quinta-feira, 29 de setembro de 2011

SOBRE A BILHETEIRA

O Secretário de Estado da Cultura garantiu ontem que a valorização dos resultados das bilheteiras "não será o critério decisivo" na escolha das companhias a apoiar pelo Estado, e que qualquer decisão nesse sentido será discutida "com as companhias e com as administrações" 
Jornal Público - 2011-09-29 
Para já sem comentários. Apenas uma pergunta: alguém sabe quais são os outros critérios? 

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

PREMAC E CULTURA / DIRECÇÃO - GERAL DO PATRIMÓNIO


O artigo é de Luis Raposo, e é sobre a Direcção-Geral do Património que de acordo com o Relatório do PREMAC é organismo a criar, e foi publicado no jornal Público de 20 de Setembro. O titulo e o fim:

Será que o progresso há-de surgir através de uma designação/conceito antigo? É legítima a desconfiança   
A nova Direcção-Geral do Património Cultural: recuo ou avanço?  

 «(...) Em suma: se a nova DGPC tiver como orientação, e disso não se arredar, manter serviços centrais ligeiros, com funções normativas e inspectivas; se as funções fiscalizadoras e interventivas forem exercidas por serviços com maior capacidade operacional (não necessariamente as actuais DRC, repito, onde se misturam injustificamente todos os campos da Cultura, em prejuízo da capacidade técnica daqueles que verdadeiramente precisam de intervenção diversificada no território e em benefício do comissariado político); e se, principalmente, for novamente conferida maior autonomia estratégica e de vida corrente aos serviços que verdadeiramente dão a cara perante os cidadãos e hão-de existir muito para além da espuma dos dias, os museus e palácios nacionais, os arquivos e as bibliotecas; se tudo isto for feito… então já me contentarei, assinalando ainda um efeito colateral muito benéfico deste futuro-passado: a administração do património cultural, a conservação, valorização e divulgação dos acervos históricos da Nação, volta a integrar a esfera da administração directa do Estado, de onde nunca deviam ter saído, não fora o desvario da anterior governação.
 Não peço o Céu, pois. Resigno-me até a que a nova DGPC se limite a recuperar o que o marcelismo e o PREC já tinham alcançado, nos seus respectivos tempos. Se for mais longe, lançarei foguetes.»
  
Luis Raposo - Arqueólogo Actual
presidente da Comissão Nacional Portuguesa do Conselho
Internacional dos Museus ICOM e antigo presidente da
Associação Profissional de Arqueólogos APA
O artigo completo.

PREMAC E CULTURA - TNDMII PEDE AUDIÊNCIA AO SECRETÁRIO DE ESTADO

"O conselho de administração e o diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II (TNDM) querem esclarecimentos do secretário de Estado da Cultura sobre a proposta governamental em «valorizar os resultados de bilheteira»". O resto da notícia.

PREMAC E CULTURA - SECRETÁRIO DE ESTADO NO PARLAMENTO

«A Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura aprovou hoje, por unanimidade, a audição do secretário de Estado da Cultura para debater as mudanças nas instituições estatais do setor». Ler mais.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

PREMAC E CULTURA - REACÇÃO DOS PARTIDOS

O anunciado ao abrigo do PREMAC para a CULTURA provocou reacçãoes partidárias. Isso mesmo chegou ao ELITÁRIO PARA TODOS através de leitores:
BLOCO DE ESQUERDA
 Cultura: BE quer ouvir Francisco José Viegas no Parlamentos sobre o "programa de extinções e fusões
 Lisboa, 22 set (Lusa) -- O Bloco de Esquerda (BE) quer ouvir no Parlamento o secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, sobre o "programa de extinções e fusões" anunciado quarta-feira.
Num comunicado enviado à agência Lusa, o BE afirma que "requereu hoje a presença do senhor secretário de Estado da Cultura na Comissão de Educação, Ciência e Cultura para prestar esclarecimentos sobre o programa de fusões e extinções de organismos na área da Cultura".
Referindo-se ao novo organograma apresentado quarta-feira por Francisco José Viegas aos jornalistas, o BE afirma que tem "implicações profundas, que agrupa instituições e extingue diversos organismos, fundindo na mesma entidade áreas intervenção muito diversa: cinemateca e teatros nacionais, bibliotecas e arquivos, museus e património arquitetónico e arqueológico".
  PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS

