segunda-feira, 7 de abril de 2025

No espaço Avenidas, no Bairro do Rego, em Lisboa, inaugurou esta quinta-feira a exposição «Liberdade» – uma selecção de gravuras que faz parte da colecção de obras de arte do PCP, organizada por Manuel Augusto Araújo

 

no jornal online AbrilAbril
 
De lá:
«(...)  A organização da mostra coube ao arquitecto Manuel Augusto Araújo, que assinala o impacto das liberdades políticas, sociais e pessoais nas artes visuais, onde se destacam os murais pintados por artistas e populares. «O primeiro desses murais foi o realizado no Mercado do Povo em Belém no dia 10 de Junho de 1974, por 47 artistas distribuídos por 48 rectângulos que se entrecruzavam, em que o número 48 simbolizava e obviamente referia os 48 anos de ditadura salazarista – fascista», mas em que um dos rectângulos sinalizava a ausência do artista plástico José Dias Coelho, assassinado a tiro pela PIDE, recorda ao AbrilAbril.
Nesta exposição, com 30 obras, constata-se que muitos artistas «tiveram por referente o 25 de Abril e as liberdades conquistadas», mas também temáticas muito diversas, «sublinhando uma verdade eterna que nada do que é humano é estranho aos artistas e a quem visita as suas obras», acrescenta Manuel Augusto Araújo.
Mas, por quê a gravura? Por ser a técnica «que torna mais acessível a obra de arte a maiores sectores da população», democratizando-a, mas também pela variedade de artistas e assuntos apresentados serem «uma demonstração da liberdade artística». 
O organizador lembra que, apesar de Portugal ser um país periférico, e «ferreamente vigiado e fechado» pela ditadura, houve dois acontecimentos a impulsionar a promoção da gravura enquanto forma de arte. A par do surgimento da Fundação Gulbenkian, que através do regime de bolsas artísticas proporcionou contactos com grandes centros artísticos, como Paris ou Londres, também a criação da Gravura, Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, que promoveu exposições por todo o País, estimulou esta modalidade artística. «Quase todos os artistas portugueses aí se iniciaram nas técnicas da gravura, são raríssimos os que as não experimentaram, os artistas aqui representados exemplificam essa realidade», afirma Manuel Augusto Araújo. Isto numa altura, adianta, em que nem as escolas de Belas-Artes de Lisboa e do Porto a incluíam nos seus currículos. «É muito singular e uma evidência que a repressão da liberdade de criação artística também era a demonstração do espesso manto de poeira que habitava as cabeças dos mentores das artes nesses tempos negros», realça. (...)».
 

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