Um leitor deste blogue enviou-nos e-mail com «link» para uma entrevista do Diretor da DGARTES à Antena 1. Ouça se o desejar. Daqui a uns tempos voltamos para conferir. Mas dúvidas já existem: como é que poderão ser abertos concursos nas datas que são referidas? Por exemplo, quem vai assumir a responsabilidade das verbas para o efeito? Depois continua o mesmo de sempre: lá apareceu o «inédito» quanto a term falado com os agentes culturais. Mas será que na DGARTES não há memória de que isso foi uma prática em várias ocasiões! E como coisa normal que nem tem que vir para a comunicação social. E aquela de que se publica na INTERNET os apoios concedidos e que isso é um sinal de transparência! Bom, mas aquilo, vendo bem, é uma repetição: os apoios concedidos são eles obrigatoriamente publicados na sequência dos concursos, e lá devem estar no site da DGARTES ( caso não os tenham entretanto tirado) ; já é obrigatório de há muitos anos publicar, depois, os pagamentos em diário da Républica, e por conseguinte informação também disponível na Internet. As listas agora feitas o que é que acrescem à transparência! E, claro, pensamos que já ninguém consegue ouvir falar «nas boas prática», porque de tanto mencionadas ficamos sem saber o que será mesmo que querem dizer com aquilo. E que tal as BOAS PRÁTICAS internacionais (e neste mundo globalizado, só faz sentido pensar desta forma) para a DGARTES seguir quanto à atribuição de apoios por partes do Estado para as artes? E no fim, será que esta entrevista não será apenas a reação à agitação do setor que foi mais visível nos últimos tempos? Enfim, uma entrevista cheia de coisa nenhuma. Talvez não, fica-se a saber que não vão alterar os regulamentos. É o que se pode dizer: entrada de leão saida de sendeiro. E com um bocado de jeito não vai haver concurso nenhum para os apoios que agora vão acabar: deslizam para o próximo ano ou anos ... É como dizemos, estamos cá para conferir.
sexta-feira, 29 de junho de 2012
segunda-feira, 25 de junho de 2012
ONDE RESISTE A ESPERANÇA?
Na revista VISÃO saida na última quinta feira, num ensaio de Viriato Soromenho-Marques com o titulo Onde Resiste a Esperança? pode ler-se:
«Todavia, o único lugar seguro para a esperança é o da certeza
ética. O imperativo de resistir, procurar encontrar soluções, não soçobrar na
força e determinação do espírito para fazer o que é justo, manter a serenidade,
distinguir o que é adequado do que é impróprio, separar o que é bom do que
alimenta o mal, nas fontes e nas consequências da nossa ação. Para isso sabemos
o suficiente, para transformar a nossa fragilidade na única força que vale a
pena. Quanto a isso não há qualquer incerteza ou equivoco».Foi bom que alguém tenha escrito isto quando tantos parecem pensar que se trata de coisas «fora de moda».
domingo, 24 de junho de 2012
sábado, 23 de junho de 2012
TRAZER PARA AQUI QUEM DEBATE
Uma das ideias para este blogue sempre foi chamar a atenção para quem reflete a cultura e as artes: uns fazem-no de vez em quando, outros sempre os conhecemos nesse ofício. É o caso de Alexandre Pomar . E tem memória organizada, o que é coisa rara na Cultura e nas Artes. No seu blogue tem textos recentes que merecem ser lidos e, em particular, neste momento em que debater cultura e artes parece, finalmente, ter caráter de urgência. As crises têm destas coisas, e ainda bem. Então aqui estão os endereços dos últimos posts.
