quinta-feira, 23 de outubro de 2025

BEM DIZ O POVO QUE A PRESSA NÃO É BOA CONSELHEIRA | ocorre-nos o provérbio ao lermos a Portaria n.º 360/2025/1 de 15 de outubro | ALGUÉM TEM DE OLHAR PARA AQUILO SOB VÁRIAS PERSPETIVAS: GESTÃO PÚBLICA; DIREITO; REFORMA DO ESTADO EM CURSO ...

 

 
 «Toda a Gente» se queixa  que a nossa produção legislativa tem muito a melhorar. Aliás, o Governo atual, de forma direta e indireta, já o disse verbalmente e escreveu. Não sabemos quem está a acompanhar essa «proclamação». E neste quadro diga-se que ficamos atordoados ao lermos a Portaria acima. Bem vistas as coisas não se estava a perceber o calendário, mas depois lembramo-nos do Relatório que foi objeto deste nosso post: HÁ PROBLEMAS NO FUNDO DE FOMENTO CULTURAL? | venha de lá mais um «regulamento» ...  E é de lá isto:
  


 

 
Ah, entretanto, já há Aviso ao abrigo da Portaria acima - bem nos queria parecer que havia «urgência», e até Retificação desse Aviso saída ontem no Diário da República:
 
 

 
«Por acaso» é sobre as CAE,  e não resistimos em a transcrever
 a Retificação porque encaixa bem no que queremos «denunciar»:
 
  
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Olhando para tudo isto, aquela sensação inquietante sobre o EDIFÍCIO LEGAL E GESTIONÁRIO em presença: não sabemos onde o encontrar, onde perceber a coerência do que vai acontecendo.  Tudo parece - não parece, objetivamente é - uma gestão «à vista». Mas então Senhor Ministro Adjunto e da Reforma de Estado o que nos diz a este manancial de regulamentos e família associados a esta iniciativa «tão rápida» da sua colega de Governo? Pela informação de que se vai dispondo somos levados a concluir que Vossa Excelência estará a estudar como transformar o que encontrou e para o que foi nomeado e a Governante da Cultura & Cª. a agravar o que existe. Não acreditamos que o Senhor Ministro das «Reformas» aceite que na forma e no conteúdo isto facilite a «vida das organizações»: Aviso de Abertura FFC - Programa de Apoio a Projetos de Mérito Cultural. Aliás o que se lê é na essência uma repetição da Portaria. «Adoramos» esta passagem:«São elegíveis as entidades que detenham, a título principal ou secundário, Código de Atividade Económica (CAE) compatível com a candidatura, constante da Classificação Portuguesa de Atividades Económicas, na redação em vigor, designadamente: 47610, 47690, 58110, 59110, 59120, 59130, 59140, 59200, 71110, 74110, 74120, 74140, 90110, 90120, 90130, 90200, 90310, 90390, 91110, 91120, 91210, 91220, 91300 94991». Já agora, (para desanuviar), podiam não se limitarem «a repetir», podiam fazer um link para a Classificação das Actividades Económicas, e até discorrer sobre a dimensão económica das atividades culturais ..., lembrando, contudo, que a razão do que está em causa é a CULTURA E A ARTE. 
Para sairmos deste capitulo, onde a Gestão Legalista da Administração Pública em todo o seu esplendor, e já que na esfera da Reforma do Estado/Administração que nos dizem em curso há discurso de mudança em torno dos PROCESSOS, recordemos o que para muitos os seus PAIS - MICHAEL HAMMER e JAMES CHAMPY - diziam aquando da divulgação da sua obra (para lá das empresas do mundo dos negócios):  
 
 
 
