sexta-feira, 29 de novembro de 2013

TEATRO MUNICIPAL DA GUARDA



TEATRO MUNICIPAL DA GUARDA (TMG)

A não renovação de contrato do Director Artístico deste Teatro, Américo Rodrigues, equivale a um despedimento. Sublinho Director Artístico porque creio que o busílis aí reside. Quando há dimensão artística no delinear dos programas estes não são só na óptica do consumo, dos públicos-alvo (que expressão imbecil) e todos sabemos que teremos de atrair por criar algo próprio e não por andar sempre a comer de fora aquilo que muitas vezes lá fora é mais que requentado – requentado e não requintado. Conheço o trabalho do Américo porque desde muito antes da existência do edifício do TMG, na Guarda, lá íamos apresentando os espectáculos criados em Évora e nas Caldas – CCE, CENDREV e depois Teratro da Rainha (desde 1975). Nessa altura o Capitalismo Cultural era inexistente, as estruturas de criação casos isolados num mapa nacional que continuava um deserto cultural e na guarda um núcleo de animação já fazia os seus programas entre a criação teatral e uma programação para as condições precárias de então. Todos sabemos que a tese de um desenvolvimento cultural, e fundamentalmente artístico, assente no isolamento de cada ilha de um arquipélago inexistente, não colhe frutos no prazo que geraria um futuro mais laico e rico de possibilidades para todos e cada um, era necessário articular convergências – tudo isto antes da Europa. A sociedade a construir deveria obviamente ser aquela que as lições da história contém, não só evitando o regresso de totalitarismos reconhecíveis na essência, embora plenos agora de marketing político e comércio de imagem diariamente renascida, como oferecendo condições de dignidade a todos os cidadãos, os que vivem no centro do centro da capital e tendencialmente idênticas para os que vivem no centro do centro da periferia mais afastada. Era isso que se tentava nessas primeiras periferias. A globalização ainda era uma criança na actual forma internética.

E na Guarda apresentámos muitas vezes, antes do edifício TMG, espectáculos no Jardim público, no auditório rudimentar da autarquia, sempre aquele problema do pé-direito. E com o pé esquerdo entrou o Américo na concepção e invenção cuidados do edifício TMG, desde a primeira hora. A ele, e certamente a outros, se deve a existência do colosso cultural, do objecto arquitectónico esplêndido. Já lá estive em cena três vezes e sei do que falo. O TMG era um objecto particular com uma programação particular. Na realidade o Director Artístico, desde a primeira hora, ao imaginar o edifício e falar com o arquitecto, imaginou um modo de habitá-lo, o que é raro. A maior parte dos teatros desta geração última, de sofisticada arquitectura exterior/interior e tecnologias da cena, foram construídos sem modelo de actividade futura, sem sujeito prospectivo e inquilino criativo previsto – os dinheiros comandaram. Foram a avalancha de dinheiros europeus que os inventou. Na maior parte dos casos imagina-se que um director, um “controleiro”, um homem de mão do autarca, serve as vezes de um inventor de vida cultural própria – criar vida artística, políticas de gosto, numa cidade, não é o mesmo que escolher de tudo um pouco e passar por diverso, na tal oferta, isso é mais próprio da lógica do Natal e mete chocolates. As programações destes edifícios, de serviço público inscrito no código genético, oscilam entre a sociedade recreativa, o Lago dos Cisnes, o “dernier cri” performativo, uns filmes escolhidos por um tipo amigo da capital, uns jazzes mornos quase à beira do espírito Martini e uns êxitos televisivos transpostos para a terrinha – coisa que um qualquer consumidor menos que médio de “cultura” consegue somar. Nalguns casos a coisa é mesmo obscena, o mais revisteiro e de mau gosto imaginável, tipo “Estacionâncios e punhetaços”, do género, com a sigla TVI ou congénere. Sem dimensão mediática, maior ou menor, nada existe aliás, o direito de cidade, artístico, não é especificamente artístico, é antes mediático. Não se trata das obras, trata-se da visibilidade do embrulho e da celebridade dos protagonismos, como dizem, dos protagonismos principais – ora aí estamos.

O Américo desde o princípio que imaginou diferente, com independência e sem cedências populistas. Com cosmopolitismo ligou-se à rede de teatros de Leão e Castela e com faro para a dimensão popular da cultura local promoveu realizações com as populações, envolvendo-as na experiência artística. Além disso desenvolveu o ProJéctil, para a realização de criações residentes e foi fazendo uma programação acertada entre um certo desejo de aceder ao que nos grandes centros se produzia, em razão de escala e diversidade e uma forte componente de realizações local, tudo feito numa auscultação cuidada da cidade. O problema destes edifícios não é a programação, o que qualquer um faz numa lógica acumuladora, é somar coisas e dar-lhe um nome com vocação publicitária – longe obviamente do talento de O’Neil, esse era poeta. O problema é a dinâmica entre a dimensão criativa residente e os acolhimentos estratégicos, o diálogo do dentro com o fora e com o dentro. Quando não há dentro nada a fazer, é como um corpo sem desejo nem ideias, surfando o clima do que dá: a inércia tem grandes virtudes e muitos começam logo cadáveres a procriar, nada mais fácil que estar morto numa vida que não sofre mudanças positivas e regride - agora como finalidade. O Américo é de facto um artista, um poeta apaixonado pela experiência da poesia sonora e por um certo jogo plástico com a palavra, escreve, faz sons, é homem de teatro, criou o Aquilo, a raiz do movimento cultural actual na Guarda. É de facto um artista enquanto Director. Não é, nem foi, um homem de mão do autarca. Este é o problema. O actual Presidente sabe bem como apetece - todos sabem, é mesmo o que sabem sobre estas matérias - em termos eleitorais futuros e de promoção constante do feito autárquico, um edifício deste tipo. Ora não lhe convinha que lá estivesse um artista, certamente escolherá um comissário programador.