Conferência de Imprensa, Jorge Pires, membro da Comissão Política do PCP, Filipe Diniz e Modesto Navarro, da Comissão Nacional de Cultura do PCP , em Lisboa

As consequências para a cultura da concretização do PREMAC


 
2. Embora os elementos divulgados - tanto em termos gerais, como em entrevista do Secretário de Estado - sejam omissos em diversos aspectos e careçam de esclarecimento adicional, o que está enunciado para a área da Cultura suscita as maiores preocupações. A ausência de credibilidade técnica na fundamentação das reestruturações levadas a cabo pelo PS e agora pelo PSD/CDS é evidente: a maior parte das estruturas que o PREMAC extingue tinham sido criadas pelo PRACE. E, pelos vistos, o actual secretário de Estado, que no decurso da campanha eleitoral condenara a fusão do Teatro de S. Carlos com a Companhia Nacional de Bailado, agora apadrinha o que se suspeita que será uma ainda maior fusão, juntando a essas duas entidades os teatros D. Maria II e S. João. O mesmo actual SEC, que discordara da extinção do cargo de director-geral do Livro e das Bibliotecas, subscreve agora a extinção de toda a Direcção-Geral e a sua fusão com o organismo que superintende aos Arquivos.
Enquanto o PS impunha, burocraticamente, a mesma estrutura e a mesma fundamentação à reestruturação de todos os ministérios, o governo PSD/CDS promove a reestruturação desde já, mas remete para cada ministério a futura fundamentação dessas medidas. Nenhuma opção aparece, assim, fundamentada: nem o que é extinto, nem o que é objecto de “fusão”, nem o que é “extinto/fundido” - se é que tal categoria poderá alguma vez ser explicada - nem o que é “criado”.
Tal como sucedeu com o PRACE, o que efectivamente determina esta reestruturação não são critérios visando maior intervenção ou maior eficácia do Estado no desempenho das funções culturais de que está incumbido pela Constituição da República. São critérios resultantes de uma visão burocrática e economicista dos organismos que acompanham a Cultura, que suscitam as maiores interrogações em relação ao modelo de serviço público que o governo PSD/CDS pretende prosseguir no campo da cultura artística. E são também critérios correspondentes à visão da direita em relação às questões da Cultura, que para o PSD necessita de ser “libertada do Estado” (e, naturalmente, entregue ao mercado), e para o CDS é uma questão de articulação entre a desresponsabilização pública e o interesse económico privado
(...). Ler a Tomada de  Posição completa.

domingo, 25 de setembro de 2011

TRANSFORMAR TEATROS NACIONAIS EM COMERCIAIS

Uma reacção ao anunciado pelo Secretário de Estado da Cultura, a que nos referimos na mesagem anterior, através do Expresso online que reproduzimos aqui:
Cultura: Luís Miguel Cintra afirma que secretário de Estado quer transformar teatros nacionais em comerciais
Lisboa, 23 set (Lusa) - O encenador Luís Miguel Cintra afirmou hoje que o secretário de Estado da Cultura pretende transformar os teatros nacionais, que devem ter um serviço público, em teatros comerciais, e que então, "nesse sentido, que se privatizem".
Cintra, um dos fundadores do Teatro da Cornucópia, falava à Agência Lusa a propósito das declarações do secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, que pretende "valorizar os resultados de bilheteira" no tocante aos espaços por si tutelados, nomeadamente os teatros nacionais, no âmbito da apresentação do novo modelo de gestão dos organismos da Secretaria de Estado da Cultura (SEC), feita na quarta-feira, em Lisboa.
Também ator, Luís Miguel Cintra afirmou-se "chocado" com as declarações de Viegas que "só se perceberiam numa situação de guerra ou de emergência.

