sexta-feira, 30 de outubro de 2020

PARA LER DEVAGAR |«streaming»

 

 

 

Excerto: «(...)Nós (Eu) não queremos ser orgulhosamente sós como proclamava o defunto fascista Salazar, quando a terra lhe ia fugindo debaixo das polainas, mas orgulhosamente diferentes porque o mundo nos respeita. Um país sem cultura, melhor, sem arte própria é um caixote de lixo, como dizia justamente um velho escritor. O bom cinema português é o da composição, o do tempo, o do pensamento, o da escolha e da inquietação. Que o movimento, os efeitos, o fingimento, a alienação mesmo divertida, o negócio e o consumo fiquem para outros.

Já lá vão uns anos: a primeira e violenta discussão que eu tive com o qual secretário da cultura e audiovisual aconteceu no canal que ele na altura era proprietário, quando incrédulo ouvi a ele e outros dois comparsas ridicularizar um dos mais belos planos do cinema português, o magnífico traveling de Fernando Lopes para o seu “Uma Abelha na Chuva”. E contrapunham a grandeza extraordinária das comédias portuguesas dos anos 30 e 40, para eles o apogeu do cinema português. Essas comédias não traziam uma única ideia de cinema (quando havia Renoir, Ford, Stroheim, Stenberg, Lubitch e por aí fora a elevarem o cinema para patamares artísticos inacreditáveis) e ficaram famosas por frases que começavam invariavelmente por “Ó”: Ó Evaristo, tens cá disto?, Ó palerma, chapéus há muitos!, Ó Dona Rosa a sua tia chegou do Brasil!, etc. , eram a extraordinária contribuição artística. Grandes actores, verdade indesmentível, vindos do teatro ou da revista, obrigados a dizer textos ridículos em enredos medíocres! E é preciso dizer, ao contrário do que as pessoas pensam, que estes filmes nunca se pagaram nas salas, nunca deram lucro. Eram pagos pelo SNI de António Ferro e faziam parte da propaganda fascista do Estado Novo. Já eram “subsidio-dependentes”, portanto.

Nenhum filme português, um com mais desejos comerciais, outros com mais ambições artísticas, jamais se pagou no dito “mercado”. E provavelmente, os que perderam menos dinheiro, foram os de Manoel de Oliveira (ontem) e são os de Pedro Costa (hoje). E desses eu tenho orgulho porque afirmam uma liberdade que não tem preço.

O ICA depende do Ministério da Cultura e não dos ministérios do Comércio ou da Indústria (todos os produtores portugueses, sem excepção, são meros gestores de dinheiros públicos) e existe o ICA para defender o cinema português.

A segunda e grave confrontação com o actual Secretário de Estado, teve a ver com a tentativa que ele e o seu sócio, ou pelo menos amigo, José Pinto Ribeiro, na altura Ministro da Cultura, fizeram para esvaziar os fundos do ICA (e prometiam também uns fundos vindos do Ministério da Economia ou da Indústria) para criar uma grandiosa fábrica de argumentos em volta das Produções Fictícias era o chefe. Em seguida escolheriam eles os “eleitos” para passarem ao cinema esses magníficos argumentos. Exposta, a tramóia foi travada a tempo. Todos sabemos que uma boa história é melhor do que uma má, mas não chega. O mesmo argumento entregue a dez cineastas diferentes, dá origem a dez filmes diferentes, garanto-vos. O cinema é o modo de filmar a historias, não é sequer o que se passa, nem quando se passa, mas o como se filma. Querem um exemplo? O grande Alfred Hitchcock a partir do policial verdoso 39 degraus fez três filmes magníficos! 

Adiante, chegamos a esta e última e mais grave confrontação. Mais interessado sem ser amigo das VOD do que do cinema português, teve o descaramento de contratar uma empresa de consultoria inglesa para, em inglês, expor aos cineastas e produtores portugueses o modo como todos se deveriam comportar daqui em diante. Revolta e abandono ao fim de alguns minutos. O que ele conseguiu? Nada. Depois de muitos e justos protestos, vem agora oferecer para ficar na Lei , a esmola de 1% do volume de negócios das VOD para o apoio do cinema português, talvez um milhão de euros. Sabem a quanto pode chegar o pacote que essas empresa vão ter de pagar em França? 400 milhões de euros! Será o número de assinantes franceses 400 vezes maior do que o número de assinantes portugueses? 10 vezes talvez. 400 nunca. A directiva europeia deu mão livre aos estados para negociarem essas taxas. Seremos nós menos europeus? Ou europeus mais ridículos e mais estúpidos? (...)».


