do indivíduo abstracto que só pensa em termos de critérios económicos e relegou sempre os aspectos culturais para um cesto de coisas menos sérias que não seriam próprias, não seriam dignas da análise económica. Julgo que isto é um erro, e hoje em dia estamos a pagar esse erro, em face de alguns falhanços grandes que as análises económicas têm tido, e muitos desses falhanços radicam nesta subvalorização da cultura e dos aspectos culturais na sociedade.
 Para tratar seriamente da questão em termos económicos, do papel da cultura no desenvolvimento, a primeira coisa que é preciso saber é exactamente o que é que significam hoje em termos económicos as actividades culturais em Portugal, por exemplo, e de facto não sabemos. É uma falha, como aliás em muitos outros sectores, é uma falha que não é só de cá, é em todos os países, provavelmente será, pelo menos, em graus semelhantes ao nosso, que não temos uma visão completa do que significa hoje o sector cultural em termos económicos. Eu julgo que há possibilidades de ultrapassar essa falha em termos da nossa contabilidade nacional, como sabem a nossa contabilidade nacional é o sistema de contas que nos permite avaliar em cada ano como é que se processa a actividade económica do país. Existe hoje um instrumento na contabilidade nacional que são chamados contas satélites que tentam dar uma visão de todo um determinado domínio da actividade económica ou cultural e das suas incidências económicas. Por exemplo existe já feita uma conta satélite para o turismo, isto é, sabemos hoje o que é que significa a actividade turística nas suas diversas componentes. Há contas satélites para outros domínios como por exemplo a cooperação com o exterior, e julgo que era interessante a criação de contas para o sector da cultura, saber exactamente o que é que as actividades económicas relacionadas com a cultura hoje significam. Essas actividades são muito diversificadas, há desde actividades de investimento, por exemplo, quando se faz um auditório ou quando se recupera um monumento,. Há actividades de consumo individual, há actividades de consumo geral da sociedade. Portanto há uma enorme diversidade das actividades culturais e era bom termos uma fotografia daquilo que elas significam efectivamente, e o não se ter já isto feito é mais um sintoma do desleixo dos economistas em relação às actividades culturais.
(...)»
 
Análise dos Trabalhos
João Carvalho das Neves
 «Não vou abusar do vosso tempo porque já resistiram suficientemente, mas como co-coordenador deste seminário e como professor de gestão desta casa, gostaria de salientar alguns dos muitos aspectos importantes que foram referidos durante o dia pelos diversos oradores, em ligação com a teoria e a realidade da gestão das empresas:
 Uma primeira grande conclusão que eu acho que se pode tirar deste seminário é o consenso que existe de que o desenvolvimento tem que ser integrado, no sentido de que não há desenvolvimento económico sem Cultura e não há condições para um crescimento e desenvolvimento da Cultura sem um mercado e uma economia minimamente eficiente. Parece-nos que esta ideia foi transversal, sendo referida de uma forma ou outra, por praticamente a todos os oradores.
 Gostaria de salientar da comunicação da Senhora Ministra Elisa Ferreira as questões relacionadas com a urbanidade e a importância da cultura na criação de um clima propício ao desenvolvimento. A este propósito lembrei-me, que nesta mesma sala, há uns meses atrás, num dos debates comemorativos do nonagésimo aniversário do ISEG, um dos maiores empresários deste país com uma estratégia de internacional de sucesso, referia que, apesar da pouca mobilidade dos portugueses, a sua empresa tinha mais facilidade neste momento em os contratar para trabalharem em Londres, Paris, Madrid ou S. Paulo, do que por exemplo para algumas fábricas que tem no interior e, na sua opinião, isso derivada da facilidade de acesso à cultura nessas grandes cidades. Assim, pode concluir-se que o problema tradicional da economia, quanto ao acesso a mão-de-obra qualificada, acresce nas economias modernas a necessidade de estes quadros terem também acesso a cultura. Parece-me que esta é mais uma das importantes conclusões deste seminário.
 Em relação à comunicação do meu colega Prof. Ferreira do Amaral salientava a importância e a urgência de se criar nas estatísticas nacionais, contas satélite relacionadas como a economia da Cultura, de modo a que se conheça melhor a realidade económica deste sector da economia. Há, sem dúvida, muita dificuldade de se saber qual quantitativamente, o contributo deste sector para a economia nacional. O facto de há uns anos atrás se ter feito isso para o Turismo, permite que se conheçam hoje os factores induzidos e de desenvolvimento que o turismo tem, por exemplo, em relação a um conjunto de outras actividades. Isto é, o Turismo é muito mais do que as classificações tradicionais dos sectores de hotelaria ou da restauração. (...)»

