Estaremos de acordo que o «VALOR» de uma Candidatura, na circunstância à Câmara de Lisboa, também se mede pelos seus apoiantes nomeadamente quando o assumem publicamente. Pensamos nisso ao ver o artigo de opinião do Professor José Neves, no Expresso, de 1 de outubro, que só hoje lemos na integra. Apoia, como se vê na imagem acima, a CDU - aqui a lista de apoiantes. O título: Um casamento de conveniência não é uma união de facto. A nosso ver uma pérola, que nos leva a encarar o processo eleitoral como algo muito sério, para lá dos «slogans» mas que são importantes quando refletem conteúdos bem trabalhados e, digamos, sempre em processo. Os tempos mais do que nunca são dinâmicos - complexos, turbulentos, em mudança - e por isso contrariamente ao que alguns e algumas pensam precisamos de alicerces sólidos. De PILARES que nos mostrem onde queremos chegar, pois só assim se podem reajustar ESTRATÉGIAS, conceber e reformular PROGRAMAS e PROJETOS. Mais, tudo interligado aplicar o modelo «ORÇAMENTO-PROGRAMA» (sim, sim, é equivalente ao «BASE-ZERO»), e que tem passado em Autarquias ... E previsto na Lei do Enquadramento Orçamental. Mas tem aplicação além da macroeconómica, útil em qualquer organização. Também nas PÚBLICAS, e assim voltamos a um dos nossos temas de estimação: hoje, onde se ensina e aprende GESTÃO PÚBLICA? Para pormos termo à GESTÃO LEGALISTA que progride cada vez mais e nos afoga ... Ainda não ouvimos falar disto na tão propalada «Reforma do Estado/Reforma da Administração». Por acaso numa das conversas da CDU Lisboa o assunto apareceu, se bem nos lembramos quando se falava de transparência.
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Mas vamos ao que interessa, aqui e agora. Depois daquela divagação voltemos ao artigo de José Neves, com mais a transcrição seguinte. Cristalina:
«O primeiro debate televisivo a respeito das eleições autárquicas em Lisboa ia ter apenas dois candidatos. Acabou por acolher mais intervenientes, devido a uma decisão da Comissão Nacional de Eleições (CNE), que assim deu uma lição de democracia a todos nós e, em particular, aos dois candidatos tidos por presidenciáveis. Trata-se de uma lição importante, que a nossa permanente tentação pela bipolarização não deve fazer esquecer, tanto mais porque não queremos que nas próximas legislativas uma qualquer estação televisiva se limite a colocar frente-a-frente os líderes dos dois partidos com mais deputados.
Mas regressemos à cidade.
A decisão da CNE teve o condão de permitir a João Ferreira intervir na campanha eleitoral de Lisboa num plano menos secundarizado, o que por ele tem sido aproveitado para apresentar diagnósticos críticos e formular políticas alternativas às que têm sido seguidas nas últimas décadas. E assim o que era para ser uma corrida a dois tornou-se num debate a três. De resto, o contributo diferenciado do candidato da CDU tem sido reconhecido por apoiantes tanto de Carlos Moedas como de Alexandra Leitão. Independentemente de concordarem ou não com o discurso de Ferreira, os lisboetas que o ouvem têm ficado a conhecer melhor a cidade em que vivem, tomando consciência da comunidade no seu todo e dos desafios que esta consciência coloca.
Deixo dois exemplos concretos do que está aqui em causa: na questão da higiene urbana, não se trata apenas de protestar contra o mau cheiro das ruas da cidade, assunto que tanto tem dividido Moedas e Leitão, mas de considerar como a ineficiência da ação municipal se articula com a degradação das condições de quem trabalha na recolha do lixo. Segundo exemplo: na questão dos transportes, não se trata apenas de propor uma política de gratuitidade para quem mora no concelho, mas de enquadrar esse objetivo à escala da metrópole, por mais que os habitantes de concelhos vizinhos não votem para eleger o presidente de Lisboa.
Percebo o apelo ao “voto útil” formulado por alguns apoiantes de Alexandra Leitão, como o meu colega João Costa, mas creio que labora em três erros importantes. Primeiro, o PS deveria estar focado em ir recuperar os votos que perdeu em 2021 e que na sua esmagadora maioria terão ido para Moedas. Segundo, a candidatura de João Ferreira revela-se neste momento em condições de mobilizar eleitores de classes sociais mais baixas que deixaram de votar ou nunca votaram à esquerda. Terceiro, o problema da esquerda hoje não é tanto o de estar ou não estar unida entre si, mas a crescente desafeição entre toda e cada uma das suas partes e o grosso da população. O discurso de João Ferreira sobre a cidade tem conseguido contrariar esta desafeição e é uma das poucas exceções ao estado de descrença e desmoralização em que a esquerda portuguesa hoje se encontra. Vamos desapoiá-lo e deixar de votar nele porque é do PCP e não do PS? Não o farei. (...)».
Leia na integra.Mas regressemos à cidade.
A decisão da CNE teve o condão de permitir a João Ferreira intervir na campanha eleitoral de Lisboa num plano menos secundarizado, o que por ele tem sido aproveitado para apresentar diagnósticos críticos e formular políticas alternativas às que têm sido seguidas nas últimas décadas. E assim o que era para ser uma corrida a dois tornou-se num debate a três. De resto, o contributo diferenciado do candidato da CDU tem sido reconhecido por apoiantes tanto de Carlos Moedas como de Alexandra Leitão. Independentemente de concordarem ou não com o discurso de Ferreira, os lisboetas que o ouvem têm ficado a conhecer melhor a cidade em que vivem, tomando consciência da comunidade no seu todo e dos desafios que esta consciência coloca.
Deixo dois exemplos concretos do que está aqui em causa: na questão da higiene urbana, não se trata apenas de protestar contra o mau cheiro das ruas da cidade, assunto que tanto tem dividido Moedas e Leitão, mas de considerar como a ineficiência da ação municipal se articula com a degradação das condições de quem trabalha na recolha do lixo. Segundo exemplo: na questão dos transportes, não se trata apenas de propor uma política de gratuitidade para quem mora no concelho, mas de enquadrar esse objetivo à escala da metrópole, por mais que os habitantes de concelhos vizinhos não votem para eleger o presidente de Lisboa.
Percebo o apelo ao “voto útil” formulado por alguns apoiantes de Alexandra Leitão, como o meu colega João Costa, mas creio que labora em três erros importantes. Primeiro, o PS deveria estar focado em ir recuperar os votos que perdeu em 2021 e que na sua esmagadora maioria terão ido para Moedas. Segundo, a candidatura de João Ferreira revela-se neste momento em condições de mobilizar eleitores de classes sociais mais baixas que deixaram de votar ou nunca votaram à esquerda. Terceiro, o problema da esquerda hoje não é tanto o de estar ou não estar unida entre si, mas a crescente desafeição entre toda e cada uma das suas partes e o grosso da população. O discurso de João Ferreira sobre a cidade tem conseguido contrariar esta desafeição e é uma das poucas exceções ao estado de descrença e desmoralização em que a esquerda portuguesa hoje se encontra. Vamos desapoiá-lo e deixar de votar nele porque é do PCP e não do PS? Não o farei. (...)».
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e não se podia deixar passar a ocasião: recordar
José Afonso que funciona sempre como um bálsamo
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