sábado, 17 de janeiro de 2015

«CENTROS CRIATIVOS»



A notícia da imagem é do caderno  ECONOMIA do semanário Expresso de 10 de janeiro de 2015, ou seja, da semana passada. Temos de nos render, olhamos para o que está escrito e continuamos a ter dificuldade em penetrar no que se descreve. E talvez tudo comece no conteúdo que será dado a cada um dos termos  (conceitos?) utilizados, e depois ao que resulta dos cruzamentos entre eles: «rentabilidade», «sustentabilidade», «desenvolvimento», «indústrias», «gestores»,  «economia», ... -  será que têm o significado  que lhes é tradicionalmente dado, na esfera da economia e da gestão,  em termos  académicos, e pelos práticos do mundo do trabalho?  E irão de encontro ao entendimento comum das pessoas em geral? E aquela «sustentabilidade» será que  coincide com o conceito mais recente (mas já com décadas) de «Desenvolvimento Sustentável»? E, reiteremos o que já escrevemos noutros posts, certamente  como muitos e muitas, seguimos o que os manuais de gestão registam: qualquer Indústria deve ser CRIATIVA e levar à INOVAÇÃO. Por conseguinte,  a CULTURA  e a ARTE  quando  indústrias devem ser criativas. Ah! claro, estamos com quem mostra que a Cultura e a Arte, nomeadamente  a proporcionada pelo que deve ser um SERVIÇO PÚBLICO, é fundamental a qualquer «CRIATIVIDADE». Sem esse serviço público tudo se torna mais difícil, senão impossível.   E aqueles «hubs» - traduzidos por centros criativos - damos como adquirido que não substituem os CENTROS CULTURAIS e os CENTROS DE ARTES com passado e presente, e esperemos futuro, no País e na Europa. Voltando à notícia, será lapso, ou será mesmo assim? Por um lado utiliza-se «Indústrias criativas», mas quando é economia já se encontra «Economia criativa e cultural». Dirão que estamos a ser «picuinhas» -  como é frequente dizer-se, com o devido respeito, não nos parece tal ... Há que precisar as categorias com que se está a trabalhar, caso contrário, tudo nasce tordo, e depois «tarde ou nunca se endireita». Bom, dito isto, e valorizando-se, naturalmente, o trabalho dos envolvidos no Forum, e não deixando  de  se ter reparado  na natureza dos apoios recebidos - a realidade é a realidade -, e já depois de o Fórum ter acontecido, tentámos saber mais. Desde logo, o site:


http://creativehubs.org/

Lá disponível o relatório final do Fórum Piloto que teve lugar em 2014, onde se pode ler, por exemplo:

«Why a Creative Hubs Forum? The Creative hubs Forum was positioned to explore how to most effectively develop, connect and grow creative hubs in Portugal and internationally. Creative hubs (e.g. dedicated workspace and activity space for the creative industries) have grown in number, scale and relevance over recent years. They are an outcome of and a driver for growth, competitiveness and innovation in the creative industries. They provide a
range of values to the wider arts, and cultural sector by encouraging collaboration, generating distinctive cultural practice, and offering much needed exhibition and events space. Plus they deliver a value-adding role to agendas in regeneration, tourism, inward investment and education. (...)






The stakes here are high and this Forum came at a critical time for creative hubs in Portugal, Spain and internationally. As countries such as Portugal emerges from recession, it is clear that the creative industries sector will play a critical role in delivering a balanced and high value economy. Indeed, the sector is already playing an important role - as a provider of new jobs and value-added to cities and as a force for distinctive places which are attractive to inward investment, talent retention/attraction and a stronger and more resilient economy overall. But Portugal, Spain and many parts of Europe are currently struggling to capitalise on the opportunity presented by the creative economy. For example, with many creative hubs in smaller cities across every region, it is particularly challenging for local clusters to
gain real scale and influence where an ecology of small and micro businesses, established and growing business, arts and cultural organisations, higher education activities, and clear pathways to market, are converged. (...)».

 Para finalizar, e em termos da estrutura  dos Governos e das Administrações Públicas, desde que não se confunda Ministério da Cultura (ou equivalentes) com  Ministérios da Indústria e da Economia, e depois de mais umas tantas clarificações, facilmente se subscreve o que está no relatório do Fórum Piloto. E aguardemos o do Fórum deste ano. Mas que isto das indústrias e da economia culturais e criativas, ou como lhe queiramos chamar, anda também a causar muitos estragos,  na «Cultura Artística» a que todos têm direito, enquanto serviço público, parece-nos que ninguém o pode negar ... Em particular, as  «industrias criativas» não podem ser a sua versão «modernaça» ...


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