sexta-feira, 28 de março de 2014

«O ESTADO DO TEATRO - 2014» | Fernando Mora Ramos fala de teatro respondendo às perguntas de José Alberto Ferreira

Mário Mabjaia em De Volta da Guerra de Angelo Beolco Encenação de Fernando Mora Ramos Teatro da Rainha/Centro Cultural Casa Velha, Maputo, Moçambique, 1995 (no âmbito do Festival de Teatro I Estação da Cena Lusófona) fotografia de Augusto Baptista


NO  DIA MUNDIAL DO TEATRO | 27 DE MARÇO
foi  lançado o livrinho/entrevista em que Fernando Mora Ramos fala de teatro respondendo às perguntas de José Alberto Ferreira Professor da Universidade de Évora e da Nova em Lisboa.

Um excerto:


«1. Num ensaio de 2009, falava da «superação da insignificância» como desígnio político necessário para superar a «condição orgânica precária da nossa estrutura teatral». Como vê a situação do teatro hoje?

   Está tudo pior e o teatro não é uma ilha. Mesmo que o estejam a isolar, a meter no beco porque tem o vício da crítica no corpo, o teatro pressupõe sempre uma dimensão social e uma dada condição estatuída na esfera da sociedade democrática. Necessitando de regras próprias de existência, vive muito mal numa sociedade em que o ar das ideias não circule, como agora, que sobrevive mas não se expande, através de formas rudimentares de subsistência, subfinanciado, expressivas, vivendo um pouco para dentro de si mesmo, em modelos alternativos e frágeis de produção e exploração, que tocam minorias menos amplas que a imensa minoria que o teatro pode tocar. O facto, entretanto, de que há hoje muitos mais praticantes de teatro, ao mesmo tempo que há menos espectadores, não deixa de ser um sinal de futuro, mesmo que, para já, esses praticantes não tenham condições de fazer dignas de um exercício profissional.
   Em 2000 estávamos no milhão de espectadores, dados oficiais, um número inacreditável para o tipo de apoios que se materializavam, muito abaixo dos padrões europeus – mesmo assim as coisas explodiram, espalharam-se por todos os lados, mas um pouco sem regra, mexilhão a alapar-se onde pudesse agarrar-se e não a estruturação de um esqueleto de novas dinâmicas. O mais longe que se foi materializou-se nos Centros de Artes do Espectáculo [CAE], projecto que desapareceu no curso da sua própria afirmação pelo desinvestimento que veio a seguir à criação dos projectos.  
   Este é um momento de sobrevivência resistente e de acção, de protesto claro contra o absoluto desprezo do poder pelo que não tem natureza lucrativa nem tem que ter. 
   Mesmo que a fragilidade do teatro seja a sua natureza, o corpo imperfeito que fala e age com terceiros diante de outros, os espectadores, que realizam também o seu teatro de reacções sensíveis, discreto ou nem tanto, em assembleia de singulares, dir-se-ia, a-espectacular, esse ser fala em acção corporal no presente da representação exige meios de afirmação complexos e dispendiosos, não luxuosos, mas múltiplos, próprios das artes que integram o teatro, multiplicidades singularizadas que são específicas em cada poética, em cada artista e projecto – Peter Brook é um caso, Kantor foi outro, Strehler outro, Cintra outro, Howard Barker outro, sendo que muito teatro se realiza como memória propulsora, num diálogo permanente com a história e com os futuros e sua negação, os regressos trágicos – o teatro estará sempre em desacordo com o real porque a realidade nunca será perfeita, a sua presença é sempre crítica.
   Se pensarmos que o teatro conjuga desde as origens características que unem uma arquitectura específica, da cena grega, passando pela construção à italiana e pela actual “caixa de sapatos”, a uma tradição dramática, de Ésquilo a Crimp, por exemplo, e a modos de ensino dos trabalhos do corpo que encontram no estúdio de Stanislavski a sua fundação já contemporânea, profissional – daí para cá muita coisa aconteceu em matéria das práticas de actor e de uma ideia concreta de profissão – e que a disciplina encenação fez, na contemporaneidade, uma nova síntese de um conjunto de práticas que se exerciam conjuntamente por soma, lançando novas bases para o exercício unitário das artes que o integram em que a iluminação e recentemente a electrónica aplicada às técnicas, ganharam uma nova dimensão, perceberemos que clamar por teatro na Europa – e o que é isso da Europa, neste agora? – é reivindicar algo tão complexo como o direito à saúde, com todas as suas implicações, o que projecta iniludivelmente a necessidade de uma política teatral, conjunto articulado de medidas a montante e a jusante dos seus modos de fazer.
   O teatro necessita de um SNT que alimente a sua potência crítica, é esse o seu destino na sociedade, revelá-la, expor o interdito, dizer o não dito, fermentar uma constante luta de ideias e de pensamento, ser o lugar do exercício dessa dimensão sensível que o cidadão tem direito a reconhecer em si mesmo como algo mais que uma impressão, um acidente, um acaso, uma promessa. Todo o ser tem potencialidades criativas. A cidade, sendo cidade, não produz o consumidor, a cidade é o espaço de afirmação do cidadão. O mercado sim, a sociedade hipermassiva de controlo sim, produz o consumidor, a criatura formatada, essa criatura que vive a publicidade como uma religião e a vida como actos negociais, o dia-a-dia como uma contabilidade.
   O que agora acontece é que o Estado que do 25 de Abril para cá foi estando progressivamente consciente que o seu papel na cultura artística era o de criar condições de fazer, apoiar e estimular a criação, a edificação de estruturas que fossem projectos artísticos e equipas de um corpo global, territorial e de saberes, se demite progressivamente de qualquer papel. Sinal claro disso é o desaparecimento do próprio Ministério da Cultura. (...)».