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«QUASE TUDO ESTÁ ERRADO!», dizem os autores acima. Pelo que está a ser praticado; pelo que está institucionalizado; pelo que emerge; ... atrevemo-nos a dizer que ao que se está a passar em torno do FFC à luz das ADMINISTRAÇÕES GESTIONÁRIAS  se poderá aplicar aquela expressão. Não é verdade!, dirá a Senhora Governante da Cultura. Pois bem, mostre-nos o ESTUDO  em que assenta a sua ação tão, ... tão, querendo-se ser «agradável», e com o devido respeito, «voluntariosa»...  Para esse estudo, mais tarde, ou mais cedo tem de ser feito, quem sabe os posts seguintes do Elitário Para Todos possam dar algum contributo:
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Diga-se que apetecia analisar ao pormenor a Legislação aqui em causa, mas não vamos por aí. Centremo-nos em questões da família do «estruturante»:
 
- Não será estranho que se continue com um organismo que vem do antes do 25 de abril? Qual a «história» do FFC. A que se deverá esta longevidade ... 
- Bom, alguém tem de nos dizer, afinal em que diverge nos dias de hoje a DIREÇÃO GERAL DAS ARTES do FUNDO DE FOMENTO CULTURAL.
- Aquela Portaria que acaba de sair, é um Regulamento de «Apoios» (os famigerados apoios, nada de garantir) ou é um Diploma Orgânico? Como se escolheu o «grau» do diploma? Explicamos: porque «Portaria», e não «Decreto-Lei», ou mesmo «Resolução do Conselho de Ministros» ... Afinal, nem percebemos quais as atribuições do Conselho Administrativo do FFC ... E, em particular, temos de assinalar isto:
 
 
Com toda a sinceridade, «estamos perdidos» nesta floresta ... 
 
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 Mais do que isto que vai acontecendo com espaço no Diário da República - certamente que a mensagem central  é de que está tudo certo - tudo legal -, o que é perturbador é não haver REAÇÃO que nos mostre as ALTERNATIVAS GESTIONÁRIAS na esfera da Cultura e das Artes. Ousamos, uma vez mais: tudo terá que passar pela criação de um  MINISTÉRIO DA CULTURA digno desse nome.
 
  
 

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

«RESISTIR»


 
 
 
 
De repente, por todo o lado  RESISTIR. Para começarmos em beleza o novo trabalho de Carminho «Eu vou morrer de amor ou resistir». Como sempre dá-nos aqueles momentos que nos reconciliam com a vida -  atmosfera que empurra para resistir, serenamente, involuntariamente, ... - e pelo que vale lutar.  Mas vamos lá, ilustrando, ao que demais acabou por nos chamar a atenção em torno de «resistir» - (0s destaques são nossos). 
 Logo na noite das eleições autárquicas, Paulo Raimundo do PCP:«Um resultado que sendo em geral negativo, revela no seu conjunto elementos de resistência – com a obtenção de maioria em 12 municípios dos quais quatro são novas maiorias (Mora, Sines, Montemor-o-Novo e Aljustrel), desmentindo assim os muitos vaticínios sobre a inevitável sentido de perda da CDU e confirmando as reais possibilidades de avançar e reconquistar as autarquias onde se conheceu agora um desfecho negativo». Curiosamente, houve comentador que da sua cátedra até criticou logo a postura adiantando qualquer coisa do género de que resistir não seria programa ...
José Pacheco Pereira na mais recente crónica no jornal Público com o titulo «A identidade perdida do PS»  termina assim: «Resistir é o único verbo com dignidade, vai ser duro, leva tempo e faz estragos, mas é a única maneira de travar a ascensão da brutalidade, da ignorância e de uma sociedade de pobres e excluídos, perdidos na sua invisibilidade».
Daniel Oliveira, a nosso ver, ao jeito do  «Reader´s Digest» no Expresso desta semana, em trabalho de que gostamos particularmente do titulo «Reorganizem-se!», reafirma o que já se lhe tinha ouvido noutros espaços onde opina: «Agora, resistiram na cidade, crescendo nas freguesias burguesas e caindo, em percentagem, nas mais populares. No meio da sangria nacional de votos para a extrema-direita, o PCP terá concluído, satisfeito com o seu feito, que é quem melhor resiste à direita, como se a resistência fosse uma prova de esforço, sem objetivos políticos. Não percebe que a luta pela sobrevivência não pode matar as condições para essa sobrevivência».
 No Fórum TSF logo a seguir às Eleições se bem registamos e recordamos o Professor José Adelino Maltez ao fazer o balanço dos resultados das Eleições ao referir-se ao PCP utilizou a palavra «resiste» e o tom se bem se captou era de «respeito»... 
Entretanto, já se viram outros escritos em que  a palavra aparece mas na generalidade são «sucedâneos», e também não se tem a pretensão de tudo cobrir ...

