Recorte da Primeira página do Jornal Público de 22 OUT 2022
«(...) Nesta primeira entrevista de fundo,
mostrou não ter resposta imediata
para vários dos problemas mais
agudos que tem a seu cargo, como
o da crónica penúria dos museus,
mas não se escusou a falar do seu
futuro político para além da
legislatura. Nem a recomendar
livros e discos: poesia erótica de E.
E. Cummings e Kendrick Lamar. (...)»
Ora bem, cá temos um dos rituais da democracia: entrevistas dos governantes. E os jornais gostam de chamar a si o que afinal outros gostam: assinalar que é pela «primeira vez». E no caso que é de fundo. Mas como aferir que «é de fundo»? Já lemos a entrevista, e verdadeiramente não encontramos nada «de novo», mesmo no que diz respeito a questões, digamos, mais pessoais. O senhor Ministro antes de o ser tinha espaço público e por aí íamos sabendo das suas preferências. Por exemplo, o seu gosto pelo surf, pelo Benfica, posição sobre touradas, gostos musicais, ...Resumindo, «o nosso fundo» será outro ...Como mostrá-lo? Pois bem, vamos pegar na entrevista, e tentar contribuir para perguntas e respostas outras, assinalando, a nosso ver, falhas, comentando o que é dito, comparando com outros ... Devagarinho, com alguma organização, e sem hierarquia, numerando os assuntos apenas para melhor nos entendermos ao longo de posts. Não adiantamos calendário porque estas coisas por vezes levam o seu tempo ... Então vamos lá começar. Mas antes gostávamos de dizer que nos faz falta «a atmosfera» em que decorreu a entrevista. De repente, mais nos parece um «Questionário de Proust», adornado com fotografias feitas em separado ... Bom, mas isto é acessório até porque sabemos das dificuldades que a comunicação social atravessa. Assim, iniciemos o que nos propusemos, com seriedade e alegria, praticando o que criticamos: olhando a árvore em vez da floresta ... É a vida: na terra onde existires, farás como vires ...
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1 - O destaque, trazido para a primeira página
Ó Senhor Ministro, então que é feito da solidariedade com os que o antecederam? É que eles diziam mais ou menos a mesma coisa. Agora é oficial: há subfinanciamento crónico. Mas para isso, para sermos rigorosos: qual é o objetivo? Ou seja, qual o orçamento que se visa para a CULTURA? Para o SERVIÇO PÚBLICO e para as designadas INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS.Quais as bases de cálculo que se seguem no Ministério da Cultura para o dimensionamento das verbas orçamentais apresentadas? E como é dito na entrevista, nesta data nem sabemos o que vai para cada uma das áreas/organismos. Por aqui já se sabe gostaríamos, (ou devíamos dizer exigimos?), logo no início da discussão orçamental ter algo equivalente a isto:
Veja:
AINDA O «BUDGET 2023» DO MINISTÉRIO DA CULTURA DE FRANÇA
Antevemos, na ida do Ministro ao Parlamento para a discussão da proposta do orçamento para a Cultura, a apresentação de umas «folhas» com uns quadros ... Veja sobre esta matéria, este post recente:«a área da cultura continua a representar apenas 0,43%».
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2 - Questão que não vimos tratada:«repensar a estrutura do ministério e a forma de abordagem do Estado em relação à cultura, uma nova perspetiva»
É verdade, logo que deparamos com a entrevista fomos em busca da Refundação do Ministério da Cultura e da nova perspetiva a que se tinha referido o Senhor Presidente da República. A nosso ver, uma verdadeira «questão de fundo». Veja este post:O QUE NOS DIZ O SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA | que o Ministro da Cultura está a «repensar a estrutura do ministério e a forma de abordagem do Estado em relação à cultura, uma nova perspetiva» . De lá:
«(...)Questionado sobre o orçamento português para a Cultura, o chefe de Estado considerou que o ministro Pedro Adão e Silva, que assumiu funções há três meses, "começou por onde devia começar: repensar a estrutura do ministério e a forma de abordagem do Estado em relação à cultura, uma nova perspetiva"."É uma pessoa jovem, que vê de fora, bom analista da sociedade portuguesa e, portanto, vê como é que se deve encarar a cultura. Vi que se dá bem com os protagonistas da cultura, aqui concretamente os escritores", acrescentou, referindo-se à visita que fizeram no domingo à Bienal do Livro de São Paulo. (...)».
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continua ...