Apetece perguntar: quantas mais recomendações serão necessárias e quantos anos precisarão de decorrer mais para que se crie este instrumento tão necessário? Que além do mais serviria de alavanca para a criação e reorganização de muitos sistemas de informação que o alimentariam.

 
Sobre o seminário um link onde se encontra  divulgação inicial  e outro do Empório Versalhes * onde se pode encontrar o Desdobrável do Programa final (como se pode verificar houve alguns reajustamentos, e uma ou duas pessoas não puderam comparecer por exigências de agenda). Mas foi uma iniciativa que correu muito bem com participantes de todo o País». 

 *entretanto desativado

 

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Logo que haja disponibilidade física e mental voltaremos à coisa, agora apenas chamar a atenção para isto: sem um Ministério da Cultura «digno desse nome» que nos permita sistemas de informação vários que alimentem a «Conta Satélite», e muitas «mais contas», nada feito. Senhora Ministra da Cultura & Cª. que tal falar com o se Colega e meter a «coisa» na Reforma da Administração do Governo? Perdão, «Reforma do Estado».
 
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domingo, 5 de outubro de 2025

MAS QUE BELO PROGRAMA ELEITORAL DE FREGUESIA! | é para o Beato _ avalie por si ...

 

 
 

 
 
a dificuldade foi que «separadores» escolher para ilustrar 

 

«VEREDICTO» | de Pedro Mexia no semanário Expresso


 Claro que não é inesperado termos uma crónica de Pedro Mexia que nos enche. Esta semana no Expresso mais uma que apetece divulgar. Excerto: «(...) Quando encontro, em mudanças ou arrumações, objectos antigos que comprei ou me ofereceram, relógios, bibelôs, canecas, telemóveis, o tempo passou por eles. Estão amolgados, sujos, rachados, não funcionam. Os objectos duram mais do que a vida humana, embora os objectos tecnológicos sejam vítimas da “obsolescência programada”. A minha obsolescência não foi vagarosa como a das coisas guardadas em gavetas ou caixotes, mas galopante como certas doenças. E, ao que vou sabendo, é igual com outras pessoas da minha geração. Alguém morre inesperadamente, antes de tempo, faz impressão, alguém da nossa idade, e morremos um pouco também quando o morto integrava o teatro da nossa cabeça. Percebemos que nos dedicámos a trabalhos que não interessam a ninguém. Ou que somos maus na nossa vocação. Ou que a família, como se diz das camisolas, está no fio. A nossa auto-imagem como indivíduos decentes cai ao chão e parte-se em bocados. Fazemos mal a quem nos fez bem. Fraqueja a saúde em pessoas que queríamos imortais. Os amigos são numerosos, mas é uma amizade diferente da antiga, lúdica, sem confissões nem cumplicidades. Um médico confessa que estivemos quase, quase. Compramos uma caixinha para os comprimidos, dois, quatro, a seguir seis comprimidos. Temos ilusões, imagine-se, ilusões aos cinquenta. Somos estúpidos, tão estúpidos, toda a gente nos avisou que não fôssemos tão estúpidos. Imaginamos uma empatia imaginária. Mas palavras valem dez tostões. Somos submetidos à boataria, à insinuação, à calúnia, ao escárnio. A intimidade caducou, ninguém guarda segredos, tudo circula entre todos. Sujeitos que conhecemos há décadas mostram-se inimigos. A maior das pragas do Egipto, a mentira, regressa com o seu antiquíssimo arsenal, as ocultações, fabricações, denegações, meias-verdades. Os eufemismos magoam mais que a agressão. Somos comparados, e vexados por comparação. Mostram-nos o nosso valor por omissão, ou omitem, ou declaram que não valemos nada. Um escritor italiano, já não sei quem, lamentou: “A vida é um esforço que merecia melhor causa.”

