terça-feira, 4 de novembro de 2025

AINDA O TEATRO DA RAINHA PORQUE CELEBRA «40 ANOS» ...

 


mas sublinhemos já, uma vez mais, para  dizer 
do valor que é ler o Teatro da Rainha
 -  prazer e inteligência intemporais - 
 

«O Teatro da Rainha faz 40 anos. E está a celebrá-los, isto é, a percorrer através de material fotográfico revelador o que realizou. Não é apenas um acto de memória, mas vivificar – o momento de olhar de quem especta – uma actualidade dos espectáculos, uma projecção destes num presente dos observadores que é, como sabemos, sempre a fugir – tudo é imediata memória. O tempo não pára mesmo que no teatro o paremos, não só nos “silêncios”, nas “pausas” e nas didascálias que dizem “um tempo”, mas porque suspendemos o fluxo na ampulheta da eternidade para evidenciar nos acontecimentos cénicos as suas interacções sociais e nelas o que sejam opressões escondidas e outras monstruosidades do humano mas, em contracorrente, realizando a festa com as armas do humor dos autores, dos actores e jogo dos seus corpos, da encenação: a festa do prazer estético, da beleza que existe também no que é feio, oculto e imperfeito – o tempo que vivemos é realmente tragicómico, a tragédia multiplica-se numa metástase contínua de violências sem limite e o entretenimento, dominante, adocica e mascara tudo de modo avassalador. Há sempre uma anedota a contar, uma pitada de óbvio a exaltar.

A impotência chama-se Ocidente.
No caso desta mostra fotográfica, aqui, na Casa Antero, pomos em dia o que fizemos no Beco do Forno, beco de muitas estradas polémicas. Esta Casa é um Centro Cultural, um espaço de convívio, de cumplicidades e por certo de crítica conspirativa, da arte de maldizer que redime as almas.  Convosco, nesta parede acolhedora, está Cervantes (o criador do Quixote), Molière (que diagnosticou a hipocrisia dos Tartufos desta vida e dos mentirosos em geral, Goldoni tem o seu Bugiardo), Karl Valentin (que inspirou com o seu cabaret blagueur o dramaturgo Bertolt Brecht) e o próprio Brecht que, através do seu alter-ego “Senhor Keuner”, introduziu nos espíritos (des)atentos dos seus leitores uma versão maliciosa e subtil da introspecção dialéctica, elevando a ingenuidade a método. (...)».

 

EM BREVE NO TEATRO DA RAINHA |«Orfãos»

 

 
 
«(...)  Até onde estaria disposto a ir na defesa de um familiar? Este podia ser o mote de Órfãos, peça de Dennis Kelly que, desde a estreia em 2009, nunca mais deixou de ser encenada um pouco por todo o mundo. A criação que o Teatro da Rainha traz agora ao público português, com tradução e encenação de Henrique Fialho, reforça a questão inicial buscando desmontar a lógica do “nós ou eles”, do “quem conhecemos contra quem não conhecemos”, das “pessoas de bem vs. pessoas de mal”.

(...)A entrada em cena de Liam é o motor de arranque de uma discussão sobre a volatilidade dos laços familiares, as fracturas sociais, a criminalidade, o aborto, os efeitos da imigração, o racismo, a tortura, a alienação da consciência moral e dos valores que a sustentam. Tal como o título indica, estamos perante um objecto em que o desamparo e o abandono, temperados com humor negro tipicamente britânico, são marcas essenciais».

 

 

domingo, 2 de novembro de 2025

NÃO HÁ «A GERAÇÃO DEPOIS DO 25 ABRIL», HAVERÁ VÁRIAS GERAÇÕES | como se ouvem umas às outras, eis uma das questões ... | ANTEVEMOS QUE A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA) vai ter papel na coisa ...