sexta-feira, 22 de junho de 2012
AS COMPETÊNCIAS DA DGARTES
No passado 15 de Junho foi publicada a Portaria 188/2012 que estabelece as competências das Unidades Orgânicas da DGARTES. Depois de lidas apetece pegar no que RAQUEL HENRIQUES DA SILVA disse a propósito de uma outra orgânica: «O QUE MAIS ME DÓI É A GENTE DEIXAR QUE TUDO ISTO ACONTEÇA». E referia-se à forma como reflexões tão laboriosamente construidas ao longo dos anos são pura e simplesmente ignoradas. Repare-se na Portaria da DGARTES e tire as suas conclusões. Repare, desde logo, ao que estão reduzidos os serviços razão de ser da Direcção Geral: a uma Direcção de Serviços; mas depois há outra Direcção de Serviços nucleamente destinada a trabalhar para dentro da DGARTES; e uma outra Direcção de Serviços para a parte Financeira. Enfim, maiores as atividades -meio que as atividades - fim. Em tempos tudo isto era assegurado por uma «Repartição Administrativa», e numa segunda fase criou-se uma Divisão de Planeamento que não se confundia com o trivial administrativo-financeiro. Mas havia unidades orgânicas com identidade para o serviço público que se queria garantir: teatro; dança; música; artes plásticas;animação cultural; formação; equipamentos; ...
Encha-se de coragem e leia o diploma, e divulgue, e assumamos que temos direito à reinvindicação e à indignação - como foi afirmado por quase todos os intervenientes no encontro de segunda feira passada, no Teatro de S. Luís - perante atribuições com esta descrição, e são apenas exemplos:
- Disponibilizar informação de mercado e dos mercados destinada a apoiar os agentes do setor no desenvolvimento das suas estratégias de comunicação, venda e internacionalização.
- Disponibilizar informação de valor acrescentado aos agentes e público em geral, que promova um maior acesso à criação artística contemporânea nacional e permita identificar e disseminar as boas práticas nas diferentes áreas artísticas;
- Recolher e disponibilizar informação dos projetos,criadores, entidades e atividades apoiadas com intuito de a divulgar junto do setor e do público em geral, nos suportes desenvolvidos ou geridos pela DGARTES;
- Assegurar a atualidade e regularidade informativa dos dispositivos de comunicação da DGARTES, mantendo uma divulgação da sua atividade institucional;
- Elaborar propostas de modelos para apresentação de candidaturas, planos de atividades, orçamentos, relatórios anuais e intercalares, contratos, adendas e outros formulários decorrentes dos projetos, entidades e atividades apoiadas, assegurando a sua conformidade legal, economia e eficiência, bem como validar e avaliar a informação veiculada nesses instrumentos de gestão;
-Desenvolver e apoiar a recolha de informação necessária ao acompanhamento, monitorização e avaliação dos projetos, entidades e atividades apoiadas, em articulação com as direções regionais de cultura;
- Desenvolver e acompanhar a gestão de projetos de representação oficial nacional em diversos eventos, fóruns e certames na área da cultura, das arte e da criatividade;
Como diz uma leitora deste blogue: Santa paciência!
E falta lembrar que para isto há um Diretor - geral; uma Subdiretora - geral; três Diretores de Serviço.
terça-feira, 19 de junho de 2012
«1% PARA A CULTURA» EM ACÇÃO
«(...)
É tempo de ir mais longe. O Manifesto em Defesa da Cultura, em colaboração com o STE – Sindicato dos Trabalhadores de Espectáculos, vai levar a cabo um amplo programa de iniciativas a partir de 23 de Junho de 2012. Balões de S. João vão carregar a reivindicação de 1% para a Cultura pelos céus da Cidade Invicta. Por vilas e cidades, a Cultura sairá à rua despertando consciências. No Alentejo, serão realizadas iniciativas em Évora, Beja, Moura e Serpa. O programa culmina num dia recheado de actividades, a 9 de Julho, em Lisboa. (...)» (+)
Acabo de chegar do Teatro S. Luis e lá foi lembrada a urgência do envolvimento da sociedade, e de movimento que reunisse todos os movimentos. E, logo de início, que « Cultura e Futuro» não queria substituir nenhum outro movimento, nenhuma outra plataforma ... Não há dúvida, parece todos concordarem, há que trabalhar em conjunto para ter sucesso, só falta trabalhar em conjunto. E parece que reinvindicar 1% do OE para a Cultura é pacífico. Então já há algo comum! na diversidade. Assim sendo, Em frente, e à frente, 1% !