 

domingo, 25 de outubro de 2020

VOLTAR A LER | FERNANDO MORA RAMOS | «Serviço Público e Democracia Cultural»

 


 
 
Excerto: «(...) Não há, nesta evidência, uma crítica às instituições nacionais. O que há, é a constatação do seguinte: mais de 9/10 dos portugueses não acede, potencialmente, ao teatro do sector público, como poderá aceder a hospitais ou tribunais, ou podia, ou aos correios — o que com a austeridade troikiana deixou de ser verdade em muitas zonas. Uma parte muito pequena desses nove décimos — cálculo mal parido mas claro no que tem de grosseiro — acede ao serviço público teatral exercido por pequenas estruturas privadas espalhadas magramente pelo país, tanto mais que esse um décimo que falta tem ainda um conjunto de estruturas residentes nas áreas metropolitanas que completam o sector público nas duas capitais, fazendo teatro não comercial.
Esta assimetria teria uma resposta em marcha — leva décadas uma política que reforme o que está — se a política de estruturação da democracia na cultura, ao fim de 46 anos, encarasse a questão como um problema e fosse parte do programa. Não é, e não se trata deste governo nem do último: as respostas do Estado ao longo destas décadas sempre foram mínimas, reactivas, para responder a solicitações e pressões, medida a pressão da base e satisfazendo-a com umas miga-lhas para auto-sobrevivências em grupo (com grandes resultados artísticos de natureza pontual em alguns casos), mas nunca foram um plano inserido numa conjuntura histórica e dentro de uma visão prospectiva, como teria sido necessário fosse para um país saído do fascismo logo em 74 — as marcas assimétricas e as desigualdades herdadas e sistémicas estão aí, nos diversos interiores, periferias, minorias e margens, tanto mais que o “desenvolvimento” não libertou, pelo contrário, criou novas assimetrias. As auto-estradas por si nada adiantam, circular não resolve a necessária criação residente de amplas e diversas forças próprias sediadas, com capacidade atractiva para fixar nova gente de modo significativo e não epifenómeno, isso sim, seria uma política cultural, lato senso. E o necessário.
Uma visão orçamentalista, de suposto debate sazonal e ritual, da política, nunca levará a tal, nem a nada diferente do que esteja aí em resultado de andar para a frente à espera do que decidam as finanças.
Terá sempre um alcance mínimo como melhoria, sempre muito relativa e é esse o seu horizonte, o do um poucochinho melhor. E quando a coisa piora pelas tais forças exógenas que tudo arrastam para o pior, voltamos a subir a montanha com o mesmo sorriso posto e agradecido, para que nada varie.
A resposta seria a de complementar no território e na demografia — há desequilíbrios brutais na relação território/população — o mapa das populações e zonas excluídas (com muito pouca gente) com estruturas de missão pública claramente investidas de um papel complementar (isso não as diz menos importante, sendo autónomas artisticamente e com independência de gestão/contra programa) dos teatros nacionais, portanto uma rede de teatros com vocação nacional pública sediados sabiamente nas regiões. Estruturas de criação e formação residentes, o que não significa confinadas, muito menos vozes de uma espécie de teatro ou gosto local, o que muita cabeça provincianamente macrocéfala pode pensar, assim como muita cabeça provincianamente local, mesmo com os discursos mais cosmopolitas e cheios de citações patrimoniais luzindo para que se vejam.(...)».
 
 
 

 

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Ó diabo, mas por onde andará o Plano Nacional das Artes?

 

Contactamos com o «problema»  via alertas Google. E são do Google as imagens acima. Clicando numa delas - na do Observador - este artigo:

 

«Grupo Ação Cooperativista pede campanha para reativar atividades culturais nas escolas

O grupo Ação Cooperativista pediu à ministra da Cultura a realização de uma campanha de sensibilização nas escolas para reativar as atividades culturais, em articulação com o Ministério da Educação».

