sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

TEATRO DA RAINHA | COLÓQUIO | «(...) é sobre o teatro que fizemos, sobre o teatro que fazemos»

 
 
 

«Este TEVeD – Teatro Espaço Vazio e Democracia – é sobre o teatro que fizemos, sobre o teatro que fazemos.
Desta vez, é a sua nona edição, a palavra é dada aos espectadores. Em cena na sala-estúdio serão eles os intérpretes, os protagonistas.
Convidámos um conjunto de espectadores que ao longo dos anos e de modo constante e com amizade nos têm reportado as suas impressões e comentários críticos – como diria Gramsci, e aqui repito, estes convidados são “um exército de capitães”, são espectadores muito particulares e muito singular será a relação que têm connosco – a metáfora dos capitães será datada, mesmo que as armas estejam aí de volta, mas dá para perceber a lógica entre iguais que a consubstancia. Não somos de comandantes e comandados.
De que se trata?
De testemunhos das várias gerações que connosco têm “feito teatro” nestes 41 anos de existência o que, no país que somos, não sendo milagre não estará longe de o ser, conhecido o caminho de pedras desta arte de equipas e por isso dispendiosa, em Portugal.
Testemunhos que cada um dos participantes elaborará a partir da memória, porventura única, de uma noite, de um dramaturgo em particular, de um núcleo de actores, de um espaço físico, de uma encenação. Mas também de lógicas de repertório, de escolhas que praticámos e praticamos, das traduções efectivadas, de cursos das coisas mais que de actos isolados, de insistências e repetições, de combate pela língua, dos elencos e distribuições, de obsessão pelo rigor do jogo de actor e suas cifras estilísticas, do registo gestual mínimo como estética da contenção ao excesso grotesco e farsesco, ao burlesco, ao circo, ao registo híper realista, ao récit de vie (Ella), ao “kabuki”, à comédia aristofânica e à tragédia revisitada (Ajax e Antígona). Foram esses os reptos lançados.
O objectivo será, entre outros, o de escapar neste acto único de projecção de memórias, à velha dicotomia gosto / não gosto, ao vazio crítico em que encerraram o teatro e de alguma forma o próprio debate social subsequente, presos que estamos ao usar essa reacção clichê aos fluxos publicitários adaptados à alucinação competitiva vertiginosa de tudo nestes tempos que nos calharam viver. O tempo de maturar um comentário, de reflectir, não existe, subsumido que está pela profusão de solicitações em agenda e pela velocidade com que vão sendo substituídas nos ecrãs imperiais em que se consomem e não lêem. Alguém pode imaginar que a versão integral do Fausto, de Goethe, seja experiência de fruição possível e idêntica a um episódio de série ou a umas variedades e graçolas requentadas na hora?
São coisas diferentes, bem sei, mas também sei que o entretenimento é imperial e tudo ocupa. Nestes tempos miseráveis em que o pensamento não tem nem o estatuto da gastronomia e seus chefs – é o mercado quem mais ordena – a estupidificação é virtuosa e a tragédia diária tratada pelos grandes poderes com cinismo racista ao mesmo tempo que é adornada de graçolas.
Relevante para esta arte única da simultaneidade presencial, única na medida que é um outro da política pois materializa um parlamento sensível, é cumprir a sua missão artística e cívica, permitir que cada um entre “o todos de uma sala”, uma comunidade instante e nela o sujeito individualizado e ser social, se aproprie de uma memória não descartável, experiência que pode regressar pela vida fora em circunstâncias dadas, muitas vezes limite. Era esse o juízo que Althusser fazia sobre a especificidade e singularidade do teatro, a sua força para além do seu poder efémero no acto teatral. Essa potência da singularidade de uma memória supera o seu carácter momentâneo e passa a ser parte do sujeito espectador, ele incorporou-a – isso dizia Steiner acerca de “decorar” uma poesia, ele falava de incorporá-la, de sabê-la de coração, de cuore.
Serão intervenientes o Nuno Lopes, Arquitecto e Urbanista, a Paula Carvalho, Psiquiatra, a Teresa Paula, Empresária, a Rita Faria, Professora Universitária, a Inês Pereira, Professora, a Christine Zurbach, Professora Universitária, o Luís Varela, Encenador, o José Ricardo Nunes, Poeta e Jurista, a Teresa Albuquerque, Presidente da Fundação de Mateus, o José Luís Ferreira, Director Artístico e Conselheiro Cultural, o Carlos Lobato, Jornalista, o António Mora Ramos, Engenheiro, a Isabel Xavier, Professora, o Paulo Nuno Silva, Fotógrafo, a Margarida Amaral, Professora, a Margarida Araújo, Fotógrafa, o Henrique Manuel Bento Fialho, Poeta e Ensaísta e o José Serrão, Designer Gráfico e Arquitecto».

