sexta-feira, 30 de agosto de 2013

«Augusto Mateus: sábio do Qren e consultor de empresas sem conflito de interesses?»



Alertaram-nos para o post «Augusto Mateus: sábio do Qren e consultor de empresas sem conflito de interesses?», no O Economista Português, que começa assim:

«O governo anunciou semiclandestinamente a nomeação de um «comité de sábios» para o assessorar na «arquitetura do Qren». O QREN é o programa estatal que canaliza fundos da União Europeia para investimento no nosso país. Um desses quinze sábios é o Doutor Augusto Mateus, que exerce a atividade comercial de consultor de empresas. Quinta-feira passada a imprensa publicou uma daquelas notícias oficiosas que não são dadas em conferência de imprensa: «o Governo não vê qualquer distorção de concorrência, e Mateus não entende como é que poderá ter vantagem a assessorar a “arquitectura” do novo QREN». O Economista Português explica a seguir o que o governo e o Doutor Mateus declaram não entender». Continue a ler.
 
Esta assunto tem particular interesse para a Cultura e as Artes, eventualmente vai ser pedido ao aqui visado especial atenção ao setor dada a sua intervenção passada na avaliação dos fundos comunitários na cultura. De facto, lembremo-nos do seu trabalho no POC - Programa Operacional da Cultura, e procurado na internet encontrou-se, por exemplo: 




Encontre aqui, este e outros documentos afins.
Estando a cultura e as artes  no estado que se vê, é até de uma grande oportunidade aproveitar o pretexto para se fazer a discussão necessária sobre os fundos comunitários na cultura e nas artes. Passados, presentes e futuros.  E até, quiçá, avaliar os avaliadores. É matéria que repetidamente se tem reclamado aqui no Elitário Para Todos.  Por exemplo, nunca se conseguiu perceber em que se baseou e como se decidiu  a cultura e as artes no QREN ainda em vigor.

A propósito, veja na coluna à direita deste blogue «PARA A HISTÓRIA DA REDE DE TEATROS».

domingo, 25 de agosto de 2013

«PRESTAR CONTAS»

 
Prestar Contas é uma das obrigações de qualquer organização. E cada vez mais se está a exigir que para isso se tenha em atenção todos os interessados, ou seja, que seja transparente para todos os «stakeholders» e não apenas para os especialistas. E a forma de o fazermos é diversa, neste século marcado pelas possibilidades das tecnologias de Informação e comunicação. Mais, o relato sobre a atividade de um dado período tem de ser contextualizado, e articular-se com o passado, o presente e o futuro.  Mas só se pode divulgar, o que quer que seja, se cada organização tiver o seu sistema de acompanhamento e avaliação.
Esta matéria está a ser objeto de reflexão em termos mundiais, e em contexto de DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Discute-se, por exemplo,  a existência de um único  Relatório Anual Integrado, que dê a situação de conjunto que toda a gente perceba. Que seja escrutinável. Pode saber mais  no site do IIRC. 
 
 Consultation Draft of the International <IR> Framework
 
 
 Ora, tudo isto é válido para as Organizações da Cultura e das Artes. E neste contexto, achei por bem trazer para o Elitário Para Todos, o  Getting Started with Program Evaluation: A Guide for Arts Organizations: This short guide, developed collaboratively by NASAA and the Georgia Council for the Arts, is designed for state arts agencies to share with their grantees. It introduces nonprofit arts managers to basic program evaluation concepts and illustrates how evaluation can be relevant to the arts. 
O conteúdo é o seguinte:
 
 
Falta dizer que estas coisas não são para se fazer «copy» e «paste», mas  para se aprender, e depois cada realidade se repensar, mas, claro, no respeito pela ciência e pela técnica, que por definição é universal. Isto é, «tudo igual, tudo diferente» !  Bem sei, há quem tenha muita dificuldade em perceber isto, e de forma mecânica tenta apenas responder ao que está «na lei», mas cujo alcance não se atinge a maior parte das vezes  porque falha o conhecimento técnico específico sobre o que está em causa. Ilustrando: que significado dar a «Relatório Anual» nos dias de hoje ?  É a mesma coisa que Relatório de Atividades ? Já inclui contas ? Etc.Etc. ... 
Voltando ao início, talvez o que eu pretenda é reflectir um Relatório Único na esfera da cultura e das artes, em linha com o que se está a passar à nossa volta. E penso eu nisto ainda no mês de Agosto ... . Devia ser internada !
 