 

 
onde se ouve sobre «mecenato cultural», isto ou equivalente: «(...)nem temos um sistema de mecenato (...) e sabemos dos diferentes lugares institucionais por onde passou a «Comissária», a que se acrescenta o que se pode ler nesta revista:


 
*
*   * 
 
Parece ser uma máxima do Evangelho que ouvimos desde pequenos: «A QUEM MUITO É DADO, MUITO SERÁ EXIGIDO» - segundo a IA é.   E será isto que pensando bem organiza este post.
 
*
*   * 
O começo: estávamos nós a «tentar esquecer» as palavras da Senhora Governante da Cultura ilustradas pelo que se reproduz, uma vez mais,  no início deste post quando ouvimos a Comissária-Geral de Portugal na Expo Osaka 25, na TSF em Programa de que muito gostamos, e já o dissemos no Elitário Para Todos -  «A Escuta do Mundo». E demos connosco a procurar saber mais sobre as suas biografias. Uma nasceu em 1975, 50 anos; outra em 1989, 36 anos. E são MULHERES, e  alegra-nos que ocupem e tenham ocupado lugares que tradicionalmente eram para homens. Sim, até somos a favor da discriminação positiva, embora também não embandeiremos em arco com quotas - mas tem de ser...  Não temos dúvidas que reconhecerão que é uma «conquista de abril» de homens e mulheres.
Então o que nos está verdadeiramente a incomodar? A resposta: é a falta de verdade, condescendemos para não entupir o diálogo, de rigor,  no discurso daquelas protagonistas. Apetece pugnar por uma «Indústria de Polígrafos». Ou talvez nem seja necessário, pode ser que o desenvolvimento da Inteligência Artificial,  a continuar a verificar-se o ritmo de hoje, permita confrontar «verdades» cada vez de maneira mais competente. Afinal, parece que os «FACTOS ALTERNATIVOS» existem ... Não são apenas estes casos que nos levam a concluir que dentro da geração depois de 25 de abril, ou à volta disso, há estratos sociais/profissionais - figuras -   que parecem beneficiar de uma certa «impunidade» e simplesmente «dizem» no Espaço Público ... Lá terão as suas fontes, ou será de «estaca e ouvido»?  Ilustremos: o investimento na cultura (alturas houve que se negava a palavra «apoios») tem uma história que nega as palavras da Senhora Governante, e defendemos de há muito que deve haver balanços  - avance Senhora Ministra na produção de MEMÓRIA - para se saber quem progrediu e quem regrediu ... e se houve aquilo que a Senhora Governante descreve quem foram os autores.  A propósito, apenas mais esta nota: houve período em que pelo Fundo de Fomento Cultural no que aos «apoios» dizia respeito se cobria Projetos que tinham sido objeto de APRECIAÇÃO pelos JÚRIS da DGARTES ou organismos que a antecederam, e tudo devidamente articulado com quem tinha a responsabilidade no processo e até publicado em DR ... Assinalando o que se conclui como fundamental, havia identidade de cada uma daquelas organizações. Hoje  DGARTES e FFC o que as distingue? Alô Senhor Ministro das «Reformas» ...
Agora, sobre o MECENATO. Acreditamos que cada um com suporte nas experiências de outros - de lá de fora, pois claro ... - que conhece defenda outras propostas.  Dizer sistema, tecnicamente, será um pouco exagerado, mas nós temos o «nosso SISTEMA». Contudo parece-nos, face ao que ouvimos e lemos, que há uma falha de partida: MECENATO que é MECENATO  não espera contrapartidas «financeiras» ou equivalentes ... Mais, olhemos para o novo conceito de DESENVOLVIMENTO, voltando à «nossa fórmula»:
E nada disto pode ser refletido sem se convocar o SERVIÇO PÚBLICO DE CULTURA que aliás em dado momento pairou no Programa da TSF  ... e até captamos «alguma tensão» nessa ocasião  ...
 