 

ASSIM VAI A CULTURA | «Jorge Barreto Xavier» | De sedução em sedução ...


Jornal Público | 2014.03.28
  

Assim vai a Cultura | Teatro Nacional S. João | De redução em redução ...





quinta-feira, 27 de março de 2014

MENSAGEM DO DIA MUNDIAL DO TEATRO 2014


Foto retirada da performance 'Exhibit B', produzida pela companhia dirigida 
por Brett Bailey (autor da mensagem deste ano) , a 'Third World Bunfight'.

Se ainda não encontrou a Mensagem  do Dia mundial do Teatro, veja NO DIA MUNDIAL DO TEATRO | A mensagem de 2014 é de Brett Bailey.


terça-feira, 25 de março de 2014

MAIS UM ESTUDO (o segundo dos encomendados pelo Secretário de Estado da Cultura) | «Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores»


http://www.gepac.gov.pt/cultura-2020.aspx?v=ef8cdefd-1b59-48cb-bbac-dc7b0fd22823 


Pois é, parece que teve apresentação pública, o estudo da imagem,  mas não demos por isso. Mas já lemos o relatório, certamente que não com a profundidade que requer.  A quente: objetivamente, um trabalho académico, que deve ser muito útil aos seus autores, e demais investigadores, esperemos que a estudantes em geral, e ao Gabinete de Análise Económica da Universidade Nova - contém pistas e material abundante   para novos estudos; para «Guia» dos decisores (quais decisores ? e exatamente para que problemas ?) nitidamente hermético, e um guia por natureza, e pressupondo que seja  para quem está no terreno, é  instrumental.
Fomos percebendo metodologias e objetivos, aliás, amiude lembrados e explicitados  ao longo do texto, o que por si é  revelador, mas ainda assim continuamos a ter dúvidas. O que se pretendia afinal com o estudo por parte de quem o encomendou? (Prometemos, vamos ler mais vezes, se calhar o problema é nosso). Do início, um excerto:


Lá para o fim, quanto a finalidades: «O principal propósito que tem guiado o nosso trabalho consiste na compreensão das ligações entre cultura e desenvolvimento económico. Tal se torna mais claro quando adotamos uma visão endógena do conceito de cultura, ou seja, se a entendermos como uma forma de investimento associada a benefícios que poderão ser colhidos no futuro». Em determinado momento, não deixámos de nos surpreender com esta passagem (destaques nossos):

«Os decisores políticos devem, em primeiro lugar, perceber porque é importante realizar um estudo particular. Para tal é necessário definir claramente quais são os objetivos que se pretendem atingir da política, como estes se complementam ou substituem um ao outro, quais são os instrumentos da política, os grupos afetados, as suas características, etc. Se os investigadores receberem um conjunto sólido de informação no contexto político e social da questão, uma seleção correta da metodologia pode ajudar a encontrar questões que guiem – embora não necessariamente completam a condução – a futuras ações políticas».