Fernando Mora Ramos

«FORUM D'AVIGNON» | Cultura é futuro

 
 
 
 

Forum d'Avignon: veja o que se passou entre 20 e 23 de novembro e, em especial,  os estudos elaborados a propósito da edição deste ano  e o manifesto 2013.


quinta-feira, 28 de novembro de 2013

JORGE SILVA MELO | O comentário que é um programa




Américo Rodrigues foi afastado da direção do Teatro Municipal da Guarda e isso foi notícia na comunicação social. O jornal Público escreveu um artigo que está online:  Américo Rodrigues afastado da direcção do Teatro Municipal da Guarda - O novo presidente da Câmara da Guarda, Álvaro Amaro, não gostou que Américo Rodrigues convocasse uma conferência de imprensa para o contradizer e já o tinha tentado despedir pelo telefone.  Da notícia  na edição impressa, tirámos o excerto que está na imagem acima. E queremos sublinhar - aparentemente parece lateral, a nosso ver é essencial -  o que foi dito por Jorge Silva Melo
«"a questão central é a de saber quem manda nas infra- estruturas construídas com dinheiro do Estado" e defende que estas não podem ser "anunciadas por ministros e secretários de Estado para depois serem entregues às autarquias como se fossem salões de festas"». 
Sendo-se rápido e direto, a questão nuclear é saber o que é feito da «REDE DE TEATROS» (está entre aspas, sim senhor) em que se vem a investir ao longo de décadas, acelerada com os fundos comunitários, e que enquanto rede nacional - com um Projeto Artístico organizador -  nunca aconteceu.E tem de acontecer. Certo,  num ou noutro caso chegou a caminhar-se para lá.  E daí que digamos que o comentário de Jorge Silva Melo nos conduz a um Programa que devia estar contemplado nas Grandes Opções na esfera da cultura e das artes e, necessariamente,  no Orçamento de Estado. E a REDE só pode ser construída de forma partilhada e colaborativa entre o Central e o Local, como todos estamos fartos de saber. E com os agentes culturais no centro: sem projeto artístico para que servem as infraestruturas físicas?  E tudo de maneira transparente. 
Em jeito de memória, lembre-se o tão divulgado aquando do POC - Programa Operacional da Cultura: 


Do prospeto sobre a REDE anunciada em 1999

E indo-se aos documentos da época, é bem visível que tudo só seria possível com uma mobilização ampla - Estado Central, Autarquias, Mecenas. Com os Agentes Culturais, obrigatoriamente. As articulações necessárias podem ser ilustradas pelos presentes na cerimónia, de 27 de Março de 1999, em que se anunciou a «REDE». Foram oradores:  «Dr. Mário de Almeida, Presidente da Associação de Municípios, Dr. José Augusta Carvalho, Secretário de Estado da Administração Local, Prof. Doutor Manuel Maria Carrilho, Ministro da Cultura, e Engº. António Guterres, Primeiro Ministro». E cá encontramos os Ministros e os Secretários de Estado de que fala Silva Melo. No passado como no presente.
Daí para cá, como é que tudo foi acontecendo até chegarmos onde estamos? Como se articulam os Apoios às Artes com tudo isto? Muitas perguntas, e enquanto não forem respondidas  não chegaremos a bom porto.  Em termos de legislação, salvo melhor leitura, o Despacho Normativo 46/96,  revogado em 1998,  nunca foi substituído  por algo equivalente.
Estamos no início de um novo Programa Comunitário, manda o bom senso que se pare e se equacione, se façam balanços. E onde estão eles! Para não repetirmos os erros e sabermos para onde vamos.   E até para se ir ao encontro de, por exemplo,  o Ministro Poiares Maduro disse em discurso recente«Tão importante como fazer, será levar outros a fazer», referiu o Ministro, pois «uma competitividade sustentada terá sempre de passar pela associação entre conhecimento e território». E nos «outros», na cultura e nas artes, certamente que estarão os Agentes Culturais, ou não será! Como colocá-los no centro da REDE, das REDES, com a miséria dos apoios que lhes chegam do Estado? E que conhecimento será esse com a cultura e as artes a serem tratadas desta maneira escandalosa! Sem visão, sem futuro ! Não bastam palavras, temos de agir em conformidade. 



quarta-feira, 20 de novembro de 2013

OE 2014 | CULTURA | A banalidade da desgraça | AUDIÇÃO do Secretário de Estado da Cultura no PARLAMENTO



Imagens da audição

No dia 7 de novembro, o Secretário de Estado da Cultura esteve em audição na Assembleia da República no âmbito da discussão da proposta do Orçamento de Estado para 2014. Durou 4 horas, e está registada em video a que se pode aceder aqui no site da Assembleia da República. O Elitário Para Todos já o visionou, e é na sequência disso que regista o seguinte:

«Secretaria de Estado da Cultura» - Não deixa de ser sintomático,   no Parlamento não há forma de se interiorizar que não há Ministério da Cultura e que também não há Secretaria de Estado da Cultura. Concluímos isso mesmo ao ler-se   no site da Assembleia da República «Nota explicativa da Secretaria de Estado da Cultura», e logo nos  primeiros minutos do video acima referido. Informemos: como muitos dizem, o que existe é uma "COISA" na Presidência do Conselho de Ministros. Sejamos rigorosos, de acordo com o diploma orgânico, a «coisa» designa-se «área da cultura».

