terça-feira, 29 de setembro de 2015

HOMENAGEM A JOSÉ MARIANO GAGO | «Ciência, Política e Cultura Científica» | 30 SET 2015 | 18:00H | CNC | LISBOA




Começa já amanhã,  no âmbito dos 70 anos do Centro Nacional de Cultura, um ciclo  de encontros para homenagear José Mariano Gago, e com isso estimular o debate sobre «Ciência, Política e Cultura Científica».


ENCONTRO 1
  30 Setembro 2015 |  18-19:30h 
Centro Nacional de Cultura, Lisboa

P R O G R A M A 

 Lançamento Póstumo 
   «CIÊNCIA, Judite e Almada: Nomes de guerra, HOJE»
último texto de José Mariano Gago
     Apresentação |  Luís Gomes, Livraria Artes e Letras

   Leitura do Texto 
Jorge Silva Melo, Artistas Unidos
João Sentieiro, ISR-LARSyS, Instituto Superior Técnico, Lisboa

Discussão 
     Alexandre Alves Costa, FAUP, Universidade do Porto
     Alexandre Quintanilha, IBMC, Universidade do Porto
     Maria Fernanda Rollo, Instituto de História Contemporânea, FCSH-UNL



Um pequeno apontamento pessoal, das últimas vezes que ouvimos José Mariano Gago foi num debate à volta da Ciência e da Cultura aqui entendida como artística, em torno das suas funções na sociedade, com esta ou formulação parecida,  e lembramos a maneira como Mariano Gago acolheu, concordando, a importância da cultura no desenvolvimento sustentável, trazida a debate por outro participante - Rui Vieira Nery -  com aquela postura, que lhe era tão natural, de quem conhecia as agendas  internacionais, porque não podia ser doutro modo. E pensámos, com entusiasmo,  que «a causa» teria nele uma figura de peso. Infelizmente, não vai ser assim ...


A CULTURA NOS OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL




 A «culture ACTION europe», tem posição sobre a cultura no Documento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.   Um excerto da comunicação sobre isso mesmo:
«(...)
2. Shortcomings The - “The Future We Want Includes Culture” campaign leaders remain concerned, however, that the Outcome Document falls short of a full understanding and affirmation of the importance of culture to sustainable development. As the campaign has consistently underlined in several documents, culture is a driver and an enabler of sustainable development. Culture is one of the four dimensions of sustainable development, and is as essential as its economic, social and environmental dimensions. Holistic and integrated development will only be achieved when the values of creativity, heritage, knowledge and diversity are factored into all approaches to sustainable development. This means guaranteeing the availability and accessibility of cultural infrastructure (such as, but not limited to, libraries, museums, theatres, community centres, arts education centres) and the implementation of long-term cultural programmes and projects. Whilst Transforming Our World integrates some references to cultural aspects, it fails to fully take into account the evidence gathered by the international community over the past two decades, of the positive role of culture in development. In this respect, culture is referenced explicitly in only four of the 169 targets which will make up the SDGs. Finally, there are no assurances that the Post-2015 Development Agenda will be fully funded. According to UN estimates, for the new goals to be met will require as much as $11.5 trillion per year. UNCTAD has also estimated that the total investment needs in developing countries amounts to $3.3-4.5 trillion annually, which when compared to current investment shows a gap of $1.9-3.1 trillion per year. (...)». Leia na integra.


sábado, 26 de setembro de 2015

«CULTURE FOR DEVELOPMENT»



Ambiente perfeito para se discutir a Cultura no Desenvolvimento: em Portugal estamos em campanha eleitoral, em Nova Iorque decorre a Cimeira da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável - ver também aqui.  Como nosso contributo a brochura da imagem. A nosso ver, um bom ponto de partida para a conversa. E veja-se a Agenda 2030 Para o Desenvolvimento Sustentável: aqui 





A VIDA NÃO PARA NA DGARTES | A sucessão de dirigentes continua ... | E OS APOIOS «PONTUAIS» E DA «INTERNACIONALIZAÇÃO» DE 2015 AINDA ESTÃO A DECORRER


