Os horizontes de transformação
para assegurar uma cidade para todos definem-se agora. É agora que se convocam
vontades e reúnem forças para lutar por essa cidade, por agora só imaginada.
Hoje constrói-se o que amanhã se vive.
Este exercício não dispensa diferentes olhares e perspetivas: do
urbanismo à mobilidade, do ambiente à economia; do tecido social aos serviços
públicos; da cultura à participação popular; do desporto às alterações
climáticas; da rua à casa; do bairro à freguesia, da cidade à área
metropolitana.
Não nos chega diagnosticar problemas, é fundamental apontar
soluções. Não chega apontar tendências, é necessário redefini-las,
construí-las.
Este foi o desafio lançado a cerca de meia centena de
construtores de cidade que deram corpo a este livro.
Lisboa é uma cidade de possibilidades em
aberto. O desafio está lançado. Que cada um o assuma nas suas mãos, para
garantir a todos o direito à cidade
6 de Junho, sexta-feira | 18h | Auditório Sul Apresentação de Lisboa, Horizontes de Transformação – Uma Cidade para Todos, organizado por João Ferreira, publicado pela Página a Página. Com João Ferreira, António Brito Guterres, Bianca Castro e José Neves.
«A terceira edição da Lisbon Design Week decorre de 28 de maio a 1 de junho de 2025, destacando o design artístico e colecionável, o artesanato de excelência e a criatividade em Portugal. O festival acontece em vários espaços pela cidade, desde estúdios de design, showrooms e galerias até espaços privados e instituições culturais».
“(…) a política é hoje o encontro entre o visível e o indizível.”
Nicholas Mirzoeff
«Quando me pediram para escrever sobre esta exposição, dei por mim dividida entre a falta de palavras com que começar o texto e, ao mesmo tempo, a certeza de que o silêncio não é um lugar onde se possa permanecer — porque, como li nos relatos de John Berger, há um silêncio que é “pior do que as balas”. E por isso como falar de uma exposição que ecoa sofrimento e guerra e morte? Como falar de imagens quando a realidade que retratam é indescritível? Foi o meu próprio sentido de justiça, e a minha crença na equidade e na proteção das culturas e da vida humana, que me permitiram seguir em frente, ainda que ciente do meu lugar privilegiado enquanto europeia.
Tive dificuldade em encontrar palavras que compreendessem a brutalidade infligida a um povo e, pungentemente, o súbito assassínio de Fatma Hassona — uma das artistas em exposição — logo após a inauguração. Isto significa que os meus modos de olhar as imagens não poderiam ser enquadrados por muito do que aprendi sobre modos de ver, ainda que o objetivo dessa aprendizagem seja também desmontar as tradições mais estabelecidas do olhar ocidental. Tenho, além disso, de reconhecer que os bem-intencionados discursos com um cunho pós-colonial também me deixaram sem chão — porque, declaradamente, não conseguiram (ainda não conseguem) ter um impacto real na sociedade. Este texto não procurará aplacar este reconhecimento, mas pretende contribuir para amplificar o empenho em não perder a esperança perante um mundo cínico. Ou, talvez, simplesmente possa ajudar a compreender os contextos onde se originam as imagens emPalestine Here and There, e tentar conectá-las à nossa realidade.
Queria (esperava) conseguir olhar para as fotografias e filmes da exposição com algum controlo sobre o estado de comoção e perplexidade em que eu, e toda a gente envolvida, ficámos após a notícia do ataque aéreo israelita que matou Fatma Hassona e a sua família. Esperei, por isso, algumas semanas. Sabia que este não seria um texto sobre a exposição nos termos habituais dos media artísticos, avançando uma crítica e um enquadramento histórico das obras e das carreiras dos artistas. Ainda assim, o facto de as fotografias e os filmes se encontrarem numa galeria de arte significa que estão inseridos num espaço a partir do qual essa amplificação pode acontecer, e a própria Ahlam Shibli, com quem me encontrei para tomar um chá alguns dias antes da inauguração, tranquilizou-me quanto a isso. Por isso começo este texto com esse encontro — porque as regras para escrever sobre uma exposição não se aplicam aqui da mesma forma.