Do concreto, a propósito da cidade de Detroit, gostámos de ver ali «arrumadinho» em jeito de manual académico, para iniciados, com pontos de interrogação:

«Neste debate, argumentos demagógicos têm sido utilizados para por em confronto aqueles que defendem a manutenção da arte na cidade contra os que pretendem preservar as pensões dos reformados e o bom funcionamento dos bens públicos. Uma sondagem realizada pela Detroit Free Press e pelo canal de televisão WXYZ descobriu que mais do que três quartos dos entrevistados estavam contra os cortes nas pensões e contra a venda de arte para pagar os credores. É claro que estas visões simplistas do conflito entre interesses culturais e económicos necessitam de abordagens mais sofisticadas. Não se devem esquecer as seguintes questões: 
1. Serão os benefícios de vender a arte, no curto prazo, maiores que os efeitos positivos, no longo prazo, de ter um museu de classe mundial que atrai milhares de turistas por ano e que recebe fundos maioritariamente de fontes externas?
2. Será razoável discutir quadros e esculturas como se fossem apenas ativos, ou oferecerão vantagens, materiais e imateriais, maiores para uma comunidade, em particular numa tão necessitada?
3. Pode o valor da arte e da cultura ser medido de uma maneira correta? Ou, não conseguindo a cidade responder a emergências rapidamente ou manter mais do que metade da iluminação pública acesa, tudo deverá ser colocado em cima da mesa?
Vários estudos académicos provam que há uma relação substancial entre cultura e a educação, a participação cívica e o bem-estar, tal como foi relatado em capítulos anteriores.
 O caso de Detroit levantou novas questões sobre como reconciliar cultura, economia, identidade, e bem-estar. Independentemente da resolução, este caso irá certamente desvendar algumas das questões-chave com o impacto da cultura na economia e viceversa».
E igualmente retivemos, dá sempre jeito:



E terminamos com a «entrada» do trabalho do jornalista Pedro Santos Guerreiro sobre o estudo, publicado a 1 de março na Atual. Pensando bem, não deveria ter sido no Caderno  de Economia? Ora aqui está uma pista para um novo estudo - a encomendar: Tratamento da Economia da Cultura na Comunicação Social.




 E «a fechar», mesmo, este post,  no estudo recorre-se a citação de Camus: 

Sem cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, mesmo 
que perfeita, não é mais que uma selva. É por isso que a verdadeira criação é um presente para o futuro.”  Divina! Mas preferimos a nossa que está na coluna à direita neste blogue, no início:

  "Tudo o que degrada a cultura encurta o caminho para a servidão». Fica como sugestão para mote de um próximo estudo. Curta, direta e plena ! Numa campanha publicitária quanto valeria? Como organizadora de uma política pública qual a eficácia? Como elemento de resistência, aí não terá preço!  Remete-nos para a Carta dos  Direitos Humanos e para a Constituição.    OS GUIAS DOS GUIAS PARA DECISORES DO SÉCULO XXI, em regimes democráticos. Sem isso não há Desenvolvimento Sustentável, conceito pouco aprofundado no Estudo da Nova. Embora ande por lá ... .
   
