sexta-feira, 31 de agosto de 2012

SHAKESPEARE

William Shakespeare - A digital reinvention

«SHAKESPEARE has been especially present across Britain this summer. Each of his 37 plays was performed in a different language at the Globe theatre in London, a score of wacky performances appeared at the Edinburgh Fringe festival, famous quotes featured in the Olympic opening ceremony, and the Royal Shakespeare Company (RSC) astutely rode the Olympic wave with its six-month-long World Shakespeare Festival—the largest celebration of the playwright ever staged.
But now, one of the better places to discover the Bard is online. New developments are unfolding in the digital realm, bringing the classic canon off the page and onto screens. Three projects are particularly riveting: the RSC’s new web portal called myShakespeare, an iPad edition of Shakespeare’s sonnets and a digitised version of the First Folio from Oxford University’s Bodleian Library, which will be available soon. It has never been easier to come into exhilarating contact with the enduring power of Shakespeare’s 400-year-old words». (...). Continue no blogue Prospero Books, arts and culture.
E, imagine algo parecido para GIL VICENTE.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

SERVIÇO PÚBLICO NA CULTURA

 
 
No âmbito do ciclo de sessões designado SINAIS DE FUMO,  a «conversa» de 23 de junho passado tal como foi divulgada:
 

Sinais de fumo

23 de Junho, 10H00 | Associação Espaço do Tempo
SINAIS DE FUMO: ”O PAPEL DA CULTURA NOS MODELOS DE FUTURO”, COM DELFIM SARDO, RUI VIEIRA NERY E TIAGO RODRIGUES
Sinais de Fumo é um ciclo de debates inserido na programação regular da Associação Espaço do Tempo. Estes debates procuram reunir ao longo de 2012, em 10 sessões, um incontornável grupo de pensadores, personagens de referência e reflexão, oriundos de diversos sectores da sociedade portuguesa.

Entretanto, soube que as intervenções estão disponíveis nos Vídeos SAPO e  acabei de ver a de Rui Vieira Nery  e, do meu ponto de vista,  a não perder, nomeadamente por quem está interessado em debater o Serviço Público na Cultura. Termina assim: Num momento de crise económica a cultura não é uma despesa supérflua.

domingo, 26 de agosto de 2012

AINDA A AVALIAÇÃO DAS FUNDAÇÕES

Em post anterior vaticinamos que a procissão estava no adro no que se refere à avaliação das Fundações, e parece que sim a julgar por  esta notícia do jornal Público, de Luís Miguel Queirós, com o seguinte titulo e introdução: 

«Filha de Paula Rego acusa Ministério das Finanças de erro na avaliação da fundação da pintora                      

                                                       
Fundação Paula Rego só não teve avaliação positiva porque os autores do relatório se enganaram nas contas. E a do Côa foi avaliada para o triénio 2008-2010, quando só foi criada  em 2011».   (+)                        

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

MANIFESTO EM DEFESA DO SERVIÇO PÚBLICO DE TELEVISÃO

Pode ler o Manifesto em Defesa do Serviço Público de Televisão  e ver os primeiros signatários aqui. Começa assim:

A evolução da televisão ao longo das últimas décadas, com a multiplicação da oferta de canais, a passagem ao digital, a perigosa concentração em grandes grupos de comunicação, com o risco de promiscuidade entre política, negócios e informação, não diminuiu a legitimidade do serviço público na Europa e do
seu insubstituível contributo para a democratização da sociedade. Pelo
contrário, na maioria dos países europeus, o serviço público reforçou a sua
legitimidade: multiplicou a oferta, reforçou a exigência de uma programação
mais qualificada e atenta à inovação do que a dos seus concorrentes
comerciais; tornou mais clara a exigência de uma informação isenta e plural;
as preocupações com a programação cultural ou relacionada com os gostos das
minorias e com os interesses sociais de reduzida expressão; a salvaguarda de
programas e canais de limitado interesse comercial, mas importantes para
toda a sociedade; a certeza de o seu capital ser nacional num quadro
empresarial cada vez mais preenchido por multinacionais e poderosos
operadores de telecomunicações; e o seu papel decisivo na indústria
audiovisual.
 