E a audição realizou-se - Tal como a generalidade dos cidadãos, os senhores deputados não conseguem perceber os documentos que integram a Proposta de Orçamento no que diz respeito à cultura. É tão confuso que não conseguem fazer contas. E a Nota Explicativa enviada pelo  Secretario de Estado da Cultura, a que pode também aceder aqui , segundo os deputados da oposição não explica nada. Parece que ficou acordado que vai ser enviada nova nota explicativa e mais uns mapas que também faltavam. Acresce mencionar que o Secretário de Estado da Cultura disse que por vezes também tem dificuldades na leitura dos documentos do orçamento. Bem recorreu ao telefone, o senhor Secretário de Estado,  mas, ainda assim, há coisas que não foram esclarecidas. É de perguntar,  o que fazem os seus adjuntos e assessores? Como pode verificar, a confusão foi de tal ordem, a falta de informação e de clareza são tão evidentes, que há momento em que quem vê o video julga que a audição vai ser adiada. Mas não, foi até ao fim ... Ou seja, o OE em geral não prima pela transparência, mas exagera-se no que diz respeito à CULTURA. A situação devia ser proibida. Não é admissível que qualquer interessado não saiba de forma clara como é que a Cultura está equacionada no Orçamento de Estado. E isto deve ser denunciado !

1% para a Cultura -   Em determinado momento, o Secretário de Estado da Cultura dirigindo-se a uma deputada da oposição disse que ela não sabia do que estava a falar: «se soubesse não me tinha feito essa pergunta», adiantou. ( Como se vê, muito elegante!). Mas talvez se possa utilizar estas suas palavras para se comentar o que diz e disse a propósito da percentagem do OE e do PIB para a Cultura. Não vamos admitir que pura e simplesmente queira ofender a nossa inteligência. Senhor Secretário de Estado,  percentagem é percentagem, para o muito e para o pouco. Todavia, os mesmos % nos cortes não tem o mesmo efeito em orçamento elevados e em orçamentos reduzidos. Como a Cultura já estava no «osso», para se utilizar termo aparecido no debate, o efeito é devastador.  E por isso não vale a pena  recorrer à crise para justificar a sua diminuição. Estamos, como informou, "sem pestanejar", nos mero "0,2%"! Há mínimos abaixo dos quais não se pode descer, sob pena de estarmos até  a desbaratar  esse mesmo dinheiro. E é o que está a acontecer. Isto é, não se podem fazer cortes «cegos» no orçamento. Mas, pelos vistos, o Secretário de Estado da Cultura, que devia ser o primeiro a reconhecer isso e a mover todos os esforços para alterar esse estado de coisas, está na primeira fila a aceitar a situação. Assim sendo, pensando bem, nem se precisa de SEC. Aliás, parece ser a crise que o levou a aceitar o cargo no Governo, o que parecia entrar em contradição com o seu passado: diz ou alguém disse que foi uma diminuição de verbas que  o levou a deixar, à data,  o cargo de de Diretor Geral das Artes. E hoje as verbas equivalentes são objetivamente muito e muito mais baixas.  Mas afirma o senhor Secretário de Estado que são situações diferentes: no passado havia contratos assinados, agora há crise.  Quem sabe, isto não será assim tão ingénuo e descabido: é que a crise e os "0.2%" terão "as costas largas" para o que quer que seja feito ou não na Cultura. De facto, estas situações  são preciosas para um tipo de governação: as coisas são o que são,  não podiam ser doutra forma, até lamentam, mas a culpa não é deles. É a cantilena de não haver alternativa. E, se algo correr bem eles estiveram lá, e tudo o que correu mal foi devido a outros, no limite à crise, à troika.
E nesta atmosfera, percebe-se  que o Senhor Secretário de Estado, pelo sim pelo não, também não queira ficar totalmente fora dos que reivindicam 1% para Cultura, e foi assim que até nem reagiu mal aos que se manifestaram nas galerias a pedir isso mesmo. Veja o video aqui. Mas diz para não alimentarmos certas ilusões, mas que é bom termos ilusões, e lutarmos por elas. Como se vê dá para tudo. Mas lá foi mantendo a arenga de que em tempo de crise é utópico pedir 1% para a cultura. Olhe que não, olhe que não ... É sábio! e deve ser visto como um percurso, um processo ... Doutra forma não sairemos nem desta nem de outras crises.   

«Coisas» - O Secretário de Estado da Cultura, fala, fala, fala ... e diz «coisas». Que já foram prometidas no passado, nomeadamente no OE para 2013, mas disso não presta contas. O eterno retorno. E diz sem risco, com palavras que já nem significam nada de tão banalizadas que estão. Estruturante aparece com frequência, e anuncia-se milagre: não há recursos mas vai-se consolidar e desenvolver. E de nada vale lembrar as companhias que estão na iminência de fechar!  Outra: quem é que vai ser contra estudos a realizar por universidades? então vamos nessa. 10 estudos duma assentada, de que não se fica a saber praticamente nada. Decorrem de que diagnóstico? Vão precisar de que dados e informação dos serviços ? Serão balanços da utilização dos fundos comunitários para a cultura passados e presentes ? Nada se fica a saber.  Há nomes que valem por si: insista-se, pois, no «part-time» de Pinamonti no São Carlos. Poupa-se diz o Secretário de Estado.A Cinemateca não tem dinheiro !, calma, vai continuar a beneficiar do Fundo de Fomento Cultural, que desta feita parece que se tornou num «tapa buracos»,  na medida do possível, adiantará o Senhor Secretário de Estado da Cultura. Quanto vai haver para os apoios às artes? o Secretário de Estado da Cultura assegura que vai honrar os compromissos do que já está contratualizado, como se fosse um grande feito. Para os apoios pontuais e anuais, não percebemos o dinheiro que está na proposta do OE. Mas, certamente,  como ainda não há compromisso,  o senhor Secretário de Estado não se demitirá qualquer que seja a verba.   E o resto é todo ele neste tom ... Tomem lá contas satélite, alteração ao mecenato, pegada cultural, internacionalização,  alterações no depósito legal de que não se percebeu a razão, Balcões e plataformas ( o que será feito do Portal da Cultura, e da Plataforma do Território Artes, e a outra da Gestão Electrónica de Apoios ?),  e tudo o mais que perguntarem ... . «Coisas»,  sem se perceber para que destino cultural.    

