«A Festa do Teatro existe, em Setúbal, há 25 anos, com uma tenacidade admirável, conduzida pela força incontornável que é o Teatro Estúdio Fontenova. Eis a proposta deste ano
TEXTO JOÃO CARNEIRO
Em 1995 nasceu o Festival de Teatro de Setúbal. A ideia veio do Teatro Estúdio Fontenova, e a ocasião era assinalar os dez anos da companhia. Este ano, o festival inclui, além dos espetáculos e atos complementares, uma exposição que celebra os 40 anos da companhia. Foi com ela que tudo começou; sem ela, não se sabe o que teria sido o teatro em Setúbal; sem ela não haveria, também, e isso é certo, a Festa do Teatro.
Pode parecer estranho começar este texto com uma referência a uma exposição; mas é a primeira retrospetiva que o Fontenova faz, e não é por acaso que a exposição faz parte do Festival de Teatro — Festival e Festa do Teatro são os dois nomes de uma só cara, e da direção artística de José Maria Dias, com a cumplicidade de Graziela Dias. Vale a pena visitar a exposição, pois ela é uma das memórias possíveis de uma vida de teatro. Quando os espetáculos acabam, acaba com eles o essencial do teatro. Ficam registos, é certo; fotografias, filmes, gravações, críticas, textos; e fica a memória. Uma exposição, retrospetiva ainda por cima, é o resultado de isto tudo junto. Os olhares de quem viu, ouviu, escreveu. E, ainda, a escolha de quem organizou a exposição. Uma exposição faz parte, de certa maneira, daquilo que também se passa no teatro: dar vida a coisas que (já) não existem. É uma espécie de tentativa de recriar milagres, de tentar ressuscitar pessoas, coisas, ações, sentimentos. (...)»