Mais um episódio relativo aos Dirigentes da DGARTES que não podíamos perder aqui no Elitário para Todos, quanto mais não seja para memória futura. Para acrescentar a posts anteriores sobre a saga dos Dirigentes da DGARTES: o Aviso inicial é para um lugar que ainda está ocupado mas,  segundo  o que leitor atento nos informou,  vai vagar  a partir do dia 1 de outubro porque a atual Diretora de Serviços,  que já o era antes de ser Subdiretora-Geral de que entretanto foi afastada, pediu demissão do lugar a que tinha voltado - não tinha sido ocupado enquanto foi Subdiretora -,  e foi aceite.  Este ato, entretanto, segundo nos dizem, já foi publicado em DR. E a propósito,  se calhar é de se estar atento ao próximo passo de carreira tão fulgurante na Administração Pública.  Por outro lado, o Aviso que se segue é sobre lugar que está vago em função deste «caso»: A DGARTES NO SEU LABIRINTO | Mais outra mexida nas chefias. Difícil de seguir? É, mas é o que  temos. Em vésperas de eleições. E se bem se leram os programas eleitorais, e se o que se promete for cumprido, independentemente de quem ganhar, tudo aponta para que se verifiquem mudanças na orgânica da DGARTES. Bom, mas enquanto o pau vai-e-vem ...
Quanto a concursos de apoio 2015 -  «Pontuais» e «Internacionalização» -, e respondendo a pergunta que nos chegou, soubemos que  estão a decorrer. Numa altura em que já se devia estar a tratar de 2016. Mas  pressa para quê?, todos sabemos que é má conselheira  ... 
Por fim, se quer concorrer a lugares de Dirigente a concurso, tem aqui mais informação. BOA SORTE ! 



domingo, 20 de setembro de 2015

JORGE SILV MELO | «Vejo com muita apreensão tudo o que se está a passar na política teatral»

Disponível online aqui.
Leia também  o trabalho do Jornal i «Artistas Unidos |
A casa onde ninguém quer ouvir falar de reforma» - neste endereço.



Do que se pode ler no trabalho do i - de Miguel Branco (texto) e José Fernandes (fotografia): «É que nestes corredores que agora percorremos já se escutaram recitais de Maria Barroso e Lopes-Graça, discutiu-se arte, viu-se a primeira exposição póstuma de Amadeo de Sousa-Cardozo, a primeira exposição de Nikias Skapinakis. Esta foi, durante muitos anos, uma peça essencial da cultural nacional em tempos de ditadura, onde gente como Rui Mário Gonçalves ou José Gil fazia das suas na então Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa. Algo que viria a perder importância após o 25 de Abril para se tornar uma associação de estudantes a que já todos fomos pelo menos uma vez, nem que tenha sido para comprar os bilhetes para o arraial. Ou talvez não».
E do muito que se poderia destacar, nomeadamente do recorte da imagem acima: «Vejo com muita apreensão tudo o que se está a passar na política teatral, estou apreensivo como nunca estive. Já estive desesperado, agora estou apreensivo».


sábado, 19 de setembro de 2015

A FORÇA DO HUMOR


A imagem é um recorte montado a partir daqui, onde pode ler
 na integra o artigo de Ricardo Araújo Pereira 
  «Programa ler + caro» com ilustração de 
João Fazenda (a da imagem acima)


BIENAL DE VENEZA | «All The World’s Futures» | TODOS OS FUTUROS DO MUNDO

                                       Recorte do trabalho de Luísa Soares de Oliveira 
do Jornal Público - disponível online































 Quem não gostará  do tema da Bienal de Veneza  2015? - All The World’s Futures. Ver no site da Bienal aqui. Mas no artigo acima referenciado, como se pode ler na entrada, «não foi propriamente levado à letra: para não caírem na ficção do futuro, as exposições falam sobretudo do presente». Ora,  parece que esta orientação, na generalidade,  foi adoptada na nossa campanha eleitoral, e levada ao extremo, nem do presente se fala, quanto à cultura e às artes. Nos debates que seguimos, não apareceu uma «perguntinha» sobre cultura. E a cultura tem de estar no «Futuro que Queremos»,  tema que absorve a atividade da ONU, e quem sabe foi aí que a Bienal até se inspirou. Na agenda,  Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, para uma vida com dignidade para todos: 

«Ensuring a Life with Dignity»


Mas é claro que o presente, o nosso presente, é prioritário, e o artigo do Público fornece elementos de partida para perguntas sobre o passado, o presente e o futuro. Para  debates, onde quer que seja (os destaque são nossos):
«(...)