«Não fechou» - Há momentos definidores. Aquele em que uma deputada da maioria que apoia o Governo proclamou que afinal as coisas não estavam tão mal como a oposição queria mostrar - como viam, andavam a dizer que a Cinemateca ia fechar, e não fechou -  é um deles. Talvez sumarize o que marcou as intervenções do PSD e do CDS. Pelo respeito que os eleitos nos devem merecer mais não diremos sobre as intervenções dos deputados da maioria que apoia o Governo. Não precisa de ver as 4 horas do video, mas passe por lá,  e rapidamente verá onde chegámos. E são jovens muitos deles, talvez a maior parte. 


Secretário de Estado de si  mesmo - A situação institucional da cultura na orgânica do governo, o miserável orçamento que é dedicado à cultura, a maneira como o SEC chama a si e afasta de si os assuntos - diz que o CENDREV e a SEIVA TRUPE  são determinantes mas se estão em dificuldades a culpa é do júri e ele não se vai meter no seu trabalho  ... -  facilmente nos remetem para a imagem Secretário de Estado de si mesmo. Cuidado, quem sabe, à semelhança do São Carlos, não virá ainda a ser substituído por um outro SEC,  em part-time. É que a moda pode pegar, tal é o entusiasmo que o SEC põe na solução ...


Os deputados não são todos iguais - É bem visível o que separa a esquerda e a direita através desta audição: o serviço público na cultura e nas artes. A direita não o quer. «De ouvido» ou por convicção querem deixar a cultura e as artes ao mercado. E falam em formação de públicos como se isso não fosse o resultado natural do serviço público - continuado, permanente, sistemático. Os deputados não são todos iguais, o video seguinte mostra o que foi dito pelos do Grupo Parlamentar do PCP, e através dele ficamos a saber onde estamos metidos.






Conselho das Finanças Públicas - «O Conselho das Finanças Públicas tem como missão proceder a uma avaliação independente sobre a coerência, o cumprimento dos objetivos definidos e a sustentabilidade das finanças públicas, simultaneamente promovendo a sua transparência». Drª. Teodora Cardoso, nem precisa de levar a matéria a uma das suas «Sextas da Reforma», detenha-se nesta audição havida no Parlamento,  e intervenha nas finanças da cultura e das artes. Com carácter de urgência. Os que se nos seguem, as tão badaladas gerações futuras,  irão perguntar onde estávamos todos nós, aqui e agora.







terça-feira, 19 de novembro de 2013

OUTRO ESCLARECIMENTO DA COMPANHIA DE TEATRO «A BARRACA».




Antes, já nos tínhamos referido à posição da A BARRACA face aos resultados dos concursos de apoioS às artes através da DGARTES, neste post,  mas a Companhia volta a reagir perante o que foi dito pelos responsáveis pela cultura no Governo, e é sobre isso o comunicado abaixo. 


                                 


A   Secretaria de Estado da Cultura defende que o actual modelo de apoios   financeiros às entidades artísticas “é sinónimo de transparência e   equidade”

É   altura de A Barraca dizer alguma coisa sobre o que se está a passar


A   Barraca desde há  anos orienta artisticamente um curso profissional de   teatro integrado numa IPSS – o Instituto de Desenvolvimento Social apoiado   pelo Ministério de Educação – que já pôs alunos na actividade profissional ,   preparando-se outros para seguir cursos superiores;     A   Barraca contou ao longo dos  últimos anos com 50.000    espectadores/estudantes da peça “Felizmente há luar” que integra o   programa do 12º   ano; tem levado  regularmente a efeito workshops de iniciação   teatral onde jovens complementam a sua   educação; tem transformado jovens estagiários em profissionais competentes e de   brilhantes carreiras,  no   entanto A Barraca no modelo de apoios financeiros às entidades artísticas que   o actual Secretário de Estado defende  como “sinónimo de transparência e   equidade” merece um 0 na alínea que se refere a sistema   educativo.  Ocorre que esta mesma companhia estimula desde há 37 anos a   aprendizagem e o gosto pela história e a literatura,levando ainda este ano a   cena uma obra do Professor Nascimento Rosa que incide sobre o pouco estudado   Pessoa jovem, outra sobre a vida,o reinado e a loucura de Dona Maria I da   autoria do Professor Brasileiro António Cunha. Além disto a Barraca tem   correspondido  a convites do sector educativo da Fundação Calouste   Gulbenkian, realizando apreciados espectáculos sobre figuras da História e da   Ciência ,querendo isto dizer que o trabalho da Companhia  que enriquece   e apoia e é escolhido pelo sector educativo da Gulbenkian e  pelos   professores do país inteiro,  não é reconhecido pelo “transparente e   equitativo”  critério dos funcionários que servem a SEC.

