Público 30 MAR 2021
Teatro é para mim, hoje, percorrer essa terra incógnita, esses autores e obras tão diversas, que nos devolvem um passado fascinante e singular, que está na origem deste nosso presente em constante mutação.
E tal como cada livro tem o seu próprio destino, também cada povo tem a sua própria história, o seu código genético teatral, o seu “caso” colectivo em cena. Manter viva a herança teatral portuguesa, defendendo o direito de poder sentir, pensar e enunciar a arte, a ciência, a contemporaneidade e o futuro na língua portuguesa, é uma questão de defesa da diversidade cultural e linguística e de identidade».
Dia Mundial do Teatro, 27 de Março de 2021
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Não pode deixar de se notar a passagem assinalada na imagem, e até de a ligar ao que se ouviu ao autor do artigo numa ida recente à televisão (pensamos que ao telejornal da RTP 2) em que enaltecia (a palavra é nossa e será exagerada) a Rede de Teatros e Cineteatros em construção. De facto, quem sabe o que se pretendia com a REDE (que realmente nunca chegou a ser criada, mas no minimo deixou os equipamentos) e o que se visava com o Programa Operacional da Cultura, e demais programas com que se ia cruzar, não pode augurar nada de grandioso à rede «voluntária» que enche a boca de tantos ... Não «bate a bota com a perdigota»...
Ainda, o artigo parece visar a política europeia, mas podemos começar pela politica doméstica, e aí haverá constrangimentos por parte do autor, dado o lugar que ocupa ... Naturalmente. E isso ou qualquer coisa equivalente foi adiantado na tal ida à televisão antes referida.
Todavia, a nosso ver, valeu a pena mais este artigo. Venham mais! Este podia levar a um verdadeiro balanço do Programa Operacional da Cultura e o que de mais se fez na «época». Indissociáveis. E aí se inclui o próprio relançamento do TNSJ à data. Mas quem o quer?
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Já agora, lembremos Redes, dignas de tal designação, como a que cobrimos em post recente: APROVEITANDO A ATMOSFERA DIA MUNDIAL DO TEATRO RELEMBREMOS O QUE NÃO TEMOS | o equivalente aos 38 CDN espalhados pelo País (França)
A propósito, do CENA-STE, no Dia Mundial do Teatro «Mensagem do Dia Mundial do Teatro ou o convite ao espanto». De lá:
Ao lermos o trabalho a que se refere a imagem lembramo-nos deste post recente do Elitário Para Todos:OS «SITES» DA CULTURA E DAS ARTES | também à atenção dos Senhores Deputados ...Aproveitemos para visitar o site «design português» e com isso ajudar a pensar estas coisas da informação e da memória ...
SINOPSE
«Passam, em 2021, oitenta anos sobre a
primeira edição de Esteiros, de 1941 (com capa original de Álvaro Cunhal) - um
livro que marcou várias gerações de leitores ao mostrar-lhes personagens que
ficaram para sempre na nossa recordação, «os filhos dos homens que nunca foram
meninos» (é essa a dedicatória a abrir o romance): Gaitinhas, Guedelhas,
Gineto, Maquineta e Saguí. São eles os heróis anónimos de um diálogo entre o
humano e a Natureza, a denúncia da injustiça e a busca de redenção, a
solidariedade e a denúncia da pobreza e da penúria.
O romance, uma das referências mais emblemáticas do movimento neorrealista
português, foi de leitura obrigatória nas escolas secundárias portuguesas
durante duas décadas. É hoje um livro quase esquecido. No entanto, graças à sua
ingenuidade, bravura e simplicidade, Esteiros é um documento marcante da
história portuguesa do século xx - e deve ser relido para que não esqueçamos a
fotografia amarga desses anos». +.
