sábado, 29 de abril de 2023

NO DIA INTERNACIONAL DA DANÇA 2023 | atentemos em palavras de Mónica Calle ...

 

 
« Só Eu Tenho a Chave Desta Parada Selvagem, título retirado de um poema de Rimbaud, dá nome a este novo projeto, composto por um elenco masculino de 17 intérpretes provenientes de diferentes profissões e idades, voltando às premissas centradas na resistência, união, fé, fragilidade e superação. Um ensaio de A Sagração da Primavera, de Igor Stravinsky, como o mote central, e Nijinsky ou Pina Bausch são referências neste processo, transpostas em fortes sequências de fracasso, erro e tentativa, tão obsessivas quanto prazerosas. Os performers buscam o movimento, ora coletivamente, ora como indivíduos, insistentemente, como se não houvesse escapatória, apenas o esgotamento dos corpos, num reinício contínuo de um ciclo. - Mónica Calle».
 
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A propósito deste trabalho, que foi apresentado no Festival DDD - Dias da Dança, este excerto  do jornal Público de 27 de abril passado (o destaque é nosso):

«(...)

“Quando cheguei a Ensaio para Uma Cartografia, vinha contaminada por estas experiências com A Sagração da Primavera: foi através desta peça musical que iniciei o meu trabalho sobre dança e música clássica”, explica Mónica Calle ao PÚBLICO. “Agora volto aqui. De certa maneira, estes espectáculos sempre estiveram ligados.”

A encenadora volta a reunir um elenco extenso, com performers profissionais e não profissionais de idades, origens e profissões diversas, mas desta vez inteiramente composto por homens (são 17, ao todo). “É uma energia muito diferente da dos corpos femininos”, assinala. “Foi mais difícil encontrar o sítio certo entre a fragilidade e a força, até porque há todo um paradigma na construção da masculinidade

Continua a ser um trabalho “física e emocionalmente muito exigente”, nota a criadora. Um exercício em que a repetição de movimentos e a exaustão dos corpos nus funcionam, em transe e em luta, como portais, literais e alegóricos, para pensar sobre a fragilidade que dá lugar à resiliência, sobre as bifurcações entre vida e morte, sobre o sacrifício que se transforma em esperança, sobre o esgotamento como sinónimo de renascimento, sobre aquilo que acontece quando se deixa cair o ego. (...)

“À medida que vou envelhecendo, sinto cada vez mais forte em mim essa responsabilidade de devolver e deixar um futuro.” E esse futuro passa também pela forma como se lida com a produção artística. “Gostaria de continuar a desenvolver este projecto durante os próximos anos, transformando-o, aprofundando-o, fazendo um caminho conjunto com os intérpretes”, sublinha. “Acredito que, para se desenvolver um trabalho, é preciso tempo. É preciso esta ideia de os anos passarem.” O que vai ao encontro do processo em torno de Ensaio para Uma Cartografia, mas contra a máquina cada vez mais voraz das artes performativas.

“Sou pressionada no sentido contrário, mas estou cada vez mais convicta de que é isto que me interessa, não esta coisa de fazer, deitar fora, fazer, deitar fora, o que para mim é inócuo, e até obsceno, por causa dos recursos”, nota a criadora. Talvez por isso A Sagração da Primavera nunca lhe tenha saído da cabeça: pela “força motora” da continuidade e do renascimento». 

Pois é, e como é que estas reflexões de Mónica Calle têm correspondência na intervenção do Estado na esfera do SERVIÇO PÚBLICO DA «DANÇA»? Mas podemos ser ainda mais básicos: quais são as Políticas Públicas neste domínio? Ainda, mais elementar, quais os serviços e técnicos específicos na DGARTES que fundamentem as decisões? Longe vão os tempos em que existiam ... Com pessoas conhecedoras e prestigiadas à frente ...  Tem cabimento lembrar este post:

HOJE, EM LISBOA, NA CULTURGEST COMEÇA «UMA FESTA PARA GIL MENDO, O GRANDES ESPECTADOR» QUE VAI DURAR TRÊS DIAS | Associamo-nos sublinhando a sua participação na formulação de politicas públicas para a dança

Terminemos com a Mensagem para o DIA INTERNACIONAL DA DANÇA 2023:


 

Veja aqui

 

quinta-feira, 27 de abril de 2023

GRANDE ENTREVISTA | a Michael Sandel em torno de «A Tirania do Mérito»

 

 
 
 
Se nos é permitido, uma recomendação: ler o livro - abaixo - e ver a entrevista (legendada)  a que se refere a imagem inicial.Verá - é nossa convicção - que não é perda de tempo. 
 