 E pronto, venha o terceiro estudo. No  Elitário Para Todos gostamos de estudos, mesmo que não sejam os prioritários do momento.

terça-feira, 18 de março de 2014

«VICENTE JORGE SILVA» | Conversas com Isabel Lucas



Acabo de ler o livro da imagem. A quente, se gosta de jornais e jornalistas, de cinema,  e admira pessoas livres,   não perca  «Vicente Jorge Silva  Conversas com Isabel Lucas». A sinopse da editora:
«Gostava de cultivar a tal fantasia, a de que vivia num mundo em que a ilha era o único universo real e tudo o que se passava fora dela era imaginário. E que os jornais que traziam as notícias do exterior eram como invenções dos Ficheiros Secretos, com situações produzidas por uma central de informação.» Este livro é uma longa conversa que passa a vida profissional e pessoal de Vicente Jorge Silva, 68 anos, natural do Funchal, jornalista, um homem que protagonizou alguns dos projectos mais estimulantes do Jornalismo em Portugal nos últimos cinquenta anos. O Comércio do Funchal, a Revista do Expresso, a fundação do Público. Leitor, cinéfilo, realizou a longa-metragem Porto Santo, a série para a RTP As Ilhas Desconhecidas, uma adaptação do livro com o mesmo nome de Raul Brandão. As curtas A Bicicleta e Vicente Fotógrafo. Foi cronista no Diário Económico, no Diário de Notícias, comentador de política na SIC Notícias e actualmente assina uma crónica semanal no semanário Sol». +
Mas o livro está  para lá do que esta apresentação deixa antever. Ajuda na compreensão do percurso coletivo das últimas décadas que nos trouxe até onde nos encontramos. A entendermos melhor protagonistas do passado e de hoje,  meandros de episódios particulares que lançam luz sobre outros  mais alargados, até aos  comuns  a toda a sociedade. E a transparência e frontalidade do jornalista presentes, como nesta passagem: «Sinto hoje muito mais dificuldade em ter respostas para o mundo em que vivo do que tinha no tempo em que era um jovem e vivíamos na ditadura do Salazar. Aí, uma coisa eu sabia: não queria aquela ditadura e acreditava que podia haver um regime democrático, como acredito e acho indispensável. O mundo era mais fácil».

domingo, 16 de março de 2014

APOIOS ÀS ARTES ATRAVÉS DA DGARTES 2014 | As perguntas do PCP


A propósito da abertura dos concursos a que nos referimos no post anterior, o Grupo Parlamentar do PCP, com data de 14 de março,  atravé do Deputado Miguel Tiago, fez as perguntas da imagem sob o titulo seguinte:





Veja a pergunta na integra aqui.



APOIOS ÀS ARTES ATRAVÉS DA DGARTES 2014 | a crise financeira e do resto




Aviso dos Apoios à Internacionalização na  integra.

Aviso dos Apoios Pontuais na integra.



EMMET GOWIN | Para quem se interessa por fotografia




«Throughout his prolific career as a photographer, Emmet Gowin has threaded together seemingly disparate subjects—his wife, Edith, and their extended family; American and European landscapes; aerial views of environmental devastation—that reflect his ongoing interest in issues of scale, the impact of the individual, and notions of belonging. This long-awaited survey, Emmet Gowin pays tribute to Gowin’s remarkable career and his impact on the medium». Continue a ler e a ver. E aqui também.


 