Portugal no Loredan

E depois há os muitos pavilhões nacionais que, não tendo lugar fixo nos Giardini, como é o caso de Portugal, se distribuem por espaços alugados por toda a cidade. Livres de constrangimentos curatoriais, boa parte deles espelha as idiossincrasias inerentes a diferentes conceitos de contemporaneidade, de arte, de qualidade artística. Do Tuvalu aos Emirados Árabes Unidos ou à Santa Sé, cada pavilhão reflecte os meios económicos disponíveis para a representação, para além dos esforços nacionais para mostrar o melhor que há em casa.

Este ano, numa selecção que continua a manter uma aura de mistério e a suscitar os mais diversos boatos, a obra de João Louro, comissariada por María de Corral, está no Palazzo Loredan, um edifício que acolhe o Instituto Veneziano de Ciências, Letras e Artes. Dotado de uma biblioteca antiga, extensa e bonita, distribuída por diversas salas, é aqui que se encontra a exposição I will be your mirror – poems and problems, onde o artista sintetiza as grandes linhas de força subjacentes ao seu trabalho dos últimos anos. Frases, apagamentos, reproduções de capas de livros, signos luminosos e outras obras conjugam habilmente os códigos linguístico e plástico, introduzindo-nos num universo muito pessoal onde o livro, o filme e a música são instrumentos para construir uma autobiografia do artista. Muito boa é também uma escultura em forma de escadote, onde o “espelho” de cada degrau foi substituído precisamente por um espelho, introduzindo-nos a nós, espectadores, na própria imagem do trabalho. Maior perplexidade é causada por uma exposição paralela no mesmo espaço, da autoria da EDP, financiadora de toda a participação portuguesa, e que surge aqui como intrusão publicitária difícil de justificar».
E mais do que o caso particular em si, o que interessará serão as questões amplas sinalizadas. Por exemplo, a transparência nos processos de decisão, as contrapartidas aos mecenas no sistema de mecenato ...
E para terminar lembremos: «Pôr a Cultura no Coração das Políticas do Desenvolvimento Sustentável»:

Clique aqui ou na imagem e saiba mais

«Calling for a new approach to sustainable development, participants at a UNESCO congress in Hangzhou advocated placing culture at the heart of public policy».



segunda-feira, 14 de setembro de 2015

DIRETOR DO TEATRO VIRIATO | PAULO RIBEIRO | «Os bons partem ...»

Montagem com a notícia saída no JN de 8/09/2015

Lemos a notícia da imagem e são tantos os pensamentos que nos ocorrem. Como este: as coisas estão mal, mas temos gente que tem propostas concretas para a mudança. Alguém os ouvirá !
Ponderando o REGIONAL, que memória haverá do que se pensou e concretizou no passado? e onde saber disso mesmo? Talvez o descontinuado - que ia de encontro ao que Paulo Ribeiro adianta -  possa ser retomado. Nos programas eleitorais, salvo melhor opinião, a questão da cultura e das artes em função das novas entidades territoriais mereceria outra respiração. Se a reflexão não está feita, a nosso ver, terá de começar a «5 de Outubro».