PREMAC & CULTURA

Aqui no Elitário Para Todos vamos acompanhar o PREMAC, e não há como  começar pelo começo. O relatório de que se fala sobre o PREMAC - Plano de Redução e Melhoria da Administração Central do Estado - pode ser lido no site do Governo. Depois, sobre a Cultura houve uma conferência de Imprensa do Secretário de Estado. E sobre ela, por exemplo, através do jornal Público ficámos a saber:
«Viegas garante a autonomia artística dos teatros mas quer discutir programação
(...)
O Secretário de Estado defendeu, por outro lado, que a programação destas entidades deverá ser discutida com o seu gabinete e que os resultados de bilheteira serão tidos em conta. "Vamos valorizar os resultados das bilheteiras nos cinemas e nos teatros", disse. Mas, sublinhou, isto "não porá em causa nem um milímetro da autonomia artística" daquelas entidades. Trata-se de uma "questão ética" - "não acho justo que uma companhia, um encenador ou produtor não manifeste preocupação com as questões de público. (...)»

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

«PORTUGAL:QUE FUTURO ?»


Nos dias que correm, olhando para o que está a acontecer na Cultura e nas Artes, achei por bem regressar ao passado,  aquele que tem futuro,  e parei nos Relatos Finais da Secção «Cultura» do Congresso «PORTUGAL: QUE FUTURO». Muito a propósito, diga-se,  - face às noticias dos jornais de ontem e de hoje quanto a bilheteiras e afins em sede de PREMAC Plano de Redução e Melhoria da Administração Central do Estado - esta passagem: 
«(...) Algumas recomendações fundamentais:
a) a acção cultural do Estado deve assentar numa articulação directa com os criadores enquanqto interlocutores privilegiados, assumindo-e de ambos os lados as suas funções e responsabilidades sociais;
b) entende-se que cabe ao Estado compreender e estimular a diversificação da produção e oferta cultural, não se limitando a imitar e reforçar as tendências resultantes das forças do mercado ou da inércia dos hábitos de consumo cultural adquirido, potenciando assim iniciativas portadoras de risco, novidade e futuro;
c) é imperioso que o Estado não subordine a sua acção no domínio da cultura à lógica contabilística da maximização das audiências e das receitas, comportando-se como empresário privado em concorrência com os outros. No domínio cultural, as audiências não podem ser avaliadas em termos do consumo imediato, mas sim em termos de formação de capital cultural, no contexto de um processo histórico cumulativo de aquisição de experiências e saberes;
d) o Estado deverá ter como um dos objectivos prioritários da acção cultural a afirmação e projecção internacional da cultura portuguesa, transformando a criação portuguesa contemporânea em parte integrante da imagem de Portugal no mundo e componente de relevo na política externa do país. (...)».
Nesta linha lembro-me sempre de Pina Bausch que disse: «Quando se acha, de facto, que é importante o que se está a fazer, então é sempre importante, independentemente do sucesso. Por outro lado, os meus espectáculos, mesmo nos dias de hoje, tiveram de esperar muito tempo antes de serem aceites pelo público. Cada espectáculo tem a sua história. (...)» . E, na minha leitura,  tem de ser ao serviço disto que as finanças, a gestão e, em particular, as reestruturações se têm de organizar. Doutra forma, julga-se que se está a diminuir custos, mas de repente a triste realidade: está a perder-se tudo porque não se atinge a escala minima. Triste destino o nosso.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

JÚLIO RESENDE

Ribeira Negra" (1984), uma das obras mais conhecidas de Júlio Resende, no Porto


«a arte não é uma coisa só muito bonita, é uma coisa necessária»
Júlio Resende


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

domingo, 18 de setembro de 2011

AFOGADOS EM INICIATIVAS


 E DEPOIS, QUE SINTESE ?

