segunda-feira, 18 de março de 2024

Nuno Júdice

 

de lá:

 

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Das tantas reações à morte de Nuno Júdice:
 

"Quando estive no TNDMII convidei-o para almoçar, para lhe lançar o desafio de traduzir essa obra maior que é Cyrano de Bergerac. Ele disse-me, no seu jeito educado e gentil, que ia de férias e que iria pensar no assunto. Passado umas semanas ligou-me e disse que precisava de falar comigo. Quando nos encontrámos, explicou-me que tinha lido a peça de Edmond Rostand e que tinha adorado, tanto, que a tinha traduzido sem parar durante as férias e num gesto inesperado, tirou da pasta a sua magnífica tradução dizendo: aqui tem", contou. "Não lhe tinha sequer falado das condições financeiras, nem dos prazos para o trabalho ser realizado. Fiquei sem palavras e profundamente comovido, pelo seu gesto, pela sua paixão, pela sua generosidade. Nunca esquecerei. Obrigado Nuno", completou. Diogo Infante.


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E das «pequenas coisas» que só os «grandes» fazem, também lembrámos, do início de 2023, esta participação, onde também se discutiu «tradução» (aliás a de Reinar Depois de Morrer é de Nuno Júdice) - como estar ali fosse algo mesmo importante  a que não se podia faltar ... :

 


«Artistas afrodescendentes»

 

 

 

sexta-feira, 15 de março de 2024

PELA COMPANHIA DE TEATRO DE ALMADA | NO TEATRO MUNICIPAL JOAQUIM BENITE | «PACOTE COMPLETO» | a propósito de «O Futuro já era» em cena |E COMO APRENDER E REPLICAR ESTE PROJETO CTA/TMJB ?

 



 
 
 
Já nos tínhamos referido ao espetáculo em cena no TMJB neste post: COMPANHIA DE TEATRO DE ALMADA |«O Futuro já era» |TEATRO MUNICIPAL JOAQUIM BENITE | 1 a 24 MAR.2024 | ALMADA. Mas depois de termos visto a peça e assistido à CONVERSA do sábado passado, e lido o Texto acima, não resistimos a sugerir isto:  não perder «o pacote». E há mais para acrescentar, por exemplo, que ainda se pode ver a Exposição «A censura ao Teatro» e ... jantar no restaurante do Teatro ... e ...
Em especial, queremos notar que no dia em que se esteve lá a sala estava maravilhosa: a maioria eram jovens. Que belos espetadores!   E será de dar os parabéns aos professores que os/as acompanhavam ... Ah, como seria interessante que esses mesmos jovens participassem em conversas, e comentassem o texto, a cenografia, o guarda-roupa, a música, o percurso da autora, as palavras do encenador ... O FUTURO. O que desejam para todos e para si próprios. Concordam com o «fim» da peça, ou veem e desejam outras possibilidades?
E aproveitemos a ocasião agora que parece óbvio que um NOVO CICLO PARA A CULTURA é de reivindicar - retomar o lema CHOQUE CULTURAL? -, a exigir aos poderes institucionais e a cada um de nós, o que e como aprender com o Projeto COMPANHIA DE TEATRO DE ALMADA/TEATRO MUNICIPAL JOAQUIM BENITE para que  possa ser replicado pelo País em contexto internacional? E que financiamento estatal é o ajustado e racional para este agente com sede em  Almada mas Nacional e  do Mundo? Sem estas e outras respostas não há ESTATUTO DE ARTISTA que resista, e lembramos o assunto porque acabámos de ouvir na TSF que foram introduzidos «uns remendos». Ó deuses, precisamos de um SETOR CULTURA digno desse nome! Em que a precariedade não domine. O que não entendem? 
    
 


PARA SE ESTRUTURAR O «SETOR CULTURA»| SERVIÇO PÚBLICO DE CULTURA + PRIVADO | uma vez mais palavras de Álvaro Covões que não podem ser ignoradas ...

