domingo, 30 de dezembro de 2012

ESTATÍSTICAS SOBRE A CULTURA E AS ARTES

Capa da publicação
 
O INE acaba de pubicar  estatísticas sobre a Cultura. O texto integral. O Resumo:Na publicação Estatísticas da Cultura – 2011, o INE disponibiliza a informação estatística sobre os diversos domínios culturais no contexto do ensino, emprego, índice de preços no consumidor de bens e serviços culturais, despesas das famílias em lazer, distração e cultura, empresas culturais e criativas, comércio internacional de bens culturais, património cultural, artes plásticas, materiais impressos e de literatura, cinema, atividades artísticas e de espetáculos, radiodifusão e financiamento das atividades culturais. Esta informação é precedida de um capítulo de análise dos principais resultados e de informação estatística de síntese visando uma leitura mais imediata da evolução temporal dos principais indicadores das áreas culturais e criativas. O Texto do destaque.  E o destaque dado por comunicação social (jornal Público, edição impressa) :
E uma passagem da matéria tratada: Também segundo dados do INE, entre 2000 e 2011 este sector passou a empregar mais 22 mil pessoas, mas poderá ter perdido mais de quatro mil postos de trabalho num só ano, a partir de 2010, quando atingiu um pico de empregabilidade — 81,1 mil trabalhadores.
Mesmo dando uma olhadela rápida pelos documentos, torna-se óbvio que ainda há muito a fazer no domínio das estatísticas da cultura e das artes, nomeadamente delimitar os universos de partida. Por exemplo, precisar bem o que deve cair no SERVIÇO PÚBLICO e sobre isso trabalhar. Assim, aparece tudo «ao molho» como, aliás, decorre do Resumo. 
 

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

«A CULTURA E A CASA DA MÚSICA» de VASCO PULIDO VALENTE

Um leitor deste blogue chamou-nos a atenção para a coluna de Vasco Pulido Valente do dia 23 no jornal Público - A Cultura e a Casa da Música. Como não está disponível, de forma gratuita, na web, de seguida apenas um excerto da dita:


 
O excerto mostra o «tom» da coisa, e podia dizer-se que nada de novo, e ficarmos por isso e gastar o nosso tempo com outros colunistas. Não ofende quem quer. Mas procurámos «reações», e aqui estão duas:
 O MISTÉRIO DA CULTURA  no blogue Portugal dos Pequeninos de João Gonçalves
 Mais uma do eremita rezingão no blogue O Tempo das Cerejas de Vítor Dias.

EM DEFESA DA CULTURA, CADA UM AO SEU JEITO (2)

Palavras de Alfredo Martins - Ípsilon - 28DEZ2012

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

DE ACORDO COM A COMUNICAÇÃO SOCIAL O PRIMEIRO MINISTRO VAI INTERVIR NO CONFLITO DA CASA DA MÚSICA

Fonte: JN 23DEZ2012
Mas perante estas notícias -  e só nos podemos regozijar com o que divulgam  - fica a pergunta: e os outros «CONFLITOS»? ou seja, os que se arrastam com a generalidade dos demais agentes culturais. Não pode haver «Filhos de um Deus Menor». Perante os factos, certamente que  o Senhor Primeiro Ministro terá de intervir em toda a Cultura, até porque nem sequer há SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA (e não há maneira de a Comunicação Social fazer a leitura correta da Orgânica do Governo), mas apenas um Secretário de Estado da Cultura na Presidência do Conselho de Ministros.

E DÁ O DITO POR NÃO DITO


Excerto do artigo de opinião de Fernando Gomes no JN - 23DEZ2012
Pode ler o artigo completo aqui.

«(...) PARA QUE SERVIRÁ OUVIR MÚSICA?»



Excerto da Crónica de Miguel Sousa Tavares - Expresso 22DEZ2012


terça-feira, 25 de dezembro de 2012

CAPACIDADES DOS MINISTROS DEVIAM SER AVALIADAS

 
D. Manuel Martins gostava que uma junta de especialistas pudesse avaliar as capacidades de liderança dos ministros, antes de serem nomeados.
D. Manuel Martins, bispo emérito de Setúbal, confessa que gostava que os ministros antes de iniciarem funções fossem avaliados sobre as capacidades que têm ou não para governar.
Em entrevista ao JN, o bispo volta a dizer que quem nos governa está mal preparado e não tem uma boa comunicação com as pessoas, destacando que liderar não é uma tarefa fácil.  Fonte: TSF.

domingo, 23 de dezembro de 2012

UM CARTAZ POR MÊS - «ARMAND & EIRMILITA»


Da coleção laboriosamente construida pelo MADEIRA LUÍS, e agora sedeada na Universidade de Aveiro,cá temos o cartaz que selecionamos para este mês, à espera que o Madeira faça isto. Quem não se lembra destes «clowns» por esta época do ano! Éramos felizes e não sabiamos ... E hoje, quem são os «clowns»?