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

ARTE ENGAJADA

Num curto espaço de tempo, pelo que abaixo descrevo, dei comigo a pensar como a arte está, ou se advoga que esteja,  «ao serviço de ...». E lembrei-me das boas discussões a que ao longo da minha vida tenho assistido a propósito. E recordo sempre o desespero de um amigo quando dizia que queriam que fizesse teatro mas para levar as crianças a lavarem os dentes ... E eu sempre pensava que ele era, é, suficientemente competente e talentoso para fazer isso e o resto. Mas vamos lá ao que interessa.   
Desde logo, e aqui  fica o alerta, o Prémio seguinte, (as candidaturas terminam a 15 de setembro):



 
Saiba mais através daqui.

A seguir, a exposição 9ª Edição dos Encontros de Fotografia Bamako, na Gulbenkian, sobre a qual António Pinto Ribeiro escreve: “Para um mundo sustentável” é o tema desta edição dos Encontros de Bamako, um tema sensível num continente onde, em muitos países, se está longe de atingir os mínimos exigíveis pelo acordo de Quioto e pelas implicações em termos de política ambiental, decisões económicas, defesa do ambiente, regulamentação agrícola, piscatória e industrial. Dezenas de fotógrafos responderam a este desafio dando o testemunho do estado de um mundo que clama por soluções drásticas. Apetece comentar que isto é válido para outras geografias que não apenas África. Sendo temática que tanto me ocupa  atualmente, fomos à origem, e na web encontrámos informação com palavras ainda mais fortes: 
 
 « POUR UN MONDE DURABLE »
 
Les Rencontres de Bamako invitent les photographes et vidéastes africains à présenter des travaux, à tracer un état de lieux, à faire des constats, à témoigner ou à dénoncer mais aussi à identifier des actes de préventions, des signes de résistance ou d’espoir Pour un monde durable. Recueil de témoignages documentaires, journalistiques, narratifs, d’interprétations métaphoriques et fictionnelles, exprimés par la photo ou la vidéo. La prochaine exposition panafricaine se propose d'être un lieu de dialogue et un manifeste pour un monde durable autour des approches et axes suivants :Les préoccupations écologiques, jadis limitées à un cercle restreint de visionnaires alertes font désormais partie de notre quotidien et sont au cœur de tous les débats. Le réchauffement climatique, le tarissement des ressources minières et alimentaires, le déboisement des forêts, la pénurie d’eau, sont aujourd’hui au centre de tous les enjeux et équilibres planétaires. Enfin, dans son désir de croissance sans fin, l’homme a voulu forcer et exploiter démesurément la nature, provoquant des déséquilibres dans l’écosystème et un enchainement des réactions naturelles et humainesLe libéralisme économique basé sur la société de consommation a généré l'amélioration de la productivité et du développement, mais aussi renforcé les profits et les inégalités au détriment du respect fondamental des hommes et de leurs environnements».  Continue a ler. E já agora sobre esta 9.ª edição, que em Bamako  teve lugar em 2011, pode ver aqui uma reportagem fotográfica. E, claro, o mais importante mesmo é ir ver a exposição à Gulbenkian.

 
Rencontres de Bamako 2011 Biennale africaine de la photographie 9e édition
 

Por fim, no NYT, de 19 agosto 2013, reparei nisto:  

 

QUOTATION OF THE DAY


"A poet's job is not to write about love. A poet's job is not to write about flowers. A poet must write about the plight and pain of the people."

