segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A «CELEBRATION OF HAROLD PINTER»


Foi ao ler isto na «The Economist» que tive a ideia de trazer para aqui a «Celebration of Harold Pinter»  que aconteceu no Edinburgh Festival. E é, pelo menos para mim,  um Harold Pinter mais desconhecido  - o de poeta:
«(...)
Pinter wrote poems about his cancer (“I and my tumour dearly fight./Let’s hope a double death is out.”) and to vent his political anger, particularly about the invasion of Iraq: “There’s no escape/the big pricks are out./They’ll fuck everything in sight/Watch your back.” (With keen comic timing, Mr Sands adds: “That poem is called ‘Democracy’”).
(...)
Mas também: “Remember that when I am dead/You are forever alive in my heart and my head”.
E para se saber mais sobre Harold Pinter em Portugal, é visitar o site dos Artistas Unidos. Mas a minha iniciação a Harold Pinter devo-a ao João Vieira, não porque tenha visto o seu trabalho inicial sobre o autor mas pelo tanto que o ouvi falar sobre ele.

sábado, 27 de agosto de 2011

A VIDA DOS OUTROS - LIR


sábado, 20 de agosto de 2011

TEIAS - Rede Cultural do Alentejo

Chamaram-nos a atenção para esta notícia a partir da qual se tentou saber mais sobre a TEIAS e fomos ao INAALENTEJO, mas ainda sem grandes resultados. Entretanto, nos sites de envolvidos tem-se mais informação, por exemplo, no da Câmara de Borba.

A VIDA DOS OUTROS - AMERICAN FOLK ART MUSEUM


A arte e os seus problemas, e no centro, qualquer que seja  o lugar, é o SERVIÇO PÚBLICO que se quer garantir que estará em causa. Veja Folk Art Museum Considers Closing /By KATE TAYLOR/Published: August 19, 2011. E o site do museu.

domingo, 14 de agosto de 2011

«NÃO VEJO A QUEM POSSA DIZER: "VAMOS LUTAR CONTRA ISTO"»