Além   disto  “o modelo de apoio que é sinónomo de transparência e equidade”   não reconhece o que todo o país conhece.Ou seja, o enorme trabalho desta   companhia em levar há décadas o seu teatro a todos os pontos do país de forma   regular. E atribui também zero ao “ exercicio de actividade fora de Lisboa”.    Na verdade actualmente as instituições fazem por impedir o transito das   estruturas de criação que não  querem pertencer aos lobbies nada   transparentes nem equitativos que puseram em funcionamento.Mas atenção então   terão que definir para que todos saibamos  o que significa  no   actual regime a expressão “fora de Lisboa”. Depois com itens assim avaliados   pode classificar-se em 31º lugar num ranking de 54  estruturas   apoiadas  uma companhia prestigiada no país e no estrangeiro apenas para   tornar justo e transparente o roubo que se lhes faz. A Barraca é a 31ª   Companhia do País.Podem-me dizer assim de repente quais são as 30 melhores?A   trama está bem montada temos de reconhecê-lo,não tivesse custado ao estado   português um incalculável gasto em aconselhamento jurídico. 




sábado, 16 de novembro de 2013

Pela Preservação das Coleções e Património do Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT)



Uma forma de nos associarmos ao apelo do ICOM  International Council of Museums / Portugal sobre a Preservação das Coleções e Património do Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT), Lisboa, passará  pela divulgação do Comunicado  sobre o assunto. Aqui fica:
 

Pela Preservação das Coleções e Património
do Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT), Lisboa
COMUNICADO
Face às notícias vindas a público esta semana, a Comissão Nacional Portuguesa do ICOM expressa a sua mais profunda preocupação e consternação sobre o enorme corte orçamental previsto para o Instituto de Investigação Científica e Tropical (IICT) em 2014. A confirmar-se, este corte coloca direta e imediatamente em risco as coleções, arquivos e património do IICT ao nível da sua preservação, integridade e recursos humanos afectos.
 
Com origem na Comissão de Cartografia Portuguesa de 1883 e resultantes da investigação efectuada no âmbito das missões ultramarinas, em diferentes áreas disciplinares, nos séculos XIX e XX, as coleções do IICT incluem arquivos – sobretudo o Arquivo Histórico Ultramarino (c. 16 km de documentação e 730.000 fotografias) – coleções de referência biológicas, geológicas e de solos (520 mil espécimes), coleções arqueológicas e etnográficas (142 mil artefactos), coleções de mapas e cartas (210 mil exemplares), bem como bibliotecas e coleções de equipamento histórico-científico.
Além do seu incontestável valor científico, as coleções do IICT materializam de forma evidente a identidade e diversidade cultural das sociedades do espaço de influência lusófona, contribuindo para o conhecimento das relações entre a Europa, África, América do Sul e Ásia, do Atlântico ao Pacífico. Para além disso, constituem um instrumento de enorme valor económico e ambiental, fundamental para uma correta gestão de recursos naturais no quadro das políticas de cooperação e desenvolvimento. Em particular, as coleções biológicas do IICT são as maiores do mundo na representatividade da fauna e flora dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), documentando o ambiente terrestre, passado e presente, destas regiões, contendo informação primária sobre biodiversidade e permitindo a investigação sobre temas essenciais da contemporaneidade, como as alterações climáticas com impacto nos ecossistemas e o desenvolvimento sustentável. Continue a ler.


 

domingo, 10 de novembro de 2013

«RESISTÊNCIA»


Em publicação prévia:



RESISTÊNCIA

A palavra sempre contém a eternidade possível. A vida, como sabemos, tem entretanto um tempo limitado e dizer sempre, até sempre, para sempre, é explicitar um desejo impossível de superação do tempo que, contra todas as evidências, não deixamos de afirmar, expressando esse impossível – que gesto mais revolucionário que esse de tentar materializar o espectro que nos ronda, e rondará, potencialidade de sociedade comunista sempre, fantasma a converter em sociedade de carne e osso, sociedade do poder administrador do que é comum entre iguais diferentes contra a ideia do cada um por si, da esfera do privado como um horizonte, do lucro do capitalista e da expropriação privada do que é de todos, sociedade da justiça contra as teias burocrático-legais do jurídico que regra a desigualdade estruturante?
Permanecer, nesse tempo que nos calhou viver, ligado sempre a uma ideia nova, a ideia comunista, assinalados necessariamente hoje os seus desaires e monstruosidades – na Coreia do Norte o exemplo vivo da aberração dinástica, no desprezo do que seja essa comunidade sem classes por vir – para que o seu valor se reerga como impossibilidade possível, de novo, e combater por ela em todos os tempos que a história foi gerando e em todas as frentes, é admirável.
Dizia Brecht que há muitos tipos de homens resistentes, mas que os imprescindíveis sempre eram raros por não desistirem, por resistirem sempre. Eram, por isso mesmo, imprescindíveis. Voltavam sempre ao “motivo do crime” para nele semearem, insistentemente e sob forma nova no tempo refeita, o seu modo de ver, a sua visão e isso para além dos limites físicos, como sabemos, pela história do chamado “segredo”, essa tortura do isolamento total, de uma separação total do mundo dos vivos, experiência tumular e pela extraordinária fuga da prisão/forte de Peniche.
Não sou dado a mitificações e o Álvaro Cunhal combatia, como sabemos, o culto da personalidade e exercitava uma reserva solidária no estilo, era alguém que se dizia revolucionário profissional e evitava entretenimentos fabulares em torno da vida pessoal, o que, em boa verdade, espicaçou em muitos o desejo contrário. Era um homem invulgar, uma figura absoluta de resistência, de insistência determinada no combate e consistência nas razões e visões desse combate. Estive perto dele algumas vezes, numa reunião, acerca das possibilidades do teatro no Alentejo, ali por 75, reunião em que ele anotou num caderninho escolar o que íamos dizendo acerca dos preconceitos que existiam, na Lisboa centralista, relativamente ao lançamento de uma actividade artística numa região deserta de cultura artística. E lembro-me da primeira digressão alentejana por terras da Reforma Agrária. Um aperto de mão inacreditável de firmeza e uma mão ampla. Detalhes, mas no detalhe está também um sinal do conjunto dos comportamentos. E o que mais me seduz, nessa viagem agora em direcção ao passado com os olhos virados para a frente – e nunca o capitalismo esteve tão agressivo e radicalizado na sua vocação antidemocrática e anti-liberdades, anti-humana e anti-comunitária, de 45 para cá, capaz de sujeitar a humanidade a um apocalipse - é pensar a diversidade das formas dessa resistência: a tese de licenciatura sobre o aborto, os ensaios sobre a estética, a tradução do Rei Lear, o livrinho sobre as lutas de classes na idade média, o interessante “radicalismo pequeno-burguês de fachada socialista”, a questão agrária, os magníficos desenhos, etc. Essa diversidade, mantida na sua coerência interna uma unidade de pensamento aberta à possibilidade de um novo não pré feito, é algo de facto único. Poucos dirigentes foram assim feitos de tanto vário e de, nessa multiplicidade de interesses, plasmarem o ser - talvez Gramsci, estranhamente pouco amado para além de Itália, seja adequado referir aqui. Essa multiplicidade constitutiva da acção e interesses é um sinal que muitos deveriam seguir, atentos. A vida não é o caminho estreito de um combate feito nos carris de uma contrarresposta mecânica, a vida é a multiplicidade das formas da sua existência e não devemos apequená-la, o combate é múltiplo e muito mais complexo que a sua redução a uma agenda contraposta da do inimigo. Hoje é muito óbvio que a resposta taco a taco, no plano da arena mediática, é um empobrecimento e uma redução do universo da política ao próximo clichê possível.  
Esta é a minha herança de Álvaro Cunhal, uma herança assente numa multiplicidade também dos contextos da práxis política, desde os tempos do Socorro Vermelho aos de ministro de Estado sem pasta nos primeiro Governos pós Abril, mas cuja determinante é justamente a da riqueza da diversidade dos contributos, com uma grande incidência nas práticas artísticas que, insisto, não devem ser entendidas como coisa secundária, nem apenas como algo próprio de alguém excepcional, mas como horizonte prático de todos nesse comum por vir que se deve gerar todos os dias numa óptica real de mudança.
O que explica o interesse pelo Rei Lear, uma tragédia sobre a problemática da herança – questão central e ligada à lógica essencial e vital da continuidade do projecto de vida em simbiose com o projecto ideal- em que, Cordélia, a herdeira mais dedicada, é posta de lado por lhe faltar o “teatro de afectos” suficiente para enganar o Rei, como fazem as duas irmãs mais velhas? 
Imagino quanto não terá sido difícil, muitas vezes, ver largo no apertado caminho possível de uma luta de classes conduzida no espaço restrito da clandestinidade, esse espaço sem liberdade e sem, por assim dizer, possibilidade de informação abrangente e referencial livres, e gosto de pensar nessa extraordinária forma de resistência que é a escrita, o estudo e até um invulgar trabalho de tradução de Shakespeare num universo prisional. É de facto uma capacidade limite e uma atenção à especificidade do que é a arte como característica essencial do humano.
Álvaro Cunhal terá dito a Petrova, filha de um dirigente soviético, acerca da experiência prisional: “Isolado, separado dos seus camaradas, o homem não sabe se conseguirá ainda alguma vez na vida sair à rua, sentar-se num banco, recostar a cabeça, olhar o céu enorme.” Nada mais claro que esta confissão de fragilidade, só um grande resistente a faria.  