CAPITAIS, CULTURAIS E EUROPEIAS



Uma intervenção que fiz em COIMBRA e que quero também partilhar aqui, onde digo por exemplo:

Capitais, culturais e europeias
1.     O evento: a primeira circunstância será a da pertinência deste nome na análise, evento, grande evento, evento único e o que nos diz da coisa, da localização, do tempo e das amplitudes de sentido que partilhe e dissemine. Evento – palavra que se usa para tudo o que misture acontecimentos, aparentes intensificações de densidade de experiências sensíveis sob a forma de mediatizações e espectáculo, isto é, todas as coisas, tudo o que acontece, o que traduz logo o que na realidade é mais oculto – pelo excesso da luz do visível que cega como cega um sol frontal - no que transparece e transborda numa Capital Europeia da Cultura: a de que nada acontece de mudança, de transformação de horizontes concretos de vida com a alteração das condições de criação real que não acontecem e que deveriam, caso acontecessem, activar o papel das artes e da cultura, a sua inscrição, o enraizamento diríamos melhor, das suas práticas na vida quotidiana da cidade – enraizamento significa o contrário de sobrevoar, de surfar, significa a incorporação de uma nova orgânica vital. É essa mudança que não chega, em que não se aposta, significaria outra forma de viver, outra estruturação da vida na cidade, outros modos de criar e fruir pertencentes ao corpo urbano. A que associamos evento? À rapidez, ao seu desaparecimento e à sua substituição por um novo evento portanto, entretenimento intenso de um ano, feira ou como lhe queiram chamar.
(...)
         Estas capitais são justamente sistemas de ilusão na produção do novo, são formas de o mascarar. São máscaras do novo, dado que o novo pouco tem a ver com a constante inovação dos seus aspectos – o que o design, esse fiel servidor do marketing, cumpre – mas tem a ver justamente com o surgimento do que não está pré-definido como aquilo que é a formação do gosto, ou dos gostos e não a sua formatação. O novo não se anuncia, nem se autopromove em publicidade, muitas vezes leva décadas a ser parido com expressão social, assim aconteceu com livros determinantes ou com as publicações de Pessoa em vida – um novo certamente muito complexo e por muito que o queiram, dificilmente convertível numa qualquer moeda de troca como acontece a muito objecto que se assume artístico, particularmente na ordem do que é hiper-visível e pleno de pirotecnia fugaz: quando se vai por eles já lá não estão, como a maioria dos espectáculos do tipo performativo que justamente radicalizam a sua instantaneidade e a sua inutilidade expressiva, a usa fugacidade, porque em boa verdade nada têm para dizer, o que os mais honestos assumem ao assumir a saturação dos espaços de produção possível de sentido como o território único do que praticam. Esquecem, estes, que as realidades são mais do que as que eles tocam e que há outras vidas e até outras castas e territórios de inscrição da cultura e da arte. Não se trata apenas da função social, trata-se de que as coisas não se podem desligar de um desígnio democrático – nada mais chocante que um concerto de câmara num campo de concentração.


(...)»


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

CONGRESSO EUROPEU DA CULTURA

O site do Congresso.  E uma notícia.da RTP  com o seguinte titulo:

Congresso europeu na Polónia vai debater papel da arte no desenvolvimento social

 

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

CASTING



CASTING
O Teatro Municipal de Almada realiza um casting nos dias 19 e 20 de Setembro para seleccionar actores para a reposição do espectáculo “Santa Joana dos Matadouros”, de Bertolt Brecht, com encenação de Bernard Sobel, que estará em cena entre os dias 2 e 20 de Novembro na Sala Principal do TMA.
O período de ensaios é entre 1 e 31 de Outubro.
Os interessados (pretende-se actores entre os 20 e os 25 anos) deverão enviar os seus curricula para o email geral@ctalmada.pt


O TMA agradece a sua ajuda na divulgação.




