sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

«UM ALERTA EM NOME DO FUTURO»

 
Para falar do livro da imagem - ALTERAÇÕES GLOBAIS Os desafios e os riscos presentes e futuros de Filipe Duarte Santos - o melhor é remeter para a crítica de Viriato Soromenho-Marques publicada no JN - tão clara e estimulante quanto a obra que analisa. Sou fã. Aqui está:
 «Um alerta em nome do futuro
A crise de múltiplas cores em que o mundo está mergulhado, e que atinge na Europa tons de agonia, é também uma crise de invisibilidade dos grandes problemas que se colocam à possibilidade existencial de prosseguir com a marcha história de uma civilização tecnológica complexa como a atual. A obra mais recente de Filipe Duarte Santos (FDS), o conhecido professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, sem dúvida a maior autoridade académica portuguesa em alterações climáticas, vai no sentido oposto. Constitui um sereno esforço de identificar uma agenda das tarefas que temos de enfrentar se não quisermos que, em vez de futuro, o devir nos faça mergulhar numa colossal regressão. 
Numa espécie de síntese de uma carreira devotada ao estudo de temas emergentes na relação entre as ciências físicas e sociais na sociedade contemporânea, FDS produziu uma obra que constitui uma verdadeira proposta de agenda para as políticas públicas da comunidade internacional. Para uma comunidade capaz de diagnosticar os problemas, de construir instituições para os enfrentar, desenhando e implementando estratégias firmes, consistentes e solidárias. 
Num extraordinário compromisso entre o texto científico (servido por um útil glossário) e o ensaio mobilizador, a obra destina-se a um público muito vasto, fornecendo-lhe uma informação atualizada, crítica e calibrada. 
Uma obra indispensável para compreender a íntima conexão entre ciências e políticas na era do Antropoceno, isto é, no tempo em que a humanidade, senhora de um poder e de uma responsabilidade incomparáveis, terá de lutar para merecer, pelo seu engenho o esforço, um futuro digno, ou, sucumbir numa abjeção e indigência sem paralelo histórico».  
Tirada daqui. Eu que acabo de ler o livro (melhor, estudar o livro) e que faço parte do «público muito vasto»,  apenas posso dizer que começado apetecia não parar até chegar ao fim. E já conhecia outras obras do autor. Deparamo-nos com uma escrita que não é frequente nestes universos. Por exemplo: «Há ainda, por fim, os valores da biodiversidade que se situam nos domínios educativo, cultural, estético e ético, porventura mais importantes em termos de futuro, pelo seu carácter fundamental estruturante e formativo. A beleza dos organismos vivos, a variedade das suas formas, cores e funções, o encanto das regiões selvagens e das paisagens naturais são valores inestimáveis, presentes nas mais diversas civilizações e profundamente ligados à nossa natureza humana. Negá-los ou subestimá-los é repudiar as nossas culturas, as nossas origens e quebrar a nossa ligação insubstituível ao ambiente. É aceitar viver num mundo cada vez mais artificial, contingente, incerto, conflituoso e inseguro».  Não perca, e não é muito caro, é da coleção da Fundação Francisco Manuel dos Santos, como pode verificar. Para terminar,  atrevemo-nos a dizer, ALTERAÇÕES GLOBAIS Os desafios e os riscos presentes e futuros é ELITÁRIO PARA TODOS.

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