De tal forma assim é que em nenhum outro país europeu, exceto em Portugal, o
Governo se propôs enfraquecer o serviço público de televisão, privatizando
um dos seus canais nacionais. A prova é que a privatização de um canal de
televisão não figura nem nas exigências da Troika, nem na agenda da União
Europeia. O serviço público continua a ser considerado, agora mais do que
nunca no quadro da televisão digital, um eixo estratégico de afirmação da
língua, da cultura e da identidade de cada Estado, um instrumento da coesão
social de cada país, através de um operador a quem todos ­ poder e opinião
pública - reconhecem um insubstituível papel regulador do mercado, garante
do pluralismo e promotor da diversidade e da qualidade dos conteúdos
audiovisuais. E a quem os cidadãos sentem que podem pedir contas.
(...)».
Para aderir veja o endereço nesta imagem:
 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

UM PAÍS DE TELENOVELAS

«(...)
Mas a terceira razão, que seria injusto não enaltecer, é que são bem-feitas. À falta de uma indústria de cinema, existe hoje uma sólida indústria de telenovelas, organizada exactamente como o cinema americano na ‘Era dos Estúdios’, com uma produção em cadeia, rigorosamente planificada e com excelentes profissionais. E, graças à falta de continuidade de trabalho no cinema e no teatro, as novelas recorrem, geralmente, aos melhores actores. É deles que vamos falar para a semana». (+)
 António Pedro Vasconcelos

terça-feira, 21 de agosto de 2012

O ARROZ DO PONTAL


Publicado no jornal Público a 17 de Agosto

O arroz do Pontal
O discurso de Passos Coelho, ontem, no lugar nobre chamado Pontal, enquanto um arroz de marisco cozia - o tempo previsto era o da sua cozedura disse o primeiro-ministro - ficará nos anais do populismo como uma peça de veemência retórica idêntica a poucas. Em boa verdade nos seus longos três quartos de hora - não esquecer o arroz ao lume - não se ouviu nada de concreto sobre os nossos problemas reais, a dívida, o desemprego, o crescimento económico, etc. No dia em que o desemprego chega aos 15% - 17,5% na zona de Lisboa - e a recessão toca os 3,3%, foi de facto necessário empolgar os portugueses com palavras de ilusão empenhadas na ocultação destas realidades.
O mais evidente traço do empolgamento ministerial foi o que se traduziu no apelo abstracto ao empenhamento militante – por momentos as fronteiras laicas foram-se - de todos os portugueses no caminho traçado. E qual é? Não gastar – rima com Gaspar – mais do que aquilo que se deve, ou se tem a consciência de poder gastar, isso foi o pecado que nos levou ao desastre – como se fossemos perdulários por razão genética e todos fossemos “escudeiros”, como Vicente satirizava e como se a maior parte dos portugueses não fizesse bem as suas contas. Eis que fazendo assim, poupando e não gastando demais, o milagre acontece – claro que a creditarização da economia não joga aqui nenhum papel, nem o capitalismo, que é boa pessoa, ético e desconhece a ganância e o lucro. É tudo uma questão moral, de moral individual. Se cada um de nós for honesto consigo mesmo a coisa dá-se. No passado não foi assim, não fomos assim… A questão assim colocada é uma questão de identidade, de pecado identitário de abuso, de gastar o que se não tem, o que, superado, pela consciência agora arrependida do que foi e rectificando, ajuda a resolver a questão económica – se cada um o fizer, todos juntos seremos muitos. E será já em 2013 que o milagre se dá, isto das promessas tem o tempo do ciclo governativo. Esta lógica plena de portuguesismo agora adoptada pelo estadista principal, que nem sequer culpa o PS de Sócrates, nem o PREC, pelos males que nos caíram em cima, o que outros farão, lembra como quanto mais as coisas andam para trás maior é o apelo à pátria em abstracto, como nos tempos da guerra – o número de vezes em que estivemos todos juntos e aos abraços no mesmo barco que o primeiro-ministro navegou no discurso não têm conta. Como se o país fosse uma realidade homogénea, uma espécie de tribo da mesma língua – mesmo aqui o desacordo é violento, veja-se a questão do “acordo” ortográfico - e os contrastes, as diferenças, as desigualdades e o seu aumento gritante não interessassem à lógica da recuperação necessária, mesmo dizendo-se que não há reforma da saúde contra os médicos, os enfermeiros e os técnicos.
Isto é: mais dinheiro para os bancos, privatizações a enriquecer os mesmos, escola de novo a elitista – massiva para a maioria e elitista para quem tem euros – saúde a preços justos e gorduras do Estado cirurgicamente cortadas, essas são as questões, as outras sacrifícios necessários. Tem que ser e o que tem que ser tem muita força – já ouviram esta, não? Tudo com erros claro, mas quem não erra? Quando necessário, o discurso da competência apela ao rigor absoluto, como será de esperar em relatórios sobre matérias financeiras, quando essa competência não se atinge o erro é uma inevitabilidade humana. Como se diz do relatório sobre as Fundações, em que a Gulbenkian recebe nota negativa, a Gulbenkian que é uma Fundação privada a ser analisada num relatório das públicas. Este nível de discurso é de facto populista, vazio, entretém estratégico. E obviamente tem dois contextos, o do arroz, que o culmina e o outro, aquele que se liga à hora nobre televisiva e que é no fundo uma espécie de conversa em família – tanto paternalismo aconselhador faz lembrar esse estilo, na realidade irmanado com o anterior, o do “manholas”.
Já a inevitabilidade de a rentrée política ser algarvia diz muito das rotinas e dos hábitos políticos – porque não fazer a rentrée no Pulo do Lobo, perto dos falhanços nada patrióticos do projecto de Alqueva?- assim como o contexto gastronómico envolvente, mas afirmar que passámos nos quatro exames da troica e que ainda temos cinco pela frente e dizer que é um feito o que isso expressa – 15% de desemprego e 3,3% de recessão – releva da total incapacidade autocrítica. No seu estilo educado e com o empolgamento medido, sem abusar, não o revelem um Chavez de direita, o primeiro-ministro nada disse de substantivo relativamente à saída da actual situação. Se tal saída passa por uma melhor avaliação pelos gerentes da Caixa Geral de Depósito dos méritos individuais daqueles que pedem crédito para investimentos empresariais, expressos em boas ideias, disse, então a questão é remetida de facto não para quem governa mas para quem gere dinheiro e lucra com ele por finalidade – o Estado só corta. Eis o seu papel. Mais valia transformar a pátria que se referiu numa entidade banqueira. Desse tipo de processo não há país que saia para lado algum, quando muito há sucesso empresário.
Ainda hoje um nobel da economia, o senhor Stiglitz, chamou a atenção para o disparate das políticas austeritárias, que levam à bancarrota e para a necessidade da reestruturação das dívidas. A austeridade é a recessão. Poupar e ser patriótico por se acreditar que este é o único caminho, reconhecendo haver outros para efeitos de imagem de abertura à pluralidade, faz de facto lembrar as receitas do dinossauro excelentíssimo. Porque será que a nossa direita é tão arcaica e falha de qualquer novidade? Oxalá Passos Coelho fosse social-democrata.
Fernando Mora Ramos    

