quarta-feira, 31 de agosto de 2022

JORNADAS EUROPEIAS DO PATRIMÓNIO 2022

 

Veja por exemplo aqui, no site da DRCN

De lá:  «As Jornadas Europeias do Património 2022 decorrem a 23, 24 e 25 setembro próximo, este ano subordinadas ao tema Património Sustentável, explorando que medidas podem ser tomadas para proteger o rico e diversificado património cultural europeu no contexto das alterações climáticas e da degradação ambiental».

 

E a propósito no site do Ministério da Cultura de França:


 

 

terça-feira, 30 de agosto de 2022

O SENHOR MINISTRO DA CULTURA FEZ UM ARTIGO DE OPINIÃO | perdão, um «Depoimento» a propósito das comemorações da independência do Brasil

 Recorte JN | 30 AGO 2022

É verdade, o Senhor Ministro brindou-nos com um texto que verdadeiramente não sabemos classificar: com os dados disponíveis vindos do jornal parece estarmos entre artigo de opinião e depoimento. Mas a nós mais nos parece entrar na categoria «redação». Será que é aquilo que se espera de Governante? Cá por nós  gostaríamos que nos fizessem um ponto de situação, fundamentado, das relações culturais luso-brasileiras, assinalando o que está bem e mal e que nos projetassem um futuro. Deixem-se de generalizações «bonitinhas» baseadas em «opinião». Um excerto que, a nosso ver,  dá o «tom»  da coisa:

Bem, Senhor Ministro, em que se baseia para escrever o que escreveu? Bom, talvez lembrar que ser «OPINADOR» é uma coisas, MINISTRO outra ... E há também a responsabilidade dos ACADÉMICOS ... 

Eventualmente, no fim, vai a ver-se, o artigo mais não é que parte da rentrée do Governante. Tipo «fofinho» híbrido. Quiçá apenas matar saudades das antigas ocupações.

 

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

«Quanto menos esquerda houver mais o fascismo avança»

 

 

Leia no AbrilAbril

E talvez lhe interesse esta conversa que vai acontecer na Feira do Livro de Lisboa, em que participam Nuno Ramos de Almeida  e Manuel Loff:


 

domingo, 28 de agosto de 2022

«Mostra São Palco»

 

Veja aqui

A Mostra São Palco 2022, com curadoria de Jorge Louraço Figueira, é um ciclo teatral que decorre em várias cidades portuguesas, uma rede de programação a pretexto da comemoração da declaração da independência do Brasil, em 1822.
No último trimestre 2022 será realizada uma série de eventos, entre espetáculos, conversas, conferências, oficinas, em várias cidades. A seleção dos eventos foi feita numa tentativa de articular várias narrativas sobre a história cultural de Portugal e Brasil.

 Trata-se de uma atividade apoiada pela Itaú Cultural (BR), Direção Geral das Artes, Programa Garantir Cultura, Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses, Programa Iberescena e Município de Coimbra.

Projeto do Teatrão em coprodução com o Teatro Académico de Gil Vicente, o Convento São Francisco (Coimbra), o Teatro Aveirense (Aveiro), Cineteatro Louletano (Loulé), o Coliseu do Porto AGEAS e o Teatro Nacional São João (Porto), o Teatro-Cine Torres Vedras (Torres Vedras), o Teatro Sá da Bandeira (Santarém) e o Teatro Oficina (Guimarães).

Em 2022 passam duzentos anos da independência do Brasil (declarada a 7 de setembro), datas redondas que servem de pretexto para refletir sobre a arte e cultura brasileiras, e que pretendemos assinalar com a terceira edição da Mostra São Palco, dando a conhecer a criação brasileira, através da apresentação de espetáculos de teatro vindos do Brasil em várias cidades.

O crescimento da comunidade brasileira em Portugal, e em Coimbra em particular, além da intensidade do intercâmbio cultural, artístico e académico, impõem uma reflexão sobre o que foi feito e o que se poderá vir a fazer em conjunto, que esta efeméride enquadra involuntariamente.