«DEMISSÃO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA CASA DA MÚSICA É CONSEQUÊNCIA DAS OPÇÕES POLÍTICAS ERRADAS DO GOVERNO»

Tomada de posição do PCP sobre as demissões na Casa da Música.Começa assim:  «A anunciada demissão do Conselho de Administração da Casa da Música, em consequência directa da brutal redução do financiamento estatal à Fundação, confirma que a Governo está a criar uma situação insustentável ao romper com as suas obrigações e compromissos assumidos no apoio à actividade cultural em prejuízo dos interesses das populações, da região e do país.
Situação particularmente grave, se atendermos ao facto do Conselho de Administração já ter anteriormente expressado a sua discordância com o corte de financiamento que na prática rompeu com o quadro legal previsível aquando da criação da Fundação, que assumiu inclusivamente o compromisso de zelar pela manutenção do edifício e assumiu a responsabilidade dos trabalhadores da Orquestra Sinfónica do Porto, anteriormente a cargo do Estado.
A cultura e a região do Porto precisam de um Governo que assuma as suas responsabilidades, cumprindo os compromissos estabelecidos aquando da criação da Fundação responsável pela gestão da Casa da Música e apela à população e às forças sociais que expressem o seu descontentamento com a política de desastre do Governo, que na Cultura, tal como noutras áreas, conduz o país ao desastre».

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

É A CULTURA ...

Museum of Liverpool
 
«Todos os anos o Conselho da Europa premeia um museu que, pelo seu papel na comunidade, divulgue com eficácia o património e os valores europeus. O escolhido para 2013 – o prémio é sempre atribuído a pensar no ano que entra - é o Museu de Liverpool, soube-se na quarta-feira à noite». 
 
 
 
(Destaque nosso) 
«Para o Comité de Cultura, Ciência, Educação e Media do Conselho da Europa, entidade que atribui o prémio e que trabalha na protecção do património e na promoção dos direitos humanos, o Museu de Liverpool faz uma viagem completa pela evolução histórica, política e económica daquela que é a cidade britânica “mais diversa socialmente”.
O museu, diz ainda a acta que justifica a distinção, “tem uma capacidade extraordinária de atrair pessoas de todas as idades e origens”, reforçando a mensagem europeia do “viver juntos e com dignidade”.
“Estamos absolutamente entusiasmados com este prémio, que não é só para o Museu de Liverpool, mas para toda a cidade”, disse um dos representantes dos museus da região, citado pelo jornal The Liverpool Post. “Este é um prémio altamente prestigiante”, corroborou o deputado trabalhista Joe Benton, presente na sessão parisiense em que o vencedor foi anunciado. “E mostra que a Capital da Cultura [Liverpool 2008] não foi um acontecimento isolado.”
O Museu de Liverpool abriu em Julho de 2011 e é já um dos principais destinos culturais da cidade, com uma “excelente interacção com a comunidade” e em diálogo constante com todos os grupos sociais e etnias, reforça o Conselho da Europa, que atribui este prémio desde 1977.
Phil Redmond, o director do museu, agradeceu o prémio sem deixar de dizer que considera “justo” o reconhecimento, que alarga também à cidade e à região. “Achamos que o Museu de Liverpool é, dos museus novos, o melhor da Europa. E os nossos visitantes também concordam – já recebemos 1,6 milhões desde que abrimos, em Julho do ano passado”, disse ao vespertino Liverpool Echo. David Fleming, o responsável pelos museus nacionais de Liverpool, foi mais longe e acrescentou, citado pelo mesmo jornal, que “o objectivo foi criar o melhor ‘museu de cidade’ do mundo”. Continue no Jornal Público.
 
 Museum of Liverpool
 
E saiba mais sobre o Council of Europe Museum Prize

E COMO ESTÁ O ANTERIOR CONCURSO DE APOIO À INTERNACIONALIZAÇÃO?

Notícia no Jornal Metro de 20 de Dezembro de 2012 
 
Perante este anúncio, justifica-se que seja dada informação do concurso anterior, isto é, faz sentido um ponto de situação ou um balanço.  E seria bom dar uma explicação  para o agora anunciado não ter sido realizado com os  restantes «concursos». E porquê em Janeiro e não em Fevereiro, ou em Março, ou ...? E aproveitando a boleia, uma sugestão: tornar público, de forma que toda a gente perceba o PLANO DE ATIVIDADES DA DGARTES para 2013. Para além dos «concursos» o que mais há ?  