E, no entanto, não sofremos nenhuma injustiça, porque isto nada tem a ver com a justiça. É o que é. Não uma verdade, mas um veredicto. Não um conforto, mas um desabrigo. O que sei eu a “meio” da idade, que é o último terço, a “meio” do caminho, que é o começo do fim? Que tenho mais certezas do que dúvidas. E que isso é mau. Conheci as respostas às minhas perguntas em seis meses, e nem as descobri, caíram-me em cima como uma abóbada que desaba. Pareço agora um daqueles advogados do cinema que dizem ao juiz, confiantes ou derrotados, “no further questions”, já não tenho mais perguntas».


sábado, 4 de outubro de 2025

AUTÁRQUICAS | SE QUISER SABER «TUDO» SOBRE A CDU LISBOA | tem o site «lisboa.cdu.pt» | E CADA VEZ MAIS CONSENSUAL - JOÃO FERREIRA O MAIS BEM PREPARADO

 

 

https://lisboa.cdu.pt/

Como os políticos costumam dizer que lhes acontece  também nos temos cruzado na rua  ( nomeadamente quando se espera tempo infinito por transportes públicos)  com conhecidos e desconhecidos que em conversas  surgidas na ocasião  perguntam sobre a «CDU Lisboa».  Estamos em crer que isso se deve ao facto de JOÃO FERREIRA se ter tornado «um caso». Ainda no semanário EXPRESSO  desta semana Miguel Sousa Tavares emite a sua opinião - O MAIS BEM PREPARADO:

 
Ora, sendo frequente constatar que os mais «bem preparados» fogem de ocupar lugares onde se trabalha para todos nós não devíamos deixar escapar esta oportunidade de termos à frente da Câmara «COMPETÊNCIA». Melhor dito, e nisso tem insistido o Candidato, de  a equipa  CDU em Lisboa sair reforçada nas Eleições em curso, e mostram o que fizeram de diferente com os lugares atuais. É por isso, reconhecendo-se o dinamismo da CDU Lisboa - onde se destaca a juventude e a participação das mulheres - que aqui no Elitário Para Todos não nos cansamos de o assinalar.
No site encontramos (nomeadamente na participação de João Ferreira no debate da RTP) argumentação sobre matérias como estas: a questão do voto útil; a devolução do IRS; a constituição e o funcionamento da Vereação; a articulação Juntas de Freguesia/Câmara; o papel da CULTURA ..., bom, neste domínio a diferença para melhor da CDU em relação aos outros candidatos é abismal ... 

 


 A CDU apresenta-se pronta a disputar todas as responsabilidades, 

 incluindo a Presidência da CML

 

 

«To continue this reflection beyond the Congress, ENCATC has curated a new publication: ENCATC 2025 Book of Proceedings – The Future Is Cultural: Policy, Practice, and Education, bringing together 30 peer-reviewed papers from the Education and Research Session»

 

 

«The 16th edition of the Education and Research Sessions reaffirmed their role as a dynamic space for academic dialogue and cross-sector exchange. Bringing together researchers, educators, and cultural professionals, the sessions provided a platform to collectively reflect on how cultural policy, management, and education can help shape inclusive and sustainable futures.
The papers presented by more than 100 participants from 38 countries throughout 28 sessions addressed some of the most pressing issues facing the cultural field today, including sustainability, cultural rights, audience participation, heritage practices, innovation, and organizational resilience. These discussions not only showcased rigorous academic inquiry and pedagogical innovation, but also highlighted culture’s transformative capacity to respond to global challenges, foster well-being, and inspire new forms of governance, exchange, and practice.
To continue this reflection beyond the Congress, ENCATC has curated a new publication: ENCATC 2025 Book of Proceedings – The Future Is Cultural: Policy, Practice, and Education, bringing together 30 peer-reviewed papers from the Education and Research Session.  This new volume gathers global perspectives, with authors from Europe, Asia, Africa, and the Americas exploring the role of culture in sustainability, inclusion, innovation, and peacebuilding. It offers interdisciplinary dialogue on urgent topics such as climate action, cultural rights, digital transformation, governance, and community-based cultural initiatives. Closely aligned with UNESCO’s MONDIACULT 2025 themes, the book provides a timely contribution to international debates on cultural policy and management. More than a record of scholarly exchange, it demonstrates ENCATC’s unique capacity to build bridges between research, education, and practice, showing how academic work in cultural management can directly inform pedagogy, inspire policy, and shape real-world cultural action».