«CULTURA E FUTURO»
Hoje, 19 de Junho, no Teatro S. Luís, em Lisboa, às 18 Horas, a Sessão Pública CULTURA E FUTURO. No Jardim de Inverno. Veja os intervenientes.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
UM DOS LADOS MAIS DOLOROS DA CRISE
Chamaram-nos a atenção para a reportagem «La crisis del euro en el espíritu de Europa» que pode ler na semana.com. Algumas passagens:
«(...)
Para entender por qué una región tan admirada por su cultura hoy se precipita por un desbarrancadero sin fondo, hay que mirar al pasado. Europa no solo es un baluarte del pensamiento moderno, sino el nido de las artes y las letras de Occidente. Conscientes de ello, en 1992 las naciones que firmaron el Tratado de Maastricht para sellar el nacimiento de la Unión Europea (UE) declararon como objetivo primordial la protección de la diversidad cultural. Según el Departamento de Cultura de la Comisión Europea -consultado por SEMANA-, hasta hoy Bruselas ha invertido más de 400 millones de euros en cultura y ha apoyado a más de 1.000 organizaciones en los 27 países de UE.
(...)
Portugal, República Checa e Irlanda ya vienen sometiendo desde hace años al sector cultural a violentos recortes. En Portugal, la situación es especialmente grave. Muchos jóvenes artistas se sienten desamparados desde que el gobierno del conservador Pedro Passos Coelho suprimió el Ministerio de Cultura y redujo el presupuesto para el sector a 180 millones de euros, poco más que el de una ciudad alemana. Uno de ellos, Francisco Marcus, un poeta de 24 años que se gana la vida como mesero y que fundó un movimiento de protesta llamado Orfeo, le dijo a SEMANA: "Nos tratan como parias. Hasta gente premiada en festivales internacionales está cruzada de brazos porque no hay dinero". Cineastas y actores de teatro, los más afectados, llevan días protestando frente al Parlamento. Y la semana pasada, activistas colgaron mensajes en las sedes de algunos bancos: "Estamos hartos del irrespeto, la humillación y el desprecio hacia la cultura".
(...)
Portugal, República Checa e Irlanda ya vienen sometiendo desde hace años al sector cultural a violentos recortes. En Portugal, la situación es especialmente grave. Muchos jóvenes artistas se sienten desamparados desde que el gobierno del conservador Pedro Passos Coelho suprimió el Ministerio de Cultura y redujo el presupuesto para el sector a 180 millones de euros, poco más que el de una ciudad alemana. Uno de ellos, Francisco Marcus, un poeta de 24 años que se gana la vida como mesero y que fundó un movimiento de protesta llamado Orfeo, le dijo a SEMANA: "Nos tratan como parias. Hasta gente premiada en festivales internacionales está cruzada de brazos porque no hay dinero". Cineastas y actores de teatro, los más afectados, llevan días protestando frente al Parlamento. Y la semana pasada, activistas colgaron mensajes en las sedes de algunos bancos: "Estamos hartos del irrespeto, la humillación y el desprecio hacia la cultura".
(...)
Europa, sin embargo, lucha en la medida de sus posibilidades. Según un estudio de Lab for Culture, nueve naciones no solo se rehusaron a reducir los fondos de la cultura, sino que incluso los aumentaron. En Francia, donde ir a la ópera es un derecho fundamental, en 2011 la polémica por posibles recortes llegó hasta a las campañas presidenciales y obligó a socialistas y conservadores a elogiar la política de 'llave abierta' para las artes. Alemania ha elevado el presupuesto cultural por quinto año seguido. Y ante el desespero, algunos como Finlandia y el propio Reino Unido hoy destinan al sector las ganancias de la lotería. Expertos como el multimillonario alemán Nicolas Berggruen proponen un nuevo modelo según la tradición estadounidense: el mecenazgo y la filantropía.
