quarta-feira, 25 de junho de 2025

SOBRE MOÇAMBIQUE | ENTREVISTA A NÃO PERDER | ONDE CADA PALAVRA CONTA |Mia Couto: «Como é que se muda um país e como é que se muda um país a partir da importação de modelos políticos esta configuração do Estado, da nação. Não basta o sonho. Quer dizer, é preciso sonhar, mas depois, de repente, é preciso acordar e perceber que há uma coisa chamada realidade, e a realidade é complexa»

 


 Excerto: «... Aquilo que acaba de descrever confirma que foram tempos de muito empenho, de muita intensidade e também de muita esperança. Passados este tempo todo, sente alguma desilusão perante e aquilo que é a realidade do país hoje?
Uma parte desse sonho que eu construí, que era um sonho de fazer, criar um país completamente diferente, um país em que houvesse justiça, que não houvesse corrupção, que não houvesse desigualdade, estava fundado num erro de natureza cultural, de concepção. Nós tivemos um pensamento muito simplificado, muito redutor do que era mudar um país. Como é que se muda um país e como é que se muda um país a partir da importação de modelos políticos esta configuração do Estado, da nação. Não basta o sonho. Quer dizer, é preciso sonhar, mas depois, de repente, é preciso acordar e perceber que há uma coisa chamada realidade, e a realidade é complexa. Há 28 povos diferentes [Em Moçambique], com línguas diferentes, com culturas diferentes. Há religiões diversas e, no princípio, nós atacámos não só as religiões formais, como a religião católica e a religião muçulmana, mas também atacámos aquilo que era a religiosidade profunda, mais antiga, africana, que une este país do Norte a Sul.(...)».


COISAS QUE NOS FAZEM BEM | «O ator português José Martins venceu o prémio de Melhor Ator do Festival Internacional de Cinema de Xangai, pelo desempenho em "A Memória do Cheiro das Coisas", de António Ferreira»

 

 
Excerto: «(...)Em "A Memória do Cheiro das Coisas", José Martins interpreta "um veterano da guerra colonial forçado a entrar num lar de idosos, onde enfrenta os fantasmas do seu passado e forma um vínculo inesperado com a sua cuidadora negra" (...)».
 
 

terça-feira, 24 de junho de 2025

E ESTA ! | (...)Falo da lengalenga que o comentariado nacional difunde sobre a alteração do mapa eleitoral do Alentejo (e também no distrito de Setúbal), assente no argumento de que a quebra do eleitorado da CDU é o fator explicativo da subida galopante do Chega.(...)Sim, é uma aldrabice, e esta, até, facilmente desmontável. A ideia do crescimento do Chega por via da quebra eleitoral da CDU não tem suporte, nem nos resultados eleitorais de 2024, nem nos resultados de 2025 (...)»| ARTIGO DE JOSUÉ CALDEIRA NO «ABRILABRIL»

 

 

De lá - o destaque é nosso: «(...) Este texto parte da observação de Mazzucato e pretende evidenciar o que de falso existe numa lengalenga que têm vindo a ser contada, à exaustão, a qual, como todas as lengalengas usadas pelos poderosos, tem motivações políticas, pretende ter efeitos políticos, nomeadamente, condicionar a ação e as opções eleitorais de cada um de nós. Falo da lengalenga que o comentariado nacional difunde sobre a alteração do mapa eleitoral do Alentejo (e também no distrito de Setúbal), assente no argumento de que a quebra do eleitorado da CDU é o fator explicativo da subida galopante do Chega.
A lengalenga foi profusamente utilizada em 2024, ano do grande sobressalto causado pelo crescimento do partido de André Ventura, e continua a ser utilizada depois do passado dia 18 de maio, dia das eleições legislativas que reforçaram a progressão eleitoral do Chega também nos distritos do sul do Continente.
André Ventura, num comentário ao nível do que o Chega é, marcou o ponto na noite eleitoral: «O Chega matou o partido de Álvaro Cunhal». Também Ascenso Simões, militante socialista, alimentou a mesma leitura no seu «O Chega sempre esteve dentro do CDS, do PSD e do PCP», publicado na sequência das eleições no Expresso online, e, em certa medida, também Pacheco Pereira foi no mesmo balanço quando escreveu no Público (24.05.2025) «O mapa eleitoral do Chega é muito parecido em várias partes do país com o do PCP». 
O argumento não circula apenas no comentário político. Já na edição de 25 de abril, do jornal Público, os jornalistas Ana Bacelar Begonha e David Santiago alimentaram, de forma descuidada, esta lengalenga, lançando a questão a Paulo Raimundo: «em muitos dos sítios onde a CDU precisa de recuperar representação é onde o Chega elegeu [particularmente] no Alentejo (…). O que é que a CDU pode fazer para recuperar votos que perdeu para o Chega?». 
Esta lengalenga é um exemplo do que Mariana Mazzucato nos explica no seu livro: uma narrativa que os poderosos inventam e difundem (pela voz do comentariado de serviço) para melhor atingirem os seus objetivos políticos, isto é, os seus objetivos de poder. Contudo, também esta lengalenga merece o selo de «aldrabice». Certamente, uma aldrabice assumida, porque tem um fim claro: criar uma ideia (sem qualquer suporte de evidência) de definhamento e apagamento da CDU até nos «tradicionais bastiões comunistas». 
Sim, é uma aldrabice, e esta, até, facilmente desmontável. A ideia do crescimento do Chega por via da quebra eleitoral da CDU não tem suporte, nem nos resultados eleitorais de 2024, nem nos resultados de 2025. Nos gráficos que acompanham o presente texto, apresento, para os distritos de Setúbal, Portalegre, Évora e Beja, as variações do número absoluto de votos que os principais partidos obtiverem (face às eleições anteriores) nas eleições legislativas de 2024 e de 2025 (ver gráficos 1-A, 2-A, 3-A, 4-A). (...)».
 