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

SOBRE OS CORTES À CASA DA MÚSICA


Das reações à renuncia da Administração da Casa da Música:

«(...)
O musicólogo e ex-secretário de Estado da Cultura Rui Vieira Nery acha que “seria trágico, para a vida cultural portuguesa, se o projecto da Casa da Música viesse a abortar”, e defende que se trata de um projecto com uma dimensão que “transcende a margem de decisão” do secretário de Estado. “Esta é uma matéria que, pela sua gravidade política, tem de ser decidida ao mais alto nível, ao nível do primeiro-ministro, que tem a tutela da Cultura”.
Lembra ainda que a Casa da Música foi sempre “um projecto consensual em termos político-partidários e que “seria muito mau quebrar agora esse consenso por causa de verbas que, em termos macroeconómicos, são irrelevantes”.
Nery deixa ainda um aviso: “A Casa da Música é hoje um organismo integrado numa rede internacional de primeira grandeza, algo que deu muito trabalho a construir e que pode ser facilmente destruído por um golpe súbito.” Para manter a posição que alcançou, argumenta, a instituição “não pode estar sujeita a estas estratégias de stop and go”, já que, se começar “a cancelar compromissos assumidos internacionalmente, perde rapidamente toda a credibilidade e será muito difícil conseguir recuperá-la”. (...)». O resto da notícia no Público online onde pode ler outros testemunhos sobre o problema.

Adenda: a partir da SIC notícias:
«(...)
"Penso que a decisão aqui ultrapassa o secretário de Estado da Cultura porque tem a ver com o subfinanciamento do setor no seio do Governo. O que está em causa é mais do que a Casa da Música especificamente, é o próprio subfinanciamento trágico da cultura no quadro da política atual do Governo", salientou. (...)» +

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O DESASTRE CONTINUA: ADMINISTRAÇÃO DA CASA DA MÚSICA RENUNCIA


Casa da Música: Quatro anos


«(...)
Todos os membros do conselho de administração da Casa da Música, no Porto, renunciaram esta terça-feira aos respectivos mandatos. A decisão deve-se aos cortes anunciados pelo Governo na transferências de verbas para a fundação que gere a instituição.
(...)
O Estado pretende cortar 30% do financiamento para a Fundação Casa da Música, em vez dos 20% acordados, em Abril, com o anterior secretário de Estado Francisco José Viegas, que entretanto foi substituído por Jorge Barreto Xavier.
Na prática, está em causa um milhão de euros, de um total de oito milhões para assegurar a programação prevista para o próximo ano.
 
E neste ambiente depressivo,  dar uma vista de olhos pela Irlanda. Num dos sites oficias:
 
Arts more important than ever says Arts Council
"The arts are capable of stimulating more job creation and economic activity at a time we need it most" - Pat Moylan, Chair of the Arts Council.
The Arts Council has cited a recently published Indecon economic report saying that the arts are now more important than ever for Ireland in terms of the employment and revenue generated by the sector and the positive impact which Irish artists are having on our reputation abroad.
The Indecon report cited shows that the arts provide significant direct and indirect employment in Ireland, with the Arts Council’s annual funding supporting some 2,270 jobs. The wider arts sector supports 20,755 jobs and contributes €336m in taxes. 
Continue

 
 Arts Council Collection logo
 
 
 

domingo, 16 de dezembro de 2012

TERMINOU

CÂMARA CLARA

A propósito de Medeiros Ferreira.

«SIM, SOMOS CAPAZES»

