quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

DEBATER É BOM! | «Imóveis de interesse municipal», e não só ...


 

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Ora bem, aqui está um bom rastilho para se debaterem outras delimitações na esfera da Cultura e das Artes, em torno do que compete ao CENTRAL, ao REGIONAL (mesmo sem regiões) além da Madeira e dos Açores, às Entidades Intermunicipais, às Cidades, aos Municipios, e por aí fora ... Para não andarem todos a fazer a mesma coisa, e haver coisas que ninguém faz, para haver parcerias virtuosas, para ... Ou seja, lançar reflexões para patamares de exigência superior.
Ah, e já que este post partiu do Porto, que falta nos faz PAULO CUNHA E SILVA neste debate! Mas lá pela DGARTES é capaz de se encontrar algum «espólio» a não desperdiçar.



domingo, 28 de janeiro de 2018

RUI VIEIRA NERY|«Ideias e ideais em tempo de descrença:o lugar da cultura»



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A intervenção da imagem foi apresentada na iniciativa a que nos referimos no post GULBENKIAN |« A Noite das Ideias/ A Imaginação ao Poder» | 25 JANEIRO 2018 | 19:00H, e começa assim:

«Vivemos num tempo de descrença. Não é o primeiro nem será o último na História das Civilizações, porque a mudança histórica, embora permanente, se processa a um ritmo irregular, numa sucessão de tensões e distensões, que mesmo sem nunca verdadeiramente se repetirem na sua essência parecem obedecer, apesar disso, a uma alternância pendular inevitável entre períodos de estabilidade e momentos de ruptura. Claro que estas etapas nunca são estanques, numa perspectiva de tempo longo: sob a capa aparente da estabilidade vão germinando os fermentos de mudança que hão-de conduzir à ruptura, e mesmo as rupturas que se anunciam como mais radicais inevitavelmente conduzem a uma nova ordem em que afinal renascem muitos dos traços da que pretenderam derrubar, porque as constantes da natureza humana triunfam sempre sobre os pressupostos ideais das grandes narrativas ideológicas e políticas. Mas essa continuidade última no plano macro-histórico não impede que possamos identificar fases mais ou menos prolongadas de relativo consenso social em torno de um conjunto de valores partilhados e, pelo contrário,  conjunturas de crescente quebra de confiança face a esses mesmos valores, que em devido tempo levarão a novas rupturas, a que sucederão novas estabilidades, e assim por diante. O âmbito e as coordenadas específicas desse movimento pendular diferem, é verdade, de cada momento histórico para o seguinte, mas a alternância fundamental entre estabilidade e ruptura, confiança e dúvida, consenso e conflito, essa parece manter a sua recorrência implacável.

O nosso tempo de dúvida, de desconfiança e de descrença não é, por isso, original, mas nem por isso, como todos os que o antecederam, se revela menos angustiante para quem o vive. Pelo contrário, tem até características próprias que tendem a agravar consideravelmente essa sensação de angústia perante as incertezas do futuro. Por um lado, porque se é verdade que a mudança histórica é permanente, o ritmo a que se processa não o é, e porque os avanços científicos e tecnológicos das últimas décadas precipitaram vertiginosamente a velocidade de transformação da realidade material em que vivemos. O advento da era digital, as novas tecnologias da informação, e o desenvolvimento da robótica, das nanotecnologias e da automatização estão a mudar radicalmente os nossos sistemas produtivos e a tornar gradualmente obsoletas muitas das categorias profissionais que nos habituámos a reconhecer. Por outro lado, porque gerações sucessivas, desde a vitória das forças democráticas na II Guerra Mundial, foram formadas numa crença inabalável no progresso colectivo, na irreversibilidade dos avanços civilizacionais, na generosidade inesgotável dos sistemas de Segurança Social, na generalização imparável da sociedade da abundância, e simplesmente no princípio reconfortante do direito adquirido à ascensão social e à certeza de que a geração dos seus filhos teria acesso a uma vida melhor do que a dos pais.(...)». Continue a ler.