sábado, 31 de janeiro de 2015

«M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO»



Já vem detrás, leitores do Elitário Para Todos - especialistas e cidadãos comuns - percebem cada vez menos como se chega a dirigente na Administração Pública e, nomeadamente, na área da Cultura. E como se faz carreira como dirigente. Em particular, não entendem que formação de base é preciso ter, e que percurso é preciso fazer para se progredir. Apontam casos: mas com tão pouca idade ..., tão pouca experiência ..., sem formação de partida que justifique a função ..., mesmo contestados pelos destinatários  desse organismo..., como é que isso pode acontecer ... Pois é,  espantamo-nos e envergonhamo-nos.  Aqui no Elitário Para Todos,  vamos continuar a acolher a voz dos leitores que nos vão apontando casos, não vamos desistir de registar o que se encontra estipulado, partilhar  perplexidades, e adiantar situações que as fundamentam. À partida, parece que o difícil é entrar no circuito ... depois rola-se de chefia em chefia.  Nesta atmosfera,  para continuarmos a aplaudir quando for caso disso,  para nos indignarmos quando houver razão, e fundamentalmente para nos empenharmos na MUDANÇA, mais alguns apontamentos.
Desde logo, retomemos o já visto neste blogue, através de um dos últimos posts sobre o assunto:
Depois, olhemos para a imagem de início, e objetivamente haverá dirigentes, conhecidos de muitos,  que dificilmente encaixam nos requisitos exigidos e até haverá passado que mostra isso mesmo.
Em seguida, muito do que está a ver-se assenta em algo que saibamos não aconteceu: concursos anulados pela CRESAP.
E um pormenor,os Perfis dos lugares parece serem de geometria variável, tão diverso é o  de quem os ocupa ao longo dos tempos. Bem vista as coisas, o perfil é o de quem vier a desempenhar a função...E começa a haver o desplante que leva à justificação de que não faz mal porque se está em regime de substituição! Mais que não fosse, na Cultura o regime de substituição eterniza-se, e como se as competências exigidas não o devessem ser sempre !
Já agora, se lhe der para isso, veja um exemplo de «carreira» que leva a Subdiretora-Geral da DGARTES: Despacho n.º 651/2015 - Diário da República n.º 15/2015, Série II de 2015-01-22 . 
Qual o processo de decisão que leva a isto !
E compare o «Perfil» com quem ocupou o lugar imeditamente antes, através  do  Despacho 9356/2011, de 21 de Julho, que pode ser, por exemplo, consultado aqui.
Ainda, há também uma justificação muito frequente, contam-nos que visados quando confrontados com incongruências argumentam que não são juristas, o que não deixa de ser curioso, pois que os dirigentes da Administração Pública têm de saber da lei que nos rege, ainda que não se exija que sejam especialistas. E assim vai o mundo, e «este jardim à beira-mar plantado» ...




quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

«MAS QUEQUÉ ISTO !»


 Álamo Facó / «Quequé»


Na telenovela brasileira LADO A LADO, o  Quequé -  um faz tudo do núcleo o Teatro Alheira - é uma figura hilariante e passa a vida a exclamar  «mas o que é que é isto!» ou parecido. Como o ambiente  é teatro, tomemos como nossa a expressão para comentarmos esta notícia: «Aida Tavares nomeada diretora artística do Teatro Municipal São Luiz».  Não se discute  aqui a aptidão ou não para o lugar, mas sim isto:  cadê o concurso?
A coisa começa a ser «viral»  na cultura ... Já não bastava o que acontece na Administração Central - veja-se o que se passa, por exemplo, na DGARTES -  temos também o Local a alinhar pelo mesmo diapasão ... E depois admiram-se que o povo diga «que é tudo igual !».


 

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O MÁRIO JACQUES MORREU




O Mário Jacques morreu . O funeral é hoje,  terça-feira, pelas 16:00H no Alto de S.João, sai do Palácio das Galveias pelas 15:30H. Para muitas pessoas o nome de Mário Jacques ficará para sempre ligado aos Bonecreiros, e à Grande Imprecação Diante das Muralhas da Cidade de 1974 (antes de Abril). Depois houve a do Teatro dos Aloés em 2004. Em jeito de homenagem, recordemos uma e outra, através daqui.



E já temos saudades, do grande ator - «um talento de actor inestimável», como dizia Mário Barradas -  e do amigo.

domingo, 18 de janeiro de 2015

«São dias de pedra e aço - alguém sabe onde nos levam ?»



Fonte: Caderno de Economia | Expresso de 10 janeiro 2015 |
no «Cem por Cento» de Nicolau Santos

Mais Poesia 
de Rui Pires Cabral - aqui.