Gosto de bons discursos. Aliás, penso que construi-los é uma função de um político, e por isso desde que o proferiu que estava para  trazer para aqui o discurso de Obama após ter ganhado as últimas eleições. Nunca é tarde, aqui está, em português:
“Se alguém ainda duvida que a América é o lugar onde todos os sonhos são possíveis, se ainda questiona se os sonhos dos nossos fundadores ainda estão vivos, se ainda questiona o poder da nossa democracia, teve esta noite a resposta.
Foi a resposta dada pelas filas que se estendiam à volta das escolas, das igrejas em números que a nossa nação nunca viu antes, feitas de pessoas que esperaram três a quatro horas, muitas pela primeira vez nas suas vidas, porque acreditavam que desta vez tinha de ser diferente, que as suas vozes podiam fazer a diferença.
Foi a resposta dada por jovens e velhos, ricos e pobres, Democratas e Republicanos, negros, brancos, latinos, asiáticos, homossexuais, heterossexuais, deficientes, americanos que enviaram a mensagem ao mundo de que não somos somente um conjunto de indivíduos ou um conjunto de estados vermelhos ou azuis.
Nós somos, e sempre seremos, os Estados Unidos da América.
Foi a resposta que levou aqueles a quem foi dito durante tanto tempo para serem cínicos e receosos e duvidarem do que somos capazes de fazer e para colocar as mãos na arca da história e vergá-la mais uma vez em direcção à esperança num dia melhor. Continue no JN.
Infelizmente, lembrei-me disto após a tragédia de Connecticut, quando o vi,o Presidente Obama, a congregar a emoção de muitos que pelo mundo não puderam ficar indiferentes àquele massacre, mas que se interrogam: como prevenir estes horrores? Discursos não chegarão. E também me ocorreu pensar no papel que a cultura e as artes poderão ter ...

«ARTISTAS TÊM DE PRESTAR CONTAS»

 
 
Recentemente, o Secretário de Estado da Cultura (sem Secretaria de Estado da Cultura, o que continua a não ser entendido por muitos) esteve na Sedes,  num debate que à partida prometia:
 
 
 

Mas a audiência parece ter sido fraca - o que não deixa de ser preocupante -, e sobre o discurso o noticiado, por exemplo, no Correio da Manhã:
 

Jorge Barreto Xavier: "Artistas têm de prestar contas"

“Os artistas têm de prestar contas pelo dinheiro que o Estado lhes entrega”, disse Jorge Barreto Xavier, secretário de Estado da Cultura, na noite de quinta-feira, no espaço da SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, em LisboaContinue no site do jornal.
 
Ainda que mal se pergunte: mas os «Artistas» não têm prestado contas? Todos? Alguns? E antes, que se saiba, existe um  sistema de acompanhamento dos apoios concedidos. Não nos venham dizer que não tem sido aplicado.  Nesta hipótese, a culpa não será  dos «artistas», mas sim  da Administração ao serviço do Estado. Ou estamos a ver mal! Claro que falta observar que a atividade artística é das mais escrutinadas. Tomaramos nós que tal acontecesse com todo o dinheiro que o «Estado entrega» ... a quem quer que seja, e não apenas aos «artistas». Parece que só faltou dizer aos «subsidiodependentes» ... E clamar que se tem de Prestar Contas é quase como dizer que se tem de ser educado. Nem precisa de se lembrar que as «Administrações têm de prestar contas», como defende este Governo e, afinal, todos os Governos.  Ocasião para se lembrar:
 
(...) quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa - salvar a humanidade. (Almada Negreiros)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

PELA CULTURA, 15 DEZEMBRO


«NATAL DOS DESEMPREGADOS»

 

 Natal dos desempregados

Caminhas como se estivesses parado e procuras as forças necessárias para não esqueceres qual é o teu valor, para continuares a saber quem és, para dares uma resposta definitiva ao silêncio