 

Sinopse

As democracias liberais estão em risco.
O princípio do mérito, um dos seus pilares básicos,
é o responsável por essa situação.

Vivemos numa constante competição. O mundo está dividido entre vencedores e perdedores. O statu quo é amplamente justificado pela máxima «quem muito se esforça tudo pode». O resultado? Um mundo que reforça a desigualdade social e, ao mesmo tempo, culpabiliza as pessoas.
Ao analisar conceitos em torno da ética do estudo, do trabalho, do sucesso e do fracasso - e que meios são considerados legítimos para percorrer esses caminhos -, Michael J. Sandel sugere um novo olhar sobre essas relações. Salientando as contradições do discurso meritocrático, os seus contextos estruturais e a arrogância dos vencedores, o autor defende que a polarização vencedor-perdedor fez estagnar a mobilidade social, promovendo um misto de raiva e frustração que alimenta o protesto populista e a descrença nas instituições, no governo e entre cidadãos.
Para ultrapassarmos as crises que afetam as nossas sociedades, precisamos de repensar as ideias de sucesso e fracasso que têm acompanhado a globalização e a crescente desigualdade. A meritocracia gera uma complacência prejudicial entre os vencedores e impõe uma sentença dura aos perdedores.
Sandel, um dos filósofos mais prestigiados do nosso tempo, defende outra forma de pensar o sucesso, mais atenta ao papel da sorte, mais de acordo com uma ética de humildade e solidariedade e mais reivindicativa da dignidade do trabalho. Com base nestes fundamentos morais, A Tirania do Mérito apresenta uma visão esperançosa de uma nova política centrada, finalmente, no bem comum. Saiba mais

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E quem sabe ainda goste de saber da existência deste vídeo:

 
 

domingo, 23 de abril de 2023

OUVI SENHORES/AS ! |«Há contratos de 1h por dia no Teatro Nacional de São João» | NOTICIAS DE ARREPIAR ...


 
 
 Saiba mais:
 
   
 

E ocorreu-nos a peça ALÉM DA DOR:


 

Os Teatros Nacionais têm uma obrigação clara: serem referência de EXCELÊNCIA.Necessariamente, também na forma como exercem a GOVERNAÇÃO referenciada às exigências do DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. A oferta cultural não pode ser a qualquer preço! E até nas «parcerias» há que cumprir limites. Infelizmente já não temos entre nós Jorge de Silva Melo que tão bem equacionava esta problemática, mas havemos de procurar os textos que nos deixou ...

 

BOA PERGUNTA|«Who are research technical professionals in the arts and humanities?»|QUAL A RESPOSTA EM PORTUGAL?

 

 



Houve por aqui quem se lembrasse que o tema que organiza o estudo a que se referem as imagens  era também matéria  do seminário constante do post MEMÓRIA|RECORTES| DO SEMINÁRIO «ORGANIZAÇÕES , CULTURA & ARTES» REALIZADO EM 2001 | mas que atual ! Por exemplo, não seria por acaso que o Presidente da FCT fazia parte dos oradores ... Um excerto do Programa do seminário:


 
Ah, sobre o estudo UK veja também este post:

Technical experts have a vital role in arts and humanities research.