No dia Mundial do Teatro o que é que institucionalmente nos foi dito? Como sabemos que os nossos Governantes da área da Cultura gostam de «acontecimentos» não iriam perder a oportunidade e fomos à procura - não no site do «Ministério da Cultura», já sabemos que não existe. Fizemos o circuito: Portal do Governo; o que chamam Portal da Cultura; ao GEPAC; à DGARTES; ... Aqui estava assinalado. Já houve tempos em que era a DGARTES (ou seja os organisms que a antecederam) que fazia a tradução da mensagem IIT ... Mas havia mais, de facto, houve quem nos tenha chamado a atenção: uma intervenção da Senhora Ministra no Youtube (também referido na DGARTES, como depois confirmaamos); e a Senhora Ministra tinha feito um artigo que saiu no DN (está disponível online). Não percebemos o(s) conceito(s) - incapacidade nossa, certamente. Bom, quanto ao artigo, dado o seu conteúdo não alcançámos em que qualidade o fez, a Senhora Ministra. A um Governante pede-se que nos fale das Politicas Públicas. Não sejamos tão exigentes, lá pelo meio, oferece o que tem para oferecer, e talvez se aplique que «quem dá o que tem a mais não é obrigado»: « A este título, o presente ano traz-nos uma notícia de esperança: o arranque da rede de teatros, cineteatros e outros equipamentos culturais por todo o país, numa iniciativa estratégica inédita do Estado central de apoio financeiro à programação de estruturas municipais (e espaços independentes) na área das artes performativas, a qual visa incrementar o desenvolvimento e a coesão territoriais, a descentralização e a redução de assimetrias regionais, valorizando e promovendo a procura e a oferta culturais».
Em especial, ai!, aquele «inédito», com que critérios trabalhará a Senhora Ministra? Mas num Dia Mundial do Teatro o Governo talvez nos pudesse dar uma verdadeira «notícia de esperança» e dizer-nos qual é a Politica para o «Teatro e para os Espectáculos», do tipo que podemos ler no site do Ministério da Cultura de França. Não, não queremos que se copie, apenas queremos mostrar de que se está a falar ... E comparar o que é comparável, ou seja, fazer «benchmarkings».
As imagens acima querem facilitar a incursão ... Mesmo não se sabendo francês dá para entender ... Intuitivo aquele site. Também podia ser «notícia de esperança» anunciarem que se vai criar um Ministério da Cultura digno desse nome e que vai ter um site à altura, onde o TEATRO tem o seu espaço ... Isto é, coisas básicas, sem as quaisde pouco valerão os artigos para se dizer que não se esqueceu a «efeméride» ou equivalente ... ou algo mais que não alcançamos.
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O excerto da imagem é tirado do que José Peixoto disse «na Homenagem que o CENDREV fez ao Mário Barradas, no dia Mundial do Teatro de 2010, que vem na linha do que já tinha dito aquando do funeral do Barradas e que tinha já sido notado».
O artigo acima provoca-nos comentários vários que poderão levar a reflexões. O que sublinhamos estará na dianteira. Comecemos por notar este hábito que agora existe de se prestar contas através de «artigos de opinião», ou seja, avaliar em causa própria, mas ainda assim, na circunstância, é de aplaudir. E fixada a avaliação em formato público que se pretenderá, a nosso ver, seja acessível a grande número de interessados - talvez o grande mérito do formato - aqui temos o que poderia ser efeito colateral: um contributo para se discutir o âmbito do SERVIÇO PÚBLICO em CULTURA E ARTES e o papel que a TELEVISÃO PÚBLICA deve ter nesse serviço. É nossa convicção que muito do que é assinaldo no artigo neste dominio sairia/sairá beneficiado com esse debate ... Por exemplo, será que se justificaria uma articulação privilegiada com a actividade artística financiada pelo Estado, através do Ministério da Cultura/DGARTES? Que inventário existe do que já se fez com uma abordagem que para aí caminhava?
Mensagem do Dia Mundial do Teatro 2021 por Helen MIRREN *
«Este tem sido um momento muito difícil para o espetáculo ao vivo e muitos artistas, técnicos e artesãos e artesãs têm lutado, numa profissão já de si plena de insegurança. Talvez essa omnipresente insegurança os tenha tornado mais aptos a sobreviver a esta pandemia com sagacidade e coragem. Nestas novas circunstâncias, a sua imaginação já se traduziu em inventivas, divertidas e comoventes formas de comunicar, graças, claro, em larga medida, à internet. Os seres humanos contam histórias uns aos outros desde que estão no planeta. A bela cultura do teatro viverá enquanto nós ficarmos aqui. O impulso criativo de escritores, desenhadores, bailarinos, cantores, atores, músicos, encenadores, nunca será sufocado e no futuro muito próximo ele florescerá com uma nova energia e um novo entendimento sobre o mundo que todos partilhamos. Mal posso esperar!»
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* Tradução: Ricardo Simões / Teatro do Noroeste - Centro Dramático de Viana - Portugal
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