Isto é, há que falar sobre a Cultura e as Artes. Pôr a Cultura e as Artes na Agenda dos Debates. Alô,Senhores Jornalistas o que nos dizem a isso? E podemos começar um ciclo, por exemplo, em torno do qual terá sido o impacto da Cultura e das Artes nos resultados eleitorais: lá, no concelho, na freguesia, onde tudo acontece. Depois, podíamos aprofundar o que compete ao central e ao local:o que cada um deve assegurar e o que devem fazer em conjunto. Em suma, delimitar o SERVIÇO PÚBLICO NA CULTURA E NAS ARTES e como cada força politica o entende. Como é que cada PROTAGONISTA politico o vê. E não nos surpreenderá que o que venha do «designado» Ministério da Cultura pouco tenha de ESTRUTURANTE. Já o sabíamos, o que decorre do que diz a Governante no semanário Expresso desta semana apenas o confirma.Precisamos de outro horizonte. Precisamos de grandeza. Há quem os tenha, isso mesmo está em PROGRAMAS ELEITORAIS das eleições de ontem. Com objectividade, vê-se isso nas propostas da CDU. FALTA AVISAR TODA A GENTE. Reinventar caminhos para o fazer ... Ó MALTA INTERESSADA, VAMOS A ISSO! É que o SETOR continua numa situação miserável.
É verdade, nestas eleições autárquicas Almada está na «berlinda». Já se tem escrito no Elitário Para Todos que não se sendo almadense, ou seja, não se votando lá, Almada interessa-nos: via artes e cultura. Em especial, o Teatro Joaquim Benite/Companhia de Teatro de Almada. E é neste clima que inevitavelmente nos lembramos do seu passado e somos atentos ao seu presente. Recordemos algumas das palavras proferidas quando Benite nos deixou:
« É de enaltecer o gesto corajoso por se ter deslocado para Almada, onde fundou o teatro municipal, e por se ter entregue "com uma dedicação e entusiasmo e uma quase obsessão a criar públicos, a manter viva uma tradição teatral". - Maria Helena Serôdio, investigadora
"Como homem de teatro, Joaquim Benite tem uma dimensão de uma relevância sem par no tecido cultural português, tendo colocado Portugal no roteiro cultural da Europa. Lamento a morte de um grande homem de teatro que deixa uma obra notável." - Cucha Carvalheiro, diretora do Teatro da Trindade
Eu conheço o Joaquim Benite desde que era jornalista, andámos juntos nos cafés de Lisboa na boémia da oposição jornalística. Ele detestava o teatro que se fazia na altura. A sua obra-prima são os seus espetadores, gente calorosa e atenciosa, que se percebe que vai aos espetáculos porque gosta. É a grande herança dele, um teatro que chegou a todos. - Jorge Silva Melo, diretor dos Artistas Unidos»
E fomos ver o Programa Eleitoral da força que faz parte do Percurso da Companhia de Teatro de Almada/ Teatro Joaquim Benite, ou seja, da CDU. Nas «Conversas da Cerca» no Festival de Teatro de Almada, em julho último, foi assinalada a exemplaridade deste projeto e sublinhado o empenho continuado da Autarquia, e o acerto do modelo de funcionamento. Fomos ver o Programa, e detivemo-nos na CULTURA. Veja por si. Ousamos dizer, Benite teria gostado do que se prevê. A atual Equipa certamente o segue . Nós também: parece o caminho certo para uma cada vez maior importância à cultura e às artes no desenvolvimento harmonioso do Concelho, rumo a um papel preponderante, e em progresso, na vida cultural do País, em contexto internacional...
(recorte do tanto mais que se pode ler a partir da pg. 4 sobre «cultura e património»)
Sumarizando, e pegando nas palavras de SIZA VIEIRA: «por antigas razões e por razões recentes» a CDU faz todo o sentido em ALMADA. «Torcemos», por isso mesmo ...