 

segunda-feira, 23 de junho de 2025

HOJE | «Pias dá início a uma das suas mais singulares práticas ancestrais: os Jordões de Pias. Esta manifestação cultural, que resiste há gerações na freguesia do concelho de Serpa, consiste na construção de altares em honra a São João, decorados segundo preceitos tradicionais e enfeitados com faias e outras ramagens. À volta destes altares, entoa-se o cante, num ritual profundamente enraizado na comunidade e que reflete a riqueza da herança imaterial alentejana»

 

 Leia aqui

 
 

SE LHE PASSOU AO LADO AQUI ESTAMOS A RECORDÁ-LO | A UNESCO celebrou os 20 anos da Convenção da Diversidade Cultural

 

 

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O Ministério da Cultura de França dedicou
 espaço próprio ao acontecimento:
 
 
(se pertence aos que estão longe da língua francesa teremos
a tradução disponível na internet que sabemos longe do desejável... Mas, dará para o gasto» ...) 
 
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Temos sempre «inveja boa» da capacidade do Ministério da Cultura de França - bem sabemos que vem de Malraux cuja marca talvez continue por lá...  Era tão bom termos o nosso MINISTÉRIO DA CULTURA  e que a «REFORMA DO ESTADO» (o que quer que isso seja) obrigasse a que tratasse destas matérias e equivalentes. Porém, pelo começo, mais do que progresso que seria o natural adivinha-se retrocesso. Contudo, no encerramento da discussão do Programa do Governo até se ouviu do Ministro incumbido do momento  que iam trabalhar  para por a «Cultura à disposição dos portugueses». Como acreditar! 
 
 
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e já que lembrámos Malraux ..., AS VOZES DO SILÊNCIO . Em especial, aquele primeiro volume, além do mais,  encantatório.  A nosso ver, vale mesmo a pena procurar. Recomenda-se aos novos Governantes caso desconheçam.
 

sexta-feira, 20 de junho de 2025

ELE AÍ ESTÁ ! , O FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA 2025 | festa e reflexão ...

 

 

 Saiba tudo

 

 

«Freelancers make theatre work»

  

 

Freelancers make theatre work

LGBTQIA+ Resources

Being freelance should never mean being alone. This space brings together resources, support and opportunities for LGBTQIA+ freelancers working across the arts. Curated with input from queer creatives and allies, it’s here to help you feel safer, more supported, and better connected, whether you’re looking for community, care, advocacy tools, or places to share your work and voice. The arts are stronger when they reflect all of us. This page is for anyone navigating the industry as LGBTQIA+, and for anyone committed to building more inclusive creative spaces.

Saiba mais. 

