segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

«ORÇAMENTOS AUTÁRQUICOS NÃO POUPAM CULTURA» | José Jorge Letria


Jornal Público - 6 jan 2014




«Praticamente sem excepção, os orçamentos dos executivos autárquicos para 2014 aprovados antes do final do ano sofreram cortes significativos e, de uma forma ainda mais acentuada, na área da Cultura. É sabido que, quando se enfrenta uma crise com esta magnitude, é preciso reduzir despesas de forma generalizada, mas também é indispensável que se saiba hierarquizar a importância daquilo que se corta.

Se um executivo autárquico está convicto de que a actividade cultural pode contribuir para criar mais emprego, para ajudar o sector turístico e o da restauração e pode ainda contribuir para atrair visitantes nacionais e estrangeiros, deverá ser cauteloso nos cortes, já que eles podem afectar uma área de potencial estratégico. Tenho presentes vários concelhos portugueses que nos dois últimos anos souberam utilizar a oferta cultural com criatividade e inteligência, organizando festivais e vários eventos originais que se traduziram no encaixe de receitas nada desprezíveis.

Trata-se de uma questão de opção e de mentalidade que nos remete para uma situação passada com Winston Churchill durante a Segunda Guerra Mundial. Quando deputados da oposição e alguma imprensa o criticaram por, investindo na Cultura e nas Artes, poder estar a afectar o esforço de guerra, ele responder algo parecido com isto: “Se não lutarmos por isto, lutamos porquê?” Queria o grande estadista enfatizar a ideia segundo a qual, ante a barbárie em marcha, é preciso defender os valores da cultura e da civilização, que são também os da liberdade». Continue a ler.




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