terça-feira, 25 de março de 2014

MAIS UM ESTUDO (o segundo dos encomendados pelo Secretário de Estado da Cultura) | «Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores»


http://www.gepac.gov.pt/cultura-2020.aspx?v=ef8cdefd-1b59-48cb-bbac-dc7b0fd22823 


Pois é, parece que teve apresentação pública, o estudo da imagem,  mas não demos por isso. Mas já lemos o relatório, certamente que não com a profundidade que requer.  A quente: objetivamente, um trabalho académico, que deve ser muito útil aos seus autores, e demais investigadores, esperemos que a estudantes em geral, e ao Gabinete de Análise Económica da Universidade Nova - contém pistas e material abundante   para novos estudos; para «Guia» dos decisores (quais decisores ? e exatamente para que problemas ?) nitidamente hermético, e um guia por natureza, e pressupondo que seja  para quem está no terreno, é  instrumental.
Fomos percebendo metodologias e objetivos, aliás, amiude lembrados e explicitados  ao longo do texto, o que por si é  revelador, mas ainda assim continuamos a ter dúvidas. O que se pretendia afinal com o estudo por parte de quem o encomendou? (Prometemos, vamos ler mais vezes, se calhar o problema é nosso). Do início, um excerto:


Lá para o fim, quanto a finalidades: «O principal propósito que tem guiado o nosso trabalho consiste na compreensão das ligações entre cultura e desenvolvimento económico. Tal se torna mais claro quando adotamos uma visão endógena do conceito de cultura, ou seja, se a entendermos como uma forma de investimento associada a benefícios que poderão ser colhidos no futuro». Em determinado momento, não deixámos de nos surpreender com esta passagem (destaques nossos):

«Os decisores políticos devem, em primeiro lugar, perceber porque é importante realizar um estudo particular. Para tal é necessário definir claramente quais são os objetivos que se pretendem atingir da política, como estes se complementam ou substituem um ao outro, quais são os instrumentos da política, os grupos afetados, as suas características, etc. Se os investigadores receberem um conjunto sólido de informação no contexto político e social da questão, uma seleção correta da metodologia pode ajudar a encontrar questões que guiem – embora não necessariamente completam a condução – a futuras ações políticas».

Do concreto, a propósito da cidade de Detroit, gostámos de ver ali «arrumadinho» em jeito de manual académico, para iniciados, com pontos de interrogação:

«Neste debate, argumentos demagógicos têm sido utilizados para por em confronto aqueles que defendem a manutenção da arte na cidade contra os que pretendem preservar as pensões dos reformados e o bom funcionamento dos bens públicos. Uma sondagem realizada pela Detroit Free Press e pelo canal de televisão WXYZ descobriu que mais do que três quartos dos entrevistados estavam contra os cortes nas pensões e contra a venda de arte para pagar os credores. É claro que estas visões simplistas do conflito entre interesses culturais e económicos necessitam de abordagens mais sofisticadas. Não se devem esquecer as seguintes questões: 
1. Serão os benefícios de vender a arte, no curto prazo, maiores que os efeitos positivos, no longo prazo, de ter um museu de classe mundial que atrai milhares de turistas por ano e que recebe fundos maioritariamente de fontes externas?
2. Será razoável discutir quadros e esculturas como se fossem apenas ativos, ou oferecerão vantagens, materiais e imateriais, maiores para uma comunidade, em particular numa tão necessitada?
3. Pode o valor da arte e da cultura ser medido de uma maneira correta? Ou, não conseguindo a cidade responder a emergências rapidamente ou manter mais do que metade da iluminação pública acesa, tudo deverá ser colocado em cima da mesa?
Vários estudos académicos provam que há uma relação substancial entre cultura e a educação, a participação cívica e o bem-estar, tal como foi relatado em capítulos anteriores.
 O caso de Detroit levantou novas questões sobre como reconciliar cultura, economia, identidade, e bem-estar. Independentemente da resolução, este caso irá certamente desvendar algumas das questões-chave com o impacto da cultura na economia e viceversa».
E igualmente retivemos, dá sempre jeito:



E terminamos com a «entrada» do trabalho do jornalista Pedro Santos Guerreiro sobre o estudo, publicado a 1 de março na Atual. Pensando bem, não deveria ter sido no Caderno  de Economia? Ora aqui está uma pista para um novo estudo - a encomendar: Tratamento da Economia da Cultura na Comunicação Social.




 E «a fechar», mesmo, este post,  no estudo recorre-se a citação de Camus: 

Sem cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, mesmo 
que perfeita, não é mais que uma selva. É por isso que a verdadeira criação é um presente para o futuro.”  Divina! Mas preferimos a nossa que está na coluna à direita neste blogue, no início:

  "Tudo o que degrada a cultura encurta o caminho para a servidão». Fica como sugestão para mote de um próximo estudo. Curta, direta e plena ! Numa campanha publicitária quanto valeria? Como organizadora de uma política pública qual a eficácia? Como elemento de resistência, aí não terá preço!  Remete-nos para a Carta dos  Direitos Humanos e para a Constituição.    OS GUIAS DOS GUIAS PARA DECISORES DO SÉCULO XXI, em regimes democráticos. Sem isso não há Desenvolvimento Sustentável, conceito pouco aprofundado no Estudo da Nova. Embora ande por lá ... .
   
 E pronto, venha o terceiro estudo. No  Elitário Para Todos gostamos de estudos, mesmo que não sejam os prioritários do momento.

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