 

FEIRA DO LIVRO DE LISBOA | LANÇAMENTO |«Manual Para Andar Espantada Por Existir»_ de Patrícia Portela | 22 JUN 16:00 | PRAÇA LEYA

 
 
 SINOPSE
 Partindo das Aventuras de João Sem Medo, Patrícia Portela convida-nos a atravessar o muro da realidade e a redescobrir a importância da imaginação num tempo em que pensar, sentir e agir se tornaram atos de resistência. Num desfile de encontros com personagens que ecoam o universo de José Gomes Ferreira, a atualidade da sua mensagem impõe-se: num mundo saturado de informação e acontecimentos, ousar saltar muros e desafiar o medo nunca foi tão necessário.
Este manual é um mapa para quem ainda ousa existir de olhos abertos e coração inquieto. Saiba mais.

 

quinta-feira, 19 de junho de 2025

«GOVERNAÇÃO TRIPARTIDA + 1» | parece que escapou mas há mais uma parcela no somatório sob a alçada da «Ministra da Cultura, Juventude e Desporto» | É VERDADE TEMOS MAIS «A IGUALDADE» | MAS ENTRETANTO FELIZMENTE TEMOS TAMBÉM O ARTIGO «GOVERNAR A CULTURA EM PORTUGAL» DE CARLOS VARGAS

 
Excertos: «Nos últimos dias, o anúncio de que o XXV Governo Constitucional comportaria uma pasta dedicada à Cultura, Juventude, (Igualdade) e Desporto, sob a alçada de uma única ministra, mereceu diversos comentários de natureza gastronómica, comentários esses bem reveladores da incompreensão ou mesmo indigestão provocada pela referida informação: “salada russa” por Rui Vieira Nery (PÚBLICO, 5 de Junho de 2025) e “sushi mix” por Tiago Ivo Cruz (PÚBLICO, 6 de Junho de 2025). De facto, é difícil não responder com ironia ou mesmo sarcasmo a uma certa ideia de menorização e de secundarização que esta solução governativa para a cultura deixa transparecer, sem qualquer margem de dúvida.
É impossível reagir a este reincidente comportamento político sem balançar entre a melancolia e o cinismo, perante um evidente diletantismo e impreparação, condição essa que conduz a soluções de organização governativa deste tipo. Trata-se, de facto, de uma decisão que revela um profundo desconhecimento das transformações culturais, sociais e políticas do país, que parece nada ter aprendido com a experiência cultural do Portugal democrático e que ignora ou negligencia a importância central das políticas culturais num mundo em convulsão.
Diria, então, o melancólico: como é triste constatar que, após décadas de construção democrática, continuamos a assistir à leveza com que se tratam questões tão fundamentais como a governação da cultura. Fica no ar um sentimento de tempo perdido. O país parece caminhar em círculos, incapaz de amadurecer, insensível às suas próprias necessidades e problemas, repetindo erros como quem esquece o que já foi feito ou estudado, e prefere sempre começar do zero.
Por sua vez, o cínico afirmaria: ah, claro, mais uma genial reestruturação governamental feita de improviso, como quem joga dados para decidir o futuro do país. Nada como nomear gente que mal distingue cultura de entretenimento para dirigir políticas públicas numa sociedade em frangalhos. Afinal, para que serve mesmo a governação da Cultura?
Entendo perfeitamente a corrente que defende a ideia de que os políticos generalistas respondem ao exercício do dever em torno da res publica, assumindo qualquer pasta e alegando que o que verdadeiramente importa são as equipas de que esses mesmos políticos se rodeiam. Acontece que este argumento só é válido para algumas áreas da governação e nunca, repito, nunca é válido para outras. Assim se somam os argumentos que demonstram não só a efectiva menorização da acção governativa da cultura (não carece de um(a) especialista), mas também a sua secundarização (num único gabinete ministerial, sem ministério, a Cultura surge agregada à Juventude, à Igualdade e ao Desporto). (...)».


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Claro que não foi assim, mas as frentes de trabalho sob a alçada da Senhora Governante que nós aqui identificamos por Ministra da Cultura, Juventude e Desporto + 1 (Igualdade) mais parece aquela imagem na memória de muitas e muitos que nos chegava (ainda existe com menos força) com os RESTOS DE COLEÇÃO. Pois bem, neste post para lá do artigo de Carlos Vargas, a não perder, obviamente, queremos chamar a atenção para a IGUALDADE  - «pobrezita», nem aparece nos atributos da Senhora Ministra. Mas para isso encaminhemos para este post no blogue Em Cada Rosto Igualdade: NA ORGÂNICA DO GOVERNO ONDE ESTÁ A «IGUALDADE»?
 