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

TNSJ | «Missão Manca»


Sobre a noticia da imagem também se pode ler aqui, donde (sublinhados nossos):
«O que, para a presidente do Conselho de Administração do TNSJ, significa 
que "é preciso perceber que há coisas que tinham de ser sacrificadas,
mas há outras que urge não continuar a sacrificar sob pena de o resultado ser muito, muito penoso para o teatro português".
"Isto é suprapartidário, é para além de eleições, é preciso perceber que
 não está tudo bem. É natural que quem está longe não perceba o que é que se sacrificou, [mas] é preciso voltar a olhar e perceber que urge não sacrificar tudo", apelou Francisca Fernandes».
Face a estas palavras não percebemos bem aquele «suprapartidário». Possível leitura recorrendo a uma imagem: «qualquer partido teria que partir a perna e pôr o TNSJ manco, mas atenção, o assunto não tem nada a ver com as eleições ...». Pois pensamos o contrário, e, em particular, sugerimos que se pergunte a todos os candidatos: como vão tratar o financiamento dos NACIONAIS ? Para além do mais, teria um efeito pedagógico ... Ou seja, ISTO TEM MESMO A VER COM ELEIÇÕES! 
Ainda,  ao lermos as notícias sobre a «missão manca», veio-nos à memória  o que o Diretor Artístico do TNSJ disse em 2014 nesta entrevista, que, a nosso ver,  direta ou indiretamente está relacionado com o assunto. E será que há por aqui alguma contradição? Excertos:
«(...)
Que balanço faz destes quatro anos?
Não temos parado. Vivemos uma espécie de festival permanen te, com poucos recursos conseguimos fazer imensa coisa. Temos tido uma enorme diversidade, mantendo sempre a qualidade mas dando oportunidade a quem não dispõe de meios para avançar um pouco mais.

(...)
Que marca gostaria de deixar?
Gostaria que a cidade, o público e os profissionais sentissem que, em tempos difíceis, o Teatro São João foi um porto seguro.

Um teatro nacional deve servir que objetivos principais?
A defesa da língua é indispensável. De resto, está na lei orgâni ca do Teatro. Mas há outras: assegurar que todos os elementos do espetáculo têm o mesmo valor. É fundamental que o desenhador de luz ou de som, o cenógrafo ou o figurinista estejam ao mesmo nível e que o teatro seja sempre um laboratório de artes.

Que outros deveres de um teatro nacional?
Um teatro nacional deveria ter por obrigação alimentar gru pos de atores, nem que fosse de temporada a temporada, que permitisse assegurar a manutenção de uma certa maneira de fazer.

Ou seja, deve ser uma espécie de exemplo da não precariedade.
Eu gostaria muito que fosse. É um objetivo difícil de atingir, ainda mais em tempos economicamente difíceis.

Nos últimos três anos, foi feita uma redução de 16 por cento nos custos fixos e o orçamento anual atual fica aquém dos cinco milhões de euros. Já foi de sete. Como tem lidado com a austeridade?
Com combatividade e imaginação, sem perder os objetivos da diversidade e da qualidade, com cumplicidades reforçadas.

Em contexto da crise, para onde vai o teatro português?
O teatro tem consigo uma capacidade de resistência e resiliên cia históricas. Quanto mais difíceis são os tempos mais acirrada fica a vontade de combater e construir. Essa nem sempre é a me lhor maneira de consolidar um projeto e por vezes vê-se o traba lho ser cortado, amputado, sempre um mau caminho. Os políti cos deviam perceber que não se pode tirar tudo de uma só vez. Há uma reserva de alimento individual e coletivo que tem de fi car, a bem do país e das pessoas.

(...)»
Tudo conjugado, no mínimo, ficamos a pensar ... E muito em especial, não resistimos, porque não nos larga:  a questão da COMPANHIA RESIDENTE num Teatro Nacional  parece-nos mesmo tema de debate nestas eleições.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

T.S.ELIOT | «Notas para uma Definição de Cultura» | NUMA TRADUÇÃO DE ERNESTO SAMPAIO