Ahlam Shibli teve o seu trabalho fotográfico e em vídeo amplamente exposto em importantes bienais de museus internacionais. Com uma estética documental, Shibli denuncia políticas opressivas no mundo contemporâneo, e em particular no seu país de origem. Queria me encontrar com ela, não para uma entrevista, mas para uma conversa informal. Paula Parente Pinto, curadora da exposição, tornou o encontro possível. Lembro-me de sentir uma estranha impressão de paz ao atravessar a relva em direção ao estúdio dePerforming the Archive. Sabia que era uma paz valiosa. Não queria tomá-la por garantida. Assim, procurei pôr o privilégio de uma caminhada tranquila numa tarde de sol ao serviço de alguma forma de solidariedade. Para mim, a surpresa mais impressionante daquela conversa foi o profundo otimismo que Ahlam transmite. Mantém-se convicta de que a arte, e a sua circulação através do sistema artístico, fazem diferença para o destino do seu povo. Acredita na coexistência entre israelitas e palestinianos, irradia resistência e esperança. (...)». Leia na integra. E saiba mais na Rampa.
30 maio a 1 junho sexta e sábado, 20h; domingo, 17h30
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... e do Expresso, de trabalho de Claudia Galhós - «Viagem a Moçambique»: «Em “Ou”, André Braga e Panaibra Canda mergulham em Inhambane, terra moçambicana onde Vasco da Gama chegou há mais de 500 anos
(...) “Ou” é a história de muitos encontros. Um espetáculo de dança, som, vídeo, luz e palavra, a partir do encontro de dois corpos, duas identidades, que é também história de desencontros, que passa pelo “autoconhecimento identitário”, como explica Panaibra, num “espelhamento que reflete uma certa proximidade, uma semelhança na diferença”. E é um ir além, “transcendendo para outro lugar, mais da alma, mais espiritual, do sentir de cada um dos intérpretes, e das crenças, uma dimensão do invisível, que existe de modos diversos na cultura portuguesa e na cultura moçambicana.”
É tudo isto que surge nos corpos de André Braga e Panaibra Canda em “Ou”. Um título que sugere as muitas variantes das histórias, as muitas possibilidades de visões e entendimentos alternativos ao mais convencional, que se abrem em cena. Assim como uma pulsação do mar, construindo um lugar que é simultaneamente concreto, Inhambane, mas é também ficcional e imaginário, esse mundo invisível que existirá no fundo do mar. E nessa permanente ode aos encontros e desencontros, há também o da relação entre o mundo sobre a terra e o mundo fora dela, dos sentidos e do espiritual».