 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

«Um Dó Li Tá»


Um Dó Li Tá
António Lobo Antunes


"Perguntam-me muitas vezes por que motivo nunca falo do governo nestas crónicas e a pergunta surpreende-me sempre. Qual governo? É que não existe governo nenhum. Existe um bando de meninos, a quem os pais vestiram casaco como para um baptizado ou um casamento. Claro que as crianças lhes acrescentaram um pin na lapela, porque é giro». Continue a ler.


 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

«UM ESTADO MELHOR»


Espelho de príncipes
por VIRIATO SOROMENHO MARQUES


«Uma alma bondosa que viesse de outro planeta e aterrasse em cima das 112 páginas do documento de letra gorda, intitulado "Um Estado Melhor", mais conhecido como "Guião", perguntaria com candura: "Mas isto é o sumário executivo de que estudo?" A alma bondosa acabaria por perceber que o Guião é um documento útil, não por nos conduzir para o mundo real e os desafios que o país tem de enfrentar, mas por mostrar, com cruel nudez, o estado de indigência intelectual de quem nos governa. O Guião, esperado há mais de um ano, revela-nos a desenvoltura fruste de quem desdenha da necessidade de se fundarem as políticas públicas no conhecimento rigoroso do País, da Europa, e das tendências mundiais onde estamos mergulhados». Continue a ler no DN.


 

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Apelo | É ESTA A NOSSA MEDIDA: 1% PARA A CULTURA





Vemos, ouvimos e lemos, sabemos e experimentamos na pele os efeitos destrutivos de uma política cega para o país e para a nossa cultura. Se não formos nós a denunciá-lo, agora, aqui, já não sobrará ninguém para o fazer. Não se trata apenas de salvar as nossas pequenas mas preciosas vidas, não se trata apenas de garantir o futuro dos jovens que agora partem por não encontrar lugar neste país para a sua energia, talento e trabalho. Trata-se de também da responsabilidade histórica indeclinável que nos cabe de defender a riqueza e o património de gerações inteiras, de vidas, de séculos. Da responsabilidade que temos em resistir a qualquer roubo, seja quando nos roubam o salário, o trabalho ou o futuro. Da responsabilidade que temos de lutar contra um orçamento de estado que mais uma vez vem cortar na cultura. De lutar por isso, por eles e por nós, com toda a gravidade e coragem.

Dizemos que já tem tempo demais este caminho de desresponsabilização do Estado e destruição do serviço público de cultura que milhares de mulheres e homens asseguram. Dizemos que já são anos demais de negação do direito constitucional de acesso de todos à cultura, à criação e à fruição.

Nem na noite mais triste poderíamos abdicar do que é justo, do mínimo da lista dos precisos. No momento em que é apresentado mais um Orçamento do Estado contra a cultura, dizemos que o justo e o preciso é 1% para a Cultura. Que é esta a nossa medida para os piores e os melhores momentos.