 

Mais: 
 


Recorte da entrevista a Álvaro Covões:
«Temos um Estado que se acha dono de tudo, na Cultura»
  NASCER DO SOL - PORTUGAL AMANHÃ - 15 mar 2024
 
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E cá temos uma vez mais Álvaro Covões a reclamar - a nosso ver bem - que se estruture
o SETOR CULTURA, como aqui no Elitário Para Todos temos vindo a fazer. Ainda há dias:

quinta-feira, 14 de março de 2024

O Ovo da Serpente


Noutras ocasiões conturbadas já temos ido ao filme de Ingmar Bergman «O Ovo da Serpente». E voltou a ocorrer nestes dias fuscos  que estamos a viver, nomeadamente ao lermos o artigo «Golpe de Estado» a que nos referimos em post recente. A arte a ajudar-nos a ver. Se desconhece o filme não perca, e quiçá seja de rever - veja acima. Entretanto a partir daqui:

«Qual a origem e significado da expressão "o ovo da serpente"?

 Utilizado de há muito como termo para expressar o “prenúncio do mal” ou o “mal em gestação”, “O Ovo da Serpente” é também um dos mais impressionantes filmes de Ingmar Bergman, que como ninguém retratou em linguagem cinematográfica a república de Weimar ou os anos que antecederam o advento da Alemanha nazista.Bergman, ao exibir situações do cotidiano presentes na história daqueles tempos, demonstrou, com precisão matemática e habilidade artística invejável que, a um observador atento, já era possível vislumbrar nos acontecimentos que se desenvolviam nos anos 20 o nascimento do Nazismo. Nas inesquecíveis palavras do Dr. Vergerus, personagem capital da trama, “É como o ovo da serpente. Através das finas membranas, você pode claramente discernir o réptil já perfeito”.Convém no entanto lembrar que a expressão "O ovo da serpente" foi utilizada por Shakespeare na peça "Júlio César" em finais do século XVI».
 Sobre o filme veja critica.
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Curiosamente,  no Le Monde:
 
 

NO DIA EM QUE OS JORNALISTAS FAZEM GREVE RECORDEMOS PALAVRAS DE MÁRIO DE CARVALHO

 

 

De lá:

«(...)Nesse sentido, não será despropositado relembrar as proféticas palavras de Mário de Carvalho, há cerca de trinta anos:

"A democracia não está adquirida. A paz não está adquirida. Esta civilização não está adquirida.

Quando, num dia nefasto, aparecer um caudilho carismático a mobilizar turbas infantilizadas, embrutecidas, afeitas às formulações primárias e aos apelos sanguinários, não se admirem.

O jornalismo cão há-se merecer um mundo cão"».

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Mas peguemos também neste olhar:

«Ricardo Marques

Jornalista 

Dia de Greve 14 março 2024

Bom dia,

Ao contrário do que é costume, este Expresso Curto que agora tem nas mãos foi terminado às 23h48 de ontem, quarta-feira. Esta quinta-feira, pela primeira vez em mais de 40 anos, os jornalistas portugueses estão em greve e em luta contra a insegurança no emprego e os salários baixos praticados no setor.

“O jornalismo é um ofício assente na investigação o mais exaustiva possível e na narração em estrutura e linguagem simples, textual, oral e visual, de factos que são fundamentais para o conhecimento de todos os cidadãos.” Pedi emprestada esta definição a José Vegar, um dos grandes jornalistas portugueses e, ao mesmo tempo, uma das mentes mais lúcidas a pensar o jornalismo dos dias de hoje.

E começo por aqui porque não podia deixar de o fazer. Leia de novo a definição que está acima e agora pense no seguinte: hoje não vai acontecer.

É possível que chegue ao fim do dia e nem dê por isso. As redes sociais que têm no telemóvel poderão ser suficientes para sentir que se sente informado. Alguém diz alguma coisa, outro alguém coisa outra. E nesse mar de coisas, nesse verdadeiro turbilhão de verdades – e elas são mais do que um milhão nas redes – há de tudo, menos regras.

Ora, as regras são o que define o jornalismo.

Regras e factos, responsabilidade e rigor. Parece simples, mas não é. Parece fácil, mas não é. Qualquer um o pode fazer, mas não pode.

Exige tempo, experiência, estabilidade, esforço e trabalho.

Agora como há 100 anos.

O dia em que o jornalismo decide parar em protesto é um dia bom para todos os que preferem manter ocultos os tais factos que são fundamentais para o conhecimento de todos os cidadãos. Para todos os que não respeitam a Democracia.

Para esses, esta quinta-feira, 14 de março de 2024, é um excelente dia.

Para todos nós, nem por isso».