18h30–Consagrar o direito à Habitação, condição essencial no combate às desigualdades: sessão pública e festa – Quinta do Mocho (Loures)
28 de Maio: Setúbal
10h00–Arrábida Património Natural e Humano a Preservar: sessão pública – Largo da Ribeira Velha (Setúbal)
15h30–Água, direito fundamental – Valorizar a gestão pública: conversa e contacto com a população e comerciantes (baixa de Setúbal)
17h30–Pelo direito ao desporto: visita e contacto com atletas do Vitória de Setúbal
18h30–Há festa no Bairro! Mais e melhor habitação, melhores serviços públicos, melhor qualidade de vida!– sessão pública, jantar e festa – Bairro da Bela Vista (Setúbal)
29 de Maio: Évora
10h00– Visita a local de implantação de projecto de central fotovoltaica: Graça do Divor
11h30–Desenvolver preservando o ambiente! Culturas superintensivas e megaprojectos energéticos em debate –Largo do Padrão (Arraiolos)
15h30–Pelo direito à mobilidade! – Acessibilidades e Transportes Públicos: Largo Calouste Gulbenkian (Montemor-o-Novo)
16h30– Balanço da jornada: encontro com a comunicação social – esplanada do Mercado (Montemor-o-Novo)
18h00–Cultura – Direito, Património e Futuro: Praça do Giraldo (Évora)
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A fonte da informação veiculada neste post é o Avante! da imagem. A «despropósito», ainda hoje é curioso como militantes e não militantes ao referirem-se ao PCP dizem «O Partido», e de facto só um verdadeiro «Partido» terá capacidade para o que está em marcha quando outros estarão a carpir os resultados das eleições e nisso se esgotam. Chapéu! É claro que tem de se refletir, mas em andamento ... E veio-nos à memória o premiado filme «Moscovo não acredita em lágrimas» - se não viu está disponível na internet. Das iniciativas da jornada do «Partido» queremos destacar «Cultura – Direito, Património e Futuro: Praça do Giraldo(Évora)». A Cultura presente, e outra coisa não seria de esperar em especial de João Oliveira - é sabido, por aqui somos fãs, nomeadamente pela forma como sempre defendeu a força da cultura e das artes nas nossas vidas e o papel de um SERVIÇO PÚBLICO no setor. Por outro lado, aproveitemos para falarmos do «VERDE» com o propósito de voltarmos à nossa: ainda faz sentido existirem partidos «VERDES»? Não devem todos os Partidos ser «VERDES»? Melhor, não deve o «Verde» estar no ADN de todas as organizações? Ou seja, enaltecendo e agradecendo o que os «verdes» fizeram - quantas das vezes «sozinhos» - a chamar a nossa atenção para os desastres que destruíam o nosso planeta, a nossa Casa Comum, hoje o paradigma DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL reclama que não se continue com as mesmas soluções organizativas. A nosso ver, mais um TEMA para CONVERSAS SEM TEMPO CONTADO.
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e isto anda tudo ligado, também nos ocorreu esta «estrutura»:
« Há muito tempo que falo do papel do ressentimento na vida política actual, sem grande sucesso. Agora parece que as coisas estão a mudar. Não era uma categoria muito referida, em particular quando coloco o ressentimento como tendo substituído a “luta de classes” ou, se se quiser, o conflito social. Parece que agora mesmo Ventura usa essa classificação para se referir aos seus resultados eleitorais. O ressentimento é uma atitude vista como negativa, em particular quando falamos das suas manifestações individuais. Mas o ressentimento é também uma atitude social, presente em todos os movimentos de protesto, à esquerda e à direita, e traduz a sensação de perda, de desesperança, de impotência, de que ninguém nos ouve, de revolta perante casos reais ou imaginários de malfeitorias dos “outros”, começando no vizinho e acabando no Presidente, ou de exclusão e desigualdade e injustiça. É um poderoso sentimento que no passado sempre existiu, mas que encontrava expressão na luta social, em manifestações, protestos, sindicatos, grupos e partidos que funcionavam como mediadores e, nesse sentido, se integravam nos mecanismos de funcionamento das democracias.
(...)
Mais esta passagem:
Esta densificação do ressentimento acaba por ser um processo que acompanha vários movimentos de democratização, traduzidos no consumo de massas, no acesso ao ensino, numa vida de facto melhor do ponto de vista material, tudo factores muito positivos que tiveram o papel de aumentar as expectativas e as exigências. Mas os efeitos perversos desses processos criaram sociedades com novas formas de solidão, um individualismo triste, um psicologismo “mental”, acompanhado de uma incapacidade de acção colectiva, e mais ignorante. A ignorância das “gerações mais bem preparadas” é também nova face à antiga ignorância, que sabia que precisava de saber mais. A de hoje acha que meia dúzia de memes chega para conhecer tudo, opinar sobre tudo e que não é preciso ler livros. (...)