E de imediato, face ao titulo, a pergunta: mas por onde anda  o Plano Nacional das Artes? Não seria a sua atribuição central a articulação entre o Ministério da Cultura e o Ministério da Educação? Não seria nuclear na sua missão a SENSIBILIZAÇÃO? Depois, a verdade crua, e para o que muitos se manifestaram lá atrás, relacionada com os orçamentos, e referido pelo Ação Cooperativista: «(...) Nesse levantamento, a Ação Cooperativista reúne um conjunto de testemunhos sobre as dificuldades dos artistas e das escolas de todo o país, em que surgem a falta de recursos financeiros e os entraves colocados pela pandemia para que o ambiente escolar continue a usufruir de atividades culturais, como espetáculos, feiras do livro, e outras iniciativas que habitualmente são programadas. (...) Catarina Requeijo alertou para a existência de muitos artistas que vivem exclusivamente deste trabalho nas escolas, e tornou-se um grupo muito fragilizado com a pandemia. Adiantou ainda que, na reunião, falou com a ministra da Cultura da necessidade de resolver “atrasos nos pagamentos dos artistas no quadro das atividades do Plano Nacional das Artes”.“A ministra Graça Fonseca disse já ter tido conhecimento desta situação, relacionada com cativações orçamentais que está a tentar resolver”, acrescentou. A Ação Cooperativista tem vindo a desenvolver iniciativas para proteger o trabalho dos artistas neste subsetor, em articulação com sindicatos e outras plataformas». Leia na integra. Também aqui se poderá dizer que a pandemia apenas veio trazer ao de cima fragilidades preexistentes.


quarta-feira, 21 de outubro de 2020

APLAUDAMOS «O SITE DO O´NEILL» | trabalhemos por «sites» para os demais ... para todos

 

 

Veja aqui

 

JN | 21 OUT 2020
 

«O SITE DO O´NEILL» é o que se pode dizer uma boa notícia que nos faz começar bem o dia. E um bom pretexto para voltarmos a trazer para a mesa questões relacionadas com a nossa memória colectiva na esfera da cultura e das artes. Com a memória dos nossos melhores. Mas também com a memória  dos profissionais das artes e da cultura em geral. E à partida não será dificil admitir que uma coisa é tratar do passado e outra do futuro do presente que está a acontecer. Ou seja, no século XXI com as possibilidades tecnológicas disponíveis é possível ir construindo os «sites» dos diferentes protagonistas - recuperar os do passado, iniciar/promover os do presente ... E ver em que medida para isso pode haver projetos comuns que rendibilizem  recursos. Ora, é sabido que no âmbito da Ministério da Cultura/Secretaria de Estado da Cultura, nomeadamente na hoje designada DGARTES, foram lançadas iniciativas com esse fim que entre outros tiveram financiamentos comunitários. Saberá a Senhora Governante da Cultura disso? Saberá a Senhora Ministra que a malfadada «Plataforma Electrónica dos Concursos» da DGARTES era/é uma peça desse processo? Isto é, a «memória» presente e futura, global e de cada um, é a essência do SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE A CULTURA E AS ARTES ENQUANTO SERVIÇO PÚBLICO. Que não temos. Em particular, à atenção dos Senhores Deputados nesta altura em que discutimos o Orçamento do Estado... 


ATELIER MUSEU JÚLIO POMAR | nova exposição


terça-feira, 20 de outubro de 2020

«PUNGENTE» DIZEMOS NÓS | mas ouçamos Fernando Alves nos SINAIS «O Momento de tronco nu» e fiquemos com uma amplitude do problema | SIM É UM PROBLEMA ONDE A ESTÉTICA TEM O SEU ESPAÇO

 

 

Daqui, dos SINAIS/TSF

 

 

PARA ESMIUÇAR A PROPOSTA DO ORÇAMENTO DO ESTADO 2021 | Entre a «Raspadinha» e a Informação sobre o Fundo de Salvaguarda de Património Cultural ...