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

«EUROPEAN ARTS CUTS»


Para seguir, e participar caso esteja interessado em dar informação para «European Arts Cuts»,  veja no Guardian.

«UM POETA MESMO ATEU É UM SISMÓGRAFO»



Padre José Tolentino Mendonça

«Discurso cristão tem de ser culturalmente impertinente»  e «um poeta mesmo ateu é um sismógrafo», diz o diretor da Pastoral da Cultura,  Padre José Tolentino Mendonça, em entrevista ao DN de ontem:
«(...)
Mas dar a outro livro o título Um Deus que Dança, com uma afinidade muito grande com a frase de Nietzsche, não é uma provocação?
O discurso cristão tem de ser culturalmente impertinente, tal como a teologia, porque a sua natureza é estar do lado da interrogação. A fé dá que fazer! A escritora Flannery O’Connor dizia que crer é mais difícil do que não crer, e, nesse sentido, o diálogo com os não crentes é um caminho necessário porque testemunha alguma coisa que é inerente ao caminho do crente. É um património comum.
Usar versos de Cesariny para descrever a sua relação com Deus também é impertinência!
É ao mesmo tempo fazer um ato de justiça. Um dos maiores teólogos do século XX, Hans Urs von Balthasar, dizia que a gramática de Deus foi mais iluminada no século XX por poetas, pintores e artistas do que propriamente por teólogos. Um poeta, mesmo ateu, é um sismógrafo e alguém que tem da dimensão espiritual uma captação às vezes mais intensa do que as fórmulas onde os crentes normalmente se reveem.

domingo, 19 de agosto de 2012

«CROWDFUNDING»


Miguel Gonçalves Mendes em entrevista sobre o seu trabalho «José e Pilar»


Do que disse Miguel Gonçalves Mendes, realizador de José e Pilar,  em A CRISE, A CRIAÇÃO  E O FINANCIAMENTO COLETIVO,  trabalho  publicado no Jornal Expresso, Atual, de ontem:
«(...)
A arte não existe, nem nunca existiu, sem apoio do Estado ou de mecenas. Se assim não fosse, nem Giocondas, nem Capelas Sistinas, nem Mosteiros dos Jerónimos fariam parte do  nosso presente.
(...)
Neste momento, e com a falta de visão estratégica  daqueles que nos governam, com a falta de filantropia que sempre caracerizou os empresários portugueses, não me parece que restem muitas outras soluções, a não ser efetivamente este esforço coletivo, para que possamos continuar a ter memória coletiva, pois o que determina a história de um povo é a cultura e a ciência (...)».