Pois é, isto não é  uma «indústria» ...

sábado, 17 de janeiro de 2015

«CENTROS CRIATIVOS»



A notícia da imagem é do caderno  ECONOMIA do semanário Expresso de 10 de janeiro de 2015, ou seja, da semana passada. Temos de nos render, olhamos para o que está escrito e continuamos a ter dificuldade em penetrar no que se descreve. E talvez tudo comece no conteúdo que será dado a cada um dos termos  (conceitos?) utilizados, e depois ao que resulta dos cruzamentos entre eles: «rentabilidade», «sustentabilidade», «desenvolvimento», «indústrias», «gestores»,  «economia», ... -  será que têm o significado  que lhes é tradicionalmente dado, na esfera da economia e da gestão,  em termos  académicos, e pelos práticos do mundo do trabalho?  E irão de encontro ao entendimento comum das pessoas em geral? E aquela «sustentabilidade» será que  coincide com o conceito mais recente (mas já com décadas) de «Desenvolvimento Sustentável»? E, reiteremos o que já escrevemos noutros posts, certamente  como muitos e muitas, seguimos o que os manuais de gestão registam: qualquer Indústria deve ser CRIATIVA e levar à INOVAÇÃO. Por conseguinte,  a CULTURA  e a ARTE  quando  indústrias devem ser criativas. Ah! claro, estamos com quem mostra que a Cultura e a Arte, nomeadamente  a proporcionada pelo que deve ser um SERVIÇO PÚBLICO, é fundamental a qualquer «CRIATIVIDADE». Sem esse serviço público tudo se torna mais difícil, senão impossível.   E aqueles «hubs» - traduzidos por centros criativos - damos como adquirido que não substituem os CENTROS CULTURAIS e os CENTROS DE ARTES com passado e presente, e esperemos futuro, no País e na Europa. Voltando à notícia, será lapso, ou será mesmo assim? Por um lado utiliza-se «Indústrias criativas», mas quando é economia já se encontra «Economia criativa e cultural». Dirão que estamos a ser «picuinhas» -  como é frequente dizer-se, com o devido respeito, não nos parece tal ... Há que precisar as categorias com que se está a trabalhar, caso contrário, tudo nasce tordo, e depois «tarde ou nunca se endireita». Bom, dito isto, e valorizando-se, naturalmente, o trabalho dos envolvidos no Forum, e não deixando  de  se ter reparado  na natureza dos apoios recebidos - a realidade é a realidade -, e já depois de o Fórum ter acontecido, tentámos saber mais. Desde logo, o site:


http://creativehubs.org/

Lá disponível o relatório final do Fórum Piloto que teve lugar em 2014, onde se pode ler, por exemplo:

«Why a Creative Hubs Forum? The Creative hubs Forum was positioned to explore how to most effectively develop, connect and grow creative hubs in Portugal and internationally. Creative hubs (e.g. dedicated workspace and activity space for the creative industries) have grown in number, scale and relevance over recent years. They are an outcome of and a driver for growth, competitiveness and innovation in the creative industries. They provide a
range of values to the wider arts, and cultural sector by encouraging collaboration, generating distinctive cultural practice, and offering much needed exhibition and events space. Plus they deliver a value-adding role to agendas in regeneration, tourism, inward investment and education. (...)






The stakes here are high and this Forum came at a critical time for creative hubs in Portugal, Spain and internationally. As countries such as Portugal emerges from recession, it is clear that the creative industries sector will play a critical role in delivering a balanced and high value economy. Indeed, the sector is already playing an important role - as a provider of new jobs and value-added to cities and as a force for distinctive places which are attractive to inward investment, talent retention/attraction and a stronger and more resilient economy overall. But Portugal, Spain and many parts of Europe are currently struggling to capitalise on the opportunity presented by the creative economy. For example, with many creative hubs in smaller cities across every region, it is particularly challenging for local clusters to
gain real scale and influence where an ecology of small and micro businesses, established and growing business, arts and cultural organisations, higher education activities, and clear pathways to market, are converged. (...)».

 Para finalizar, e em termos da estrutura  dos Governos e das Administrações Públicas, desde que não se confunda Ministério da Cultura (ou equivalentes) com  Ministérios da Indústria e da Economia, e depois de mais umas tantas clarificações, facilmente se subscreve o que está no relatório do Fórum Piloto. E aguardemos o do Fórum deste ano. Mas que isto das indústrias e da economia culturais e criativas, ou como lhe queiramos chamar, anda também a causar muitos estragos,  na «Cultura Artística» a que todos têm direito, enquanto serviço público, parece-nos que ninguém o pode negar ... Em particular, as  «industrias criativas» não podem ser a sua versão «modernaça» ...


MANIFESTO EM DEFESA DA CULTURA | Conclusões do Encontro Realizado em Dezembro 2014