com António Cunha, Eugénia Vasques, João Mota e Carlos Paulo
Recorte do JN de 30 MAIO 2022 | Sobre a noticia leia na plataforma SAPO
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Senhor Ministro da Cultura, será que nos podia dizer umas palavras sobre a matéria?
«A convite do Ministério da Cultura Francês, a Procur.arte vai apresentar o PARALLEL - European Photo Based Platform (PRL) na 3ª edição do Parlement de la Photographie, nos dias 7 e 8 de junho no Palais de Tokyo, para um momento de partilha e debate em torno do tema « La photographie sur tous les fronts ». Inscreva-se para participar 👉 https://fcld.ly/q9dr9wo
Erika Negrel - Réseau Diagonal, Kateryna Radchenko - Odesa Photo Days e Véronique Prugnaud - The Eyes membros da rede PRL, serão também participantes».
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E aproveitemos para uma visita ao Palais de Tokyo
A ideia é esta: dando continuidade a posts anteriores vamos tentar sistematizar palavras do Ministro da Cultura para tentarmos captar um corpo de pensamento que o orienta no lugar que ocupa. Para já a coisa está fusca. Do passado próximo lembremos a questão da precariedade.
«(...)Portugal é um país pobre, pouco desenvolvido, muito inculto, pouco cosmopolita e não me é indiferente que seja assim, e eu prefiro quem o diz com clareza e não anda com a boca cheia de “transições digitais” e outros slogans da treta do “politiquês” actual. Tudo isto é ainda verdade, embora os últimos quase cinquenta anos de democracia tenham melhorado de forma drástica todos estes parâmetros, e tenha havido um progresso muito significativo, a partir de uma situação em que a pobreza era muito maior, o analfabetismo, a mortalidade infantil, o provincianismo e, valor dos valores, em que não havia liberdade e éramos servos de uns senhores muito bem vestidos e bem-falantes (havia excepções) e umas senhoras de cabelo com o colchão do Nicolau Tolentino dentro. Houve uma verdadeira revolução nestes cinquenta anos, mas estamos ainda muito longe de deixarmos de ser pobres, atrasados, incultos e provincianos. E, nalgumas coisas, estamos mesmo a andar para trás, principalmente nos valores da sociabilidade e na cultura.
Quem tem acesso à internet, pela comunicação social, pode sem grande esforço, e «na hora», ir estando a par da «espuma dos dias» do que vai acontecendo na cultura na ótica da Administração Estatal, e certamente noutras perspetivas. A imagem acima é disso ilustração.Não estaremos a ser injustos se dissermos no que diz respeito a noticias que muito se fica «pela rama». Mas abençoada comunicação social, o que seria de nós sem ela! Eventualmente a comunicação social dá à cultura a importância que o resto do País lhe atribui. Contudo, de forma dispersa, é certo, no Espaço Público aparecem análises fundamentadas mas a que o Poder Estatal não liga nenhuma e os mais diretamente interessados não têm tempo para nelas se deterem: estão a lutar pela sua sobrevivência. Em particular a concorrer, a concorrer, a ir a todos os concursos de que vão tendo conhecimento ... Alguns lhes escaparão - já o constatamos. A outros não terão capacidade para se candidatarem. Seria interessante saber quanto lhes custam esses processos concursais, e em quanto ficam a todos nós. A «olho», a floresta de concursos no âmbito da cultura, e em particular os desencadeados pela DGARTES, serão um bom exemplo do que não deve acontecer. Mas retomando o fio à meada deste post, concretizando, que impacto terá o artigo de opinião acima assinalado, ou seja, «Apenas cinco dos perigos vários de um concurso vir a ser anulado». Está disponível online:
Passagens das mais «leves»: «(...) 4. Igualmente estúpido (perdoe-se-me o adjectivo, se é duro para com a ‘inteligência artificiosa’ das folhinhas excel) é dar-se algo de muito parecido com o preenchimento de data de nascimento dos candidatos, que exige não apenas o ano (seria razoável por possíveis razões estatísticas), mas o dia e o mês do nascimento de todos e cada um dos participantes em qualquer uma das tarefas na actividade apresentada a Concurso.
5. Os curricula vitae há muito que deveriam ter sido dispensados para quem tem ao menos que fosse 20 ou mais anos de actividade pública, até reconhecida pela própria tutela. Um caso extremo é a Maria do Céu Guerra ou o João Mota, por exemplo, recentemente agraciados com Medalha de Mérito Cultural pelo Ministério também terem de pôr lá o seu curriculum para um júri ad-hoc avaliar na vez da tutela! E, em contrapartida, os curricula, para fazer prova da sua nulidade, basta dizer que não carecem de prova alguma! Nada me impediria, se fosse exótico e mito-megalómano de dizer que fui 5 anos Subdirector no Teatro de Arte de Moscovo, leccionei 7 no Actor’s Studio ou sou ‘coacher’ do Al Pacino! (...)». Apetece perguntar: mas saberão na DGARTES que isto há muito foi identificado como absurdo, e que foram concebidos Projetos com divulgação pública para se evitar isso mesmo e, mais, com a evolução tecnológica pode ter-se esta informação curricular (individual e coletiva) em tempo real e online. Em dado momento o projeto para o efeito (financiado nomeadamente por fundos comunitários) designava-se PALCOS ...
Mas olhemos também para este excerto: «(...) 3. Apesar do apelo que percorre, como factor de valorização questões de defesa de direitos étnicos ou da liberdade de opção e género sexuais (de forma que, pessoalmente, acho exagerada por ir à exaustão), o nome de cada candidato está restrito, na escolha que o formulário fornece a masculino e feminino. Nem sequer a possibilidade de não-preenchimento é solução porque os algoritmos do formulário impedem a continuação do preenchimento do mesmo. Não percebo! (...)». Aqui, igualmente, muito há que questionar: por exemplo, devem estas opções ter valorizações especificas na esfera destes concursos? Não serão elas por si uma interferência nas opções artísticas? Em tempos o problema já se colocou. De que refexões se partirá na DGARTES nesta matéria? Como argumentarão perante a alternativa de haver financiamentos específicos para estas problemáticas? Qual é o ponto de situação de que se parte, ilustrando, perante a reflexão em curso na União Europeia: «Comment promouvoir l’égalité professionnelle dans le secteur culturel ?».
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Ao fazermos o que estamos a fazer neste post
não estaremos a contribuir para as mudanças que defendemos. Até parece
que o que existe tem solução. Mas não, como tantas vezes o temos aqui
dito, o QUE EXISTE ESTÁ ESGOTADO. E cada «remendo» que se inventa, como
se vê, apenas vai adensando a floresta (ou será melhor dizer monstro?)
que não nos leva ao SERVIÇO PÚBLICO de que necessitamos. Para terminar
este post, em que medida no que existe, por exemplo, estará refletido o que emerge das imagens seguintes?