Juntemos vozes em defesa da cultura

No dia da apresentação 
do Orçamento do Estado contra a cultura 

7 de Novembro
 ao meio-dia

na escadaria da Assembleia da República!



OE 2014 |CULTURA | A banalidade da desgraça | BOCADO 5




Este «bocado» tira qualquer um do sério. Esta redação devia ser proibida! E, perante este arrazoado, a única atitude certa seria dizer que não reune os quesitos mínimos para ser lido quanto mais para ser comentado! Mas para não acusarem de que não se colabora:

- Dizem que se torna «premente a criação de condições de estabilidade e eficiência». Contudo,  não se percebe a quem é que se estarão a referir - aos agentes apoiados ou aos organismos, por exemplo, à Dgartes? Se é aos agentes, fica muito bem ao governo reconhecer que não tem proporcionado estabilidade, mas quanto à eficiência ... os agentes culturais fazem milagres com os recursos que têm.... Por outro lado, atente-se ao como assegurar a estabilidade: promovendo «medidas legislativas e administrativas, racionalização da gestão, nomeadamente da gestão de recursos e a avaliação e controlo de resultados». Uma vez mais: estão a referir-se a quem? Ou será que esta passagem era de um outro sítio qualquer do relatório e por uma confusão de «corte e costura» veio ter aqui?

- Continuará a ser promovido (será que esta é a palavra certa !) apoio «às Orquestras» - a quais ?, a todas as Orquestras do País , ou a algumas bem determinadas? - e a um conjunto de estruturas de produção cultural (quais serão?), e identificam umas tantas «Fundações». Como as Orquestras também serão estruturas de produção e terão uma qualquer figura jurídica - eventualmente  Associações - não se percebe a lógica deste texto. Adequado seria que se mostrasse porque se apoiam estas entidades, ou seja, que se precisasse qual o serviço público a que se destinam os apoios, porque isso é o apoiado. E qual o défice neste momento qualitativo e quantitativo.
 
 

E continuando com sugestões aos Senhores Deputados: pergunte-se sobre o estado real da oferta cultural existente, e sobre as organizações que fecharam ou estão na iminência de fechar, e de que montantes estamos a falar para que isso não acontecesse. Mais, e como reagem às notícias que estão a ser veiculadas pela comunicação social quanto a processos já em tribunal, a petições, a reclamações junto do Provedor, a ... devido , a ser verdade, a erros clamorosos na atribuição dos apoios ...  Ou seja, o problema é de VERBAS e não só! 



domingo, 3 de novembro de 2013

PROGRAMAÇÃO AVULSA ? | Onde está o valor do exemplo ?



 
Comparemos as duas situações abaixo descritas a que anteriormente nos referimos aqui no Elitário Para Todos. Desde logo, parecem irmãs siamesas. Quem se seguirá? Isto já configura um padrão. Independentemente da figura jurídica - Fundação -, temos de nos entender, sem as verbas do orçamento do Estado não terão vida.  São entidades de Estado. Ou seja, compete-lhes assegurar um serviço público na esfera da cultura e das artes marcado pela exemplaridade. Deviam ter um Projeto com conceito claro que certamente pode/deve incorporar parcerias, mas desde a génese. E não terem um projeto que decorre do investimento prévio dos agentes culturais - conceber e apresentar um projeto tem custos -  que se atinge por um somatório de propostas escolhidas  por processo que nem se quer se percebe muito bem. Parece até estarem a competir com a Direção Geral das Artes. De facto, interessaria, na esfera do Estado e da Administração Pública Central, dar identidade ao que se está a passar e, para já, nestas três entidades:

- Fundação Centro Cultural de Belém
- Fundação INATEL
- Direção-Geral das Artes

Dá ideia que estão todos a fazer a mesma coisa, sem se aperceberem que há coisas que nehum está a fazer, e que é o que nos está a fazer falta: projetos artísticos «únicos», autónomos,  continuados, permanentes, e sistemáticos, referenciados a um Plano de Desenvolvimento Cultural, a prazo. Com Diretores Artísticos com rosto!  E aquela figura de Entidade Residente, será que já ninguém quer falar dela ! Era capaz de ser uma solução ...

 
Ainda,  continua a justificar-se que o Teatro da Trindade seja tutelado pelo INATEL? 






                                                       



No âmbito do plano de atividades para o triénio 2013-2015, o Conselho de Administração da Fundação Centro Cultural de Belém (FCCB) convida os criadores, produtores e operadores portugueses, entre outros agentes culturais, a enviarem propostas - até ao próximo dia 31 de março - que se enquadrem nos seguintes princípios e objetivos da instituição: promover a cultura portuguesa; promover a oferta cultural diversificada, permanente, atualizada e de alta qualidade; promover a inserção de Portugal nos circuitos internacionais nas áreas da cultura e do turismo cultural, bem como a projeção da cultura e da ciência nacionais nesses circuitos.
É objetivo do FCCB analisar a viabilidade de uma programação exigente, de manifesto interesse cultural e com ativa participação da produção cultural portuguesa, sem excluir a científica, no maior número possível de áreas específicas, sendo que as opções programáticas, tendo em conta a atual situação económica e financeira do país, serão sempre realistas e viáveis.
Continue aqui.