No jornal Público de hoje há uma entrevista a Jorge Silva Melo (disponível online apenas para assinantes). Da edição impressa alguns excertos: 
«(...)
 Para si, é tempo de recomeço. Acontece, porém, num momento bizarro, em Portugal e no mundo.
- É um momento de grande desistência formal. Nos últimos dez, 15 anos foi estabelecido um cânone para as artes de que quase ninguém consegue escapar. No fundo, é o sarcasmo, ou a ironia, ou o cepticismo do [artista plástico] Marcel Duchamp, que alastrou por quase todas as áreas do pensamento artístico. Eu não pertenço a essa família, pertenço à família que nos anos 1970 o criticou. Portanto, neste momento, sinto-me desorientado.
- Desorientado como?   - Creio que os centros culturais em velocidade de cruzeiro - Culturgest, Maria Matos, Centro Cultural de Belém... - andam a produzir todos o mesmo espectáculo teatral, que acredita numa coisa em que não acredito de todo: a especificidade teatral, a autoria da cena sobre a autoria literária. Goldoni opôs-se, e bem, no século XVIII, à cena como autoridade última do espectáculo. Achando que a commedia dell''arte estava transformada em dogma, decidiu começar a escrever. Pertenço a essa família - os que não gostam de estereótipos. Portanto, abrir um espaço, neste momento quandohá uma espécie de família compacta de que estou afastado -, é também abrir um espaço polémico. Interessa-me. Contra aquilo que está a ser mostrado em Portugal.
-
A que se deve essa homogeneização?   - Razões estéticas e ideológicas, mas também económicas: são os espectáculos mais baratinhos do circuito dos festivais. Esse teatro parece-me apenas a degradação do que a dança apresentou nos anos 1980 e 1990, que chegou a Portugal com grandes artistas - a Vera Mantero ou o João Fiadeiro - e que está exangue. Esse movimento reproduz-se agora com um certo amadorismo, em copy paste, em espectáculos com pouco mais interesse do que o bolo de aniversário e o cantar dos parabéns. São espectáculos que atingem, acima de tudo, 50 amigos dos aniversariantes. À volta disso, tudo o resto me parece franchising. Neste momento, fazer teatro em Portugal é ir a Paris ou Londres comprar seis títulos e não haver um trabalho de criação de estilo ou do que seja. Compra-se nos festivais para a temporada seguinte e a vida continua com grande facilidade. Esse jogo não me interessa.
Portanto, abrir um espaço novo é ir contra a corrente. Económica: em princípio, não se devia estar agora a gastar dinheiro, eu vou gastar. Filosófica: não vou repetir os lugares-comuns que agora entretém as artes. E crítica: quero um espaço em que o trabalho crítico seja permanente. Isto tem público? Não sei.
- À medida que vai descascando a realidade chega sempre a uma camada que é económica e, portanto, política...
- Claro! Tem-se aceite demasiado facilmente as condicionantes económicas - políticas - que os Estados têm dito. A "festivalização" da Cultura é uma coisa evidente, depois da Cultura nacional. O pós-guerra: com a Europa desfeita, o que importava aos países que não estavam debaixo de ditaduras, como Espanha e França? Criar artes que apelassem à população inteira, uma arte nacional, que atingisse toda a comunidade letrada, muito assente na boa vontade da escola laica do Partido Comunista francês.... Essas ambições desapareceram depois da grande facada na vida cultural feita pelo [ministro da Cultura] Michel Guy: o Festival de Outono, [criado em 