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A questão do poder e a sua representação nas tábuas de um palco continuam a ter uma importância excepcional no que toca ao seu aspecto dramático. O teatro de Shakespeare, mais do que para ser lido, é para ser visto e ouvido, e o texto tem, por isso, de sugerir uma dimensão visual na alusão semântica que transmite ao leitor/espectador. Esta parábola da arte de reinar e dos afectos, que condicionam ou perturbam a escolha do governante, tem raízes profundas na cultura e no imaginário popular. Frisa o tradutor que este drama 'é admirável exemplo da obra dum grande artista assente no espírito criador do seu povo, da fusão do génio popular.' História bem conhecida e repetidas vezes contada, ela faz parte do repertório intelectual do espectador comum, sendo a sua encenação acessível a um largo público. O perfil psicológico do rei Lear, a sua aposta na sucessão, ao querer dar o reino à filha que mais o amasse, dão sinal de megalomania, que é má conselheira em matéria política. Mas a junção do drama familiar com o problema da governação oferecia ao público uma intimidade que permitia ver de dentro, os chamados bastidores da História, o que este só capta nos seus efeitos exteriores, julgados como consequência política. A sageza na vida e na arte de governar, que se ganha com a experiência, abandona o rei Lear, deixa-o à mercê das paixões, da vaidade pessoal e da egomania, levando à tragédia, cuja magnitude se impõe em toda a sua complexidade na sucessão das cenas que constituem a narrativa do drama. A sintonia entre o tema e as vivências do tradutor é perfeita e revela-se nas páginas da versão portuguesa. [...]» ......................... Leia mais.
recorte tirado do Público/Ípsilon
Sabe-se
que em Teatro a carreira de uma peça continua a ser um mistério. Na
circunstância a ambição era clara: SERVIÇO PÚBLICO DE EXCELÊNCIA. Da
garantia de partida: peça incontornável num qualquer Teatro Nacional
com a identidade que se tinha fixado; um encenador com provas dadas no
oficio; um grande ator. Mas havia que levar o REI LEAR aos Públicos. E é
aqui que entra a SIC: acreditou na qualidade do que se estava a
desenvolver, e fez uma cobertura do espectáculo «inédita». Nas conversas havidas o prestígio do Diretor do TNDMII de então, Carlos Avilez, contou. E de que maneira! Na estreia,
no telejornal principal, grande destaque, com José Alberto Carvalho a
entrevistar RUI DE CARVALHO, a pouco de entrar em cena... Os espectadores
à medida que iam chegando não falavam doutra coisa... E assim começou a
«bola de neve» que contagiou a generalidade da comunicação social. Mas a
SIC ainda fez mais: emprestou aparelhos de televisão que permitiram a instalação no atrium do Teatro da autoria do saudoso Vítor Belém. E como esquecer o trabalho do jovem fotógrafo vindo da ARCO? E houve todo o aparato promocional habitual: cartaz; programa; postal; ...
Mas tudo isto fazia parte de um todo maior de que se destaca a apresentação para o ano inteiro de 1998 da PROGRAMAÇÃO cunhada num suporte atractivo - desdobrável em papel duro - que podia ser inserido num envelope vermelho rectangular, comprido, que se pretendia «desse nas vistas» ...Que mostrava a frente do Teatro mergulhada no Rossio ... Tudo em sintonia.
E houve as «pequenas ferramentas» de divulgação, quiçá de grande efeito, por exemplo, o feito em simples folhas A4 de cores várias a anunciar o que se ia fazer no Dia Mundial do Teatro.
Em todo este ambiente, conseguiu-se o tão desejado Mecenas: a TELECOM... E houve o Credor que «abdicou» do que se lhe devia ... E a trabalhadora do Teatro que sugeriu ir buscar flores a um campo perto de onde morava ... Visto à distância, tudo isto é bonito. É desejável e mesmo necessário. Então não é? A paixão pelo que se faz! O «amor à camisola»! Mas um Teatro Nacional precisa de ORÇAMENTO CONDIGNO que permita uma actividade de SERVIÇO PÚBLICO planeada e programada. Na circunstância, um Teatro de Reportório. Remunerações dignas. Mas o tempo passou, e hoje as dificuldades são as conhecidas ... E tudo isto avivado também pelo que se tem visto, ouvido e lido, a propósito do que foi feito e se desenha para o TNDMII, por quem o deixa e por quem se segue ... E não falam de orçamentos! E tudo isto para ajudar na organização de uma MEMÓRIA INSTITUCIONAL na esfera da Cultura e das Artes. Também do TNDMII. Presente sem passado ..., começa mal.
Terminemos, por agora, como começámos: com o REI LEAR, de RUI DE CARVALHO, que o PRESIDENTE SAMPAIO olhou e viu.