Pero la amargura es generalizada. En entrevista con SEMANA, Petros Markaris, uno de los autores más famosos de Grecia, se refirió a una "brutalización del día a día para artistas e intelectuales". Y añadió: "Esta crisis es novedosa porque no ha gestado genios ni causado una revolución artística". En un reciente libro, el intelectual alemán Hans-Magnus Enzensberger también extraña "nuevas visiones o una revolución". Y tan desolador es el ambiente que hasta viejos sabuesos como el Nobel alemán de literatura Günter Grass han elevado su voz. En su más reciente poema titulado La vergüenza de Europa vapulea a su continente no solo por considerar la posibilidad de expulsar a Grecia de la zona euro, sino por estar perdiendo su propia esencia. "Sin ese país te marchitarás, / Europa, privada del espíritu / que un día te concibió"».
Pero la amargura es generalizada. En entrevista con SEMANA, Petros Markaris, uno de los autores más famosos de Grecia, se refirió a una "brutalización del día a día para artistas e intelectuales". Y añadió: "Esta crisis es novedosa porque no ha gestado genios ni causado una revolución artística". En un reciente libro, el intelectual alemán Hans-Magnus Enzensberger también extraña "nuevas visiones o una revolución". Y tan desolador es el ambiente que hasta viejos sabuesos como el Nobel alemán de literatura Günter Grass han elevado su voz. En su más reciente poema titulado La vergüenza de Europa vapulea a su continente no solo por considerar la posibilidad de expulsar a Grecia de la zona euro, sino por estar perdiendo su propia esencia. "Sin ese país te marchitarás, / Europa, privada del espíritu / que un día te concibió"».
domingo, 17 de junho de 2012
«NONPROFIT ARTS AND CULTURE ORGANIZATIONS» - USA
Sobre ou a partir do estudo:
«Arts & Economic Prosperity IV is our fourth study of the
nonprofit arts and culture industry's impact on the economy. The most
comprehensive study of its kind ever conducted, it gives us a quantifiable
economic impact of nonprofit arts and culture organizations and their audiences.
Using findings from 182 regions representing all 50 states and the District of
Columbia, an input-output economic model is able to deliver national
estimates».
«Every day, more than 100,000 nonprofit arts and culture organizations act as economic drivers—creating an industry that supports jobs, generates government revenue, and is the cornerstone of our tourism industry. This study documents the key role played by the nonprofit arts and culture industry, and their audiences, in strengthening our nation’s economy».
Mas para saber tudo visite o AEP IV website onde pode ler também este testemunho:
“The success of my family’s business
depends on finding and cultivating a creative and innovative workforce. I have
witnessed firsthand the power of the arts in building these business skills. When we
participate personally in the arts, we strengthen our ‘creativity muscles,’
which makes us not just a better ceramicist or chorus member, but a more creative
worker - better able to identify challenges and innovative business solutions. This
is one reason why the arts remain an important part of my personal and corporate
philanthropy.”
christopher forbes
Vice
Chairman, Forbes, Inc.