1972]. O que o Michel Guy, de direita, descobre é que pode, durante a temporada normal - não no Verão, como era o Festival de Avignon, mas durante a temporada normal -, ter espectáculos finíssimos, de duas, três apresentações, que toda a elite poderá ver. O Festival de Outono passa a ser a marca, a obrigação de comprar. Hoje assiste-se em Portugal à mesma coisa: quem não vai ao cinema o ano inteiro pode ir ao Indie, ao Doc. "Foste ao Doc? Sim, vi seis filmes!" Ou seja, armazenou para o seu bem-estar económico seis filmes sem ir ao cinema nas outras alturas do ano. São ritos de iniciação à sociedade promovidos por estas entidades. E isto cria um público. Tem a ver com aquela figura a meu ver tremenda que é o programador, intermediários vindos não sei de que cama que aparecem para dizer às pessoas [o que ver]. Até aqui, eram os artistas que faziam isso. Os directores de teatros sempre foram os directores da companhia que lá estava - só assim são directores, e não gestores. Por exemplo, o concurso para o S. Luiz: era para director artístico. Não sei o que quer dizer. Querem um director simples ou artístico? Se é artístico, qual o percurso artístico exigido? Não sei. Eu tenho - fiquei bastante mal classificado. Quando o [Jean-Louis] Barrault foi convidado para o Odéon [em 1959], era a sua companhia, o seu trabalho artístico que definia a programação. Era ele que convidava aqueles que respeitava. Quando o Strehler é convidado, é o Strehler que vai fazer três, quatro espectáculos [por ano] e convidar os que lhe são próximos...
- É o modelo vigente ainda na Alemanha, em França...
- Em Inglaterra também. Cá chamase director artístico a pessoas que não têm nenhum currículo artístico. Tem a ver com o poder que os artistas aceitaram que lhes fosse retirado.
- Como assim?   - Começou com a dança, em Portugal. Foi a grande modificação. Inventou formas de produção e subsistência, de invenção formal e produção sistemática que eram novas. Mas nunca conseguiu ultrapassar a dependência das instituições estatais, que acolhem as suas produções. [Essas formas] nasceram à sombra da Europália [1991] e morreram à sombra da Expo 98. Alguns, pelo seu génio individual, continuam a sobreviver, mas é um estatuto de sobrevivência, não de criação, como foi. Colocando-se na sombra das instituições, colocaram-se no pólo oposto ao do chamado "teatro independente" dos anos 1970. Nos anos 1970, o movimento foi contrário: centrífugo - uma série de pessoas que queriam trabalhar juntas, mesmo com poucos meios, começaram a criar formas para sair da rotina. A dança fez o contrário: um movimento centrípeto - voltou para a casa-mãe, para o Estado. E morreu. As pequenas companhias de teatro existem agora nos mesmos moldes. Vão passar a trabalhar regularmente com o Maria Matos, a Culturgest, substituindo a dança - que vai dançando cada vez menos. Aí desaparece o teatro que me interessa - que é a literatura. Tal como a literatura tem vindo a desaparecer. Numa sociedade dominada pela superficialidade da imagem, nas artes performativas, o que está a ser feito é a criação de imagens, acompanhadas de vagos lugares-comuns da filosofia contemporânea. Três frases de Agamben, meia de Zizek, duas de Didi-Huberman, mais três notícias de jornal e uma imagem forte e fica o espectáculo feito. Sou bastante contra.
(...)
Já agora: aqui no Elitário Para Todos quer lutar-se «Contra Isto» de que fala Jorge Silva Melo.

