quinta-feira, 1 de março de 2018

«Ousadia, se há coisa que falta a este governo é ousadia. Ousadia temos nós que estamos há dois anos a pedir ao governo uma política cultural e que estamos todos disponíveis para discutir coisas que não são os nossos interesses próprios imediatos para estarmos aqui a falar daquilo que há muito este governo já devia ter feito»




Recorte Jornal i |1MAR2018

 Um excerto do trabalho do jornal i:
«A Plataforma do Cinema pediu, na sequência da aprovação em Conselho de Ministros da revisão ao decreto-lei n.°124/2013, que regulamenta a Lei do Cinema, uma audiência com o Presidente da República antes que seja promulgado o novo diploma. A informação foi avançada na manhã desta quarta-feira pelos representantes da plataforma que junta associações de realizadores, produtores, programadores, sindicatos e técnicos do setor, numa audição parlamentar pedida pelo PCP. A aprovação das alterações à regulamentação da Lei do Cinema aconteceu ao fim de um ano e meio de um braçode-ferro com a tutela que acabou por dividir também o setor - em particular, no que respeita ao artigo 14, que determina os procedimentos de nomeação dos júris que avaliam as candidaturas aos apoios públicos ao cinema e ao audiovisual. De acordo com o decreto-lei que continua em vigor, indicados pela SECA (Secção Especializada do Cinema e do Audiovisual), um órgão do Conselho Nacional de Cultura. Função que a Plataforma do Cinema exige que seja integralmente devolvido ao Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA). A SECA não pode ser transformada numa arena de combate a ver quem nomeia mais jurados". afirmou Cíntia Gil. uma das representantes da plataforma aos deputados. "A SECA pode ser um lugar de reflexão, mas não pode ser de escolha de jurados." O que determina o diploma que aguarda agora promulga ção do Presidente da República e cujo texto não foi ainda tornado público mas que as declarações do ministro da Cultura à saída da reunião em que foi aprovado indicam que corresponderá a uma segunda proposta apresentada em novembro passado, é que passa a ser o ICA a elaborar as listas de jurados que avaliarão as candidaturas, mas após consulta à SECA, a quem caberá a aprovação das listas definitivas bem como de uma bolsa de suplentes. Em caso de rejeição de uma primeira lista, cabe ao ICA elaborar uma nova a ser de novo submetida à aprovação da SECA. E em situações de impasse, esclarecia a proposta enviada às redações em novembro, prevalece a posição do ICA.
(...)
 OUSADIA OU INÉRCIA? "A Lei do Cinema que o PS apresentou e que a direita chumbou não tinha esta proposta de escolha de júris. Era uma lei que tinha uma abrangência e uma capaCidade de captação de financiamento do cinema muito superior àquela que hoje temos. Tivemos que ir buscar dinheiro aos privados, comprar cumplicidades aos privados, entrar em guerra com privados, e afinal acabá- mos por vir buscar o mesmo montante que tínhamos antes. Foi uma batalha que não deu, infelizmente, retornos. Lamento que não tenhamos tido a ousadia de ir um pouco mais longe." Deixa aproveitada por Cíntia Gil. que foi criticando a "inércia" da tutela num processo que se arrasta há quase dois anos e que levou no ano pa ssado os concursos a abrirem com seis meses de atraso. "Ousadia, se há coisa que falta a este governo é ousadia. Ousadia temos nó que estamos há dois anos a pedir ao governo unia política cultural e que estamos todos disponíveis para discutir coisas que não são os nossos interesses pró prios imediatos para estarmos aqui a falar daquilo que há muito este governo já devia ter feito." E, respondendo a uma pergunta da exministra da Cultura socialista afirmou: sobre que expectativas tem a Plataforma do Cinema em relação a esta direção do ICA, disse ainda que não há "nesta altura razões para grandes expectativas" em relação a uma direção "que tem uma aparência um pouco mais segura do que a anterior perante o setor, que de pouco adianta". A falta de expectativas, sublinhou, "também vem de o presidente do ICA ter dito que não sabe nomear jurados - a partir daí, o grau de expectativa baixa bastante. Mas dou-lhe ainda o beneficio da duvida, coisa que não dou a esta tutela."».

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