quinta-feira, 14 de junho de 2012
«À BEIRA DA EXTINÇÃO»
As imagens são de sete companhias de Teatro que nos últimos dias foram notícia na comunicação social, mas tudo à volta do mesmo, com titulos ou destaques do género: «Teatro luta para que não se feche o pano»; «Cornucópia, com 39 anos de existência, receia ser este o derradeiro ano de atividade». Isto no Jornal de Notícias de 12 de Junho. Por outro lado, as estruturas que participaram no 5.º Festival das Companhias de Descentralização - Cendrev, Escola da Noite, ACTA, Companhia de Teatro de Brga, Teatro das Beiras, Teatro Regional da Serra de Montemuro - alertaram no final «para o facto de estarem à beira da extinção», o que também mereceu espaço na comunicação social, e o comunicado pode ser lido, por exemplo, no Blogue da Companhia de Braga de onde se retirou: «(...)A somar a tudo isto, subsiste uma terrível incerteza sobre o futuro próximo. Os contratos quadrienais ou bienais ao abrigo dos quais estas companhias têm prestado o serviço público que as carateriza terminam no final de Dezembro e o Governo nada diz sobre o que quer ou pensa fazer em relação aos próximos anos. A indisponibilidade do Secretário de Estado e da Direcção-Geral das Artes para sequer se fazerem representar no debate organizado pelo Festival é apenas mais uma manifestação do desprezo das instituições públicas que tutelam o sector, não apenas pelo trabalho destas seis companhias mas pela globalidade da criação artística nacional. Depois de, entre Dezembro de 2011 e Janeiro de 2012, terem andado pelo país a dizer que queriam discutir “um novo modelo de financiamento”, acantonaram-se e têm permanecido escondidos, à espera que ninguém os interpele e como quem aguarda instruções superiores. Com esta atitude, foram deixando que se instalasse a ideia – entre públicos, estruturas de criação e até chefias intermédias da Secretaria de Estado da Cultura – de que se calhar até iria deixar de haver financiamento público à criação artística em Portugal. Entretanto, o sector agoniza, fica desestruturado e impossibilitado de projectar o que quer que seja em relação aos próximos anos.
Este insustentável silêncio por parte do Governo foi interrompido no sábado pelo Secretário de Estado, em resposta a uma dramática declaração de Luis Miguel Cintra. Disse ele, atirando areia para os olhos das pessoas, que “os concursos” irão abrir em Setembro. Importa dizer que a abertura dos “concursos” através dos quais o Estado financia a criação artística em Portugal decorre da lei. E que, portanto, caso lhe passasse pela cabeça não os abrir este ano, teria no mínimo de apresentar uma justificação qualquer e de se dar ao trabalho de encontrar o mecanismo legal que lhe permitisse não o fazer. E, já agora, de justificar perante a Assembleia da República e o país a forma como pretende cumprir o desígnio constitucional de garantir o direito “à criação e fruição cultural” de todos os cidadãos. (...)
De facto, uma notícia de hoje, no jornal Correio da Manhã, diz o seguinte: Apoios Podem voltar - O Secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, disse no Parlamento que tudo fará para reabrir em Setembro os concursos pontuais e plurianuais de apoios às artes, cancelados desde Março. Perante tudo isto, o que desde já se pode observar é que o problema está para lá do dinheiro. O que se constata é que as políticas públicas na esfera da cultura e das artes têm de ser tratadas com competência e transparência. A situação é séria, é grave, exigem-se medidas à altura. Talvez isto se possa ler na crónica de Jorge Calado na Revista Atual, no Semanário EXPRESSOde sábado passado (não temos link), mas de que transcrevemos:
A ESCOLHA DE SOFIA
Creio que foi Jean Vilar, o mítico diretor do Teatro Nacional Popular de Paris nos anos 50 e 60, quem disse que o teatro é um serviço público, como água, o gás ou a eletricidade. Eu, pelo menos, preciso de teatro para pensar. Perceber, por exemplo, a ironia que se esconde entre o fingido e o verdadeiro, entre a vida e a ficção (como se viu no recente espetáculo da Cornucópia). (...) O «Fingido e o Verdadeiro» da Cornucópia foi virtualmente construido com as memórias da companhia, os restos de outras produções e o barro dos atores. Resultado: um despojamento sublime e genial feito espetáculo. Fundado em 1973, o Teatro da Cornucópia é uma das poucas razões para viver em Lisboa. Em Portugal, há muito que as instituições culturais estão ligadas à máquina ao nível mínimo de sobrevivência. Para o Estado, a cultura - a alma da nação - apenas merece umas pevides. Cortar nas pevides é a morte, por asfixia, dos teatros, dos museus ou bibliotecas. Com o apoio contratado com o Estado reduzido a 62%, a Cornucópia está em perigo. O secretário de Estado (isto é, o Governo) ainda não percebeu que se impõe uma escolha - a escolha de Sofia. A alternativa é assistir à morte coletiva. Ser política é saber escolher.
segunda-feira, 11 de junho de 2012
NOTÁVEL, O DISCURSO DE SAMPAIO DA NÓVOA, NO 10 DE JUNHO
Se preferir ler, está no site da Presidência da República:
Discurso do Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, Prof. Doutor António Sampaio da Nóvoa
Lisboa, 10 de junho de 2012
«As palavras não mudam a realidade. Mas ajudam-nos a pensar, a conversar, a tomar consciência. E a consciência, essa sim, pode mudar a realidade.