 

Correio da Manhã | 20 OUT 2020



 

Ao sabor do que se vai sabendo pela comunicação social sobre o Projeto de Orçamento do Estado para 2021 detivemo-nos no Património Cultural (veja a sequência das imagens iniciais) e não foi preciso muito para detetarmos a «nossa miséria»: uma «raspadinha» como  grande medida não convence ninguém; e muito menos quando o Ministério da Cultura (e mais um exemplo de que verdadeiramente não existe) não tem pejo em mostrar o que tem sobre o Fundo de Salvaguarda do Património Cultural: atente-se na informação da imagem acima ...

 



segunda-feira, 19 de outubro de 2020

NA ESFERA DA CULTURA E DAS ARTES, O QUE É UMA REDE NACIONAL?

 

Leia aqui

 

Muitos posts se têm feito no Eliário Para Todos sobre a designada «Rede de Teatros e Cineteatros», e voltando à vaca fria, e na sequência de mais esta «opinião» sobre a matéria consubstanciada no artigo da imagem voltemos, nomeadamente, ao seguinte:  Afinal, o que é que define uma «Rede»?; Que semelhanças há entre esta «Rede» e as outras Redes que já existem  na esfera do Ministério da Cultura?; Em que estudos assenta a «Rede de Teatros e Cineteatros» aqui em questão?; O que sobre tudo isto dizem/disseram os serviços da DGARTES? .... E podíamos continuar. .. Mas por agora, uma vez mais, apenas isto: há que definir e fixar O SERVIÇO PÚBLICO que o «ESTADO» tem de garantir ...Mais do que uma REDE DE EQUIPAMENTOS o que está em causa é uma REDE DE ARTES em que os Projetos Artísticos são os organizadores. E voltemos  à intervenção do deputado João Oliveira - veja coluna à direita do blogue. Ah, parece óbvio que a «REDE»aqui em causa não vai resolver nada de essencial.  Se é que alguma vez vai entrar em funcionamento.

 

sábado, 17 de outubro de 2020

URSULA VON DER LEYEN | Pacto Ecológico Europeu | «(...) mas sempre em combinação com a arte e a cultura»

 


«(...)

Nos próximos dois anos, serão lançados cinco projetos da nova Bauhaus europeia em vários países da União Europeia. Todos os projetos porão a tónica na sustentabilidade, mas cada um com uma perspetiva diferente. Podem centrar-se nos materiais de construção naturais, na eficiência energética, na demografia, na mobilidade orientada para o futuro ou na inovação digital eficiente em termos de recursos, mas sempre em combinação com a arte e a cultura. (...)». Saiba mais via Blogue Organizações Verdes

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 Em linha com a formulação que por aqui defendemos e que  temos mostrado no Elitário Para Todos:



 

 

 

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

UM PADRÃO QUE SE REPETE | resultados de concursos da DGARTES que não aparecem ... |OU RESULTADO DE UM MINISTÉRIO QUE VERDADEIRAMENTE NÃO EXISTE?

 


 Excerto: «(...) As candidaturas aos concursos de apoio a projetos no domínio da Criação e Edição, de Programação e Desenvolvimento de Públicos e de Internacionalização abriram no dia 19 de maio e encerraram em 2 de julho. Os projetos devem ser executados até ao limite de um ano, no período compreendido entre 01 de novembro de 2020 e 31 de dezembro de 2021. No final de maio, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, em declarações à Lusa, disse que os resultados destes três concursos deveriam ser anunciados em setembro

Questionada pela Lusa, fonte oficial da Direção-Geral das Artes disse, no começo deste mês, que “está prevista a publicação dos resultados finais dos Programas de Apoio a Projetos até ao final do mês de novembro”. (...)». Leia na integra no Observador.

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E cá estamos novamente com os atrasos crónicos nos resultados de concursos da DGARTES. E quais serão as razões? Eventualmente entre elas a fragilidade dos serviços - a precisarem de ser refundados com o consequente reforço de técnicos. Pelo que se vai vendo não tarda nada e vamos ter os concursos em «outsourcing» ...A atmosfera é cada vez mais favorável: recorre-se a um técnico exterior para desenhar as referências para a Estratégia de «recuperação e resiliência» (mas que diabo de designação!) do País; contrata-se uma empresa (por acaso estrangeira e será o mal menor) para definir a estratégia para o cinema português); adjudica-se trabalho a  um centro de investigação para fixar um retrato dos profissionais das artes quando isso, como há muito diagnosticado, devia ser  feito pelos organismos da Cultura, nomeadamente pela DGARTES, em processo sistémico e permanente ...

