sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

O TEATRO DA RAINHA NÃO PÁRA |«É já no próximo dia 14 de Dezembro, pelas 15 horas, que tem lugar a 3ª Edição do Colóquio Teatro Espaço Vazio e Democracia — não é um festival»






«É já no próximo dia 14 de Dezembro, pelas 15 horas, que tem lugar a 3ª Edição do Colóquio Teatro Espaço Vazio e Democracia — não é um festival. Como indica o nome é um caminho de reflexões articulado sobre o eixo teatro e democracia, de que constam diversos ângulos de ataque à sua condição democrática nas relações que entretece com o espaço — e necessariamente com os tempos e o tempo, já que o que caracteriza a ficção teatral é a concisão temporal e a deslocalização espacial como acção ficcional — drama — presencialmente.
Não é evento, é acontecimento se for teatro e a sua condenação a evento é a sua submissão à lógica mediática que o produz evento, isto é, objecto de uma sucessão de realizações descartáveis industrialmente ditas criativas.
Desde que surgiu como teatro, a partir do momento em que estruturou e repetiu uma genética sócio-artística, espacial e comunitária, que a repetição ritual da sua existência [- o festival grego era de elaboração anual, a “competição” acontecia referida organizativamente à anterior, materializava artisticamente uma laicização dos mitos, a sua realização empenhava toda a cidade, directa ou indirectamente, no seu parto -], revelava à cidade interditos, expunha tabus, questionava normas, poderes e comportamentos e não era borbulha era calendário democrático, isto é, o poder tinha a coragem de se expor para além da disputa partidária, sempre regimental, por assim dizer.
Hoje as durações são outras e o tempo corre em fuga para um futuro que
tememos e ninguém parece controlar - ninguém pára o desastre e como na pintura da fila de cegos de Brueghel, o velho, caminhamos para o abismo, logo ali, pela mão do que vai à frente.
Este encontro debruça-se sobre o papel que o teatro aí pode ter, desejo de parar o tempo que a visão de um outro futuro que não sejam este “o progresso”, este “o crescimento”, que quanto mais dizem sustentado destrutivo é, como temos visto e a engrenagem dos poderes mundializados (des)ordena.
Participam no Colóquio Manuel Vieites, Director da ESADg, Escola Superior de arte Dramática da Galiza, Alexandra Moreira da SilVa Professora na Escola de Estudos Teatrais na Sorbonne Nouvelle em Paris III-Censier, Christine Zurbach, Presidente do Conselho Artístico do Departamento de Artes da Universidade de Évora, o poeta e jurista José Ricardo Nunes e o Arquitecto Nuno Lopes que foi assistente do Arquiteto Siza Vieira e é autor do projecto do Novo Edifício do Teatro da Rainha que neste momento está em construção, co-realizado com a autarquia da cidade. Como se depreende do elenco serão abordadas questões como “o modelo dos teatros públicos” (Vieites), “relações entre a dramaturgia e a democracia” (Moreira da Silva), “ o teatro e as festas do povo em Rousseau” (Zurbach) “poesia de dimensão cénica implícita” (Ricardo Nunes) e “ensaios de uma cenografia numa arquitectura de cena prévia” (Nuno Lopes)». Fernando Mora Ramos.


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