E para saber a que é que o realizador se estava a referir visite esta plataforma sobre o filme   O Sentido da Vida que Miguel Gonçalves Mendes quer concretizar.

sábado, 18 de agosto de 2012

ERRO

Subitamente, eu, o editor feliz, o escritor sem preocupações, cometi este erro de aceitar um cargo político. Mas, não vamos falar disso pois não?” - Francisco José Viegas
Ver neste  artigo do Jornal Público

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

KOK NAM - «EMBOMDEIRO DO FOTOJORNALISMO MOÇAMBICANO»





Reprodução integral em Editions de l'oeil, 2007 (Coll. Les Carnets de la Création - Montreuil)
Kok Nam Photographe, Texto Jordane Bertrand (fr., port, ing.). 14 fotografias não legendadas, não datadas. TIRADA DE «ALEXANDRE POMAR»

Kok Nam faleceu.Nas minhas andanças por Moçambique aprendi a ver  o trabalho de Kok Nam que me ajudou a conhecer melhor aquele País de que tanto gosto,  e onde fui pela primeira vez  em 1980.   A notícia que nos chegou: «Familiares e amigos de Kok Nam, de 72 anos, prestaram hoje (quinta-feira) a última homenagem ao "embondeiro do fotojornalismo moçambicano", Kok Nam, pelo distinto trabalho que contribui para o acervo fotográfico da história de Moçambique.
Ao som de Pink Floyd, no salão nobre do Paços do Conselho Municipal de Maputo, o percurso profissional do jornalista, director do semanário Savana, que morreu na madrugada de sábado, vítima de doença, foi hoje lembrado por familiares, amigos e colegas de profissão. 

O ministro da Cultura de Moçambique, Armando Artur, falando em representação do presidente moçambicano, Armando Guebuza, descreveu Kok Nam como "o embondeiro" do fotojornalismo que "consolidou o seu estatuto de trabalhador incansável, fixando com a sua câmara fotográfica momentos ímpares do quotidiano" moçambicano.

"Falar do Kok Nam é equacionar um casamento perfeito entre a simplicidade e a competência, ou seja, entre a humildade e a dedicação", disse Armando Artur».
Mais
Para saber da obra de Kok Nam o trabalho de Alexandre Pomar no seu blogue.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

«A UTILIDADE DE UMA CULTURA DA IGNORÂNCIA»

Artigo de André Lamas Leite, hoje no Jornal i:


A utilidade de uma cultura da ignorância
Quão mesquinha é a visão de um governo quando, mesmo em tempos de profunda crise económico-financeira, só tem da Cultura uma pura visão mercantilista?

A cultura é um factor de coesão e de identidade nacional, assumindo-se como uma atitude perante a vida e as realidades nacionais. Ela constitui, hoje, um universo gerador de riqueza, de emprego e de qualidade de vida e, em simultâneo, um instrumento para a afirmação de Portugal na comunidade internacional. (…) O património cultural constitui dos activos mais preciosos de qualquer país e representa a herança comum a todos os Portugueses, a ser partilhada com a geração actual e futura.”
Estas são algumas das frases proclamatórias inscritas nas “Grandes Opções do Plano para 2012-15”, aprovadas pela Lei n.o 64-A/2011, de 30/12 (Diário da República, p. 5538-(47)). Não se trata de um qualquer manifesto de pseudo-críticos do regime e da maioria que o suporta ou de um grupo de insurrectos e mandriões subsídio-dependentes que têm a mania que sabem o que é a “Arte” e a desejam impor em espaços vazios de espectadores.
A um governo digno exige-se, no mínimo, que cumpra aquilo que delineou como uma “grande opção”. As palavras ficam sempre bem, mas para uma maioria de pendor cristão, deveria estar interiorizado que uma fé sem obras de pouco ou nada vale.
E as obras, em matéria de Cultura, no consulado de Passos Coelho são de uma eloquência ensurdecedora: começou por um aspecto que se podia entender como mais simbólico – o downgrading de Ministério para Secretaria de Estado –, com um homem do mundo da Cultura (não duvido que bem-intencionado), mas politicamente inábil e inexperiente; passou depois a confusas leis de apoio às artes performativas e, agora, segundo é noticiado, manter-se-á na rota da seca cultural com a extinção de fundações como a responsável pelas obras de Paula Rego. É a cultura do eucalipto que seca tudo o que está em volta. Continue aqui.