Gente cá da casa, ao ver esta «Mostra São Palco», não resistiu e exclamou: como o TEATRÃO  cresceu! É que esteve lá na origem quando apareceu no âmbito da COIMBRA CAPITAL DO TEATRO 92 (que depois se prolongou por 1993), e - aqui fica como curiosidade - até foi sugestão sua a designação «TEATRÃO».  Nesta de olhar o passado foi-se ao site da Companhia, e não se vê referência a esse tempo, ou seja,  ao começo.  A Coimbra Capital da Cultura veio mais tarde... Logo que  haja tempo vai procurar-se memória sobre a CCT92/93, como já prometemos noutra ocasião,  sendo que ela devia existir institucionalmente como não nos cansamos de reclamar. Havia um Comissariado que tinha à frente Ricardo Pais. Ah, e no inicio,  MANUEL GUERRA foi, digamos, o «pivot» do Projeto. Sem ele ... 

 

E muitos concordarão que esta «Mostra São Palco» pode muito bem servir de pretexto para, nomeadamente, se refletir  a forma como se financiam as ARTES no nosso País. Não sendo o essencial, mas tem a sua importância, pense-se, ilustrando, nas «candidaturas» que terá de haver para um Agente Cultural conseguir captar verbas das que estão espalhadas por aí ...




terça-feira, 23 de agosto de 2022

LANÇAMENTO |«Livro-CD Instrumentária Poética»| 27 AGOSTO 2022 | 21:00 |CARPINTARIAS DE SÃO LÁZARO| LISBOA



«Instrumentária Poética é um livro-cd editado pela associação A Caravana Passa. O projeto tem dois lados: um deles junta Fernando Mota, Mário Melo Costa e Vasco Gato numa criação conjunta inédita envolvendo uma peça sonora, uma colecção de fotografias e um poema. O outro documenta a mais recente fase de pesquisa e criação de Fernando Mota em colaboração com estes e outros artistas, em objectos como o filme 7 Poemas para um Mundo Novo, o Concerto para uma Árvore e o espectáculo multidisciplinar Passagem Secreta, que têm em comum a utilização de instrumentos e objectos sonoros criados a partir de elementos naturais, como troncos, rochas ou água e uma reflexão acerca da nossa relação com o planeta».

 Entrada livre, sujeita à lotação do espaço. 

Saiba mais 

 

 

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

SÉRGIO PRATAS|«Associações, Democracia e Utopias Reais»

 

 

O que é uma associação? Que tipos associativos existem? O que são coletividades de cultura, recreio e desporto? É possível apresentar uma definição de democracia? Quais as principais instituições da democracia? Quais as principais ameaças à democracia, hoje? que respostas existem para fazer face a essas ameaças?
Além deste conjunto de interrogações, este trabalho tem ainda uma pergunta de partida (ou questão central), que o orienta: serão as associações de cultura, recreio e desporto uma escola de democracia? Sendo que se pretende caracterizar apenas a realidade portuguesa (e não a existente noutras latitudes).

 

 

talvez... Monsanto |«Talvez nunca como aqui Ricardo Pais tenha construído um lugar tão sensual e austero, tão capaz de introduzir silêncio e beleza no mundo»

 

 
 

domingo, 21 de agosto de 2022

FILIPA MALVA |«Desenho e Criação no Trabalho Cenográfico em Portugal»


 Saiba mais

Neste livro, conduzido pela investigadora e cenógrafa Filipa Malva, fica claro que aquilo que se convencionou designar por cenografia pode ser entendido como uma parcela de um universo mais vasto, que poderemos então designar como desenho cenográfico.
A partir das entrevistas realizadas, Filipa Malva identifica quatro tipologias essenciais no desenho enquanto sistema relacional:
(1) enquanto registo de movimento e acção;
(2) enquanto proposta de conceitos e materiais cenográficos;
(3) enquanto existência material em palco, gerando espaço e tempo;
(4) enquanto complemento do corpo (vestindo-o ou percorrendo-o).
Estas tipologias são perspicazes e adequadas às vozes dos artistas aqui reunidos.
Este livro, ao reunir um grupo de cenógrafos reconhecidos e activos nas artes performativas portuguesas, vem finalmente revelar a consistência de um ofício e das práticas que lhe estão associadas, tornando-se assim essencial também ele, livro, para o desenho de um território.