CAPITAL EUROPEIA DA CULTURA


Capital europeia da cultura
Com a Europa a desandar o que será realizar uma Capital Europeia? Fica a estranha sensação de que se de um lado a crise estala e tudo pára aterrado, e reflui conscientemente por tomadas de posição ou falta delas, do outro as rotinas são imparáveis alimentando a Europa de ficção que não virá. No caso e depois de notícias sucessivas – as únicas – sobre as bagunças da iniciativa, centrada em secundaríssimas questões, salários luxuosos e acusações de desligamento da cidade que é seu objecto e supomos nós, também sujeito de projecto, as coisas marcham de novo para um resultado que, com nada esclarecido mais do que um fait divers de uma senhora e do seu alegado mau feitio, não se desenha significativamente nem Europeu nem cultural. O nível de entendimentos corporativos e de protagonismos salariais e outros, mesmo eventualmente artísticos – e que será isso no meio de tanta “indústria criativa”, chavão de êxito mediático pré garantido -, geridos à boa maneira confusa nacional e local, com o ex Presidente Sampaio a ir a reuniões assim a modos de Pedagogo e Padrinho, só mostram que o que está por vir é, culturalmente, irrelevante e que o que não se vê, e se mexe, é certamente negocial, assuntos de verba à vista e de verba menos visível – o nível de detalhe com que se falou do que a senhora iria receber de indemnização brada aos céus e cheirou de tal maneira a coisa montada que mostra como quem manobra julga os outros estúpidos. E a senhora foi bode expiatório, número de futebol conhecido como chicotada psicológica e que consiste em pôr o treinador na rua.
Nestas coisas mandam empresas, grupos económicos – foi assim na Porto 2001 – e poderes locais num grau de equilíbrio que faz tender as coisas para um quadro de decisão que, consensual, não leva a nenhuma mudança, antes sim a contentar facções e interesses instalados – em O Futuro e os seus inimigos, Daniel Innerarity fala-nos bem da irrelevância do tipo de decisão apelidada de incrementalista - mudar para um acentuar do mesmo que estava antes da anunciada mudança -, e também de um outro tipo de decisão assente numa “certa racionalidade da improvisação ou de atitudes como as da espera por melhor oportunidade.” E acrescenta: “ A improvisação é um tipo de comportamento que avança sem planos, sem cálculos, sem determinação de objectivos e selecção de meios, sem a ponderação das eventuais consequências secundárias. O que caracteriza esta forma de decisão é que para os actores do que se trata é apenas de manter-se no jogo, coisa em que muitas vezes consiste o combate político – embora os seus representantes declarem e encenem decisões soberanas.”
Há muito que o projecto devia ter anunciado publicamente os seus grandes objectivos estruturantes – que Capital será o futuro e de que Europa se trata? – e ter posto do seu lado não a cidade, mas o país e certamente a tal Europa de que será uma capital mesmo que efémera. Do efémero nasce o mais permanente - assim é o teatro grego até hoje - o mais sustentável e aqui, entre nós, certamente que uma capital terá como objectivo central a criação de condições de sustentabilidade de uma vida nova, europeia, face à vida velha, não europeia e essa vida será cultural não como oferta, isso é apenas uma questão de compra, mas como criação capaz de se expandir em estruturações novas, o que é da ordem da mudança do mundo, da invenção. Todos os seres pensantes, incluindo os chamados opinian makers – pagos para para formar opinião ao serviço de objectivos ideológicos mais do que fazer pensar – afirmam que a Europa é uma mistificação, não basta a união monetária e a burocracia de Bruxelas mais o Parlamento, centros de interesses hegemonizados pela Alemanha e por uns arremedos de importância franceses. Isso não faz a Europa, essas organizações representam um nível de compromisso histórico hegemonizado pelo poder real da Alemanha que, no momento, age segundo interesses nacionais, a começar pelos interesses dos seus bancos. A Europa patina, bloqueou. O que a crise pôs à vista é: não há Europa sem um nível político de integração aprofundado, orgânica europeia de governo aprofundada, para não falar de um nível cultural de integração que suponha fenómenos institucionais e mesmo orgânicas de criação cultural europeias, um “multiculturalismo” também específico entre as identidades europeias envolvidas no projecto europeu, a começar pelas matrizes.
Enfim, umas animações haverá, uns repuxos encaracolados de luz a três D e outras manobras com muita tecnologia circense mais logótipos em barda, efervescências de espumas e anúncios em catadupa em jornais lisboetas e nos suplementos do costume. Não duvidem. Como diz David Lescot – dramaturgo francês de origem polaca, vivíssimo – sobre estas coisas de capitais em A Europeia (publicada na colecção dos Artistas Unidos/Cotovia, tradução de Isabel Lopes) pela boca do performer português Quim Calisto, participante de uma capital europeia: “Primeiro tocam a reunir: Capital europeia da cultura, capital europeia da cultura, isso chama os esfomeados locais […] Mas quando se trata de chegar a uma conclusão, quando começam as festividades […] ficam só com um…”
O problema aqui é tão absurdo que é como manter um oásis de espelhos virados uns para os outros no meio de um sismo que se generaliza. O que deverá ser uma capital europeia sem Europa e pensada do lugar da crise? Vamos continuar a fingir que não se passa nada, como na anedota do período Brejnev em que, fechando as cortinas do comboio, todos se abanavam para fingir que estavam em movimento? Já chegámos a esse ponto becketteano?


