quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

JORNAL PÚBLICO | FERNANDO MORA RAMOS | «(...) Que fazer das figuras do Coa? Que fazer da Torre de Belém? Uma discoteca, disseram. Que fazer da colecção do Berardo? Que fazer dos Mirós? Porque é que pilas em Serralves dão o tipo de debate que houve? Porque é que a Paula Rego levou parte do exposto na Casa das Histórias? Porque é que a Maria João Pires interrompeu Belgais? Porque é que a Cornucópia acabou - independentemente do Luís Miguel Cintra - já que era um fenómeno de tipo cultural que o transcendia a ele? Porque é que não há centros dramáticos pelo país espalhados e localizados onde devem estar? Porque é que não há mais orquestras e há tanta música por aí e tanta música de fundo e tanta música sobredecibelada ruas fora? Porque vivemos cercados de festivais e festivalices? Porque acabou o Ballet Gulbenkian? Porque é que o Paulo Ribeiro saiu da Companhia Nacional de Dança? Alguém lhe fez alguma pergunta? …..etc,.(...)»




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Um excerto:

«(...)A questão de fundo, que fundamenta a existência de um espaço autónomo e livre de tutelas, com existência própria, gerado pelo avanço da democacia como sistema cultural independente - aparelhos de criação, produção e circulação, divulgação-, relativo às expressões que se formam linguagens e se expandem por vontade artística - individual ou colectiva -, que se socializam ou se marginalizam porque formas da criação profissional artística- não domadas previamente pelo sistema de um emissor receptor regulado e que confirma expectativas e regula os modos do desejo salivar como o caozinho do outro - de associar disciplinas em modos vários de reconstrução artística do real, de pulsão sensível de dizer o labor sensível como experimentação formal, fora de classificação normativa, é a de que a organização social actual, esta democracia liberal parlamentarizada, não lhe encontra lugar - ela que tudo institucionaliza doentiamente, controleiramente, digitalmente, plataformadamente, financeiramente, rejeita as artes da presença simultânea numa dimensão que seja de escala democrática - enquanto gesto necessariamente desfasado, anacrónico, crítico, dentro e fora do sistema, já que o sistema só admite o que não o põe em causa como todo. (...)».


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