Do prefácio de Daniel Tércio

sábado, 20 de agosto de 2022

Em Homenagem a Orlando Costa


Morreu Orlando Costa. A comunicação social e as redes sociais dão conta da triste notícia. Por exemplo:Morreu o ator Orlando Costa, o icónico "Zé Gato", no DN. E legitimamente lembra-se o seu «Zé Gato». Mas, curiosamente, o que logo nos veio à memória foi um trabalho seu na BARRACA - também um ZÉ mas  do TELHADO:




 


PRÉMIOS 

Prémio Cau Ferrat - Melhor Contribuição Artística, Festival de Sitges

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“ A vida e aventuras de maravilha do Zé do Telhado, o José Teixeira da Silva, que roubava aos ricos e poderosos para distribuir pelos pobres é contada diariamente pela ‘Barraca’ no seu teatrinho da Alexandre Herculano, ali junto ao Largo do Rato. 
Trata-se de um inolvidável espectáculo popular: música de Zeca Afonso, texto de Helder Costa, encenação de Augusto Boal e, sobretudo, uma risota pegada, do princípio ao fim. Orlando Costa é o protagonista se protagonista se pode dizer deste ‘herói’ diluído no meio do seu ‘gang’ e das lutas sociais da época. Mas há outras interpretações a reter, como Mário Viegas, Céu Guerra, Manuel Marcelino, Paula Guedes, Luis Lello e, afinal, todos os demais da peça: Margarida Carpinteiro, Santos Manuel, João Maria Pinto e João Soromenho.”

Diário de Lisboa – 14/07/1978 

 

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E ERA TÃO BOM TERMOS UM SITIO ONDE HOUVESSE MEMÓRIA INTEGRADA DA NOSSA GENTE DA CULTURA E DAS ARTES DOCUMENTADA E ATRACTIVA  

 

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

«ESCRITORES A NORTE» E POLÍTICAS PÚBLICAS


A notícia que nos chegou:«Documentários “Escritores a Norte” disponíveis online». Acima o de Aquilino Ribeiro. Depois fomos em busca de saber mais. Os escritores abrangidos:


 
 
 
O que se pode ler no site da Direção Regional de Cultura do Norte : «Com o propósito de contribuir para a divulgação e preservação da memória do vasto património literário e cultural presente na região Norte, a Direção Regional de Cultura do Norte concebeu e coordenou o projeto Escritores a Norte.

Assente no conceito de redes e dinâmicas de colaboração conjuntas, Escritores a Norte visa também a promoção do conhecimento mútuo e a partilha de atuações e boas práticas entre os espaços abrangidos pelo projeto.

À Direção Regional de Cultura do Norte associaram-se, enquanto parceiros neste projeto, fornecendo, carregando e atualizando conteúdos e informações disponíveis no portal, os seguintes equipamentos culturais, destacando-se como instituições que salvaguardam a memória, vida e obra, dos escritores aqui referenciados: Casa das Quintans, em Mesão Frio, residência dos escritores Domingos Monteiro, Pina de Morais, Graça Pina de Morais e Lisa Pina de Morais; Casa de Camilo Castelo Branco, em São Miguel de Seide; Casa Museu Ferreira de Castro, em Ossela; Casa Museu Guerra Junqueiro e Fundação Maria Isabel Guerra Junqueiro e Luís Pinto Mesquita Carvalho, no Porto; Casa de José Régio, em Vila do Conde; Casa de Miguel Torga e Espaço Miguel Torga, em São Martinho de Anta; Fundação Aquilino Ribeiro, com a Casa de Aquilino, em Soutosa; Fundação Cupertino de Miranda, detentora do acervo pessoal de Mário de Cesariny e Fundação Eça de Queiroz, com a Casa de Tormes, eternizada por Eça em A Cidade e as Serras.

Os documentários produzidos no âmbito do projeto Escritores a Norte estão disponíveis para visualização no nosso site e também no nosso canal de YouTube».