domingo, 9 de março de 2014

«O EMPOBRECIMENTO» | Vasco Pulido valente



«O primeiro-ministro anunciou que Portugal não voltará tão cedo, se voltar, à relativa prosperidade de 2011. Outras personagens que o apoiam e o aprovam prevêem tranquilamente o empobrecimento progressivo do país. Nenhuma delas parece ter vivido os tempos de fome e desespero que duraram muito mais de 40 anos, durante a República, Salazar e Caetano.
Com 30 anos no “25 de Abril”, não me esqueci depressa do que era a vida nessa altura. Não falo da esquálida miséria do campo, que numa região rica a uns quilómetros de Lisboa, em que as pessoas trabalhavam o dia inteiro, envelheciam depressa e morriam de qualquer maneira, sem diagnóstico e sem assistência. Como não falo da província – do Minho ao Algarve – onde o horror se tinha tornado a normalidade. Na falta de uma experiência directa, seria um impudor.
Mas não me importo de falar da classe média (de resto privilegiada) em que nasci: e posso dizer que a pobreza contaminava tudo. O que se vestia, o que se comia, o que se fazia, o que se pensava. Mais do que na gente que mandava no Estado e no cidadão comum, a tirania estava, como dizia o outro, na necessidade de poupar, na privação perpétua da frivolidade e do prazer, no mundo imóvel e sem saída, que pouco a pouco se tornava numa prisão a céu aberto. As dores de crescimento num liceu de crianças caladas, que muito manifestamente esperavam o pior e, a seguir, numa Faculdade, que se destinava a premiar os filhos de família e a submissão, não levavam a uma descoberta ou sequer a uma aprendizagem, no seu melhor levavam a uma espécie de punição que moía e predispunha à desistência e ao cansaço.
O Portugal de hoje não conseguiria nunca perceber o Portugal de 1950 ou de 1960. Agora, até se glorifica o crescimento da economia e a estabilidade financeira do regime. O primeiro-ministro com certeza nunca se deu ao trabalho de imaginar aquilo a que a pobreza haveria condenado um rapazinho de Trás-os-Montes com uma mediana boa voz. Nem lhe descreveram o deserto que foi Lisboa nessa época de chumbo, onde ir ao café ou a um cinema de “reposição” tomavam as proporções de um acontecimento. Os sinais que o país começa a voltar atrás são claros. Verdade que a civilização que entretanto se criou não vai desaparecer. Mas nada disso consola se imitações substituírem o que existia antes e acabarmos na mediocridade e na tristeza de uma simples sobrevivência sem destino».

Senhor Secretário de Estado da Cultura, não é apenas «DISCUTÍVEL», é mais do que isso ! | Estamos no âmago da Reforma do Estado


Artigo disponível no Público online.

Lê-se, e não se acredita. Mas, depois, entra-se no trivial com que o Secretário de Estado da Cultura nos habituou. Agora com a anuência de pessoas de quem se esperaria outra postura. Estamos face a uma Direção Artística, camuflada, em «outsourcing». E acham isto normal ! Vejamos, o Diretor Artístico é quem assegura identidade da coisa ... . Nem o mais empedernido tecnocrata poderá estar de acordo com isto ... . Um lugar de direção - não uma direção qualquer, é a nuclear -   a ser exercida por um consultor, exterior, e que é Diretor de um outro Teatro, e estrangeiro. E depois admiramo-nos quando confundem Portugal com Espanha!  O jornalista - Tiago Bartolomeu Costa - bem tenta evidenciar o absurdo, e só desejamos que não desista porque o que está aqui em causa é grave. E tem de ser esclarecido, para além do Secretário de Estado da Cultura. Pelo Governo, como um todo, naturalmente. Ou seja, o Senhor Primeiro Ministro não pode encarar o assunto como uma coisa menor. Mas vamos à notícia, através de alguns excertos:

«Paolo Pinamonti será durante os próximos três anos consultor para a programação do Teatro Nacional São Carlos (TNSC) e não está prevista a nomeação de um director artístico enquanto esta situação se mantiver. Esta é a principal novidade da conferência de imprensa que esta quinta-feira juntou no salão nobre do TNSC Pinamonti, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, e os recém-empossados membros da administração do Opart, o organismo que gere o TNSC e a Companhia Nacional de Bailado (CNB), José António Falcão e João Pedro Consulado». 

 «não está prevista»
Como é !, os diplomas orgânicos foram alterados? Isto é matéria que depende do «gosto» do Secretário de Estado da Cultura? E para além  da questão jurídica temos direito a que nos digam qual o referencial de gestão que estão a seguir. Estamos na União Europeia, temos de acreditar na ciência e na técnica. Isto não pode ser matéria de opinião. Da opinião do Senhor Secretário de Estado, nem tão-pouco de quem aceitou esta solução.

«Paolo Pinamonti confirmou ao PÚBLICO que o seu contrato acompanha o mandato da nova administração, que inclui ainda o pianista Adriano Jordão como vogal, e com quem o actual director do Teatro da Zarzuela dialogará, sem contudo assumir a responsabilidade da programação. “Pediram-me ajuda e pela minha relação afectiva com o São Carlos decidi aceitar”, explicou, reatando assim uma relação interrompida em 2007, depois de mandatos que, disse o próprio secretário de Estado, haviam tornado o São Carlos num teatro de referência».