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

JOSÉ CARDOSO PIRES | faria hoje 100 anos

 

 
a propósito na «mensagem» por
Bruno Vieira Amaral 
 
 

«José Cardoso Pires, o escritor de Lisboa

Bruno Vieira Amaral escreve sobre o seu biografado, José Cardoso Pires, cujo centenário se comemora a 2 de outubro. “Alguns espíritos mais sensíveis (sabes que os filhos da puta são sempre muito sensíveis, não sabes) não gostaram que tivesse dito que eras “o” escritor de Lisboa. Heresia!”» - leia aqui

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

A CDU CONTINUA A CONVERSAR|agora o tema é «Lisboa Cidade ou Lisboa Produto?|3 OUT 2025 | 19:00 | CENTRO DE TRABALHO VITÓRIA DO PCP| LISBOA


O convite tal como nos chegou: «No próximo dia 3, às 19h, teremos a iniciativa da CDU "Lisboa Cidade ou Lisboa Produto?".
Contaremos com a exibição do filme A morte de uma cidade, de João Rosas (com a presença do realizador), e uma conversa - moderada por Ana Jara (arquitecta, candidata à CML) - sobre os horizontes de transformação da cidade de Lisboa a partir de objectos escolhidos pelos convidados. Participam na conversa João Rosas (realizador, independente), Sofia Lisboa (investigadora, candidata à AML), Manuel San Payo (pintor, independente), Raquel Ribeiro (investigadora, candidata à CML), Pedro Vieira (escritor e ilustrador, independente) e Paulo Catrica (fotógrafo, independente).
A iniciativa contará também com João Ferreira, candidato à presidência da CML».
E face à descrição da iniciativa não deixamos de nos lembrar do texto «Lisboa e a Cultura: nem «marca» nem «unicórnio», inteira e popular», de Filipe Diniz, na obra seguinte:

 
 
E também, até porque ainda fresco, disto que ontem foi ouvido, nos JARDINS DO BOMBARDA no encontro «Que políticas culturais defendem os candidatos a Lisboa?» (onde só esteve a CDU e a Coligação liderada pelo PS): o tema CULTURA não aparece nos debates disse a dinamizadora da conversa. É verdade, todos o podemos verificar, mas naqueles que são desencadeados pelos grandes Orgãos da Comunicação Social, e foi assim que lá também se ouviu (por acaso de gente cá da casa) que não se lembrava de eleições em que se tivesse discutido tanto cultura e arte - a CDU tinha desenvolvido um bom ciclo de conversas ao longo dos últimos meses. E hoje até fomos à procura desta de março:
 


Ainda, este trabalho continuado da CDU refletiu-se lá na consistência das intervenções da sua representante. Estamos em crer facilmente ouvida pela assistência ( a JUVENTUDE em bom número) porque ainda por cima serena ..., o que fez sobressair quando queria sublinhar.  A nosso ver, precisamos também deste «estilo» como aliás se ouviu naquelas conversas « fim de festa» ... Do género, ela sabe do que está a falar.

«LAVAGANTE» |«Uma história de amor e enganos, num cenário marcado pela acção da polícia política da ditadura salazarista, a censura, as perseguições e as prisões, e a revolta estudantil do início dos anos 1960» | ESTREIA AMANHÃ



   O último argumento de
 António-Pedro Vasconcelos, 
adaptado da última
 obra de José Cardoso Pires