Ípsilon - Público - 28 junho 2013 |
Granta 1
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Esta não é uma revista de actualidade,
nem jornalística. Pode haver contos, ensaios
ou reportagens, mas os textos têm valor por si, pelo
lado literário. Haverá textos inéditos de autores que
já morreram e ensaios fotográficos. E haverá
espaço para se publicarem pessoas com talento e
que ainda não tenham sido publicadas: a Granta
tem desde sempre esse papel de revelar novos
autores.
Sobre a Granta uma entrevista com o Director Carlos Vaz Marques na Agenda Cultural de Lisboa. Excertos:
«(...)
Como surgiu a ideia de trazer a Granta para Portugal?Terá começado quando descobri haver no Brasil uma edição da Granta, o que me levou a pensar ser possível editar a revista fora da língua inglesa. Simultaneamente, a Barbara Bulhosa, da editora Tinta-da-China, já me tinha desafiado no sentido de virmos a editar uma revista literária e, quando eu chego do Brasil entusiasmadíssimo com aquela descoberta, começámos a projetar a hipótese de fazer uma Granta portuguesa. Entretanto, o tempo passou e não falámos mais no assunto mas, em 2012, a Bárbara vai ao Rio de Janeiro e conhece, por um mero acaso, o editor internacional da revista, o norte-americano John Freeman. Pode-se dizer que, a partir dai, começou a ser viável concretizar a ideia…
Beneficiando do processo de internacionalização da revista… Que terá começado há uns anos, presumo que, com a Granta em língua espanhola. Agora, há mais uma série delas, nomeadamente a chinesa, lançada em abril deste ano, e a turca, que irá sair também este mês. Se juntarmos às edições já referidas, a italiana ou as nórdicas, vemos estar a formar-se uma família global Granta. (...)
A Granta portuguesa vai seguir a fórmula das edições internacionais?No formato é idêntica à Granta de língua inglesa, incluindo textos inéditos em prosa e verso e portfólio fotográfico, sem recensões literárias nem entrevistas, pelo menos no formato mais tradicional. Como acontece com as edições em outras linguas, o contrato estipula que cerca de metade da revista inclua conteúdos provenientes da “casa mãe”. Ao contrário do que possa parecer, isto não é uma desvantagem, até porque não têm de ser textos da última edição. Deste modo, poderemos publicar, pela primeira vez em português, textos extraordinários do baú da Granta assinados por escritores como Salman Rushdie, Saul Bellow, Martin Amis...
E por falar em notáveis, este número inaugural inclui inéditos de Fernando Pessoa… Foi uma circunstância feliz. Há uns tempos, quando entrevistei o Jerónimo Pizarro [investigador colombiano, especialista em Pessoa] perguntei-lhe quantos inéditos ainda existiriam no espólio pessoano, tendo respondido que uma grande parte da poesia inglesa nunca foi tocada e nos mais de 30 mil papéis encontrados talvez só metade tenha ainda sido tratada. Mais tarde, voltámos a falar e desafiei-o a indicar-me se existiria matéria entre os inéditos que se poderia enquadrar no espírito da Granta. Apareceu-me então com cinco sonetos inéditos e mais três que têm uma leitura diferente da que até agora conhecíamos. (...)»
Tudo isto porque já tenho a GRANTA Portugal n.º1, e penso que é a não perder. Dito por quem não é das «literaturas» ...
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