MANIFESTAÇÃO EM MADRID: ACTORES LÊEM MANIFESTO




Para a história do momento que passa: ontem houve uma grandiosa manifestação em Madrid contra a introdução do limite ao défice na Constituição, convocada por um grande número de organizações. Despertou-me a atenção a força do Manifesto lido na Manifestção   o que  foi feito pelos Actores Mónica Garcia e José Gamo. Começa assim:
«[Intervención de cierre de la manifestación de Madrid del 6 de septiembre de 2011] Ciudadanas y ciudadanos de Madrid,
Muchas gracias por vuestra masiva asistencia.
En nombre de las organizaciones convocantes de esta gran manifestación quisiera comentar los motivos que nos han llevado a reunirnos aquí. Se podrían resumir en dos cortas frases: "ASÍ NO", y, también, "ESTO NO" Porque resulta intolerable para la calidad de la democracia española que una reforma de tanta trascendencia sea definitivamente aprobada tan sólo quince días después de que el Presidente del Gobierno la anunciara en el Congreso, sin conocimiento previo ni debate alguno. Y, además, lo que es más grave, se haga hurtando a la ciudadanía la posibilidad de pronunciarse sobre la misma en referéndum. ¿Cómo es posible que hayan olvidado tan pronto sus declaraciones públicas, sobre la necesidad de aumentar la transparencia de las conductas políticas y la participación de la ciudadanía, realizadas en respuesta a las justificadas protestas sociales de los últimos meses? Decimos "así no" porque las razones que se aducen para proceder de esta manera representan un grave atentado a la soberanía popular y al prestigio de las instituciones democráticas. (...)»

terça-feira, 6 de setembro de 2011

A VIDA DOS OUTROS - BRASIL

Para quem quiser acompanhar do que se está a passar no Brasil na esfera da CULTURA de seguida um ponto de vista, através do Mercado Ético de hoje:

«País rico é país com cultura



Redes e movimentos culturais lançam novo manifesto, exigindo postura de continuidade do Minstério da Cultura em relação aos programas, editais e propostas de ação do governo Lula.
Iniciado pelo Movimento Mobiliza Cultura, conta com o apoio do Movimento Nacional dos Pontos de Cultura, Movimento PCult (Partido da Cultura), Circuito Fora do Eixo, Casa da Cultura Digital,
Congresso Brasileiro de Cinema (CBC), além de coletivos, cineclubes e outras agremiações e movimentos organizados que encontram resistência na interlocução com o MinC comandado por Ana de Hollanda.
O estopim para a retomada do movimento, que no começo do ano exigira a saída de Ana de Hollanda do Ministério da Cultura (#foraanadehollanda), foi a demissão voluntária de Marta Porto da Secretaria de Cidadania e Diversidade. Nos primeiros rascunhos do manifesto, os movimentos chegaram a atribuir a “autoria” da demissão da secretária.
O movimento é legítimo, luta por uma agenda política progressista e por alguns pontos fundamentais para o desenvolvimento da política cultural brasileira. Reflete, sobretudo, a inabilidade política do novo ministério, que se recusa a compor com forças políticas dentro do próprio PT e de partidos aliados, como PCdoB, que perderam espaço no novo MinC.
Mas é, ao mesmo tempo, uma agenda muito genérica e requentada, cheia de palavras-de-ordem, vazias de significado prático. E traz um equívoco de leitura política, ressaltando o protagonismo e os pontos positivos da gestão anterior, sem relativizar os problemas deixados por ela, como a dívida do #ficajuca, pagamentos atrasados de editais e pontos de cultura e fragilidade jurídica de muitos programas e ações, à deriva.
Pelas redes, a central de boatos dá conta de um processo de demissão em massa no MinC, a partir da crise deixada pela demissão de Marta Porto. Nem o secretário-executivo Vitor Ortiz foi poupado, com sua saída anunciada pela Veja Online. Falei com ele no fim de semana e ele desmentiu o boato. Disse que sua demissão nunca esteve em pauta.
Vamos acompanhar os próximos passos dessa nova crise, que coloca a ministra em situação política delicada perante o governo Dilma, pois foi provocada dentro do próprio MinC, justamente num momento de lançamento de agendas positivas, o que ajudaria o governo a espantar as dificuldades provocadas pela crise econômica que se aproxima do Brasil e pela faxina ética que resultou na demissão de três ministros.
O racha entre a ministra e a secretária Marta Porto se deu justamente pelo boicote ao trabalho de articulação e reposicionamento que a secretária vinha fazendo em sua pasta, chamando a atenção para os principais pontos de continuidade de programas como o Cultura Viva. (...). O resto do artigo.
Qum souber de outros trabalhos tem neste Blogue um espaço de divulgação.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

