No Jornal da Meia-Noite de ontem a que se refere a imagem vimos e ouvimos o Senhor Ministro da que Cultura numa postura que provavelmente vai ser a sua marca: a de «educador». Brinda-nos com mais uma «lição». Nada contra, mas ... Afirmou que vai estar aberto ao diálogo - e podia dizer outra coisa? Mas pensando melhor: estará a querer dizer que não tem havido diálogo? E disse que para isso tem de haver Interlocutores. Ah, como se está de acordo! E não percebemos muito bem o que adiantou sobre a curta experiência (comparando com outros setores) no que se refere às «medidas de política» para o sector ... Parece óbvio que o Senhor Ministro não saberá que houve tempos em que o Ministério da Cultura/Secretaria de Estado da Cultura foi mostrado como exemplo no que diz respeito à formulação da intervenção da ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Estará a querer dizer que o Ministério da Cultura está escangalhado? Bom, esperamos que no Ministério da Cultura neste novo ciclo de governação se sigam os conceitos e a terminologia que se aprendem na generalidade das Escolas de Gestão e, em particular, na esfera da GESTÃO PÚBLICA. E se cumpra a Lei do Enquadramento Orçamental - aquela coisa da orçamentação por programas é particularmente adequada ao Setor da Cultura. E há passado no Ministério, mas não há memória organizada, Senhor Ministro ... Aliás que aqui se siga o que parece ser defendido pelo atual Ministro: não começar do Zero. Mas para lá do discurso há que meter «a mão na massa» ... E ainda não vimos nada. Pronto, está bem, o Ministro começou a gora, mas ...
Aquela referência à necessidade de INTERLOCUTORES levou-nos a pensar no que se passa, nomeadamente, na CASA DA MÚSICA e a que se refere o post anterior. Do que escreve o CENA.STE - um INTERLOCUTOR, senhor Ministro da Cultura:
«Os trabalhadores da Casa da Música têm procurado, com insistência, discutir e resolver as suas reivindicações junto do Conselho de Administração da Fundação Casa da Música. Este recusa repetidamente o diálogo e acrescentou aos problemas já existentes um plano de alterações salariais nada transparente e claramente discriminatório, resultante de um processo de avaliação opaco, sem critérios conhecidos e pré-definidos, de que se conhece apenas uma vaga referência ao "mérito". Enfim, uma precária noção de gestão de recursos humanos.
Após recorrerem ao Conselho de Fundadores da Casa da Música - onde tem assento o Ministério da Cultura e a Câmara Municipal do Porto - através do comunicado em anexo, onde se expõe os sucessivos erros da administração, e não obterem da parte deste Conselho qualquer resposta, os trabalhadores reuniram em plenário na sexta-feira, 8 de Abril, e decidiram avançar para todas as formas de luta ao seu alcance.
Por trabalho com direitos, e em defesa do projecto da Casa da Música».
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«O actual Conselho de Administração apresentou-se aos trabalhadores em Julho de 2021, na Sala Suggia, e a Administradora-Delegada manifestou-se então disponível para receber e ouvir todos aqueles que quisessem ser ouvidos. Afirmou-o mas não o cumpre: são já muitos os trabalhadores que a ela recorrem e pedem para serem recebidos, sem obterem sequer uma resposta. A Administradora-Delegada continua sem conhecer as equipas e sem as ouvir, logo sem conhecer verdadeiramente a Casa da Música nem resolver os seus problemas.
De facto, na única reunião realizada entre a Direcção do Sindicato e o Conselho de Administração, o Presidente do Conselho disse muito claramente que considerava serem apenas as chefias que representavam os interesses dos trabalhadores. Não será necessário dizer o quão inaceitável é tal concepção distorcida das relações laborais. Mas é exactamente isto que tem ocorrido, e os efeitos, como em tempo útil alertámos, seriam e foram desastrosos. (...)». Saiba mais.
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E é claro que não colhe vir a dizer-se que a Casa da Música tem a sua autonomia e que o Ministro não se mete nisso ... Ou seja, Senhor Ministro da Cultura, é preciso passar-se da «lição» aos actos ...