Fernando Mora Ramos




quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

CHEGAMOS À ENTREVISTA DADA PELO SENHOR «MINISTRO DAS REFORMAS» AO SOL A PARTIR DE ACONTECIMENTO ARTÍSTICO QUE TALVEZ SE ESTRANHE MAS DEPOIS ESPANTE - SERÁ O ADMIRÁVEL MUNDO NOVO DO SÉCULO XXI? | «De 12 a 14 de Dezembro um performer humano, o ator Albano Jerónimo, vai contracenar com um modelo de Inteligência Artificial».

 

«O ator Albano Jerónimo protagoniza carne.exe, a nova criação de Carincur e João Pedro Fonseca, onde contracena com AROA, um modelo de inteligência artificial programado com material poético e filosófico. O espetáculo, coproduzido pelo Teatro Nacional D. Maria II, estará em cena no CAM – Centro de Arte Moderna Gulbenkian, em Lisboa, de 12 a 14 de dezembro, com apoio técnico da NTT DATA.(...)». Continue.

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Ocasião para lembrarmos o ENCONTRO DA CERCA do 40º. Festival de Almada. Conversa animada e estranha para muitos. Aliás, a matéria também tem sido  assunto de Conversas com o Público da CTA, no Teatro Municipal Joaquim Bentite  ... Como se vê aquilo que se julgava/julga algo muito distante, aí está ..., para nos espantar e preocupar ...

 

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 e claro, da UNESCO
 
 
«The present report was prepared by an Independent Expert Group convened by UNESCO to gather views and ideas on culture and artificial intelligence. In recognition of the central role of knowledge and ideas in transformation, this initiative reflects UNESCO’s role as a laboratory of ideas. By generating novel insights, the document aims to contribute – among other sources – to the discussions at MONDIACULT 2025. Unless otherwise expressly stated, the findings, interpretations and conclusions contained herein are those of the independent experts who prepared the document and do not necessarily represent the views of UNESCO, its Member States, or any institution, nor do they commit the Organization in any way».
 
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e de um Ministério da Cultura ...
que não o nosso 
 
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e não resistimos, Senhor «Ministro das Reformas»,
 de quem acabamos de ler a entrevista no SOL com o seguinte titulo:
 
 
 
Para dizermos - e havemos de voltar aquela entrevista - que talvez  falte ao Senhor Governante «falar», já que falar parece ser a via que prefere para conhecer com vista a diagnósticos, com a GENTE DA CULTURA E DAS ARTES ..., a quem recorrer em acontecimentos públicos e falar lá fora com quem anda a visitar,  e fundamentalmente para TRANSFORMAR o  MINISTÉRIO DA CULTURA - já que «MINISTÉRIO» parece ser a base de trabalho da Reforma do Ministro -  começando por tirá-lo do caldeirão onde se encontra. Já agora, que tanto fala de PROCESSOS, ainda não entendemos se está a adotar «GRANDES PROCESSOS» ou «PEQUENOS PROCESSOS» ..., os conceitos existem.  Ainda, e que tal se em vez de MINISTÉRIOS que bem vistas as coisas é meter a ADMINISTRAÇÃO EM GAVETAS, que como se vê aparecem, desaparecem, fundem-se,  revisitasse a homepage  do Portal do Governo e trabalhasse com ÁREAS? Bom, tinha de as reinventar, Senhor Ministro... Por tudo o agora dito, e já dito anteriormente, a verdade dos factos, ainda não conseguimos (e não estamos sozinhos) atinar com a REFORMA DO ESTADO anunciada. Ou será REFORMA DA ADMINISTRAÇÃO ? Se as dúvidas ainda estão neste patamar ... Para terminar, dúvidas não haverá:  a CULTURA E AS ARTES À FRENTE E EM FRENTE ... Para o SERVIÇO PÚBLICO DE CULTURA e para as ORGANIZAÇÕES DA  CULTURA E DAS ARTES governadas no jogo do mercado.

 
 

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

TUDO POR BOAS DISCUSSÕES ! | OLHEMOS EM VOLTA | «On the Politics of Fragments and the Perception of Lacunas. Science Diplomacy and Heritage» | NO TEATRINO EM ITÁLIA

 

 
 
«The Teatrino hosts the conference “On the Politics of Fragments and the Perception of Lacunas. Science Diplomacy and Heritage” dedicated to the intersection of artistic practice, research, diplomacy and heritage to establish dialogue in an era of tensions, climate change and technological advances where culture, the foundation of human identity, is often at risk. Topics addressed during the day include the use of artificial intelligence and satellite imagery for heritage conservation, the diplomatic dimensions of art and culture, and the negotiation of the restitution of museum collections.
The conference includes, at 4 pm, a public talk with Ali Cherri in dialogue with Bruno Racine, Director of Palazzo Grassi — Punta della Dogana, followed by a performance by the artist in the atrium of Palazzo Grassi at 5.30 pm.
Organised by Christina Hainzl, University Krems; Eric Piaget, EUTOPIA & European Union Science Diplomacy Alliance, UNESCO and Institute for the Danube Region & Central Europe (IDM) in collaboration with Palazzo Grassi — Punta della Dogana». Saiba mais.
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segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

