De lá: «(...) Setúbal deve ter uma estrutura com a dimensão do Centro Cultural de Belém, onde possa existir uma forte ligação entre a formação e a criação artística (...)». A associação é financiada pela Direcção-Geral das Artes. Qual a importância deste apoio?
Sem esse valor – 60 mil euros por ano – não seria possível realizarmos as encomendas aos compositores, escritores, artistas plásticos, cantores, entre outros, para produzirmos duas óperas originais todos os anos, a que se junta uma multiplicidade de actividades, como recitais, concertos, edições e conferências. É um valor muito baixo, que nos permite ter apenas dois profissionais a tempo inteiro e que ganham o ordenado mínimo. Foi uma decisão nossa concorrer ao patamar mais baixo da Direcção-Geral das Artes e ter uma estratégia de crescimento sustentado e progressivo.
Quais os principais desafios enfrentados?
Muitos e diversos. Como todas as instituições artísticas, a sustentabilidade económica é um problema básico. No caso concreto da associação, é particularmente relevante porque o crescimento artístico não foi acompanhado por uma alteração estrutural: não temos espaço próprio e os meios ainda não permitem ter um apoio administrativo profissional. A própria cidade tem poucas estruturas para programação. Estamos muito afunilados no Fórum Municipal Luísa Todi, o que não permite ter tempos suficientes para preparação dos espectáculos. A cidade tem vindo a mudar, mas esteve muitos anos voltada para formas de expressão artística populares. (...)»
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Já há uns dias, depois de, uma vez mais, termos contactado com o trabalho acima pelos Alertas que nos chegam pela internet, pensámos pegar nele - a nosso ver por demais apropriado - para se
refletir de maneira mais densa o conteúdo de um SERVIÇO PÚBLICO DE
CULTURA digno desse nome. Depois procuramos mais alguns elementos sem grande critério que com ele podiam alinhar. Assim:
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Entretanto na Reunião do Conselho de Ministros de 24 de agosto último - ( é um pormenor, sem importância, recordando-se que todo o governo será de cultura como prometeu em tempos o então candidato a Primeiro Ministro, António Costa, mas o Governante da área estará de férias portanto não estava presente) :
«(...) 8. Foi aprovado o decreto-lei que cria o programa de apoio no âmbito da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea, procurando fomentar a criação, produção, difusão e fruição pública da arte contemporânea, e contribuir para a divulgação dos espaços de arte existentes em todo o país. (...)».
Desde logo, uma vez mais, «APOIO», ou seja, «NÃO GARANTE».
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Posto o que acabou de se alinhavar, eis a reflexão tipo «digest». Cada vez mais se torna evidente que não basta GRITAR por ele! Pelo SERVIÇO PÚBLICO DE CULTURA. Até porque a ADMINISTRAÇÃO nomeadamente a CENTRAL parece esgotar-se em lançar CONCURSOS E MAIS CONCURSOS sem que necessite de uma BÚSSOLA. A inércia a funcionar em todo o seu esplendor. Ou seja, sem que para isso precise de ESTUDOS e de PLANOS e PROGRAMAS (também aqui dignos desse nome) em que o País se reveja a curto e a longo prazo. Para isso, no Espaço Público, em termos conceptuais, dos nossos melhores não param de nos brindar com alternativas ao que existe, como aliás temos divulgado aqui no blogue. Agora, queremos insistir na perspetiva da GESTÃO PÚBLICA: transparente, partilhada, colaborativa. Assente na teoria, na técnica e nas boas práticas. E ..., sim, sim, também na intuição ... que está para lá dos «achamentos»... Então, vamos a umas NOTAS, só aparentemente soltas, antecipando-se que vamos privilegiar as «ARTES da DGARTES» que no GOVERNANTE DA CULTURA só deparam com INDIFERENÇA quaisquer que sejam os movimentos a denunciarem o que temos. É impressionante! Então, comecemos por encontrar resposta a isto: quantas e onde as «organizações nacionais»? Ou seja, faz sentido haver mais do que os dois Teatros Nacionais? - no caso TNSJ no Porto e TNDMII em Lisboa. Por qual razão não pode o TMJB/CTA ser um Nacional a Sul do Tejo?, sediado em Almada. E onde um nacional para o nosso GIL VICENTE? (& Cª). E sim, Um Teatro Nacional para Infância e Juventude. E olhando para o pedido com que iniciamos este post: será assim tão estranho ter uma organização de ÓPERA nacional em Setúbal? E poderia o prestigio dos Bonecos de Santo Aleixo conceder-lhe «estatuto» semelhante na esfera das MARIONETAS?, em Évora ...E indo ao passado das ARTES VISUAIS em Coimbra, haverá lugar à discussão para um nacional nesta área naquele território? E será que apenas há espaço para uma Companhia Nacional de Bailado com sede em Lisboa? E quanto a Orquestras? Por exemplo, lembre-se que a ONP - Orquestra Nacional do Porto institucionalizada em 1997 foi integrada na Casa da Música ... A «olho», dá ideia que facilmente o que existe nos pode levar a «nacionais» em outros lugares.
Bom, as respostas a estas questões, e tantas outras que há que sistematizar, exigem ponderações várias assentes num pressuposto: a existência destes «nacionais»não decorre de CONCURSO. Isto não significa que não haja critérios para a sua criação. Que será de iniciativa do ESTADO CENTRAL cuja demais INTERVENÇÃO estaria para lá do APOIO. GARANTE! Sem prejuízo de parcerias com outros, Públicos e Privados. Ainda: estas novas ENTIDADES em termos orgânicos deviam ser INOVADORAS, próprias do SEC. XXI, e não mimetizarem o que existe, como parece estar a acontecer com o que se passa no PATRIMÓNIO e MUSEUS. Ali o paradigma, bem vistas as coisas, não muda ... É nossa convicção que isso mesmo iremos verificar.
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Continua ...