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Estamos num tempo em que apetece recomendar a muitos comentadores e afins que pululam nas televisões para anteciparem férias e talvez assim também eles depois de um interregno consigam reinventar-se. Quase falta de pudor, entre « ausência de respeito básico pelo espetador» e a «seca» para se utilizar expressão que muitos lá nas televisões - homens e mulheres - não se eximirão a utilizar. E há os veteranos com postura de «cátedra» ao jeito de «donos daquilo tudo» e do resto ... Bem vistas as coisas, intervenção que apenas serve para preencher tempo sem qualquer utilidade - por vezes mesmo vulgar. Sem qualidade. Bem sabemos que para muitos será a sua forma de ganhar a vida. Não esquecemos a «crise da comunicação social» que também terá a ver com os resultados das eleições - profissionais mais «corajosos» o vão adiantando. Ora, neste tempo que nos couve é um bálsamo o artigo de José Pacheco Pereira. Ali, a nosso ver, não há preguiça, mas o genuíno desejo de intervir, em processos de reflexão argumentados. Quem anda nos transportes públicos e tem a sorte no meio dos apertos de poder trocar dois dedos de conversa com o passageiro/a do lado não terá dificuldade em entrar no que JPP nos diz. O mesmo não será difícil verificar-se em conversa com «o biscateiro» ao balcão do café do bairro; ou com «a rapariguinha do shopping» - olá, Rui Veloso! - que ali arranja unhas onde domina o «gelinho»; ou com as mulheres de limpeza que correm de empresas para casas domésticas, desde madrugada às tantas da noite, em estado de cansaço crónico ...
«Em O Fim da Educação, António Carlos Cortez dá-nos a sua perspectiva sobre a falência da educação. Falência que é resultado, afirma, do tempo em que vivemos, adverso à cultura e inimigo do livro, da memória e do pensamento.
Um ensaio que se debruça sobre o empobrecimento geral do ensino em todos os seus graus: facilitismo, incúria e ausência de pensamento crítico. A mentalidade gestora, a superficialidade dos programas, o paradigma tecno-científico e a subsequente minimização das Humanidades, tudo isso se traduz, diz o ensaísta, na mais nefanda alienação. António Carlos Cortez aponta soluções: uma reforma educativa que coloque as Humanidades e a verdadeira exigência e rigor (no acto de ler e de escrever, de pensar e de imaginar) no centro do processo educativo; o regresso ao livro e o combate pela memória».Saiba mais.
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E veio-nos à memória pensamento do saudoso Ruben de Carvalho que talvez ajude a não esquecer que há votantes que felizmente não padecerão de «desesperança», «solidão», «ignorância», com motivações diversas para o seu voto:
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Já agora, a arrolar para as CONVERSAS SEM TEMPO CONTADO»
SINOPSE
O manual escolar, seja impresso ou digital, é um poderoso instrumento de estudo e uma ajuda inestimável a alunos, professores e pais. Quando bem concebido, e bem utilizado por docentes e discentes, ajuda a aprendizagem profunda, a assimilação e uso dos conceitos, o treino de procedimentos e a compreensão crítica das matérias.
Mas será que todos os manuais servem bem os seus propósitos? Como podemos avaliar e escolher um bom manual? E será que todos os professores os usam da melhor maneira e ajudam os seus alunos a retirar deles o maior proveito? Finalmente, será que todos os estudantes sabem utilizar os manuais como instrumento prático de estudo eficaz e de aprendizagem ativa?
Este livro explora o papel fundamental do manual escolar no ensino, mergulhando na sua história, evolução e nas suas funções no contexto educativo moderno. Nuno Crato examina a relação entre o currículo e os manuais, defendendo um ensino estruturado que promova o conhecimento de forma progressiva, e reflete sobre as críticas aos manuais tradicionais e as tendências para recorrer a materiais dispersos, argumentando que, quando bem concebidos e utilizados, os manuais têm um impacto decisivo no sistema educativo.Saiba mais.