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Bom, desde logo, aqui pelo Elitário Para Todos há gente do NORTE que logo penetrou no Projeto. Com gosto  o está a fazer. E é sabido o quanto se defende a preservação da MEMÓRIA: de todos os lados - de Norte a Sul. «Mas», e há sempre um «mas», e aproveitando o momento explorando também nós o caso da contratação para a avaliação das políticas públicas que está a ocupar a comunicação social - veja por exemplo 

Medina contratou no privado. Governo tem "consultora" dentro do Estado para avaliar políticas públicas -,

e tendo presente  o tanto  que foi dito por políticos, jornalistas e comentadores, o que nos assalta:

  • Dá ideia que verdadeiramente não sabemos como está estruturada a nossa ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA começando por políticos e acabando em jornalistas. Seria útil analisar ao pormenor o que foi dito e escrito.
  • Comentadores, e demais profissionais, e certamente  população em geral, não fazem ideia de como o Ensino (e a investigação) preparam para a Gestão Pública, nomeadamente para a formulação e acompanhamento das Políticas Públicas.
  • É certo que todos nos dizem que a Administração precisa de ser reformada, não se percebendo por isso a razão da não implementação da ORÇAMENTAÇÃO POR PROGRAMAS prevista na Lei e constantemente adiada a nível Nacional e em cada organismo. A técnica não engana: cada iniciativa, cada ação, desde que nasce tem de estar inserida numa POLÍTICA formulada com teoria e técnica sem o que não é possível  acompanhamento e avaliação digna desse nome.
  • Enquanto aquilo não acontecer é ver organismos, comissões, assessores, grupos de trabalho,... a proliferarem: todos a fazerem a mesma coisa, sem hierarquias,  numa barafunda que em vez de favorecerem a transparência tornam tudo mais fusco. E há coisas que ninguém faz ...
Pois é, neste quadro, qual é a POLÍTICA do MINISTÉRIO DA CULTURA para a matéria com que se começou este post?
 


quarta-feira, 17 de agosto de 2022

MEDALHAS DE MÉRITO CULTURAL ATRIBUIDAS EM 21 DEZ 2021 | Jorge Silva Melo, João Lourenço, Luís Miguel Cintra | DESPACHOS PUBLICADOS HOJE NO DiÁRIO DA REPÚBLICA COM TEXTOS A NOSSO VER «SEM ALMA»

 
 
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Todos os pretextos são bons para assinalarmos o MÉRITO de quem faz parte dos nossos melhores. Sobre os atos a que se referem os Despachos acima até houve iniciativa pública que incluiu Maria do Céu Guerra (provavelmente o seu Despacho já foi publicado). Veja por exemplo aqui. Mas tudo isto nos aparece «mal tratado»: e a questão burocrática será o menor. O que importaria era estas FIGURAS maiores e outras equivalentes terem por parte do ESTADO recompensa à altura - nomeadamente em termos de financiamentos, e neste momento estarão em procedimentos concursais como quaisquer outros, sendo que Jorge Silva Melo já não está entre nós e são públicos os problemas que os Artistas Unidos estão a enfrentar com o Teatro da Politécnica.  Senhor Ministro da Cultura, ouça-se o que estas pessoas dizem  e disseram - e  outras que lhes são «iguais» - sobre a cultura e as artes e em especial sobre a Atividade Teatral. Tenha-o em conta na construção das Políticas Públicas para o SERVIÇO PÚBLICO e para a atividade própria do MERCADO do Setor.
Ainda: aqueles Despachos deviam ser «pérolas» que desse gosto ler e divulgar ..., e evidenciarem (de maneira culta com alegria e prazer) porque nos orgulhamos destes nossos concidadãos.

 


terça-feira, 16 de agosto de 2022

ÁLVARO SIZA |«(...)“Na arquitectura, vejo proximidade imediata com a poesia e a música, mas também com a escultura e a pintura, claro, com o cinema, muitíssimo, e ainda com a literatura e o ballet”, acrescenta, indicando a presença do ritmo como denominador comum das diferentes artes.(...)»

 


Recorte do jornal Público de 13 AGO 2022

 