Quem és tu? Os dias passam e a tua cabeça repete uma pergunta em cada silêncio. Todos os dias de manhã, logo depois de acordar, há silêncio. Enquanto escolhes a roupa e te vestes, há silêncio. Nos intervalos do tempo, há silêncio.
Quem és tu? Agora, dás contigo a olhar para os programas da manhã na televisão, esqueces o olhar por instantes. Um especialista enumera formas de prevenir a queda de cabelo, um cozinheiro revela segredos para rechear o peru, um professor de trabalhos manuais ensina a fazer decorações de Natal com garrafas de plástico usadas. A apresentadora repete cinco vezes o número que pisca no ecrã. Telefona, podes ganhar; telefona, podes ganhar. Não telefonas. Sabes que não podes ganhar. Antes, telefonaste para números do jornal, da internet, números escritos num papel dobrado ou em cartões de visita. Mas o tempo passou. Dias, meses, estações inteiras, tempo carregado de silêncio, silêncio, silêncio carregado de perguntas.
Qual é o teu valor? A história da tua vida dilui-se nestes dias. Não era uma história enorme, mas era tua e tinha um sentido. Os teus pensamentos encontravam-lhe continuação a cada instante, sabias sempre o que tinhas de fazer a seguir. Hoje, surpreendes-te a ter saudades de avançar pelas ruas às sete da manhã com as orelhas geladas, saudades de olhar para o relógio e esperar por um minuto que parecia nunca mais chegar. Antes, esse minuto quase infinito parecia não chegar, o número firme no mostrador do relógio, mas chegava; agora, esse mesmo minuto também parece não chegar, mas o número no mostrador do relógio passa, cinco transforma-se em seis, seis transforma-se em sete, mas o minuto que esperas não chega, parece não chegar nunca. Estás parado.
Qual é o teu valor? O rosto das pessoas com que te cruzas todos os dias repetem-te perguntas, mesmo quando estão apenas a olhar para ti, sem dizer nada. O Natal chegou às ruas, às montras, à publicidade. Caminhas de mãos nos bolsos. Às vezes, vais dar a volta para não passares à frente daquela pessoa que está sempre no mesmo sítio a ver quem passa. E até o rosto daqueles que não conheces, que nunca viste antes, que nunca voltarás a ver, parecem repetir-te essas mesmas perguntas. Chega a hora de almoço. Chega todos os dias a hora de almoço porque todos os dias chegam as mesmas horas. Em casa, os sons da casa. Colocas a primeira colher de sopa na boca.
Quem és tu? Já te imaginaste a fazer mil coisas que, antes, nunca tinhas considerado. És uma pessoa diferente em todas elas e, no entanto, há um muro invisível entre ti e cada uma dessas ideias. Consegues vê-las lá ao fundo, tens a certeza de ser capaz de fazê-las, mas não consegues atravessar esse muro invisível. Como se falasses e ninguém te ouvisse, como se falasses e ninguém acreditasse em ti, como se não existisses. A sopa não tem sabor, mas não podes dizer. Apenas podes limpar a boca e mostrar-te agradecido, obrigado. Agora, tens uma tarde imensa à tua frente. (...)». Continue aqui , na Visão online.

«LE 12.12.12 OUVERTURE DU LOUVRE-LENS»





Foi inagurada  NO DIA 12  «pelo presidente francês François Hollande uma filial do museu do Louvre na cidade de Lens na região Nord-Pas-de-Calais. O museu, situado sobre o poço de carvão 9-9 bis cuja exploração foi encerrada em 1960, foi pensando como uma ferramenta para promover a revitalização de um território afetado pelo declíneo da mineração de carvão e pela desindustrialização. O Louvre-Lens espera ser o símbolo do renascimento dessa antiga cidade mineira de 35 mil pessoas, onde o desemprego atinge 16% da população.
O projeto foi realizado pelos arquitetos da agência japonesa Sanaa e é constituído de cinco edifícios discretos e baixos que se estendem por 28.000 m2, sendo 7.000 m2 de superfície de exposição. O museu está circundado de um parque desenhado por Catherine Mosbach, que clui 11 entradas direcionando os visitantes para o museu. Inspirado pelas marcas deixadas no território por séculos de atividade mineradora, o projeto buscou valorizar a memória e história da mineração. Assim, o layout do parque segue o traçado das antigas ligações ferroviárias entre os poços de carvão e a entrada histórica do local e o poço foram preservados.
O novo Louvre-Lens, contemporâneo, sintético e pedagógico, a antítese da visão enciclopédica que define o Louvre em Paris (...)» .Não pode deixar de reparar-se na importância que se atribui à cultura para o «renascimento de uma cidade». Um  post a propósito no Blogue Prospero da Economist - Culture in the provinces.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

«PEÇO IMENSA DESCULPA PELOS MANIFESTANTES NÃO ME CONHECEREM»


Noticia  no jornal Público de  12-12-2012
 
 
A ser verdade, há aqui algo entre o insólito e o exótico.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

PARA QUEM NÃO SABE O QUE É DESINVESTIMENTO NA CULTURA: Bonecos de Santo Aleixo Cancelam Espetáculos, e não só...








excerto do artigo do Jornal Público - 10 DEZ 2012

PERGUNTAS AO GOVERNO SOBRE OS APOIOS ÀS ARTES



Na sequência da Abertura dos Concursos de Apoios às Artes e da reunião conjunta entre a Comissão de Orçamento e Finanças e a Comissão de Educação, Ciência e Cultura e o  Secretário de Estado da Cultura, o PCP solicitou uma «Audição com o Senhor Secretário de Estado da Cultura» no sentido de “debater as normas dos concursos e a proporção de afetação de verbas entre as diferentes tipologias de de concurso e apoio para 2013”» conforme divulgámos aqui. Entretanto, um leitor do Elitário Para Todos alertou-nos para as perguntas feitas ao Governo pelo BE sobre estes assuntos. E ainda bem que o fez, aqui está o texto:

A primeira audição do Secretário do Estado da Cultura em sede da Comissão de Educação e Cultura, no passado dia 14 de novembro, foi o momento escolhido para anunciar uma reestruturação dos concursos de apoio às artes da Direcção Geral das Artes. Ficámos a saber duas coisas essenciais: que o Secretário de Estado aceitou e institucionalizou um corte de 43% do investimento nos concursos entre 2009 e 2011, e que o novo modelo iria colocar os tripartidos como elemento central da política de investimento público da DGArtes. Dois erros sobre os quais o Bloco de Esquerda já dirigiu perguntas ao governo, erros que se irão revelar de uma enorme imprudência governativa dado o momento de absoluta fragilidade financeira das estruturas e artistas. No entanto existe um terceiro erro, sobre o qual o Secretário de Estado da Cultura ainda não se pronunciou e que importa ver esclarecido.
Uma análise à distribuição territorial do investimento da DGArtes entre 2011, e aos concursos anunciados este ano, revela uma variação do investimento para a região de Lisboa e Vale do Tejo, que vê as verbas aumentar 6,9%, enquanto a região Centro mantém as mesmas verbas, e a região Norte assiste a um corte de 6,2%. O Alentejo e o Algarve são alvo de um desastre, com um corte respetivamente de 32,8% e 35,7%.
Várias explicações são possíveis, mas certamente a mais inaceitável será justificar este corte como um reequilíbrio das verbas após o investimento no projeto Allgarve, projeto que mais não significou que uma distribuição de mordomias por diversos agentes maioritariamente fora da região, que implicou na prática a colocação em segundo plano da grande maioria dos agentes culturais do Algarve.
No entender do Bloco de Esquerda esta opção do novo Secretário de Estado é uma perigosa opção em tornar prática governativa uma visão do país onde apenas no centro e na capital existe uma rede profissional de estruturas e artistas, relegando o resto do país a um deserto cultural dependente da produção central, regiões sem expressão própria, colonizadas pela capital.

Atendendo ao exposto, e ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda vem por este meio dirigir ao governo, através do Secretário de Estado da Cultura, as seguintes perguntas:

 1. Confirma o governo a redução do investimento da DGArtes nas regiões do Alentejo e Algarve?
 2. Que razões concretas levam o governo a aplicar este novo corte?
 3. Previu o governo o impacto e possíveis extinções de estruturas artísticas sediadas no Alentejo e no Algarve decorrentes deste novo corte?

 
  

sábado, 8 de dezembro de 2012

CONCERTOS DE NATAL EM LISBOA


 
De iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa  teve inicio ontem, sexta-feira, 7 de dezembro,   os Concertos de Natal 2012, em igrejas de Lisboa e no cinema São Jorge.  Com entrada livre.
O Programa. E os locais:

 

O DECLINIO NOS DETALHES

 
Olhando à volta, há um declinio que marca a nossa vida comum, e ele manifesta-se em tudo, e até se podia adiantar que isso se vê no pormenor. E «o diabo está nos detalhes». De facto, há «pequenas coisas» que nos evidenciam esse declínio. Por exemplo, no que compete a um Diretor - geral na nossa Administração Pública. Na entrevista do Diretor da DGARTES a que já nos referimos aqui, logo no início pode ler-se:

Confira neste excerto:
 
 

 
E repare-se no argumento sobre o desinvestimento na cultura. Como se em 2012 nada se tivesse passado, como se os CORTES não tivessem acontecido. TUDO DITO.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

JOAQUIM BENITE (1943 -2012)