Desde logo, assinale-se que a tradução da edição da imagem ( tirada do nosso exemplar com Depósito legal de 2002)  é de Ernesto Sampaio, o que é um privilégio.  Na FNAC  informam que está indisponível, mas na Wook prometem entrega até 15 dias. 
Entretanto, descobrimos, por acaso, que na internet  há uma edição brasileira online: aqui.
E porquê este pequeno livro (constituído por ensaios) aqui no blogue? Porque neste tempo de campanha eleitoral a definição de cultura parece estar  na berlinda,  e nos tempos mais recentes também anda por tudo que é sitio: a propósito das ditas indústrias culturais e criativas; aquando dos «estudos oficiais» com que temos sido inundados; quando se fala de estatísticas e contas nacionais; ... E algumas definições adoptadas, no mínimo, são «pobres».
Profissionalmente é-nos fundamental ter conceitos para se conseguir trabalhar com alicerces. Mais recentemente importa-nos muito em torno do papel da cultura no Desenvolvimento Sustentável, e sempre para avaliar das posições politicas e partidárias ...  Achamos quase hilariante quando se arruma a questão dizendo que há definições para «todos os gostos», e se passa adiante. E duma cajadada, «tudo é cultura», e afoga-se o «serviço público» nesse caldeirão»... E o debate fica quase impossível.  Neste contexto, podíamos dizer que fazemos «coleção» de definições de cultura e  colaterais. Em particular,  têm de estar presentes quando nos debruçamos sobre a Missão dos organismos públicos.  
E tão importante quanto a definição, é a resposta à pergunta «Para que serve a Cultura?», e a procura é uma viagem fantástica ... E nada disto, é óbvio, deve impedir a ação. Aprofunda-se, fazendo.
Há definições que são luminosas! que vêem fundo, e vão ao futuro do futuro. Na coluna à direita deste blogue, temos dessas ...
Quanto ao livro, em particular e a nosso ver, ajuda muito a não se reduzir a cultura à cultura artística, e mostra à saciedade, sem que o assunto seja tratado directamente, que quando se está a olhar para os programas eleitorais é o «serviço público» que está em causa. Algo planeado e mensurável, de que há que prestar contas. E, constata-se,   há quem «tenha medo» da expressão ...E terminemos com um excerto do «Notas para uma definição de cultura»:
«(...) Tratar a massa "não educada" da população como trataríamos alguma inocente tribo de selvagens, a quem nos sentimos obrigados a pregar a verdadeira fé, seria encorajar essa massa a desdenhar ou desprezar a cultura que deveria possuir e da qual a parte mais consciente da cultura extrai a sua vitalidade. (...)». 
E nada disto, como facilmente se concordará,  contraria a oferta artística profissional, diversificada, em paralelo com a amadora, que através de um serviço público deve ser disponibilizada às populações ...


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A CULTURA NOS PROGRAMAS ELEITORAIS | Uma análise feita por António Pinto Ribeiro no jornal Público


Recorte da edição impressa do Jornal Público de 1 SET 2015


O artigo está disponível online, e começa assim:

