quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

«PORTAS ABERTAS»



A chamada para a primeira página da proclamação acima assinalada  da Diretora Artística do São Luiz levou-nos à leitura da entrevista. O primeiro resultado: lembrámos o processo pouco transparente da nomeação da atual Diretora do Teatro, continuando-se sem  saber qual de facto o processo institucionalizado, restando-nos o praticado. Mas lembrou-nos a mesma questão para a generalidade dos Teatros Municipais. Quanto ao que é dito sobre o Teatro da Cornucópia, comecemos por recordar à senhora Diretora o que parece ainda não ter entendido: a Cornucópia como outras Companhias desenvolvem um serviço público que compete ao Estado assegurar. Serviço Público que deve ser diversificado, e a Cornucópia era apoiada precisamente para realizar o seu Projeto, e não outro. O Estado fez cortes, o atual Governo disse que ia reverter essa situação, e isso não aconteceu. E nem os espectáculos encomendados pelo São Luiz à Cornucópia no passado evitaram o fecho. Por isso não se percebe o que é que as «portas abertas» acrescem à situação. Esperemos que as portas abertas sejam, por exemplo, extensivas a Cristina Reis. Quem percebe destas coisas diz que as Equipas são fundamentais e que demoram anos a amadurecer, e a alcançarem o seu modo de fazer. E o espaço - aquele «palco» específico - não é despiciendo. Há público da Cornucópia que não a foi ver ao São Luiz: também por uma questão do preço dos bilhetes, mas porque não era a mesma coisa vê-los  ali ou no seu Teatro - no Teatro do Bairro Alto. Não, não são manias: a relação com as artes tem destas coisas. E esta coisa de se ficar à espera de «uma vaga» na programação ...
E como custa  ler isto: «A Cornucópia foi uma estrutura que, com os cortes que sofreu, não teve possibilidades de se adaptar a estes novos tempos que são difíceis». E pronto, está explicado! Mas, felizmente, que  a senhora diretora acha e diz: «Luís Miguel Cintra tem ainda muito para dar e fazer e temos conversado muito sobre isso e vamos seguramente conversar ainda mais».
Da leitura da entrevista outro saldo: não se percebe  o conceito do São Luiz, ficando-se entre uma missão «caritativa» e o gosto da sua Diretora. Quer admitir-se que não se soube ler mas são ilações possibilitadas, para além do que atrás já se escreveu há muito mais que permite tal interpretação, como o ilustram, por exemplo, mais estes excertos:


- «Mas o que sentimos foi uma enorme pressão porque, de repente, as estruturas ficaram com muito menos dinheiro do Estado, e nós passamos a ser um sítio seguro, um sítio onde os criadores podem ancorar e continuar o seu trabalho. Ainda assim, para nós, os últimos anos foram também muito difíceis porque não conseguimos trabalhar com todos. Não se pode estender a mão a todos». 

- «E o rácio de mulheres criadoras, durante o ano de 2017, vai continuar elevado? Sim! Ainda não tenho o número final, mas vai seguramente ser ótimo! Temos muitas mulheres e mulheres muito especiais, portuguesas e estrangeiras. Tenho sempre a preocupação de incluir mulheres criadoras porque, de facto, não é assim tão normal a presença das mulheres como encenadoras, na maior parte das vezes estão em menor número. No ano passado percebi que, de facto, havia muitas mulheres que nunca tinham passado pelo São luiz e achei que faria sentido que passassem, quer pelo trajeto que tinham, quer por ser o meu primeiro ano»
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Hoje, não dá para mais,  ficamos por aqui. É NATAL!
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Atualização: um leitor do blogue alertou-nos que a entrevista pode ser lida online - aqui.


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