                                                     


No âmbito do plano de atividades para o ano 2014, e com a intenção de que o Teatro da Trindade seja um teatro aberto, de acolhimento e um espaço para a comunidade, o Conselho de Administração da Fundação INATEL convida os criadores e produtores teatrais portugueses, a enviarem propostas - até ao próximo dia 4 de novembro de 2013 - que se enquadrem nos seguintes princípios e objetivos:
  • promoção da dramaturgia e da cultura portuguesas;
  • promoção de uma oferta cultural diversificada e de alta qualidade aos beneficiários da Fundação INATEL;
  • promoção e divulgação de espetáculos de grande público de autores de reconhecida qualidade;
  • promoção de uma relação estreita com a comunidade através de atividades que potenciem a formação e a conquista de públicos.
É objetivo da Fundação INATEL analisar uma programação exigente, de manifesto interesse cultural e com ativa participação da produção cultural portuguesa.
As propostas devem ser caraterizadas sinteticamente e devem ser acompanhadas de previsões de calendário, de indicação das salas do Teatro [sala principal ou sala estúdio] a que se destina a programação, de nota biográfica do autor, de sinopse da peça, de curricula do encenador e criativos, de notas curriculares do elenco, de memória descritiva do espaço cénico e de nota curricular histórica da companhia ou produtora.

 
                                                                 
 
 
 
   
 
Não deixa de ser irónico, e penoso, ao mesmo tempo que tudo isto se está a passar, a CORNUCÓPIA, o TEATRO ABERTO, a BARRACA,  e outros,  lutam para não encerrarem. E são projetos em que o Estado investiu ao longo de anos ! porque  o jogo do mercado não assegura este serviço público. E foram,  permanentes continuados, e sistemáticos. E é isso que tem de ser. 
 
 
 

sábado, 2 de novembro de 2013

«AS MUDANÇAS DE REGIME COMEÇAM ASSIM»



Ontem, no jornal Público (em papel), foi publicado o artigo de opinião Memórias, perigos e fronteiras na gestão dos museus e monumentos de Luis Raposo, anunciado (não está disponível na integra) no Publico online, deste modo:
 
Avolumam-se os sinais de mudança de tempo para os museus e monumentos da área de Belém, talvez com extensão à Ajuda. O secretário de Estado da Cultura, porventura pressionado pelo "buraco" do novo Museu Nacional dos Coches (MNC), emitiu discreta nota dizendo que reuniu com alguns responsáveis por equipamentos da zona. O presidente de entidade empresarial gestora de algum do património público em Sintra, António Lamas, ofereceu a "sua" solução (PÚBLICO 30.10.2013). E correm até já rumores sobre nomes a quem assentaria bem a direcção da coisa que há-de nascer.

E termina assim:


OE 2014 | CULTURA | A banalidade da desgraça | BOCADO 4











Abstraindo-nos da «redação», dá para entender do que se está a falar - mas ainda assim, o que serão, por exemplo, aquelas medidas de informação e documentação ? e a tomada de decisão será de quem ? -, a Conta Satélite é algo que de há muito, muitos reclamam. Se não sabe do que se trata vá ao post CULTURA E ARTES: «CONTA-SATÉLITE» para onde, noutras ocasiões, já temos remetido aqui no Elitário Para Todos. Necessariamente, precisava de saber-se do diagnóstico preciso que o Governo faz quanto ao sistema de informação e comunicação da cultura e das artes, ou seja, quanto a estatísticas e não só. A titulo de ilustração: o que é feito do Portal da Cultura? Sobre isto continua a fazer sentido revisitar o post de Alexandre Pomar SEC: cem dias, e sem página.

Mas, centrando-nos apenas no que está escrito no Relatório da proposta do OE para 2014, não pode deixar de reparar-se nisto:





Está bem, alegremo-nos: a cultura e as artes neste caso vão ter prioridade e, dê ele por onde der, vamos ter Conta-Satélite. Só se pode concluir. Será ?


Como sugestão aos senhores deputados: Precisava mesmo de se saber em que ponto nos encontramos no que se refere a sistemas de informação e comunicação na esfera da cultura. Já repararamm, os senhores Deputados, nas Plataformas, nos Portais, com que nos inundam constantemente. E já se detiveram nas reclamações que, por exemplo, os agentes culturais estão sempre a fazer relativas ao facto de estarem continuadamente obrigados a fornecer os mesmo dados, como estivessem sempre a partir do zero !

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

PETIÇÃO LANÇADA PELO GRUPO DE TEATRO A BARRACA | Exige-se revisão de critérios de avaliação por parte da Dgartes

 
 
 


Petição A BARRACA NÃO PODE SER EXTINTA


Da Petição:«(...) O Governo que tem a incumbência Constitucional de apoiar a Cultura sujeitou o Teatro a cortes enormes, não com vista a poupar no orçamento devido ao momento que o País atravessa mas, como nas outras áreas, para poder alterar o paradigma cultural que visava a democratização da cultura e poder gastar desmedidamente nas suas áreas de preferência, viagens faraónicas, implementação de uma cultura de elite, extinguindo a itinerância, impossibilitando uma política de preços que torne o teatro mais acessível, impedindo assim a ampla divulgação do conhecimento e aprendizagem, condições essenciais para o nosso desenvolvimento e modernização. A Barraca tem-se oposto a tais medidas. (...) 
 A Barraca recebe hoje um apoio da Secretaria de Estado da Cultura que é muito inferior a um terço do atribuído a qualquer outra Companhia com lugar semelhante ao seu na História do Teatro Portugês, e que não lhe permitirá continuar por muito mais tempo a sua actividade. E se não temos dúvidas que essa é a vontade do actual Governo, temos a certeza de que não é a vontade dos subscritores desta Petição que aqui propõe a revisão imediata da situação. Então, o caso é simples: A BARRACA não pode ser o grupo que foi classificado com (zero) nos parâmetros de "Serviço educativo" e de "Exercício de actividade fora de Lisboa”. A BARRACA não pode ter sido  classificada em 31ª, entre as 54 estruturas teatrais apoiadas. Por isso, para bem do teatro português, a DGArtes tem que repor a verdade e actuar com a mais elementar justiça, revendo os critérios e atribuindo um financiamento condigno à realidade. Sem paternalismo, nem favores, mas simplesmente justo. (...)».


Sobre a Petição no DN.