domingo, 11 de fevereiro de 2018

«Este ministério, em vez de corrigir as injustiças do passado, agravou-as»







Nas últimas horas o CAV - Centro de ArtesVisuais de Coimbra - está na comunicação social (é só ir ao Google), e foi precisamente por via  dos Alertas Google que nos detivemos no assunto. No Público:



Futuro do Centro de Artes Visuais depende do concurso da DGArtes
CAV recebe amanhã visita do Secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado. Instituição fala de sub-financiamento. | Camilo Soldado |10 de Fevereiro de 2018». Continue a ler.

Ao ler-se o artigo do Público, não será desajustado pensar o seguinte: a realidade na esfera do Ministério da Cultura é de tal ordem que um caso mostra a debilidade do que vivemos, e o que se pensava impossível  acontece, mas certamente que haverá quem veja virtudes nestas atitudes e comportamentos:
  • Acontece que está a decorrer um concurso e o Secretário de Estado da Cultura vem publicamente  elogiar um dos concorrentes, como se pode ler no Notícias de Coimbra:
  «O secretário de Estado da Cultura disse que o CAV é “uma instituição importante a nível das artes visuais e da cidade de Coimbra e que tem um histórico importante”, como confirmou durante a prolongada visita que hoje ali fez, guiada pelo seu responsável, Albano da Silva Pereira, e na companhia da diretora Regional de Cultura do Centro, Celeste Amaro, e do presidente e da vereadora da Cultura da Câmara de Coimbra, respetivamente, Manuel Machado e Carina Gomes.
Miguel Honrado reconheceu, em declarações à Lusa, que o CAV “luta com dificuldades” financeiras, como destacou, durante a visita, Albano da Silva Pereira, mas “não é a única instituição” que se confronta com esse problema. “O setor cultural em Portugal ainda atravessa bastantes dificuldades”, salientou. (...)».
  •   Mas o Secretário de Estado, ele mesmo, deve ter achado que aquela visita nesta altura era capaz de não ser muito curial, mas deve pensar que a resposta que deu ao Público resolve a situação:

«Em resposta às questões enviadas pelo PÚBLICO, a secretaria de Estado da Cultura explica por correio electrónico que a visita ao CAV “era um compromisso previsto há algum tempo”, dando a entender que a questão do financiamento estará de fora da agenda. “Os financiamentos à criação e programação artísticas são da competência da DGArtes, o organismo do Estado que tem competências para a gestão dos apoios públicos às artes”, pelo que “todas as entidades devem, por princípio, recorrer a financiamento através de concurso público e não de forma directa”».

  •  E a situação da cultura e das artes é de tal ordem que já comporta tudo. Numa mesma ocasião, na circunstãncia, na visita ou a propósito, o responsável do CAV diz o seguinte:

«“Este ministério, em vez de corrigir as injustiças do passado, agravou-as”, lamenta Albano da Silva Pereira que dá o exemplo de 2017, ano em que este executivo reduziu o apoio que dava à instituição via Fundo de Fomento Cultural de 100 mil para 80 mil euros. O despacho que determina esse valor foi assinado em Março, mas só foi dado a conhecer ao CAV em Julho, alega o director da instituição, acrescentando ainda que o protocolo não foi renovado pela primeira vez em 16 anos.
O responsável questiona ainda como se acaba com um protocolo “sem ter em conta o equipamento”. Diz ainda que o regulamento da DGArtes é “absurdamente arbitrário e vago”. Os responsáveis, entende, deveriam ter em conta “os riscos e os perigos de uma instituição como esta”, estabelecendo um paralelismo com o que aconteceu com a companhia teatral Cornucópia».
  • E voltamos a saber coisas sobre o Fundo do Fomento Cultural:
 «Quando abriu portas, em 2003, o CAV era uma estrutura financiada pelo Estado e pela autarquia de Coimbra, num montante que começou por ser de 500 mil euros (300 mil do Ministério da Cultura via Fundo de Fomento Cultural e 200 mil dos cofres do município), mas que tem sofrido sucessivos cortes. No ano passado, o CAV recebeu 80 mil euros do MC e 85 mil da câmara, ou seja, menos de um terço do valor inicial. Actualmente, refere  Albano da Silva Pereira, só a despesa para manter as portas abertas e pagar salários ascende a 140 mil euros anuais».
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 Em suma, tudo isto está num granel, e a grande sobra que a todos diz respeito e nos deve preocupar é, a nosso ver, isto:
 
 



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