Excerto: «... Aquilo que acaba de descrever confirma que foram tempos de muito empenho, de muita intensidade e também de muita esperança. Passados este tempo todo, sente alguma desilusão perante e aquilo que é a realidade do país hoje?
Uma parte desse sonho que eu construí, que era um sonho de fazer, criar um país completamente diferente, um país em que houvesse justiça, que não houvesse corrupção, que não houvesse desigualdade, estava fundado num erro de natureza cultural, de concepção. Nós tivemos um pensamento muito simplificado, muito redutor do que era mudar um país. Como é que se muda um país e como é que se muda um país a partir da importação de modelos políticos esta configuração do Estado, da nação. Não basta o sonho. Quer dizer, é preciso sonhar, mas depois, de repente, é preciso acordar e perceber que há uma coisa chamada realidade, e a realidade é complexa. Há 28 povos diferentes [Em Moçambique], com línguas diferentes, com culturas diferentes. Há religiões diversas e, no princípio, nós atacámos não só as religiões formais, como a religião católica e a religião muçulmana, mas também atacámos aquilo que era a religiosidade profunda, mais antiga, africana, que une este país do Norte a Sul.(...)».
Uma parte desse sonho que eu construí, que era um sonho de fazer, criar um país completamente diferente, um país em que houvesse justiça, que não houvesse corrupção, que não houvesse desigualdade, estava fundado num erro de natureza cultural, de concepção. Nós tivemos um pensamento muito simplificado, muito redutor do que era mudar um país. Como é que se muda um país e como é que se muda um país a partir da importação de modelos políticos esta configuração do Estado, da nação. Não basta o sonho. Quer dizer, é preciso sonhar, mas depois, de repente, é preciso acordar e perceber que há uma coisa chamada realidade, e a realidade é complexa. Há 28 povos diferentes [Em Moçambique], com línguas diferentes, com culturas diferentes. Há religiões diversas e, no princípio, nós atacámos não só as religiões formais, como a religião católica e a religião muçulmana, mas também atacámos aquilo que era a religiosidade profunda, mais antiga, africana, que une este país do Norte a Sul.(...)».