«Joaquim Benite nasceu em Lisboa em 1943. Começou a trabalhar como jornalista, aos 20 anos, no jornal República. Posteriormente fez parte da redacção do Diário de Lisboa e foi chefe de redacção dos jornais O século e O diário. Foi crítico de teatro no Diário de Lisboa e em diversas revistas e publicações.
Em 1971 fundou o Grupo de Campolide e estreou-se na encenação com O avançado centro morreu ao amanhecer, de Agustin Cuzzani. Com a peça Aventuras do grande D. Quixote de la Mancha e do gordo Sancho Pança, de António José da Silva, ganhou, no ano seguinte, o Prémio da Crítica para o melhor espectáculo de teatro amador.
Em 1976, no Teatro da Trindade, transformou o Grupo de Campolide em companhia profissional. Em 1978 a sua companhia instala-se em Almada, cidade de onde não mais sairia, e que transformou num dos principais focos teatrais do País, cujo expoente máximo será porventura o Festival de Almada, criado em 1984, e que em 2013 terá a sua 30ª edição. Em 1988, Joaquim Benite inaugura o primeiro Teatro Municipal dessa cidade, e em 2005 é finalmente concluído o projecto do novo Teatro Municipal de Almada — num edifício da autoria de Manuel Graça Dias e Egas José Vieira —, que se tornou num dos principais teatros do País.
Tendo criado mais de uma centena de espectáculos, Joaquim Benite foi responsável pela estreia em teatro de José Saramago, de quem dirigiu A noite (1979) e Que farei com este livro? (1980 e 2007). Encenou ainda obras de Shakespeare, Molière, Brecht, Lorca, Bulgakov, Camus, Adamov, Gogol, Beckett, Albee, Neruda, Thomas Bernhard, Sanchis Sinisterra, Antonio Skármeta, Pushkin, Peter Schaffer, Marguerite Duras, Dias Gomes, Nick Dear, O’Neill, Marivaux, Feydeau, Almeida Garrett, Gil Vicente, Raul Brandão, entre muitos outros.
Entre os seus últimos trabalhos contam-se: Que farei com este livro, de José Saramago (2007); as óperas A clemência de Tito, de Mozart (2008), O doido e a morte (2008) e A rainha louca (2011), de Alexandre Delgado; O presidente, de Thomas Bernhard (2008); Timon de Atenas, de Shakespeare (Festival de Mérida, 2008); A mãe, de Brecht (2010); Tuning, de Rodrigo Francisco (2010); Troilo e Créssida, de Shakespeare (2010); e Hughie e Antes do pequeno-almoço, de Eugene O’Neill (2010).
Entre os numerosos prémios e distinções com que foi distinguido, Joaquim Benite foi agraciado com as Medalhas de Ouro dos Municípios de Almada e da Amadora, e as Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura e Mérito Distrital do Governo Civil de Setúbal. Foi-lhe também atribuído o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique; os graus de Cavaleiro e Oficial da Ordem das Artes e das Letras de França; e o grau de Comendador da Ordem do Mérito Civil de Espanha».

Joaquim  Benite  lia o  Elitário Para Todos, e em algumas ocasiões nos deu conta disso, nomeadamente quando os posts se referiam à Companhia de Almada, ou ao Teatro em geral, ou a ele mesmo. Coisa que sempre nos surpreendeu. No meio da azáfama da sua vida arranjava tempo para estas atenções. Numa das últimas vezes que escrevemos sobre Benite, o titulo da Mensagem é SABEDORIA:

«Há 30 anos, fazíamos bailes ao fim de semana para arranjar dinheiro para manter uma peça de teatro. Bastava alguma flanela preta e pouco mais para entrarmos em cena. Hoje isso já não é possível, porque o público é muito mais exigente. Demos-lhe a escada e deitamo-la fora. Cedo demais. Criar público é uma tarefa que exige prudência e audácia, faz-se fomentando uma relação sólida com a comunidade, com as escolas, requer um trabalho de cariz social … São práticas que levam anos a desenvolver mas que quando travadas são fulminantes: matam o público. Recuperá-lo é impossível». E avisou: «Desenganem-se os nossos governantes se pensam que mantendo apenas a porta aberta alguém vai entrar».  Joaquim Benite - Expresso  2012/07/21.

Do que já se escreveu neste momento em que Benite nos deixa, depois de ouvirmos e lermos a crónica «SINAIS» de Fernando Alves de hoje não podiamos deixar de a trazer para aqui:

