De repente, por todo o lado RESISTIR. Para começarmos em beleza o novo trabalho de Carminho «Eu vou morrer de amor ou resistir». Como sempre dá-nos aqueles momentos que nos reconciliam com a vida - atmosfera que empurra para resistir, serenamente, involuntariamente, ... - e pelo que vale lutar. Mas vamos lá, ilustrando, ao que demais acabou por nos chamar a atenção em torno de «resistir» - (0s destaques são nossos).
Logo na noite das eleições autárquicas, Paulo Raimundo do PCP:«Um resultado que sendo em geral negativo, revela no seu conjunto elementos de resistência – com a obtenção de maioria em 12 municípios dos quais quatro são novas maiorias (Mora, Sines, Montemor-o-Novo e Aljustrel), desmentindo assim os muitos vaticínios sobre a inevitável sentido de perda da CDU e confirmando as reais possibilidades de avançar e reconquistar as autarquias onde se conheceu agora um desfecho negativo». Curiosamente, houve comentador que da sua cátedra até criticou logo a postura adiantando qualquer coisa do género de que resistir não seria programa ...
José Pacheco Pereira na mais recente crónica no jornal Público com o titulo «A identidade perdida do PS» termina assim: «Resistir é o único verbo com dignidade, vai ser duro, leva tempo e faz estragos, mas é a única maneira de travar a ascensão da brutalidade, da ignorância e de uma sociedade de pobres e excluídos, perdidos na sua invisibilidade».
Daniel Oliveira, a nosso ver, ao jeito do «Reader´s Digest» no Expresso desta semana, em trabalho de que gostamos particularmente do titulo «Reorganizem-se!», reafirma o que já se lhe tinha ouvido noutros espaços onde opina: «Agora, resistiram na cidade, crescendo nas freguesias burguesas e caindo, em percentagem, nas mais populares. No meio da sangria nacional de votos para a extrema-direita, o PCP terá concluído, satisfeito com o seu feito, que é quem melhor resiste à direita, como se a resistência fosse uma prova de esforço, sem objetivos políticos. Não percebe que a luta pela sobrevivência não pode matar as condições para essa sobrevivência».
No Fórum TSF logo a seguir às Eleições se bem registamos e recordamos o Professor José Adelino Maltez ao fazer o balanço dos resultados das Eleições ao referir-se ao PCP utilizou a palavra «resiste» e o tom se bem se captou era de «respeito»...
Entretanto, já se viram outros escritos em que a palavra aparece mas na generalidade são «sucedâneos», e também não se tem a pretensão de tudo cobrir ...
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Só porque nos levou a GRAMSCI
a produção deste post já tinha valido
a pena e será por isso a nossa adesão
ao titulo acima
referido - «Organizem-se !»
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Nesta atmosfera o que apetece (re)lembrar são reflexões que nos surpreenderam ao longo da campanha eleitoral ou que pensamos de grande utilidade prática e que se prefiguram indispensáveis na busca de «argumentação de esquerda». PARA RESISTIR. Elegemos o que se regista neste post: DE ARTIGO DE OPINIÃO DO PROFESSOR JOSÉ NEVES NO EXPRESSO |«O problema da esquerda hoje não é tanto o de estar ou não estar unida entre si, mas a crescente desafeição entre toda e cada uma das suas partes e o grosso da população. O discurso de João Ferreira sobre a cidade tem conseguido contrariar esta desafeição e é uma das poucas exceções ao estado de descrença e desmoralização em que a esquerda portuguesa hoje se encontra»
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