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Só porque nos levou a GRAMSCI 
a produção deste post já tinha valido
 a pena e será por isso a nossa adesão
 ao titulo acima 
referido - «Organizem-se !»
 
 
 
 
Ainda 
 
Veja aqui

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sexta-feira, 17 de outubro de 2025

MORREU ANTÓNIO BORGES COELHO | em jeito de homenagem de entre o muito que se podia escolher recordemos o seu livro «A Revolução de 1383»

 



Sinopse

Uma larga frente, estruturada na organização social e política dos concelhos, frente que envolvia os ventres ao sol (os que não tinham armadura para encorajarem a barriga), os burgueses (não já habitantes do burgo mas no sentido moderno de alugadores da força de trabalho nos campos, nos ofícios e detentores de capitais) e também elementos da pequena nobreza, empunhando a bandeira da independência nacional, ousou derrubar o governo legal quase sagrado, arrear o poder senhorial em numerosas cidades e vilas, quebrar cadeias servis que sufocavam a produção agrícola mercantil, abrir largamente o aparelho de Estado às novas forças sociais, transformando-o em aparelho nacional, largamente ao serviço da produção mercantil e do comércio marítimo (a própria guerra, o próprio ofício de defensor não consegue libertar-se mais da inserção numa estratégia comandada pelo mercado e a colonização capitalista). Tudo isto é uma outra maneira de dizer, explicando, que, em 1383, se iniciou a primeira revolução burguesa nacional triunfante. Saiba mais.

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Morreu António Borges Coelho, o historiador militante - leia no AbrilAbril.

 

António Borges Coelho, historiador que inovou e viveu "no fio da navalha"- na Sapo.


AINDA


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Atualizado

ERRADICAÇÃO DA POBREZA |«requer políticas que não deixem ninguém para trás»

 

 
«O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza deste ano convoca a todos a acabar com os maus-tratos sociais e institucionais às pessoas que vivem na pobreza – e a honrar a promessa dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de erradicar a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. Isso requer políticas que não deixem ninguém para trás: 
  • cuidados de saúde e habitação acessíveis;
  • trabalho decente e salários justos;
  • proteção social universal;
  • segurança alimentar;
  • educação de qualidade; e
  • financiamento que funcione para os países  e as comunidades». Saiba mais .

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

JOSÉ AFONSO FURTADO | deixou-nos

 

 
 
Morreu JOSÉ AFONSO FURTADO. Amigo de gente cá da casa. Porque não mencionado no que se tem lido, lembramos o  trabalho na Direção Geral de Ação Cultural onde começou o seu percurso na Administração Pública com Eduardo Prado Coelho. Os antigos colegas certamente que ao saberem da notícia estão tristes. Foram tempos inesquecíveis. Irrepetíveis? - e até se poderá dizer que aquela equipa era feliz e sabia-o. Aprendeu-se tanto!, uns com os outros. E ficaram admirações e amizades para sempre. E seria útil registar memória dessa época na organização estatal da Cultura, e saber do papel dos protagonistas e lá encontraremos o que calhou a JOSÉ AFONSO FURTADO. Agora, uma tristeza sem fim ...