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O novo PREC

Artigo publicado ontem no jornal Público e que queremos partilhar aqui.
O novo PREC

É ao que assistimos, uma catadupa de medidas empurrada por um falso horizonte. A fugir da dívida caminhamos para o abismo. E as medidas sucedem-se: aumentos impensados nos transportes a fazer o frete ao uso e abuso do carro privado, meio subsídio de natal calculado não a partir do subsídio de natal – há muita gente que não o tem, nem de natal, nem de férias –, mas a partir dos valores do IRS declarado dividido por catorze, duzentas e trinta nomeações com dupla transparência a multiplicar a transparência por dois (Internet e Diário da República) no espaço de um mês – excelente média e despesa, imagina-se -, liberalização do uso da gravata no MA, um Secretário de Estado sem assento no Conselho de Ministros, o da cultura, orçamentos rectificativos pré anunciados ao serviço das necessidades de crédito do sistema banqueiro, avaliação dos professores a manter-se para já, TGV para as urtigas, frente ribeirinha lisboeta logo se verá, e mais uma série de medidas na lógica do corte – nem todas péssimas claro, só está em causa é o seu recorte -, com o assunto das secretas a dar o toque República das Bananas, pois não nos podemos esquecer desse luxo de condição cómica que é ser periférico e há que praticá-lo lançando tragédias de irrelevância nas ondas de choque do real de modo a que este se note menos.
E convenhamos que há um real que está indexado, por assim dizer, ao balanço dos transportes públicos e um outro que se anuncia no ranking das 10 maiores fortunas portuguesas, com a cortiça a vir mais que ao de cima, a voar mesmo. É interessante conhecer este sistema de vasos comunicantes perfeito: o menos que tu tens é o mais que outro acumula e se apertas o cinto, tu e uns milhões, outros multiplicam os patrimónios e as rendas e o muito A mais que têm - não há aqui regulação alguma segundo lógicas de necessidade vindas de um centro de racionalidade humano e técnico chamado governo, nem princípios de solidariedade institucional, nem nada que o explique que não seja a força bruta do dinheiro a agir através dos seus mandantes e dos seus mandados. E nestas fortunas, lucros acumulados em espiral ilimitada, e não o tal dinheiro que regressaria à economia investido – o sentido de lucro não é esse – não se divisa a mínima crise, pelo contrário, a crise é o melhor que lhes pode suceder, comem do acrescento de miséria dos outros e comem dos lucros da especulação, comem por duas vias: pela austeridade que é mais capital para eles e dos capitais em bolsa, riscos geridos e protecção mais que acautelada contra estes, pois também mandam nos riscos.
É um novo PREC, o Processo de Regressão Em Curso, pois este grau de “austeritarismo” é de facto absolutamente radical na sua cegueira e não mede nem as necessidades de alargar as sopas dos pobres ao número do seu aumento exponencial. O que sentirá um democrata cristão? Não fundamentalista, claro. Sentirá pena, compaixão, rezará pelos desempregados que agora lança na miséria? Quantos Pais Nosso? O Senhor tem um plural minguado! Quantos céus necessitarão invocar perante tanta dor evitável?
Em boa verdade o capitalismo puro e duro que aí está não vai resolver nada, nem a crise, nem as mentiras da crise e são múltiplas e engordam os porcos – era assim que os desenhava Grosz.
Pois a crise não é a da dívida. Questões de dinheiro sabemos nós que se resolvem – há várias provas históricas de saídas de crises bem mais complicadas, esta tem interesses próprios, por assim dizer -, o que não se resolve é a sua distribuição errada, o enriquecimento ilícito de uma minoria que fabrica as suas próprias leis, sistemicamente instalada como proprietária do modelo de organização sócio económico, regime parlamentar representativo da liberdade específica de agir dos poderes financeiros dominantes, o reverso oculto da democracia, aquele que contra ela milita – entre o mercado e a democracia há interesses opostos: um visa a acumulação de lucros intransparente na mão de um menor número de competidores que vencem, a outra visa a igualdade de direitos, a transparência, a distribuição equilibrada dos meios de vida, a generalização da cultura artística e científica, finalidades humanas através da fruição quotidiana na cidade daquilo que são os ricos patrimónios vivenciáveis da cultura ocidental, desde a diversidade do legado grego aos avanços da tecnologia, isto sem endeusamentos burros (o que é tecnológico será sempre submetido a usos e não virtuoso em si como sonhará um tecnocrata cego pelos ecrãs).
O problema é a nova religião, o dogma, indiscutível, a dívida nova fé, um caminho a seguir cegamente na sua resolução: “eles é que sabem”, diz o analfabeto financeiro, nós, pensando nos tais economistas e gestores que finalmente a criaram, á dívida, com um carinho pseudo-científico – afinal são tudo narrativas e o futuro é uma incógnita. Sabem o quê? O dogma da economia do crédito mata a democracia. A “creditarização” da economia é em si uma velha fórmula e pela taxa alta matou a sua utilidade, transformando-a num garrote. Os usurários que habitavam no Século XVIII nas imediações da Ponte do Rialto já tiravam partido de uma aplicação extremista da usura para fazer crescer os patrimónios respectivos sem limite, principalmente o fundiário. Em Os Rústicos, do grande Goldoni, já um deles confessa: “quando me perguntavam se queria ver o mundo através da luneta ou amealhar as duas moedas eu preferia guardá-las”. Pois é, como dirá um imbecil, eram mais espertos e isso é o mérito. Falta saber onde é a vida. Há sempre, pelo menos, duas perspectivas antagónicas e depois há todas as outras.
Fernando Mora Ramos

terça-feira, 9 de agosto de 2011

E A WIKIPÉDIA, PORQUE NÃO?