*
*   * 
 
Mas o que nos convoca aqui com estes casos tidos como alvo, mas são ilustração, é este questionamento: para quem nomeadamente da sua geração falam estas protagonistas? Como entenderia «o povão»  caso com isso contactasse o que nos dizem sobre não verem televisão, não terem redes sociais, mudarem com facilidade de lugares para trabalhar, sugerirem hobbies que se nos afiguram caros e precisam de  casas para tal, assunção de mecanismos pouco transparentes norteados por proximidades ... Interrogamo-nos se não será este ambiente real ou apercebido que leva aos resultados eleitorais com que estamos confrontados ... Serão as «bolhas» de vivência de que se vem falando? Dá ideia que estão longe do POVO. E lembramos a frase de Lula da Silva quando dizia que era «formado em Povo Brasileiro». Mas deixemos o pessimismo de lado, e peguemos no que se acompanhou nas Eleições Autárquicas de Lisboa -   da CDU -  que se seguiram de perto. Luminosas! Com candidatos/as onde as mulheres pontuavam e jovens. E pareciam estar «formadas/os em POVO LISBOETA». Os Eleitos/as:
 
 
O que nos alegra, mesmo, e comprova a nossa leitura: esta gente, gente, não para, e o PROCESSO CONTINUA - vinha de trás, engrossou durante as eleições, e aí estão a continuar  enquanto houver estrada para andar ...
 
 
 
Em síntese, e há sempre a tentação
 de fazer «sumário»: não há a Geração depois 
do 25 de Abril, há DIFERENTES GERAÇÕES! 
 

 

NA PERFORMA 2025|«(...)»through olfactory holograms: steamed rice, diesel, cardboard, ozone. (...)»

 


 Raimundas MalašauskasWalking Tour: Raimundas Malašauskas

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

DE NOVO VIEIRA DA SILVA | AGORA NO GUGGENHEIM BILBAO | e a entrevista com a curadora da exposição no jornal Expresso até nos leva a raciocinios mais amplos sobre a intervenção nacional no desenvolvimento de públicos chegando-se a palavras governamentais | HÁ QUE FAZER MUITA COISA «AO MESMO TEMPO», SENHOR MINISTRO

 
A leitura da manhã dos jornais, vá se lá saber o porquê, fez-nos ligar  o trabalho de Ana Soromenho  no semanário Expresso desta semana - Vieira da Silva: contra o esquecimento- que consiste numa entrevista à  Responsável pelas coleções da National Portrait Gallery, em Londres, Flavia Frigeri, e que é a comissária da exposição de Bilbau, às palavras do Ministro da Presidência  que se podem ler no jornal Público nesta notícia:
 
Nem é o central da entrevista, mas chamou-nos a atenção isto que disse a Comissária - o destaque é nosso: «Em 2020, quando começou a trabalhar para a National Portrait Gallary, teve a missão de aumentar a representação feminina para reposicionar o lugar desta. Encontrou trabalhos que a surpreenderam? Esse trabalho, feito a partir dos retratos, não se circunscrevia apenas ao campo das artes visuais. Foi muito mais amplo e interessante porque incluía todas as áreas, desde a literatura à ciência. Descobrimos, por exemplo, Jean Purdy, a cientista que ajudou a desenvolver a fertilização in vitro e nunca foi reconhecida porque nos grupos de trabalho os créditos são sempre para os homens. Ainda vamos levar muitas gerações até garantirmos que seja dado às mulheres um reconhecimento que os homens sempre tiveram. A igualdade é uma ambição. Nem que seja a última ambição».
Antes, tínhamos reparado nisto dito pelo Governante:
 