Chegámos aos «Livros de Álvaro Siza» pelo artigo do Público a que se refere a imagem. Se puder não perca. Começa assim: «Na passagem do 89.º aniversário de Álvaro Siza, no passado dia 25 de Junho, a editora Monade decidiu assinalar a data partilhando com os seus leitores uma lista com os 15 livros e publicações que mais têm marcado a vida do arquitecto nascido em Matosinhos em 1933. E associou a essa iniciativa a recolha de um stock com esses títulos - disponíveis para venda no site da editora -, mesmo se alguns deles são especialmente raros, ou se encontram esgotados. Nessa lista, ressalta a presença da poesia, a rivalizar em número de títulos com a arquitectura: sete livros da disciplina profissional do arquitecto contra seis de poemas, a que se acrescentam dois volumes de literatura. “A poesia e a arquitectura são da mesma família”, diz Siza ao PÚBLICO, revendo a sua lista no escritório junto ao rio Douro, aceitando o desafio de comentar e, de algum modo, justificar as suas escolhas editoriais. Na arquitectura, vejo proximidade imediata com a poesia e a música, mas também com a escultura e a pintura, claro, com o cinema, muitíssimo, e ainda com a literatura e o ballet”, acrescenta, indicando a presença do ritmo como denominador comum das diferentes artes. “Se analisarmos, por exemplo, o que é o percurso no espaço de uma construção, há uma espécie de ritmo, entre a continuidade e a paragem, entre um corredor e uma porta, como na música e no cinema”, especifica Siza, lembrando os diferentes andamentos de uma sinfonia, ou a passagem de um travelling a um grande-plano no cinema.

Do lado dos livros de arquitectura, algumas notas curiosas são a referência a um só autor português — sem surpresa, Fernando Távora, seu professor na Escola de Belas-Artes do Porto e depois companheiro de viagem (e de viagens) pelo tempo adiante —, ao lado de outros arquitectos, críticos e ensaístas de diferentes países. (…)».

Podemos ver a lista  no site da Editora Monade:

 

 Veja aqui

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Em síntese: uma «master class» para profissionais e leigos onde, a nosso ver, a importância da cultura e das artes atravessa tudo. É o que costumamos dizer a favor de um SERVIÇO PÚBLICO do setor: há um conhecimento e um prazer que só a CULTURA e as ARTES nos podem proporcionar.

 

 

domingo, 14 de agosto de 2022

«A Festa do Teatro faz de Setúbal um lugar de intensa atividade intelectual - lúdica, surpreendente, inteligente»

 

Recorte do semanário Expresso desta semana, do trabalho de João Carneiro

A Festa do Teatro faz de Setúbal um lugar de intensa atividade intelectual — lúdica, surpreendente, inteligente

TEXTO JOÃO CARNEIRO

O artigo é sobre o Festival de TEATRO DE SETÚBAL MAS A «O COMEÇO» TEM VIDA PRópria. Confira por si:

 

«Érefrescante — e não só do ponto de vista térmico — constatar o esforço, empenhamento, tenacidade, entre muitas outras qualidades, de pessoas, organizações, entidades, grupos, instituições — toda a gente que, pelo verão adentro, organiza coisas como Festivais de Teatro. Deve-se escrever a expressão com letra maiúscula, pois é de reconhecimento que se trata. As coisas não estão fáceis, num país que atravessa um período estranho; de onde escrevo estas linhas, Lisboa, é palpável uma sensação de decadência, de abandono, de decrepitude, que assola a cidade, aparentemente devolvida aos turistas, e na realidade sonegada aos seus habitantes, que a partir do final da tarde podem percorrer a Baixa, a Praça da Figueira, o Martim Moniz, e dar conta do deserto urbano em que se transformaram.

Esperemos que uma intervenção forte no sentido na revitalização urbana, pelo menos aqui na capital, se mostre, pelo menos, ao nível daquilo que os festivais de teatro denotam de maturidade e generosidade, do ponto de vista cívico, intelectual e artístico. Mas é do Festival Internacional de Teatro de Setúbal que se trata; da Festa do Teatro, como também se chama, e que este ano cumpre 24 edições, sem interrupção, mesmo durante os anos da recente pandemia. Sendo um Festival de Teatro, quer dizer que se abre a outras correntes das artes performativas. É inevitável, nos dias de hoje, tanto mais que a noção de teatro é de tal maneira complexa e abrangente que falar de teatro é falar de uma possibilidade de encontro entre artes e práticas performativas. Mas falamos também, e ainda, maioritariamente, daquilo que, sem recurso a definições sempre erróneas, cada pessoa reconhece como teatro; prosaicamente, como deve acontecer, tanto nos casos do maior refinamento estético, como nos casos, que se pretendem muitos, de quem faz das artes uma necessidade quotidiana, sem disso ter de fazer alarde, ou coisa pior. (...)».