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

«ADIÓS CHAVELA, ADIÓS VOLCÁN»



«Pedro Almodóvar ha usado el perfil de Facebook de El Deseo, su productora, para publicar un texto en memoria de su amiga mexicana. El director fue quizás el principal responsable del éxito de Chavela en los últimos 20 años al incluir la canción Piensa en mí en su película Tacones lejanos (1991), en versión de Luz Casal».
Adiós volcán
Durante veinte años la busqué en sus escenarios habituales y desde que la encontré en el diminuto backstage de la madrileña Sala Caracol llevo otros veinte años despidiéndome de ella, hasta esta larguísima despedida, bajo el sol abrasivo del agosto madrileño.
Chavela Vargas hizo del abandono y la desolación una catedral en la que cabíamos todos y de la que se salía reconciliado con los propios errores, y dispuesto a seguir cometiéndolos, a intentarlo de nuevo.
El gran escritor Carlos Monsiváis dijo “Chavela Vargas ha sabido expresar la desolación de las rancheras con la radical desnudez del blues”. Según el mismo escritor, al prescindir del mariachi Chavela eliminó el carácter festivo de las rancheras, mostrando en toda su desnudez el dolor y la derrota de sus letras. En el caso de Piensa en mí, (eso lo digo yo) una especie de danzón de Agustín Lara, Chavela cambió hasta tal punto el compás original que de una canción pizpireta y bailable se convirtió en un fado o una nana dolorida».  (+) No El Pais

domingo, 12 de agosto de 2012

ACONTECEU


O encontro já aconteceu em Abril passado, mas houve o impulso para divulgar a imagem, e aproveita-se para indicar o site de  les rencontres o que leva a outras inicitaivas passadas, presentes e futuras.

«L’association les rencontres, créée pour et par des élus en charge de la culture et de l’éducation dans les différentes collectivités territoriales de l’Union européenne et au-delà, constitue une plate-forme de coopération, de débats et d’actions dans le domaine de la politique culturelle des villes, départements, régions, provinces… Elle encourage la mise en place de réelles démarches culturelles et participe de fait à la construction de l’Europe culturelle, conduisant le débat d’idées de façon à élaborer une citoyenneté européenne. L’association travaille en collaboration étroite avec des experts, des universitaires, des réseaux culturels, des associations d’élus et des artistes avec lesquels se réalise un véritable travail de recherche». (+)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

