segunda-feira, 23 de setembro de 2013

«PART-TIME»

(E uma vez mais, lá temos «Secretaria de Estado da Cultura» que não há, existe uma área da Cultura na Presidência do Conselho de Ministros, e um Secretário de Estado da Cultura, sem Secretaria de Estado)

E que fazer com esta notícia ?

Ver pessoas tão prestigiadas ligadas ao TNSC só pode provocar satisfação, mas há coisas que precisam de ser esclarecidas. Desde logo, qual a razão de tal decisão? Afinal, quem vai dirigir o Teatro Nacional de São Carlos? Quanto é que se vai poupar com esta solução ?, se é que a opção teve isso na base, ou seja, reduzir custos. Mas será que se diminuem?  Se a moda pega, de repente, vamos ter os outros Teatros Nacionais com protagonistas determinantes para a sua identidade também em regime de acumulação ... E na base, qual o modelo em vigor de condução artística e gestionária para as Unidades de Produção do Estado na área da cultura que dá cobertura ao processo ?
Naturalmente, ver as pessoas envolvidas a aceitarem este mecanismo é porque faz sentido para elas, do ponto de vista artístico e no que diz respeito à gestão. Mas compreende-se que se espere alguma argumentação ... Os seus admiradores, no minimo, merecem isso.
Entretanto, já há pormenores: um comunicado da Gulbenkian, disponível no seu site, e que teve repercussão na comunicação social, esclarece que «Joana Carneiro manterá colaboração com a Gulbenkian quando assumir funções no S. Carlos». Veja aqui. E o comunicado da FCG na integra, de que se segue excerto:
«Ao contrário do que foi transmitido por alguns órgãos de comunicação social, a maestrina Joana Carneiro vai manter a sua colaboração com a Gulbenkian Música. As notícias, surgidas a propósito do convite que lhe foi dirigido para ocupar o cargo de maestrina titular da Orquestra Sinfónica Portuguesa, apontavam a saída de Joana Carneiro dos projetos que desenvolve na Gulbenkian Música no decorrer desta temporada.
Joana Carneiro permanece, assim, maestrina convidada da Orquestra Gulbenkian e Diretora Artística do Estágio Gulbenkian para Orquestra, continuando a integrar o elenco dos maestros vinculados à Fundação esta temporada, constituído por Paul McCreesh, Susanna Mälkki e Pedro Neves.
Este vínculo é mantido, independentemente dos novos projetos que a maestrina possa abraçar.
Em resposta à notícias publicadas Joana Carneiro esclarece: “É um privilégio fazer parte da família Orquestra Gulbenkian, que tem acompanhado tão perto o meu crescimento artístico e pessoal. É com muito orgulho e alegria que continuarei a exercer as minhas funções como Maestrina Convidada da Orquestra Gulbenkian e Diretora Artística do Estágio Gulbenkian para Orquestra, numa altura em que tenho a honra de iniciar funções como Maestrina Principal da Orquestra Sinfónica Portuguesa." Continue.
Em termos aritméticos, quanto tempo será dedicado pelo programador e pela maestrina titular às suas novas funções? E a pergunta que muitos se farão: mas não haveria outras figuras, igualmente competentes e prestigiadas, que se pudessem dedicar em full-time ao TNSC ? 
Por agora, mais outra questão: e como é que esta coisa das acumulações será tratada no sistema de apoios do Estado através da DGARTES? E, ainda que mal comparado, será que o Reitor de uma Universidade também não o poderá ser, ao mesmo tempo, de outra? Parece haver «incompatibilidades» que não precisam de ser decretadas ... 
Mas pior que tudo, resumindo, e concluindo, nada do que foi anunciado resolve o problema de fundo do TNSC. Eventualmente, contribuirá para o evidenciar, e mostrar até onde chegámos. Nos dias que correm,  já não é mau.


P.S - este post resulta das  perguntas e comentários que nos fizeram chegar. Em sintese, uns não entendem como isto é possível, outros apenas manifestam a sua estranheza ... E no conjunto tocam nos pontos que abordámos. Há ainda quem mencione que tudo se deve ao facto de se querer apresentar alguma coisa para o São Carlos. O futuro o dirá !
   

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