MATIULLAH TURAB, a poet in Afghanistan who is critical of both the government and the Taliban. 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

«WHY SHOULD GOVERNMENT SUPPORT THE ARTS?»



Talvez lhe interesse contactar com este debate: WHY SHOULD GOVERNMENT SUPPORT THE ARTS?  Tem a ver com a realidade dos USA, em sede da  National Assembly of State Arts Agencies, mas de certa forma é temática  universal. De facto, por cá, anda sempre no ar:  porque deve o Estado apoiar as artes?  E há documentação disponível na web, como se vê. E como estas reflexões tem de ser permanentes, continuadas e sistemáticas, aqui fica e talvez inspire ... . Para a «rentrée»: nacional e local.

sábado, 17 de agosto de 2013

«QUE FAZER COM ESTE EURO ?»


Autores
Alexandre Abreu . Carlos Carvalhas – Francisco Louçã . Frédéric Lordon . Daniel Oliveira . João Galamba . João Rodrigues . José A. Vieira da Silva . Nuno Teles . Octávio Teixeira . Ricardo Noronha . Sandra Monteiro . Viriato Soromenho-Marques
Sinopse
Este livro propõe um debate inadiável. Os cidadãos portugueses e os de cada vez mais países de uma União Europeia e Monetária disfuncional estão a ser submetidos há mais de dois anos a políticas austeritárias sem vocação nem capacidade para resolver os problemas que os afligem (desemprego, precariedade, pobreza, emigração). Pior ainda, elas agravam todos os desajustamentos que diziam querer corrigir (défice, dívida, crescimento). Perante o estado de degradação do país e os bloqueios institucionais e monetários europeus, as escolhas a fazer não são fáceis. Que implicações terá ficar ou sair da zona euro? Em que condições poderá Portugal seguir uma rota de desenvolvimento sustentável e socialmente justo? Como podem os povos europeus evitar a tragédia que se anuncia? Este livro é um instrumento para esta reflexão.
 
Índice
Introdução – Sandra Monteiro
1. O euro: questão fundamental na resposta à crise – Carlos Carvalhas
2. Uma agenda não-condescendente de debate da dívida e do euro – Francisco Louçã
3. Game over – João Galamba
4. Portugal e o euro – With or without you? – José A. Vieira da Silva
5. Sair do euro não é suficiente, mas é necessário – Nuno Teles e Alexandre Abreu
6. Sair do euro e desvalorizar, a opção – Octávio Teixeira
7. A democracia ou o euro – Daniel Oliveira
8. Que fazer neste país? – João Rodrigues
9. A última possibilidade de salvar o capitalismo em Portugal – Ricardo Noronha
10. Três teses sobre a tragédia europeia e a agonia portuguesa – Viriato Soromenho-Marques
11. Para uma moeda comum sem a Alemanha (ou com, mas não ditada por Frankfurt) – Frédéric Lordon

Com a edição de Agosto do Le Monde Diplomatique encontra este livro por  € 7,5 | pode ser vendido separadamente. Saiba mais. 

 

terça-feira, 13 de agosto de 2013

«Tell a Story» | LIVRARIA ITINERANTE DE LITERATURA PORTUGUESA EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

 
«Uma biblioteca itinerante está a circular por Lisboa para revelar a literatura portuguesa aos turistas estrangeiros. "Tell a story" é o nome do conceito, que nasceu depois de uma pergunta.
"Eu tinha muitos amigos estrangeiros e falava sempre com eles sobre literatura - Eça de Queiroz, José Saramago, os mais clássicos. Mas sempre que procurava, não conseguia encontrar edições para lhes dar. Pensei então se seria possível conceber uma livraria. Será que havia negócio aqui?", conta à Renascença Domingues Cruz, um dos três autores do projecto.
A resposta fez-se com uma carrinha azul, que demorou nove meses a transformar-se na "Tell a story". Os leitores não precisam de dicionário, porque há traduções em inglês e francês e em breve em alemão e espanhol.
"Nós procurámos noutras capitais e noutros países e não encontrávamos nada parecido", diz Domingues Cruz.». Continue a ler. 
 