AVALIAÇÃO DAS FUNDAÇÕES NA ESFERA DA CULTURA E DAS ARTES




«Há males que vêm por bem», e espero que este episódio da avaliação das fundações e da proposta de extinção  da que envolve a Casa das Histórias e Paula Rego seja pretexto para se ir mais fundo e se estudarem as «organizações sem fins lucrativos», e não só as que juridicamente são Fundações,  e, em particular, as que têm atividade na esfera da cultura e das artes. Não deixa de ser sintomático que tenham sido estas que vieram para «as bocas do mundo»: para além da de Paula Rego, a comunicação social referiu a Gulbenkian, Serralves, Culturgest ... E parece que «a bota não bate com a perdigota» ... E, talvez, porque as organizações da cultura e das artes são das mais escrutinadas, as pessoas, no mínimo, têm uma ideia e, só pelo que ouvem, concluem que aquilo não deve estar certo. E interrogam-se sobre os critérios seguidos.   Não apetece em Agosto ir estudar  o relatório, mas deu-se uma olhadela, e para os interessados aqui está onde o pode ver e aos seus anexos. A pouca leitura feita já deu, contudo, para reparar em alguns aspetos: não há informação permanente sobre o universo em análise, na essência o estudo foi realizado tendo como fonte a informação proveniente do inquérito lançado para o efeito; depois, curiosamente, as IPSS que são fundações não tiverem o  tratamento  geral, está escrito: «Das 401 fundações avaliadas, 174 são fundações de solidariedade social (IPSS), as quais foram analisadas numa ótica económico-financeira, faltando ainda complementar a avaliação com uma análise qualitativa à sua atuação, o que deverá ser efetuado, de seguida, com as respetivas tutelas setoriais (Ministério da Solidariedade e Segurança Social (MSSS) e Ministério da Educação e Ciência (MEC)). A pergunta: não deveria isto mesmo ser a prática para todas, ou seja, a avaliação ter a intervenção  da «respetiva tutela»? E o modelo de avaliação assenta em três critérios, a saber: 
  Pertinência / relevância
Visa aferir em que medida se justifica a existência das entidades ou a manutençao do regime fundacional, atendendo aos fins prosseguidos e às atividades desnvolvidas, bem como à existência de outras entidades públicas e/ou privadas que atuem no mesmo domínio.Ponderação: 20%
 Eficácia / eficiência
Pretende avaliar o custo-benefício das principais atividades desenvolvidas pelas fundações e, em que medida se justificam os apoios financeiros públicos afetos à prossecução das mesmas.
Ponderação: 30%
Sustentabilidade
Visa determinar em que medida está assegurada a viabilidade económica e qual o nível de dependência dos apoios financeiros públicos das fundações.
Ponderação: 50%
Bom, para seguirmos este assunto, quiçá avaliar-se da fragilidade do trabalho,  não deixará de ser útil seguir o caso « Paula Rego». Comecemos com a reportagem da TVI - Fundação Paula Rego com ordem para extinguir. Depois, na televisão ouvi António Capucho dizer que «Isto é tudo um disparate», e aqui pode ler-se:  «É grotesca" a simples ideia de extinguir a Fundação Paula Rego, diz António Capucho, ex-presidente da Câmara de Cascais, em declarações à Renascença. "Isto é tão disparatado, tão grotesco como os talibãs atirarem morteiros para cima dos budas. É uma hipótese impossível e grotesca", diz». E um post na blogsfera de Sérgio Lavos:O mesmo Governo que patrocinou o cortejo de vaidades da Joana Vasconcelos em Versalhes prepara-se para acabar com o financiamento do museu de Paula Rego, a Casa das Histórias, museu esse que contou com a doação inicial de mais de 500 obras da pintora portuguesa que os ingleses gostavam de ter como sua. São critérios. Se se confirmar o fim da fundação, espero que Paula Rego seja firme e peça os seus quadros de volta. Um país que trata assim os seus mais dilectos filhos merece nada menos do que isso. Merece nada.
Talvez se possa concluir que a procissão ainda vai no adro. E já agora, uma declaração de interesses, estudo estas coisas, e daí estar atenta. Numa dissertação de mestrado propus como critérios para se avaliar das organizações sem fins lucrativos os seguintes:   Jurídico; Capital de Constituição; Valência de Serviço Público; Democraticidade Interna; Resultados não Financeiros mensuráveis. E de certeza que havemos de voltar a isto, ou não se desse tudo por uma boa discussão, como diria o Mário Barradas.


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

«A LIBERDADE DE CRIAÇÃO NÃO EQUIVALE AO DESERTO INSTITUCIONAL»


Da intervenção de RUI VIEIRA NERY no encontro havido a 19 de Junho de 2012 no Teatro São Luiz, em Lisboa: 
«Os artistas não são parasitas, são construtores de desenvolvimento nacional com um potencial imenso por explorar", declarou Rui Vieira Nery, confrontando o discurso de redução do artista a uma figura socialmente indesejável, dependente do Estado e não produtivo. E acrescentou que a "ideia de que a criação artística é algo que se materializa [a partir] da pura vontade do artista é uma mentira que se instalou e que importa desmistificar". O governo incorre numa definição do trabalho artístico como algo de não profissional, à margem das actividades economicamente 'verdadeiras' e 'úteis'. Como bem realçou o musicólogo, "não é suposto um artista ter de passar fome para fazer arte. Génios sempre houve", mas não é assim que se constrói e mantém uma rede de criação artística [estruturada e com pólos] de excelência. Por outro lado, "a liberdade de criação não equivale ao deserto institucional". A ideia de que o Estado não se pode intrometer nas escolhas estéticas e programáticas dos criadores, uma ideia certa e defendida por todos, não tem qualquer relação nem justifica a actual estratégia de desresponsabilização governativa perante a rede pública de equipamentos culturais e perante os apoios à criação.
(...)
Numa perspectiva económica, "esta estratégia entra em total contra-senso", considerou ainda Vieira Nery. Invocar a crise como pretexto para estrangular o investimento na Cultura é anular qualquer hipótese de sair da crise mas, sobretudo, o investimento na Cultura é, em termos macro-orçamentais, irrelevante. Qualquer corte na Cultura não adianta absolutamente nada para uma redução do défice orçamental ou da dívida pública. A insistência na frase 'não há dinheiro' não passa, por isso, de um pretexto para impor aquilo que é a convicção ideológica do actual governo: a cultura é um desperdício».
Mas veja mais na fonte, no blogue Cultura e Futuro.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