CHAMAVA-SE MANUEL PEDRO | acaba de nos deixar | ESTAVA PRESO EM PENHCE N0 25 DE ABRIL

 

 
«O Secretariado do Comité Central do Partido Comunista Português informa com profunda mágoa e tristeza o falecimento, aos 94 anos, de Manuel Pedro, resistente antifascista e militante comunista, e transmite às suas filhas, netas e bisnetos as suas sentidas condolências.
Nascido em Lisboa a 19 de Agosto de 1931, desde criança, com 11 anos, conviveu com a exploração, primeiro num restaurante, depois numa fábrica de curtumes e num armazém. Era empregado de seguros quando foi preso pela primeira em 1958.
Foi um dos fundadores e dirigente do Cineclube Imagem e fez parte da delegação de jovens portugueses ao VI Festival Internacional da Juventude e dos Estudantes em Moscovo no ano de 1957.
Membro do Partido desde 1956, entrou para os quadros de funcionários do PCP em Maio de 1959 sendo preso de novo ainda nesse mesmo ano. Esteve preso por três vezes, tendo totalizado 11 anos de prisão. Em todas elas enfrentou com grande coragem o embate com os esbirros da PIDE.
Enquanto funcionário clandestino foi responsável pelo Sector do Baixo-Ribatejo, membro da Direcção Regional de Lisboa e do Comité Local de Lisboa até à sua última prisão, em Maio de 1969.Ao longo da sua vida de revolucionário teve sempre a seu lado a sua companheira Maria Júlia. Com ela compartilhou a vida clandestina, as agruras da repressão fascista, da prisão, e a separação das filhas.Libertado do Forte de Peniche em 27 de Abril de 1974 (no seguimento da Revolução do 25 de Abril), imediatamente assume tarefas na Organização Regional de Lisboa, tendo sido membro do Secretariado e do Executivo da DORL (...)». Na integra aqui.
 
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«DESCOLONIZAÇÃO E AS ARTES PERFORMATIVAS | O Teatro Meridional vai dedicar dois dias à reflexão em torno da descolonização e das suas repercussões nas artes performativas»

 

 

«O Teatro Meridional vai dedicar dois dias à reflexão em torno da descolonização e das suas repercussões nas artes performativas. As Jornadas de Reflexão: A Descolonização e as Artes Performativas decorrem em Lisboa, a 15 e 16 de dezembro de 2025, assinalando os 50 anos das independências de Angola, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau. O evento tem entrada gratuita e reunirá artistas, investigadores, mediadores culturais e representantes institucionais, num espaço de encontro e debate crítico.(...)». Leia na integra.
 
 
 

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

MALRAUX

 

 
e veja-se o que o Ministério da Cultura
 de França tem programado

«2026, Année Malraux : (re)découvrir tous les visages d'un visionnaire

A l'occasion du Cinquantenaire de la disparition de l'auteur de « L'Espoir », « 2026, Année Malraux » a été lancée vendredi 14 novembre 2025 au ministère de la Culture. A travers plus de 130 événements, l'enjeu est de célébrer, selon la ministre de la Culture, « tous les visages d'une personnalité visionnaire ». Veja aqui.

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E, quiçá, levados pelo post anterior, não há como não recordar «As Vozes do Silêncio». Por cá a edição é a das imagens seguintes, e lembram-se as conversas sem fim que provocaram com o saudoso MÁRIO BARRADAS  ... desaguando quase sempre no SERVIÇO PÚBLICO DE CULTURA. Chegando a dizer-se que há um antes e um depois dessas conversas. Gente de «depois de Abril»!, aproveitem 2026 para, se desconhecerem o Personagem, penetrarem no pensamento e na ação de ANDRÉ MARLRAUX . Se há VISIONÁRIOS está nesse panteão. Decididamente, não dispensamos Malraux.   

Daqui: «André Malraux nasceu em Paris a 3 de novembro de 1901. Figura central da cultura francesa do século XX, participou ativamente nas lutas revolucionárias do seu tempo e sobre elas produziu algumas das mais marcantes obras da literatura mundial, entre elas A Condição Humana (1933), centrado na revolução comunista chinesa, e A Esperança (1937), onde reflete a sua participação na Guerra Civil de Espanha. Membro da Resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial, dedicou-se à vida política no pós-guerra, tendo desempenhado o cargo de ministro da Cultura nos governos de Charles de Gaulle, entre 1959 e 1969. Morreu em Créteil a 23 de novembro de 1976».
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Sabendo-se que o«francês»
já não será a língua que «todos sabíam»
 aqui vai uma sugestão de leitura. 
Desde logo, gostamos da capa.
 
«Iconoclastic study of the meanings of art in which the author designs a new set of categories for the artistic process and views artists and their work from  unique point of view».