domingo, 18 de maio de 2014

ARTE ÚTIL



Uma maneira de assinalarmos o DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS:



                                                                                            
Leia aqui, na Arte Capital,

QUAL É A UTILIDADE? MUSEUS ASSUMEM PRÁTICA SOCIAL

SAM THORNE

2014-04-17

, donde:



«(...)

Como Bruguera sabe, o termo “arte útil” não é novo. Em 1969, o artista argentino Eduardo Costa escreveu o ‘Manifesto de Arte Útil’, descrevendo o primeiro daqueles a que chamou ‘Objectos de Arte Úteis”. Estes incluíam comprar substitutos para os sinais de trânsito em falta no centro de Manhattan e pintar uma estação de metro na 5ª Avenida. O impulso até pode ser encontrado mais atrás: nos EUA, no argumento de John Dewey no seu livro Art as Experience (1934), de que nada é mais útil que a arte; ou no Reino Unido, a John Ruskin, que advertiu celebremente em The Stones of Venice (1853) que ‘as coisas mais bonitas no mundo são as mais inúteis’. Hoje, Ruskin é qualquer coisa como um espírito guia para o Grizedale Arts, em Lake District. As suas abordagens reformistas influenciam as suas enérgicas actividades, como a loja de solidariedade e a biblioteca desenhada por Liam Gillick que instalaram no seu Instituto Coniston local, que o próprio Ruskin ajudou a reconstruir em 1878. Grizedale foi um dos diversos parceiros do ‘Museum of Arte Útil’, que temporariamente transfigurou o velho edifício Van Abbe no que foi descrito como uma ‘fábrica social’.
Desenvolvido em conversa com Bruguera, este projecto despoletou um número de questões prementes, incluindo como é que ‘usamos’ um museu? E, se o museu público se mantém essencialmente uma instituição de finais do século XVIII, como é que o tornamos relevante hoje? Numa entrevista projectada numa das galerias, o director do Van Abbe, Charles Esche, pediu nada menos do que a ‘abolição do museu como ele existe actualmente’. Num ensaio comissionado para o ‘Museum of Arte Útil’, o teórico Stephen Wright afirmou que as décadas
recentes viram uma ‘viragem usológica’. Se esta frase tão pouco atractiva vai vingar ou não (eu voto não), um aspecto importante deste projecto provocativo é uma mudança de termos. ‘Espectadores’ tornam-se ‘utilizadores’; os trabalhos são ‘iniciados por’ e não ‘da autoria de’, e foram ordenados de acordo com categorias – embora, deva dizer-se, soando ligeiramente a anos 1990 – actualizadas: ‘A-Legal’, ‘Space Hack’, ‘Open Access’. Isto não era tanto um novo museu, mas uma paródia às classificações autoritárias de outrora. Com a própria galeria de Bruguera presente no ‘Museum of
Arte Útil’, intitulada ‘Quarto da Propaganda, Legitimação e Crença’, o projecto era na maior parte um gozo – o zelo ficou em intermitência messiânica. Era o som, nem sempre agradável, do museu a pensar acerca de si mesmo e sobre o que pode significar utilidade».

Sam Thorne 
Director artístico da Tate St Ives, Reino Unido, e director fundador da Open School East. 

Sem comentários:

Enviar um comentário