A propósito de tudo isto - porque tudo isto anda ligado - o artigo seguinte de Margarida Botelho no jornal Avante!.

 

 

Fundo de Solidariedade

 


 

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

TERESA VILLAVERDE | «O dever da integridade»

 

 
Jornal Público | 15 OUT 2020

 «Obedecemos à arte, não obedecemos aos governos, nem a este nem a nenhum outro. E, assim sendo, não nos digam que temos que agradar às plataformas americanas que uniformizam o mundo. Há lugar para todos, mas o lugar deles não é o nosso».

 

terça-feira, 13 de outubro de 2020

«Art Fund Museum of the Year 2020»

 


 

 

 

PAULO FERRERO | «Casa-Museu do Escultor João Silva: perdão, como disse?»

 


 

Excerto: «(...) No entanto, foi já na década de 1970 que o grande historiador de arte José-Augusto França terá sido o primeiro a chamar a atenção para a enorme importância arquitectónica deste imóvel modernista, de estilo Bauhaus, inspirado em ateliers parisienses. (...)».

 



sexta-feira, 9 de outubro de 2020

«Igreja de Santa Isabel, em Lisboa, vence Prémio Vilalva»




«A reabilitação da igreja foi distinguida, entre outros aspetos, pela espetacularidade do projeto de pintura de Michael Biberstein, “uma das mais notáveis intervenções da arte contemporânea numa arquitetura clássica” e a “pluridisciplinaridade e elevadíssimo nível de qualificação da equipa”. Iniciado há uma dúzia de anos, os trabalhos centram-se, em 2020, na valorização do altar original da Igreja, guardado dos olhares do público desde os anos 60. A entrega do prémio está marcada para dia 12 de outubro, às 17:00, na igreja de Santa Isabel, em Lisboa». 


quinta-feira, 8 de outubro de 2020

«SERVIÇO NACIONAL DE CULTURA»

 


 

 

No início, recortes da entrevista de Rui Cardoso Martins à revista Visão desta semana.Declarações a juntar às muitas que aqui no Elitário Para Todos  temos registado com a mesma ideia: SERVIÇO PÚBLICO na cultura e nas artes. Desde logo, juntemos ao que temos destacado na coluna à direita do blogue: da intervenção do Deputado João Oliveira na Assembleia da República; texto de Rodrigo Francisco; artigo de Fernando Mora Ramos. É preciso avisar cada vez mais gente para a urgência deste «SERVIÇO» - juntar voz a estas vozes.E este é um bom momento, numa altura em que se discute o Orçamento do Estado, se listam Projetos para os Fundos comunitários, se aproxima a Eleição para Presidente da República, se quer reformular o sistema de investimento nas artes, ...


   

EXPOSIÇÃO | «Tantas vezes digo ao orvalho sou como tu» | GALERIA BROTÉRIA | ATÉ 28 NOVEMBRO 2020

 

 


Saiba mais 

....

"Os artistas questionam, sublinham, inquietam, mas também dão esperança. Estamos, muitas vezes, numa tensão de procura de maior justiça social, mas também trazemos connosco a esperança de que a nossa sociedade pode ser mais bela. Os artistas trazem a beleza, mas também a inquietação e o desconforto, que nos ajudam a ir mais longe no nosso trabalho" ...

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E o site da Brotéria: neste endereço .

 

 

 

CONFERÊNCIA | «Speak - Listen - Reset - Heal: An anti-racism conference for the UK’s theatre and dance sectors» | Thursday 29th October, Tuesday 3 rd , 10 th and 24 th November |ACESSÍVE L ONLINE

 


 

«( ...)Acknowledging systemic and structural racism in the performing arts, the conference aims to effect real changes through authentic, constructive and direct dialogue between senior leaders and the diverse workforce, artists and organisations that interact with them. The organisers want the theatre and dance sectors to reach their fullest potential by enabling honesty and courage - rebuilding now for an equal, inclusive and achievable future.