NOMEAÇÕES À LA CARTE


De seguida, artigo publicado no jornal Público de 30 de Agosto último.

Nomeações à la carte
Acabo de ler que este governo já fez mais de quinhentas nomeações. E porque é que não espanta o feito e a rapidez? Nada se esperava de diferente. A velocidade das nomeações é superior à de Sócrates considerando o período de tempo homólogo de início da governação. E o que é que nos diz este dado? São forças políticas do mesmo tipo. Mal se instalam no poder fazem tudo para se eternizar nele e a pressa de tudo controlar passa a ser programa – fora dele fazem o mesmo, o carácter permanentemente eleitoral (directo, eleitoral e indirecto, sob escrutínio mediático diário) do exercício do poder e do exercício de oposição, de reconquista do poder no caso, fazem da democracia um simulacro com dois protagonistas em alternância sistémica, já que nada se decide fora da gestão diária da fabricação simulada de uma identificação com o interesse geral, tudo o que acontece cada vez mais medido em função de uma quantificação estatística constante dos humores avindos e desavindos dos eleitores como reacção aos casos efémeros do que, finalmente, constitui a governação na esfera pública enquanto imagem dos próprios poderes e líderes.
Na realidade o governo hoje é a maior ou menor capacidade de organizar junto dos que de algum modo escrutinam a governação, o eleitorado e os poderes com força mediática de facto, a aceitação pacificada da melhor mentira acerca de cada caso – as artes de relativizar a verdade nunca foram tão acrobáticas e nisso os média e a sua ambivalência de estatuto, vozes de poder e vozes críticas, vão realizando o seu jogo duplo, por vezes na defesa de verdades evidentes e escarrapachadas, outras vezes na sua ocultação manhosa - já que os casos, na irracionalidade do sistema e suas erupções de imprevistos e na impossibilidade de uma concertação estratégica da mentira, se sucedem uns aos outros “obrigando” quem governa, não a governar, mas a dar em espectáculo explicações e tomar medidas para uma reinterpretação dos casos como afinal sendo culpa de outros, sempre terceiros e estranhos, bodes expiatórios uns, novos inimigos outros, sacrificados consentidos se necessário. O culpado é sempre um caso excepcional, alguém que degenerou, porque os outros são criaturas éticas e nada têm a ver com empresas nem negócios menos visíveis, o que a justiça sempre tardia comprova sempre por ausência de concretização dos processos legais, ora prescrevem, ora são tão longos que apodrecem morrendo a culpa mesmo que não solteira pelo esmorecimento da memória. Onde andará Dias Loureiro, por exemplo? Não era próximo do Presidente Cavaco, membro do Conselho de Estado?
A maior parte do esforço de governação das forças ultra liberais é dedicarem-se à sua própria perpetuação no poder. E isso significa governar para o partido e neste caso para a coligação de poder. O que explica o número obsceno de nomeações em tão breve período. Será que quota do CDS respeita a sua percentagem e isso ajuda a explicar o número amplo? A coligação será essa? Tudo indica que quanto à aritmética dos proveitos clientelares são competentes. É a lei da proporção no usufruto do poder concreto, és mais pequeno comes na proporção do tamanho – qual o maior desejo de Portas? Crescer, e só o nariz lhe faz a vontade, como o do Engenheiro Pinóquio, como lhe chamou sempre a direita com inveja do seu talento de direita.
Não é por acaso que os dois ministérios em que abundam as nomeações são o de Miguel Relvas e o de Assunção Cristas. No primeiro caso percebe-se que é o homem do aparelho no governo, o gestor directo dos interesses partidários na orgânica governativa. Os 65 nomeados até agora, outros virão, serão a rede, o grupo de controlo, a polícia política partidária. No caso de Assunção Cristas o pessoal nomeado garante certamente uma presença CDS suficientemente ampla para impedir que o parceiro de coligação fique proprietário das benesses económicas que cria o largo espectro de acção que é o território da economia pública e as suas fronteiras com as empresas privadas. É nas parcerias público privadas que está a virtude e no trânsito que permitem e sugerem. Neste aspecto a imaginação destes governantes é rigorosamente criativa pelo lado da quantidade possível de nomeações em “sede” de crise da dívida. Com tanta desestruturação dos aparelhos ministeriais em marcha, das suas orgânicas efectivas, este contingente de assessores cria uma espécie de poder paralelo possibilitando uma gestão dos actos de governo muitas vezes à margem das próprias legislações e orgânicas sectoriais.
E a crise? E os desempregados? E o corte na despesa pública? São tudo apenas variáveis da política como engenharia financeira. Se necessário for despedem-se mais funcionários públicos para contratar assessores, mesmo que com recibo verde. Ser recibo verde justifica até salários mais chorudos, dada a precariedade. Ele há recibos verdes dourados e precários de luxo, não duvidem.
Fernando Mora Ramos

