quinta-feira, 4 de julho de 2024

HOJE COMEÇA O FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA | no próximo sábado_dia 6 _ temos os Encontros da Cerca _ Este ano no Convento dos Capuchos _ Às 15:00 _ Entrada livre | O TEMA: «CRIAÇÃO, IDEOLOGIA, IDENTIDADE»

 


«Quando passam cinco décadas sobre a Revolução que nos trouxe a liberdade de expressão, debruçamo-nos sobre os limites hodiernos dessa mesma conquista. Convidamos pensadores e artistas de diferentes áreas e gerações para, parafraseando Salgueiro Maia, olharmos para ‘o estado em que estamos’ no que diz respeito à criação. Qual o papel da ideologia naquilo que hoje fazem os artistas? E o da identidade? Será que a arte é passível de ser ‘útil’, e que os espectadores de hoje esperam ainda aceder a uma ‘mensagem’ quando se sentam numa plateia, abrem um livro, ou visitam uma galeria? Atendendo ao contexto digital, volátil — e não poucas vezes incendiário — em que vivemos, até que ponto os criadores são ainda livres, tal como passaram a ser há cinquenta anos? Será que existem mesmo, hoje em dia, novas formas de censura? E que alguém passou a vigiar — por detrás de que biombos? — aquilo que é legítimo ser escrito, exibido e levado à cena?

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 Uma luz em tinta preta A arte nunca é plena liberdade. Sim, o criador inventa por sua escolha e decisão da vontade. Mas num território limitado: o vocabulário, a tela, os sons, o palco. E tão-só enquanto a criatividade persistir. Há criadores que libertam a sua luz a vida inteira e brilham muito além da morte; a outros a luz chega num impulso, afirma-se uma única vez, ou poucas vezes, e desiste para sempre. A arte não é normativa. Toda a normalização da arte é antagonista da criatividade, por definição aventura inovadora, transformadora, revolucionária do espírito humano. Prescrever o que ela deve ser, ou impor como se deve manifestar, é um despropósito de mentes subalternas. A luz da imaginação poética rejeita os predicadores sectários, mesmo trajados com os figurinos das boas intenções. À arte que quer libertar o mundo importa libertar-se ela própria: olhar o próprio papel e libertar a sua luz da tinta preta». 

Jorge Vaz de Carvalho


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 O site do Festival. O Programa em brochura.

 



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