 
 
 

quarta-feira, 18 de junho de 2025

«RISPETTO»

 

«It seems Michelangelo Pistoletto, a key figure of the Arte Povera movement, has taken a page from Aretha Franklin’s songbook. His installation Rispetto (2025) features a large table, with a mirror surface shaped like the Mediterranean; the accompanying chairs are designed to evoke the countries that border the sea. Surrounding the table are 24 wall-hung mirrors, each cracked and partially covered with a colored wooden board with the word “respect” painted in a different language, Chinese, French, English, Greek, etc. This installation refers to Pistoletto’s Love Difference movement, meant to foster conversation between cultures to overcome global conflicts. By bringing the chairs and the ttable together, the Italian artist creates a space for dialogue». Daqui.

 

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e talvez lhe interesse, de 2017, no jornal Público: 

Michelangelo Pistoletto: o artista que não quer ser clássico

 

 


COMEÇA HOJE |«Temps d'Images»

 

 
 
 
 

segunda-feira, 16 de junho de 2025

«CULTURA, JUVENTUDE, DESPORTO» | do artigo de António Guerreiro (a não perder) às declarações da Senhora Governante na ida à Feira do Livro

 

 

Sobre a primeira hipótese transcrevamos: «Primeira hipótese, a que mais adesão suscita: a justaposição, num mesmo eixo da governança, destas três figuras (cultura, juventude e desporto) é uma suprema manifestação do filisteísmo deste governo, da sua vulgaridade e desinteresse pelas artes e pela cultura, da sua hostilidade pelas coisas do espírito, usando-as apenas de maneira instrumental e convertendo-as em valores materiais. Em tempos já muito recuados, esta atitude seria classificada como “filisteísmo burguês”, mas actualmente tal designação seria ela própria desclassificada e até a palavra “filisteu”, neste contexto, se tornou um anacronismo ou quase só reconhecível pelos leitores de Hannah Arendt, do seu diagnóstico de uma “crise da cultura”. Fazendo parte de um antigo regime cultural, os filisteus correspondem hoje aos praticantes de um tráfico cultural destinado a satisfazer utilidades imediatas. Esta hipótese é a da crítica da cultura.». Bem, se puder não perca as restantes hipóteses.
 
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 E estávamos nós na leitura do artigo de António Guerreiro quando um link nos chamou para outro texto, sobre a ida da Governante do Ministério Tripartido à Feira do Livro de Lisboa. De lá este recorte:
 
 
 
Primeira reação: Então!, só faltava que a Governante  da pasta não desse importância à Cultura ..., ainda que num Ministério Tripatido ... Depois, aquela passagem fez-nos lembrar o aluno -  certamente na sequência dos esforços do professor - que ao escrever corretamente «há» entre  parêntesis assinalou que tinha «h» porque era do verbo haver ...Ainda, ai, e aquela opção pela palavra «evento»...Deve ser uma questão de «geração». Por acaso pensávamos que já tinha «passado de moda». É verdade, não nos soa bem aplicado à circunstância. Há designação: FEIRA - Feira do Livro. E talvez  não seja de hierarquizar «os acontecimentos culturais». «As pequenas coisas na cultura e nas artes» têm um valor sem fim ...E a tal beleza!  

Enfim, a combinação «cultura, juventude, desporto», é procissão que ainda agora vai no adro ...
 
 
 

sábado, 14 de junho de 2025

CONCENTRAÇÃO | NA SEQUÊNCIA DA AGRESSÃO SOBRE ATORES DA COMPANHIA DE TEATRO «A BARRACA» | «Não queremos viver num País do medo» | 15 JUNHO 2025 | LISBOA _16:00 | PORTO _ 17:00 | COIMBRA _ 18:00

 

 
Não queremos viver num país de medo.
Na sequência da agressão hedionda dirigida a um grupo de atores da companhia de teatro "A Barraca" por parte de um grupo de indivíduos ligados à extrema-direita, apelamos a todos os trabalhadores da cultura que se juntem a nós em Lisboa, em Coimbra e no Porto, contra a violência, o ódio, o racismo e a xenofobia.
É preciso travar as forças fascistas e xenófobas que procuram impor uma agenda de ataque aos direitos dos trabalhadores e pôr em causa as liberdades e garantias.
 
Dia 15 de Junho
Lisboa - 16h - Em frente ao Teatro "A Barraca"
Coimbra - 17h - Praça 8 de Maio
Porto - 18h - Praça da Batalha