«ajuda»«relação afectiva»
Mas o que é isto! que amadorismo é este! Não estamos na colectividade do bairro, com toda a admiração pelas Colectividades de bairro. É um Teatro Nacional, que não pode ser governado assim, por um acordo entre amigos, onde não se percebe qual a responsabilidade por que têm de responder. Deve ser qualquer coisa do género: se as coisas correrem bem (mas como é que isso pode ser, se já está mal !), todos estariam lá, mas se as coisas correrem mal ... .  De quem seria, será, a responsabilidade !

E para se terminar, por agora, evidenciemos mais isto:  «Os contornos desta colaboração de Pinamonti com o São Carlos são, contudo, diferentes das que eram no passado. O PÚBLICO questionou, mais tarde por email, o gabinete da SEC relativamente aos valores do contrato, bem como a diferença entre esse valor e o que é pago a um director artístico, mas ainda não obteve resposta.
Pinamonti, que saíra do TNSC em ruptura com o modelo de fusão com a CNB, que hoje continua em vigor, não deixará Madrid e apenas acompanhará as produções “no que for possível”, auxiliando a direcção na “recredibilização do teatro”.

Por último, o Secretário de Estado da Cultura vai ao Parlamento,  e só podemos  exigir que os Senhores Deputados não deixem passar isto em branco, e que obriguem o Senhor Secretário de Estado a respeitar a inteligência dos cidadãos e das cidadãs, e impedir que  embarque em soluções que ofendem, e  em que a única defesa que apresenta é dizer que é «DISCUTÍVEL». 








«Demitir-me? Por favor ...», disse o Senhor Secretário de Estado da Cultura



Veja no site da TSF

domingo, 2 de março de 2014

PARA O DEBATE EM TORNO DO «Acordo Ortográfico»





Não conseguimos ter a posição tão exacerbada que vemos em muitos contra o Acordo Ortográfico, e entendemos os argumentos de ambos os lados. O que é certo, a situação está a levar-nos a «escrever mal», e a fazê-lo com mais esforço, deixando-se de ter  automatismos que facilitam a escrita. Bom, mas «contra»,  «No dia em que o Acordo Ortográfico regressa à Assembleia da República, a Forma de Vida publica, em separata, a resposta enviada por António M. Feijó à Audiência Parlamentar». Disponível aqui. Mais que tudo, gostamos de boas discussões.

ALAIN RESNAIS | «Hiroshima Mon Amour»


 
 
«Alain Resnais morreu na noite de sábado em Paris. 91 anos de cinema à aventura». E logo nos lembramos de «Hiroshima Mon Amour», do tempo em que ir ao cinema tinha ritual. E aos 91 anos, há duas semanas, recebeu um prémio de «inovação». Uma vida  cheia  que ajudou  a encher a de muitos. Obrigada, Alain Resnais.

DIREÇÃO-GERAL DO PATRIMÓNIO CULTURAL | Recomendações de quem se candidatou a Diretor-Geral



O artigo da imagem - Caderno de encargos para futuro DGPC - de Paulo Ferreiro, que também concorreu a Diretor-Geral da Direção-Geral do Património Cultural, mas que não foi o escolhido, está disponível na web.
Depois de lido ocorre uma ideia, seria bem útil que fossem públicas as propostas que os candidatos têm para o setor e, em particular, para o organismo a que concorrem. De facto, não estamos perante uns quaisquer administrativos, com o devido respeito aos administrativos, mas face a Dirigentes que vão ter que interpretar políticas e influenciá-las. E desde logo terão de decifrar aquelas Cartas de Missão que mais parecem uma transcrição das atribuições e competências publicadas nos diplomas orgânicos, e não o farol para a ação. Escrutinável. Em conclusão, esta como que «Carta Aberta», de Paulo Ferreiro, devia levar a pensar-se num padrão no âmbito dos concursos.É que a transparência tem de ser verificável.