Parece já ser um «padrão»,  temos de nos habituar às «tiradas» dos nosso Governantes - veja-se o que escreveu a responsável da Cultura - e agora isto:  "Os jovens não querem"."Vamos então dar coisas que eles não querem consumir? Isso interpela quem? Não interpela o Estado a disponibilizar esta medida. Interpela os meios que devem procurar oferecer algo que eles queiram». Ora essatalvez tenhamos que os ensinar a «gostar desta sopa» ou dizendo doutra forma a criarem o hábito de irem a «esta escola». Mas a nossa ênfase até é outra que se prende com isto:  o «isolado» raramente atinge o que se deseja, há necessidade de ao mesmo tempo fazer «isto e aquilo». Ter programas amplos que se cruzem. Enfim, e olhando para a iniciativa conjunta -«António Leitão Amaro falava no parlamento, no âmbito da apreciação na especialidade da proposta do Orçamento do Estado para 2026, numa audição conjunta das comissões de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto e do Orçamento, Finanças e Administração Pública» - é preciso praticar a TRANSVERSALIDADE. Desde logo, onde está o PLANO DE DESENVOLVIMENTO PARA A CULTURA? E do ponto de vista conceptual e técnico voltemos a ensaio da nossa estimação: 
*
*   *
e já que utilizamos a expressão «ao mesmo tempo»
 

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

DE FACTO HÁ UM SABER E UM PRAZER QUE SÓ A ARTE NOS PODE DAR | «Nada é profundamente triste, tudo é cómico» - boa máxima para aguentarmos as palavras da Senhora Governante da Cultura sobre a «distribuição de apoios no setor cultural em Portugal»

 


 
 
*
*   * 
Uma «estreia» é sempre uma festa! Depois de tantos dias de trabalho, de ambientes caóticos, de entusiasmos e desânimos, ...   eis que há a partilha com os «públicos» - a grande parte da razão de ser de tudo. Amanhã a estreia do espetáculo «Elogio do Riso». Acontece em tempos «estranhos» nomeadamente com uma Governante  a dizer isto em artigo de opinião: «Durante décadas, a distribuição de apoios no setor cultural em Portugal esteve condicionada por mecanismos informais, pouco transparentes e excessivamente dependentes de relações de proximidade. O que deveria ser um processo assente em critérios claros e objetivos transformou-se num espaço onde afinidades pessoais, simpatias circunstanciais ou contactos diretos com responsáveis políticos se sobrepunham sistematicamente ao mérito dos projetos. Essa lógica obrigou o setor cultural a tentar crescer apoiado em instrumentos frágeis, incapazes de garantir previsibilidade ou confiança». Veja aqui. Como é possível que isto tenha sido escrito?  E as palavras contam - por exemplo aquela «distribuição», qual «esmola aos pobres» ... Nem sabemos como não lhes ocorreu recuperar a palavra «auxílios» que já apareceu em suportes oficiais. Pois bem, neste momento para se aguentarem «diatribes destas»  talvez agarrarmo-nos ao «NADA É PROFUNDAMENTE TRISTE, TUDO É CÓMICO» que nos é trazido pela peça que amanhã vai estrear no TEATRO MUNICIPAL JOAQUIM BENITE. Ah, quem sabe, tudo baralhado,  isto possa vir à tona nas CONVERSAS COM O PÚBLICO a propósito do Elogio do Riso.Não estamos em ambientes de «conversas fofinhas». Não nos podemos dar ao luxo de «meter a cabeça na areia». Ah, por acaso estamos à espera que o Senhor Primeiro Ministro não ignore o assunto... A nosso ver, as palavras da Senhora Governante são mesmo graves. A propósito, se ainda não leu, não esqueça o artigo referido  no post anterior: JÁ O DISSEMOS ! | HÁ QUE POR COBRO À NARRATIVA DE SUA EXCELÊNCIA A MINISTRA DA CULTURA & cª. SOBRE O SETOR DAS ATIVIDADAES CULTURAIS E O PAPEL AO LONGO DOS TEMPOS DO MINISTÉRIO DA CULTURA / SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA | esperamos que «os políticos» o façam mas entretanto temos o artigo de opinião «A transparência da Cultura» de Bruno Alexandre, Dina Magalhães e Simão Costa no jornal Público | A NÃO PERDER! | QUE BOM MOMENTO DE PONDERAÇÃO!
 
 
Ainda, não se pode ignorar
«a estrela» da Primeira conversa