EM REGIME DE SUBSTITUIÇÃO



Da entrevista dada por Luís Raposo à revista Visão desta semana, a que se refere a imagem, um excerto:
«(...)
Quando diz que o seu sucessor entra fragilizado, refere-se a quê?
Não está em causa a pessoa, um arqueólogo de quem sou até amigo. Mas uma direção em regime de substituição é sempre frágil e a prazo, uma vez que terá de ser aberto um concurso. Um diretor deve ser alguém com um projeto e um curriculo que sejam avaliados precisamente durante esse concurso. (...)».

domingo, 5 de agosto de 2012

ESPIRITO CONTABILÍSTICO E CULTURA ARTÍSTICA

A política não é uma contabilidade. O exercício de uma política não se resume a fazer um orçamento. A política é uma possibilidade na crise, em austeridade, como o é em tempo de vacas gordas. Vacas gordas, sabemo-lo, são o sol que dura pouco e a crise a constante patrimonial, herança histórica, territorial, recursos naturais, qualificação cultural e qualificações profissionais do povo, democracia precária, formal e não estrutural, portanto de longa duração, a que a actual, global e europeia, se soma – nada disto é novo e o regresso de formas de salazarismo financeiro, poupança e sacrifício democratizados, uma vocação das elites e testas de ferro ascendidos. Novos mitos desenvolvimentistas estão aí, como antes estiveram as autoestradas a resolver isolamentos que com elas se acentuaram – o desenvolvimento são sempre as pessoas, quem aprenderá lá no cimo? O novo mito, em formação mediática, é trocar o mar que nos levou e trouxe ao mundo pelo que nos banha os pés, trilho emergente do dinheiro fresco a inventar na burocracia europeia e local, legalíssima.
A política é um bem necessário, raro e é imaginação e pensamento a agir na mudança, é a mudança como horizonte qualificado e pragmatismo não acéfalo. É a forma de ter uma ideia de país que seja uma ideia possível para o que o país é, o seu atraso – não europeu - e o que o potencie a partir das qualidades positivas específicas, dinâmica de enraizamento, isolados os atavismos e desigualdades ademocráticas. As comparações com nações de massa crítica, na qualificação científica e cultural das populações, são e foram muitas, os melhores recursos que temos, somos nós, os portugueses. Teremos de apostar nas nossas potencialidades, o que significa marchar, marchar, contra o desemprego crescente dos que estudaram, contra o desinvestimento nas práticas de investigação científica e económica, contra o recuo do investimento cultural, a passar do pouco – irrelevantes 0,3% - para menos que nada, negatividade pura, dinheiro para fingir que somos europeus como os demais pelo lado das fachadas – fala-se de Europa a duas velocidades, porque não a três, ou quatro? Se não for pela realidade do que sejamos, ou venhamos a ser, como identidade cultural prospectiva, essa mistura do que somos com o que seremos na relação com a Europa, o que fará de nós Europa? A questão é: andar a dizer que “não há dinheiro” ou que se estão a criar as condições para se criarem as condições de fazer o que as condições por se criar hão-de possibilitar fazer, seguindo-se a declaração de que as coisas serão como no ano anterior, como vêm dizendo do lado do Secretário de Estado da Cultura, é assumir que a política é apenas contabilidade e nada mais, pelo que, em boa verdade, poderíamos poupar no Secretário da Cultura como no aparelho cultural, todo ele improdutivo, despesismo, inutilidade. Só faz sentido aparelho cultural com política cultural. Com política contabilística atribuam ao Ministério das Finanças – e não colhe serem contra a “política do espírito”, é despropósito, diferença de tê-lo e não tê-lo.
Em boa verdade, o imobilismo, a falta de imaginação para com o mesmo fazer melhor, além do que é puro corte e cola – os cacos – é fruto não apenas da força de Victor Gaspar, mas da impreparação dos ascendidos aos papéis governativos na cultura.
A política necessita de ideias e estas de algum voo prático. E não é fazer mais com o mesmo, como disse alguém. É fazer melhor com o mesmo e inventar mais a partir do mesmo e fora desse mesmo – há muito por onde, mas é necessário ter cultura administrativa e funcionários competentes. Com quem se subalterniza aos ditames do império contabilístico nada a fazer. A cultura é outro território, outra margem, é necessário respirá-la como necessidade orgânica, democracia, acesso de todos a uma cultura “elitista para todos”. É necessário não seguir a política do dono em tudo e não cultivar o terror da “dívida” como novo pecado original. Se ao menos houvesse espírito, que não fosse o santo nem o contabilístico, poderia eventualmente haver um esboço de país cultural, de democracia prospectiva.