A wikipédia é um produto óbvio dos nossos tempos, das possibilidades das novas tecnologias. Tenho presente as reservas que os criticos lhe fazem, ainda assim sou adepta. Chamo isto para aqui porque estive a ver o que se teria passado na Conferencia WIKIMANIA Conference 2011, acabada de realizar, e não posso deixar de sublinhar o lema do movimento:to create a world in which every single human being can freely share in the sum of all knowledge.
E também ao ler o NYT online de hoje parei aqui: 
«Mr. Lih said that he could see the Wikipedia project suddenly becoming energized by the process of documenting cultural practices around the world, or down the street».        

domingo, 7 de agosto de 2011

Rede Ibero-americana 'Comunidades, Territórios & Economia Cultural e Criativa'

A comunidade virtual a que me tenho vindo a referir neste blogue ICC - Indústrias Culturais e CRiativas -, de que faço parte, alargou o seu raio de acção, e directamente, e também através da Ciência PT, fiquei a saber da situação neste momento que divulgo com o seguinte excerto:
 « Caríssimos
Na sequência do interesse suscitado pela Rede Ibero-americana 'Comunidades, Territórios & Economia Cultural e Criativa', o seu grupo fundador e dinamizador entendeu que seria interessante acrescentar um novo espaço de interacção e de divulgação de eventos e actividades relacionadas com a temática, libertando assim a mailing-list de parte dessa função. Nesse sentido, foi criado recentemente um grupo no Facebook (https://www.facebook.com/groups/TerritorioCriativo) onde desejamos poder encontrá-los.
Agradecemos ainda a divulgação desta nova iniciativa junto de outros potenciais interessados». Desde logo, aqui fica a notícia. Depois,embora incentive o uso do Facebook não pratico, mas não abdico da minha participação fiel ao espirito da Rede e, assim, depois de me ter debruçado sobre a questão dos conceitos, direcciono-me para o lado das «Comunidades, Territórios» e começo por fazer um apanhado do que está mais «à mão» do que já escrevi sobre a coisa e disponível na web. Aqui vai:
E com isto me fico, por agora,  o que no meu querido mês de Agosto é muito.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

CIÊNCIA & ARTE

Esta notícia do jornal Público online que pode ser ampliada visitando o site do CERN vem mesmo a calhar pois estamos a querer olhar para a«Economia cultural e criativa» por tudo o que é lado. Em particular, a forma como o acontecimento é divulgado - CERN launches Cultural Policy - é por si um «tratado». Por outro lado, vou estar atenta às verbas que vão estar envolvidas e aos negócios que vão ser gerados. E quem sabe, em vez de Politica Cultural o CERN não virá a adoptar, mais tarde, «Politica Criativa». Não que eu o defenda. E já agora, a nível doméstico, lembrei-me disto.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

TNSJ Conquista Galardão "NORTE CRIATIVO"












Este Agosto outonal dá-nos tempo para pormos asuntos em dia. E foi assim que só agora interiorizei que o TNSJ «conquistou o galardão NORTE CRIATIVO». Ora, para quem neste momento está envolvida num grupo virtual que se debruça sobre as «Indústrias Culturais e Criativas» e detectando eu alguma necessidade quanto à clarificação de  conceitos e o repensar de designações que os favoreçam, não posso deixar de assinalar que quem ganhou o galardão não foi uma qualquer organização que germinou no mercado, do cruzamento da «tecnologia, arte, negócio». Não, foi uma organização pública que existe para garantir um serviço público. No seu site pode ler-se:   «O TNSJ é uma Entidade Pública Empresarial que, no âmbito da sua missão de serviço público, tem como principais objectivos a criação e apresentação de espectáculos de teatro, dos vários géneros, segundo padrões de excelência artística e técnica, e a promoção do contacto regular dos públicos com as obras referenciais, clássicas e contemporâneas, do repertório dramático nacional e universal
E se quiser regressar a 1997 quando foi instituida a orgânica do TNSJ (à data como instituto com particularidades), no 1.º Governo de António  Guterres, e que no fundo é a base onde todos regressam nas diferentes transformações institucionais que se lhe seguiram, pode saber mais sobre a razão de ser desta organização estatal, nomeadamente:
Missão
O TNSJ tem como missão a criação e produção teatral,
devendo funcionar como referência de excelência
de execução técnico-artística, como forma de garantir
a clara e inequívoca assunção pelo Estado das responsabilidades
de serviço público que lhe cabem neste
domínio.
Com naturalidade se concluirá que a criatividade e a inovação são parte de quem prossegue a EXCELÊNCIA na Cultura e nas Artes como em qualquer outro sector. Como costumo dizer, é dos livros e da prática, de há muito, e não apenas desde quando «virou moda».