 
Foto da capa
 
 

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Urbano Tavares Rodrigues


 
 
No meio da confusão que nos rodeia, faz-nos bem  ler e ouvir o que se está a escrever e a dizer sobre Urbano Tavares Rodrigues no momento em que nos deixa. Associemo-nos aos que lhe prestam homenagem, com o  último texto que escreveu para a revista EGOISTA «roubado daqui»:

As vozes da Natureza

A transparência do orvalho gemia no meu esquecimento de mim, tornava-me todo eu atenção ao saltitar das rãs amanhecendo na clara alegria do tanque grande.
O meu sangue cantava na ondulação das folhas da figueira.
Agora estou nascendo a toda a volta de mim no riso verde das searas, na brisa que se quebra contra a rude a
talaia, sobranceira ao rio com seu açude e seu moinho árabe, e sacode as franjas de silêncio nos altos choupos onde as cegonhas fazem ninho, nos pegos de eu nadar quando a Páscoa aquece as águas.
E ouço os meus segredos mais secretos no gemer das oliveiras e chaparros, meus tão íntimos parentes. E a ternura das sombras estende-se, para lá do rio e das suas narcejas, pelos ermos da Deveza de São Brás até ao Guadiana.
A frescura do silêncio cai um instante sobre as lavradas e as folhas onde o meu ser se recria.
Comecei muito cedo a ouvi-las, as vozes da natureza.
Conheço-as desde que tenho memória de mim. Depois houve a doença, que me impedia de sair do «monte» e, quando melhorei um pouco, conseguiram que eu fizesse a primeira comunhão, mas nunca acreditei naquele inferno que me pintavam e continuei a fugir de casa e embriagar-me de luz, a correr ao lado dos rebanhos de vacas e ovelhas nesse meu regresso à natureza, de que me sentia pertença.
Foram o azul profundo das noites estreladas e o que o vento e as nuvens diziam aos meus ouvidos que fizeram nascer em mim palavras que depois naturalmente começaram a escrever-se.
Da pobreza e do sofrimento dos trabalhadores que me rodeavam só mais tarde me apercebi e senti a necessidade de lhes dar voz por entre as vozes da natureza e pela estrada da vida fui andando com eles no pensamento e nos actos.
Nas ruas de Lisboa e de outras cidades onde não entra o sol de Inverno, tapado por altos edifícios, experimentei a saudade profunda dos descampados alentejanos, das vozes do rio e da tristeza dos homens, dos seus cantares. Levei-os comigo para França e para o mundo, para as aulas que dei e até para as prisões onde os meus ossos enregelaram.
O livro é palavra de combate, mesmo quando não parece sê-lo, se apenas nos mostra os homens nas suas fainas e penas.
Assim continuarei sempre a escutar as vozes da natureza e a dar delas notícia.

 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

«A beleza sublime rompe todos os esquemas»

 
 
 
 
 
“A Beleza – Um diálogo entre crentes e não crentes” é a mais recente coedição do Átrio dos Gentios, plataforma da Igreja católica coordenada pelo Pontifício Conselho para a Cultura, sediado no Vaticano. A abrir a discussão, Jean Clair, ensaísta, historiador de arte contemporânea e membro da Academia Francesa, sublinha: «Um Deus sem a presença do Belo é mais incompreensível que um Belo sem a presença de um Deus». «A beleza sublime rompe todos os esquemas; é uma força que entra no mundo sem pedir permissão, uma intrusa que ninguém estava à espera», observa o espanhol Francesc Torralba, doutorado em Filosofia e Teologia. «Rara é a capacidade de ser ferido pela beleza. Uma ferida que se torna fenda, aberta sobre aquele infinito e aquele eterno para o qual tende», aponta o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura.» +
 


terça-feira, 6 de agosto de 2013



«E eu não aguento a resignação.
Ah, como devoro com fome e prazer
revolta.»
 
Clarice Lispector | A hora da estrela