«Numa análise dos programas dos partidos políticos com vocação parlamentar ou executiva torna-se evidente que, para estes, o Estado tem interesse e legitimidade em intervir naquilo que consensualmente se designa como "cultura", embora o termo em si tenha um significado tão flutuante que pode integrar as maiores contradições.
Não é por isso de estranhar que na redacção destes textos se apresente a estrutura do Ministério dos Assuntos Culturais seguindo o modelo criado em França por André Malraux no pós-guerra, assumido pela maioria dos Estados europeus, sul-americanos, africanos e canadiano, com diferenciações importantes no universo anglófono e contrastando em muito com o americano e em parte com o asiático.
Esta estrutura comum não obsta a que não haja divergências nas propostas programáticas, nomeadamente no que separa os partidos de esquerda e de direita. Durante anos a direita sobrevalorizou o património contra a arte contemporânea, que, por sua vez, era prioritária nas políticas de esquerda. Esta oposição, aparentemente muito simplificada, sempre existiu e, embora hoje pareça diluir-se, ainda subsiste no modo de uso». Continue a ler.
Como sempre, é com grande disponibilidade que vamos à leitura  dos textos de António Pinto Ribeiro, concorde-se ou discorde-se, são coisa pensada, e levam-nos, em regra,  a direcionar  a nossa atenção, mesmo que, por vezes, de forma breve, para esta ou aquela temática. Sem esgotarmos o que agora poderíamos assinalar:
- Lá temos outra vez  Malraux, e não percebemos aquele segundo parágrafo, talvez o conseguíssemos se nos fosse apresentada alternativa para se desenharem as Politicas Públicas na esfera da «Cultura», quiçá para todo o Setor Público, diferente dos roteiros que são adotados. Não nos parece que haja um roteiro comum, muito menos um modelo conceptual,  e até pode dizer-se que em todos  os programas - e isto a nosso ver já vem de uns tempos atrás -  não são as «estruturas»  as organizadoras das Políticas Públicas que apresentam. Está bem, ainda andam por lá ... Assim sendo, para o caso da «Cultura», justiça seja feita, vendo bem, não é a orgânica do «Ministério de Malraux» que determina o que nos é dado ler na generalidade dos programas. Mas, por outro lado, haverá aspectos que serão eternos ... Ainda bem.
- Talvez não possamos falar em modelos, e em roteiros comuns, mas para as práticas que nos são mostradas, modernas ou datadas,    o pensamento de quem analisa e o que é analisado só seria passível de entendimento amplo se, previamente, fosse apresentada uma grelha de análise que cobrisse o «que não se diz» e o que está «nos anúncios». Que permitisse verdadeiras comparações. Mesmo os tais «benchmarkings».  E não ficarmos prisioneiros das lógicas adoptadas  embora se denunciem e se tente - mas parece-nos que na essência se fica pela tentativa - o contrário. 
- Há uma passagem no artigo de António Pinto Ribeiro  que acolhemos de forma especial.  Quando refere os Verdes -  «Os Verdes associados ao PCP e que têm no seu manifesto a defesa de uma vida ecológica deveriam produzir algum pensamento sobre esta questão» - mas não para os incumbir  da grandiosa questão segundo António Pinto Ribeiro: «O que quer dizer “povo” aqui? A classe média suburbana? Os desempregados? Ou é um povo idealizado, mas que na verdade não existe? Perante um programa de entretenimento medíocre das televisões e uma remota festa de origem operária que escolherá este “povo” do século XXI? É um dilema do PCP que é um dilema de toda a esquerda». Deixemos que os visados respondam, se for caso disso, agora que começaram os debates. Mas isto, vá lá saber-se a razão,  levou-nos à expressão - verdadeiro pensamento -  «Elitário Para Todos», e achamos que faz sentido trazer   para aqui o que Fernando Mora Ramos escreveu quando iniciámos este blogue com o titulo, isso mesmo, ELITÁRIO PARA TODOS (pois é, e lá vamos outra vez a França): 

«ELITÁRIO PARA TODOS - Trata-se de uma máxima de Antoine Vitez. Contrapõe ao nivelamento por baixo, tão argumentado pelos arautos dos diversos populismos estéticos, o nivelamento por cima. É uma fórmula de extrema simplicidade e poderosa, já que dificilmente pode ser contraditada, pois ninguém defende com razão possível que ao melhor e ao mais rigoroso se substitua o menos bom e imediatamente digerível. E nela se encerra todo um programa». Continue a ler.

Mas  voltemos aos VERDES, e convocamos os Verdes, isso sim, para se mudar de paradigma na construção das Politicas Públicas, e que se façam em torno do DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL («sustentabilidade», «verde», serão outras formas de o dizer). Uma «vida ecológica» no século XXI é uma vida que segue a SUSTENTABILIDADE e que contempla ao mesmo tempo  a «economia», o «social», o «ambiente», a «governação», a «cultura». Nisto está empenhada a ONU e, em particular, no que diz respeito à Cultura, a UNESCO.  Isto não estará de forma expressa no Ministério dos Assuntos Culturais de Malraux, mas é capaz de dar um jeitão ler o que ele escreveu e praticou, para operacionalizarmos a dimensão CULTURA no desenvolvimento sustentável. No século XXI.
- Também gostámos de ver mencionado no artigo de António Pinto Ribeiro o «Orçamento Base-Zero», quase promovido a «filosofia» e, como adepta ferrenha que somos da técnica, aproveitemos a boleia para aplaudirmos que se deixe  de fazer «Programas Eleitorais» como sempre foram feitos, e tornemo-los objetos «culturais» que todos sintam necessidade de ler, e de forma ágil ... Adoptando o «Orçamento base-zero» e  técnicas afins.  E isto já foi defendido e praticado no passado, e na cultura. Nomeadamente no Verão Quente: quem diria !