TANTA INFORMAÇÃO!


Ao navegar-se pelos orgãos de comunicação social online pode ler-se esta  notícia (na circunstância no DN) ou equivalente:
Apoios aos artistas já estão 'online'
A Direção-Geral das Artes (DGA) passou, desde ontem, a publicar na Internet a lista dos apoios concedidos às entidades culturais financiadas pela Secretaria de Estado da Cultura (SEC). Em comunicado o SEC afirma que objectivo é "implementar uma política de transparência". Passam assim a estar disponíveis em www.dgartes.pt "todos os valores auferidos pelas estruturas artísticas entre Janeiro e o final de Agosto de 2011". Estes dados serão actualizados mensalmente. No âmbito da medida, este organismo pretende ainda "iniciar um processo de monitorização e avaliação do trabalho efectuado pelas entidades beneficiárias, cujo resultado final esteja acessível de forma clara e transparente a todos os cidadãos, sem obstáculos". A DGArtes disponibilizou até agora cerca de 11,42 milhões de euros.  
Fixemo-nos nos apoios concedidos, e a pergunta que se impõe: mas no memso site da DGARTES já não estão divulgados os apoios concedidos? Parece que sim, como se pode confirmar em «Apoios às Artes» . Ilustração mais detalhada  para o caso do Teatro. E agora temos mais isto. Ora, isto, se bem se percebe, é a situação do que já foi pago - auferido na linguagem do comunicado. (E concedido foi antes). Já agora, por lei, os Organismos também têm de publicar regularmente no DR os apoios que vão sendo concretizados. Eventualmente, o que seria interessante, a bem da tal transparência, era saber-se dos critérios seguidos na calendarização dos pagamentos. E acabar com duplicações, triplicações... E toda esta explicação porque fomos contactados por agentes culturais interessados que não estavam a perceber do que é que se estava a tratar. Pronto, é esta a leitura do Elitário para Todos. Quem souber mais é só dizer que nós publicamos.