O QUE É QUE NÓS SOMOS?

«(...)O ano passado estive sete meses à espera do financiamento, e este ano estou na mesma situação. Coimbra está de fora das grandes empresas mecenáticas.
Em Portugal, há pessoas com fome será isto prioritário?
A cultura é essencial ao desenvolvimento de um país. Portugal estava a dar os primeiros passos para sair do subdesenvolvimento e parou. Sem escritores, artistas, músicos, o que é que nós somos? A cultura tem dado ao  país as poucas razões de prestígio. Maria João Pires, o meu amigo Paulo Furtado, o Legendary Tigerman, o Julião Sarmento, o Pedro Cabrita Reis, a Joana Vasconcelos, goste-se ou não. E antes do prestígio está a formação do país. Constroi-se um equipamento, equipas, e passado uns anos esvazia-se. Utilizam-se dinheiros comunitários para construir equipamentos mas não há dinheiro para a programação, nem orçamentam a programação. É criminoso o que se está a fazer.
Também é criminoso o que se está a fazer no campo social
Claro, somos solidários, os artistas e a cultura têm dado o exemplo.
(...)».
excerto da entrevista de Clara Ferreira Alves a Albano da Silva Pereira, Expresso-Revista-4agosto2012 (sem link)
Mas saiba mais sobre Albano da Slva Pereira numa outra entrevista, a Maria João Seixas, noJornal Público.


Albano da Silva Pereira à direita (tirada daqui)

MARILYN MONROE MORREU HA 50 ANOS



Na morte de Marilyn
Morreu a mais bela mulher do mundo
tão bela que não só era assim bela
como mais que chamar-lhe marilyn
devíamos mas era reservar apenas para ela
o seco sóbrio simples nome de mulher
em vez de marilyn dizer mulher
Não havia no fundo em todo o mundo outra mulher
mas ingeriu demasiados barbitúricos
uma noite ao deitar-se quando se sentiu sozinha
ou suspeitou que tinha errado a vida
ela de quem a vida a bem dizer não era digna
e que exibia vida mesmo quando a suprimia
Não havia no mundo uma mulher mais bela mas
essa mulher um dia dispôs do direito
ao uso e ao abuso de ser bela
e decidiu de vez não mais o ser
nem doravante ser sequer mulher
O último dos rostos que mostrou era um rosto de dor
um rosto sem regresso mais que rosto mar
e toda a confusão e convulsão que nele possa caber
e toda a violência e voz que num restrito rosto
possa o máximo mar intensamente condensar
Tomou todos os tubos que tinha e não tinha
e disse à governanta não me acorde amanhã
estou cansada e necessito de dormir
estou cansada e é preciso eu descansar
Nunca ninguém foi tão amado como ela
nunca ninguém se viu envolto em semelhante escuridão
Era mulher era a mulher mais bela
mas não há coisa alguma que fazer se certo dia
a mão da solidão é pedra em nosso peito
Perto de marilyn havia aqueles comprimidos
seriam solução sentiu na mão a mãe
estava tão sozinha que pensou que a não amavam
que todos afinal a utilizavam
que viam por trás dela a mais comum imagem dela
a cara o corpo de mulher que urge adjectivar
mesmo que seja bela o adjectivo a empregar
que em vez de ver um todo se decida dissecar
analisar partir multiplicar em partes
Toda a mulher que era se sentiu toda sozinha
julgou que a não amavam todo o tempo como que parou
quis ser até ao fim coisa que mexe coisa viva
um segundo bastou foi só estender a mão
e então o tempo sim foi coisa que passou.

Ruy Belo

sábado, 4 de agosto de 2012

«NATIONAL ARTS MARKETING PROJET»


Sou uma adepta das Redes Sociais,  não usá-las no âmbito do Marketing de uma qualquer organização penso que é uma falha. Mas como para tudo, para produzir efeito, há que ter uma estratégia e um programa de trabalho. Para isso, voltando ao National Arts Marketing Projet,  pode ser inspirador o registado nos 50 WINNING TWEETS FROM THE 2011 NATIONAL ARTS MARKETING PROJECT CONFERENCE. Veja aqui. E vai haver nova Conferência no próximo Novembro assim anunciada: «Don’t fret; the 2012 National Arts Marketing Project Conference, November 9–12, 2012, in Charlotte, NC, provides the business and marketing tools you need to plant you and your organization firmly on the ground while you set your sights high and seek new ventures».