VALE A PENA CONHECER|«GCC-Gallery Climate Coalition»

 

 

 
 
Veja através do Blogue ORGANIZAÇÕES VERDES. Ainda, o GCC e o novo Guia foram noticia recente no prestigiado THE ART NEWSPAPER:

Gallery Climate Coalition launches New York chapter with nine-member founding committee Artists, dealers, advisors and institutional leaders are among the founders of the environmental non-profit’s new chapter

 Is The Art Show the first green fair?A new roadmap developed by US dealers offers a practical guide to improving sustainability

 

sexta-feira, 21 de abril de 2023

O vencedor recusou prémio de fotografia depois de revelar que era uma criação de inteligência artificial (IA)

 

 


Sobre o mesmo assunto no «The Art Newspaper»:

AI art
Quotation marks'AI photography is here to stay—here's why we should be worried'

Maybe we should direct our attention less on whether these images count as photographs, and more on the moral right or wrong of how they work


CONTINUA O CONFLITO NA SEQUÊNCIA DE CONCURSO DA DGARTES | e neste ambiente da existência ou não de pareceres a propósito da TAP não seria útil conhecerem-se os pareceres em que assentam as decisões do Senhor Ministro da Cultura nomeadamente quanto a concentrar os reforços orçamentais apenas numa das variantes do concurso objeto do processo levado a tribunal?|NESTE CASO É CAPAZ DE FAZER FALTA

 

 
 
Começa assim o artigo do jornal Público:
 
« O Grupo de Estruturas Lesadas pelo Ministério da Cultura, que interpôs, no dia 8 de Março, uma providência cautelar pedindo ao tribunal que suspenda parcialmente os efeitos do último concurso da Direcção-Geral das Artes (DGArtes) – proibindo, se necessário, os pagamentos a nove companhias já apoiadas na modalidade quadrienal –, divulgou esta quarta-feira um comunicado em que acusa a tutela ter deliberadamente evitado recorrer a instrumentos jurídicos que lhe permitiriam manter as transferências em causa.

“Na sua oposição [à providência cautelar], o Ministério da Cultura tinha a possibilidade de invocar o princípio do interesse público para permitir provisoriamente a continuação dos apoios às nove estruturas constituídas como contra-interessadas”, mas “optou por não o fazer”, diz este grupo de estruturas excluídas dos apoios bienais da DGArtes, defendendo que se tratou de “uma opção consciente” para “criar uma cisão no sector artístico”. (...)».

 

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E apetece recomendar leituras. Por exemplo, cá da casa:

quarta-feira, 19 de abril de 2023

«Os sindicatos classificaram ainda de “uma vergonha” que o “ministro queira nivelar os salários da Lusa tendo por base um setor onde se praticam remunerações indignas e precárias”»

 

 
 
 
Excerto:«O Estado deve dar o exemplo, mas neste momento a proposta que está em cima da mesa [de 74 euros de aumento salarial] é melhor do que aquela que conhecemos para grupos de comunicação social privados. A remuneração dos trabalhadores da Lusa quando comparada com as do setor é melhor, não estou a dizer que é bom, gostava imenso de aumentar mais os salários em todas as empresas e entidades que tutelo, mas há um equilíbrio a alcançar entre aumentos e sustentabilidade da empresa”, afirmou o governante em 12 de abril, no parlamento.

Em comunicado conjunto, os sindicatos dos Jornalistas (SJ), dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE CSRA) e dos Trabalhadores do Setor de Serviços (SITESE) questionaram hoje o ministro da Cultura se “é um privilégio não ter aumentos salariais há 12 anos”. (...)».

 

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O Senhor Governante não deixa de nos surpreender - gerando mesmo perplexidades até porque é académico -, neste caso o referencial para comparação é quase «insultuoso» ... Tecnicamente inaceitável: fazer «benchmarking» com o que é mau é obra!

 


terça-feira, 18 de abril de 2023

MEMÓRIA|RECORTES| DO SEMINÁRIO «ORGANIZAÇÕES , CULTURA & ARTES» REALIZADO EM 2001 | mas que atual !



 
Andávamos numa de «arrumações» e, sem procurar, de repente, um monte de intervenções desordenadas havidas no seminário a que se refere a imagem acima. Que saibamos capa de brochura que nunca foi publicada... Senhor Ministro da Cultura, zele por isso. Quem esteve lá - infelizmente muitos dos participantes já não estão entre nós - afirma que aquilo foi mesmo de qualidade. E que continua atual. Que se podia aprender com o que foi dito, e escrito. Por cá,  a reação -  previsível: vamos ver o que disse a CORNUCÓPIA... E é de lá o excerto acima com que  a intervenção termina. Como não partilhar?