«Foi jornalista antes de chegar ao teatro. Integrou equipas de luxo no Diário de Lisboa e no República. E, durante algum tempo, dividiu-se por duas paixões, pisou as duas tábuas. Mas em 78 passou para a outra margem do rio. Em Almada ergueu um projecto sólido num teatro azul. Teve de enfrentar governantes cuja ignorância fustigava. Foi feito cavaleiro das artes e das letras pelo governo francês mas, quando lhe lembravam isso, dizia que ainda estava à espera do cavalo. Agora é tarde.
Esta manhã as notícias falam dele e de coisas que ele pensava e dizia: que "os encenadores nunca ficam na história, quem fica na história são os escritores como o Shakespeare".
Ora o Shakespeare foi guardador de cavalos antes de ficar na História. E ele que, por várias vezes, encenou Shakespeare, escuta agora, na grande pradaria, o tropel de vozes shakespeareanas. Uma voz grita que " a cólera é um cavalo fogoso". Outra é a voz de Ricardo III oferecendo o reino por um cavalo.
Ele dizia também que o teatro não tinha missão nenhuma. Numa entrevista ao jornal i, há coisa de um ano, contou que, certa vez, uma vereadora lhe perguntou se não tinha uma peça "que ensinasse os miúdos a lavar os dentes". Ele respondeu que, a existir, a missão do teatro seria a oposta, trataria da revolta contra a obrigação de lavar os dentes.
Esta madrugada, quando escutei a notícia da morte dele, da morte de Joaquim Benite, tive uma estranha vontade de deixar no copo a escova de dentes. Mas lembrei-me do que ele tinha dito sobre o teatro como um sinal de civilização que está na origem da sociedade. Até nos animais, sublinhava o Benite. E ele contava: "Quando chego a casa, o meu cão faz uma dança que parece egípcia. São rituais de representação".
Ora ele acreditava que o jornalismo e o teatro têm pontos em comum. Num e noutro palco, "sabemos que não estamos a trabalhar para a glória", dizia o Benite.
Assim sendo, lavei os dentes e cá estou. Montado no meu cavalo de pau, fazendo a vénia ao cavaleiro da ordem das artes e das letras que, tantas vezes, provocando a lágrima, o riso, o assombro, nos mostrou o cavalo fogoso da cólera ou a desconcertante capacidade de um cão para a arte da dança».
Joaquim Benite

Atualização



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

QUAL A COBERTURA PARA A INTERVENÇÃO DAS CÂMARAS NOS «CONCURSOS» PARA APOIO ÀS ARTES ATRAVÉS DA DGARTES? RESPOSTA: NÃO ESTÁ EM DIPLOMA, ESTÁ NAS PERGUNTAS FREQUENTES !

Dando continuidade a post anterior sobre os Apoios às Artes,  e depoletado  pelo post antes deste, vamos agora olhar para a intervenção das Câmaras Municipais nas Candidaturas e, em particular, nos Tripartidos. Quanto ao dispositivo legal que a cobre, e depois de procurarmos,  o  que existe está apenas nas Perguntas Frequentes como se segue.  Convenhamos, é um processo estranho (e estamos a ser comedidos)  para «mudar de paradigma» ou do que quer que seja. Vejamos um excerto das Perguntas Frequentes que pelos vistos querem que sejam mais do que isso:


Neste blogue limitamo-nos a sublinhar a situação, temos de acreditar que detetadas estas coisas,  há instituições para porem o assunto no são.  Tem isto a ver com a crise? Terá, mas com outras, para lá da financeira que nos afixia. E que no conjunto nos deixam quase sem esperança. E sem isso ...

Por outro lado, depois de nos dizerem que há mudança de paradigma, vem o Diretor- Geral das Artes em entrevista ao DN de 1 de Dezembro dizer que:

Isto é demasiado penoso, ninguém merece! 

domingo, 2 de dezembro de 2012

APOIOS ÀS ARTES - PARADIGMA POR PORTARIA ?


ADENDA - até para se responder a comentário que nos foi enviado por leitor, é de mencionar já aqui que não há qualquer diploma (nem Portaria, como refere o artigo acima) a dizer que uma Autarquia apenas se pode comprometer com um Projeto e dentro dos Tripartidos apenas com uma candidatura. O assunto é tratado somente nas Perguntas Frequentes. Dificil de compreender  ... mas é a verdade.

sábado, 1 de dezembro de 2012

MARIA POPOVA - «BRAIN PICKINGS»


Maria Popova

Numa altura em que muitos dos leitores do Elitário Para Todos estão na difícil tarefa de ver como se candidatar aos Apoios às Artes e, nomeadamente, ocupados com a decisão sobre a modalidade pela qual optar, parece uma ociosidade estar a chamar a atenção para este projeto: Brain Pickings . Mas Brain Pickings is a human-powered discovery engine for interestingness, culling and curating cross-disciplinary curiosity-quenchers, and separating the signal from the noise to bring you things you didn’t know you were interested in until you are. Cheguei lá pelo NYT de hoje, com o artigo She’s Got Some Big Ideas e depois de ver as «tags» do site de Maria Popova achei que era melhor partilhar a coisa, até porque depois me podia esquecer. São elas: activism advertising animation art bizarre books children's books collaboration creativity culture data visualization design documentary education film food happiness health history illustration innovation interview knowledge letters literature love maps media music neuroscience omnibus philosophy photography politics psychology remix science social web software sustainability technology TED video vintage world. E a última entrada de 30 de Novembro era sobre Susan Stong - Susan Sontag on Art: Illustrated Diary Excerpts  By: ,com ete destaque:
 
“Art is a form of consciousness.”
 
Rendi-me.