As minhas primeiras palavras são, por inteiro, para os portugueses que vivem situações de dificuldade e de pobreza, de desemprego, que vivem hoje pior do que viviam ontem.
É neles que penso neste 10 de Junho.
A regra de ouro de qualquer contrato social é a defesa dos mais desprotegidos. Penso nos outros, logo existo (José Gomes Ferreira). É o compromisso com os outros, com o bem de todos, que nos torna humanos.
Portugal conseguiu sair de um longo ciclo de pobreza, marcado pelo atraso e pela sobrevivência. Quando pensávamos que este passado não voltaria mais, eis que a pobreza regressa, agora, sem as redes das sociedades tradicionais.
Começa a haver demasiados “portugais” dentro de Portugal. Começa a haver demasiadas desigualdades. E uma sociedade fragmentada é facilmente vencida pelo medo e pela radicalização.
Façamos um armistício connosco, e com o país. Mas não façamos, uma vez mais, o erro de pensar que a tempestade é passageira e que logo virá a bonança. Não virá. Tudo está a mudar à nossa volta. E nós também.
Façamos um armistício connosco, e com o país. Mas não façamos, uma vez mais, o erro de pensar que a tempestade é passageira e que logo virá a bonança. Não virá. Tudo está a mudar à nossa volta. E nós também.
Afinal, a História ainda não tinha acabado. Precisamos de ideias novas que nos deem um horizonte de futuro. Precisamos de alternativas. Há sempre alternativas.
A arrogância do pensamento inevitável é o contrário da liberdade. E nestes estranhos dias, duros e difíceis, podemos prescindir de tudo, mas não podemos prescindir nem da Liberdade nem do Futuro.
O futuro, Minhas Senhoras e Meus Senhores, está no reforço da sociedade e na valorização do conhecimento, está numa sociedade que se organiza com base no conhecimento.
Há a liberdade de falar e há a liberdade de viver, mas esta só existe quando se dá às pessoas a sua irreversível dignidade social (Miguel Torga).
Gostaria de recordar o célebre discurso de Franklin D. Roosevelt, proferido num tempo ainda mais difícil do que o nosso, em 1941. A democracia funda-se em coisas básicas e simples: igualdade de oportunidades; emprego para os que podem trabalhar; segurança para os que dela necessitam; fim dos privilégios para poucos; preservação das liberdades para todos.
Numa situação de guerra, Roosevelt sabia que os sacrifícios têm de basear-se numa forte consciência do social, do interesse coletivo, uma consciência que fomos perdendo na vertigem do económico; pior ainda, que fomos perdendo para interesses e grupos, sem controlo, que concentram a riqueza no mundo e tomam decisões à margem de qualquer princípio ético ou democrático. É uma “realidade inaceitável”.
Em mar de águas revoltas, é preciso manter o rumo, ter a sabedoria de separar o acessório do fundamental. A Europa não é uma opção, é a nossa condição. Uma Europa com uma nova divisa: liberdade, diversidade, solidariedade.
(...)». Continue
sábado, 9 de junho de 2012
quinta-feira, 7 de junho de 2012
A PACIÊNCIA DOS PORTUGUESES
D. Januário Torgal «chocado» com declarações de Passos Coelho
O Bispo das Forças Armadas confessou à TSF
estar «profundamente chocado» com os agradecimentos de Pedro Passos Coelho à
paciência dos portugueses. D. Januário Torgal Ferreira disse ter ficado com
vontade de pedir ao povo para sair à rua para fazer a democracia. (+)
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