This initiative has been created and led by Amanda Parker of diversity collective Inc Arts UK, (which champions the creative, contractual and economic rights of the sector’s ethnically diverse workforce) and the actor Kobna Holdbrook-Smith, in partnership with Society of London Theatre/UK Theatre and Tali Pelman (Group Creative Managing Director, Stage Entertainment). (...)». Leia na integra.

 

 

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

NO PONTO DE SITUAÇÃO DO CENA-STE |«As iniciativas de apoio do Ministério da Cultura revelam o entendimento político que este executivo tem do sector e explicam o parco Orçamento de Estado para a Cultura que deveria ser, para a sobrevivência do sector, sem subterfúgios e truques contabilísticos, pelo menos 4 vezes superior aos valores atribuídos para 2020»

 


 Excerto:

«(...)
Um ‘estatuto’ que esconde a falta de aplicação da lei geral do Trabalho
Após a terceira reunião do grupo de trabalho para o desenvolvimento do chamado "Estatuto para o Trabalhador da Cultura": constatamos, mais uma vez, perante o esboço de intenções mal preparadas e pouco claras que o Governo tem imensas dificuldades em compreender o sector. Nesta reunião foi apresentado um esboço de “Estatuto”. Neste são elencadas, de forma simplista, algumas linhas copiadas directamente do código de trabalho e da Constituição da República. Poderia até parecer que o Governo teria percebido que se fizesse cumprir a lei muitos dos problemas que temos hoje simplesmente não existiriam. Mas ao avançar no documento percebemos pelos itens seguintes que não é o caso. Aparece, mais uma vez, de forma simplista, uma proposta que pretende premiar entidades que cumpram “quotas de contratos sem termo”. Afinal a intenção é premiar aqueles que prevaricarem dentro de certos limites? Até quando vamos continuar com máscaras para a ilegalidade e a precariedade?
O terceiro ponto do documento “Regime contributivo e de Protecção Social”, razão fundamental para a existência deste grupo grupo de trabalho que inclui, além do Ministério da Cultura, o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social e o Ministério das Finanças acabou por ser apresentado como um ponto ainda a discutir durante o mês de Outubro. Adia-se mais uma vez a discussão de fundo: como garantir uma carreira contributiva que proteja os profissionais do sector em vez de os endividar, como garantir os seus direitos (o acesso à baixa e à protecção no desemprego) e como recuperar os trabalhadores para o sistema, muitos condenados à informalidade e ao endividamento por conta de décadas de um sistema que tem como primeira opção a precariedade.
O questionário aos trabalhadores, fundamental para a implementação de medidas de fundo e de emergência sérias para o sector e que já deveria ter sido lançado continua por terminar longe dos olhares e do escrutínio das entidades representativas do sector que conhecem de facto a realidade do trabalho e dos profissionais da Cultura em Portugal. É a estas entidades que cabe validar esta ferramenta urgente para o mapeamento do sector e permitir que as soluções legislativas sejam consequentes.
Tendo em conta que o Ministério da Cultura diz estar a trabalhar em nova legislação para o sector desde Dezembro de 2019, seria de esperar muito mais deste documento.
Esta ideia de “Estatuto”, importada à força de outras realidades e com resultados duvidosos, parece ser uma cápsula de precariedade disfarçada, não propõe medidas efectivas e não tem nenhuma intenção de melhorar a legislação de forma consequente para os trabalhadores da Cultura em Portugal.
O CENA-STE lembra as palavras da Ministra do Trabalho e da Solidariedade Social na primeira reunião do grupo do chamado "Estatuto": é fundamental assegurar aos trabalhadores do sector da música, do audiovisual e dos espectáculos o acesso pleno a uma carreira contributiva, só assim será possível garantir protecção e direitos sociais, evitando que se repita a catástrofe que vivemos nestes tempos.
Lembramos também as palavras da Ministra Ana Mendes Godinho sobre as convenções colectivas como solução para o futuro, garantia de uma base mínima negocial para a defesa dos interesses individuais e colectivos dos trabalhadores, elemento facilitador da negociação entre os representantes dos trabalhadores (o sindicato) e os patrões. (...)».

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A propósito na Comunicação Social:

|CULTURA

Trabalhadores da cultura exigem legislação específica