Não há site do Ministério da Cultura mas parece haver «boa imprensa», para o bem e para o mal. Comecemos por uma impressão dos últimos dias sobre a maneira como o Senhor Ministro da Cultura ocupa a comunicação social - e no Elitário Para Todos só damos por isso, com amplitude, pelo que leitores nos fazem chegar - e somos levados a continuar a dizer que o Governante está mesmo a fazer tirocínio e já há quem diga que até parece estar a mimetizar o Senhor Presidente da República, com selfies e tudo. Veja o trabalho da Visão a que se refere a imagem acima. De lá: «Pedro Adão e Silva, 48 anos, assumiu a pasta da Cultura em março, uma escolha que causou alguma surpresa no meio, já que a notoriedade mediática do sociólogo e professor no ISCTE, com uma longa experiência como comentador político na rádio e na televisão, não era acompanhada por um currículo na área cultural. A estes périplos pelo País não terá sido alheia a vontade de conhecer, mas também de se dar a conhecer. “Nestes seis meses só não fui a três distritos. Tem sido surpreendente, porque há dinâmicas a acontecer um pouco por todo o lado. A forma como a cultura pode transformar a imagem dos territórios e gerar riqueza, nomeadamente os do interior, é um tema muito interessante”, aponta». «Tema», Senhor Ministro? Para um mestrado, para um doutoramento? E só agora é que deu por isso? É um adquirido, e para essa dinâmica, até se pode dizer que todos estão a fazer a sua parte menos a Administração Central. Faltam «estudos», «planeamento», «avaliação», os do Poder Central, para que cumpra o seu papel. E certamente que todo esse trabalho não pode assentar na leitura pessoal feita no terreno por uma pessoa, ainda que seja Ministro, não se negando a sua utilidade. Andar pelo País, participar no maior número de «eventos» - profissionais, amadores, locais, regionais, nacionais, com experiência, novos ... - é, como já parece que disse, «enriquecedor», mas toda esta amálgama tem de ser equacionada e fixada em DOCUMENTOS oficiais que nos mostrem ESTRATÉGIAS e a sua operacionalização sob pena de as palavras do governante serem apenas «palavras» sem impacto. Por exemplo estas tiradas da entrevista ao Público: «O ministro da Cultura tem de estar desperto para o que se
passa no Teatro Nacional de São Carlos ou num teatro municipal no interior, mas
também para o hip-hop
em crioulo que é utilizado como língua-franca em Lisboa». E mais do que o «MINISTRO» será «O MINISTÉRIO» que tem de estar desperto, para isso utilizando o conhecimento teórico e prático existente, nomeadamente na esfera da GESTÃO, além da SOCIOLOGIA e demais áreas do saber. Não há necessidade nem será adequada UMA GESTÃO HÍBRIDA que nem sabemos o que seja. Neste quadro não será pedir muito que o Senhor Ministro se concentre em nos disponibilizar, e ilustramos, um documento como o seguinte:
Nele começa assim a mensagem da Ministra da Cultura: Ireland’s culture in all its distinctiveness and variety is the well-spring of our identity as a people. It captures our past, shapes our present, and imagines our future.
Pensando bem e pondo-nos a adivinhar, depois de todo este frenesim institucional talvez se venha a mudar de lema, em vez da «cultura que somos» porventura «a cultura que queremos ser» e isto tendo em conta a dimensão do fenómeno que está nas atribuições do Ministro. Melhor, do Ministério da Cultura. E comparemos com as máximas ESPANHA É CULTURA - do País ao lado; A CULTURA É A PÁTRIA - Cuba. Bem sabemos que as sínteses com força pedem «muitas rasas de sal» como se diz lá pelo norte ... E já nos interrogamos quando é que o Senhor Ministro estudará os «dossiers», os problemas de fundo, aqueles que exigem recato e que para progredirem precisam de tempo antes de chegarem à comunicação social. Sumarizando, Senhor Ministro, continue a calcorrear o País, a ir «a todas» - respeitemos e valorizemos o estilo ainda que o questionemos pela dimensão - mas guarde um tempo para o Gabinete, de maneira a que haja Planeamento e todo o aparato informacional que lhe é necessário - aquela atividade essencial que quando está a ser bem feita ninguém dá por ela ...
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continua
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