João Cravinho foi um dos nossos desde o princípio da Clave de Sul. Membro do grupo fundador da nossa Associação, foi um entusiasta da construção e instalação do Órgão Sinfónico na Matiz de São Clemente de Loulé em que via a recuperação da tradição mantida na cidade entre os séculos XVI e XVIII. Foi-se inteirando dos passos que a Clave de Sul foi dando sempre que nos tempos mais recentes vinha à sua moradia no belo sítio da Soalheira, perto do Parragil, manifestando o seu entusiasmo e alegria com o programa de construção do Órgão Sinfónico apresentado e pelo mestre organeiro Dinarte Machado.
Foi desde o início membro proeminente do Conselho Consultivo Permanente da Clave de Sul, inteirando-se com visível emoção dos projetos de programação musical que foram sendo delineados e manifestando enorme confiança esperançosa nas parcerias e acordos de cooperação de que a associação lhe ia dando conta.
Aos 88 anos, João Cravinho depois de uma longa carreira política em que soube manter a ética, inegável e multifacetada competência técnica e amor ao torrão natal, partiu, mas não nos deixou – ficou no coração e na memória viva dos que o conheceram e com ele aprenderam muito. Na Clave de Sul continuará a ser uma referência indelével.
Muito obrigado, João Cravinho.
Loulé, 16 de abril de 2025.
«(...) Mas também sabe o que vale.
Conheço os meus pontos fortes. É muito diferente o indivíduo estar sozinho ou, como hoje se diz, networked com os poderes tradicionais. Sempre tive a consciência de que estava desligado dos poderes tradicionais. Podia ter vontade de cooperar, mas nunca esperei de nenhuma instituição, de nenhuma natureza e muito menos na área do poder, protecção. Percebi que há uma limitação em termos de afirmação individual, que há forças políticas e sociais que o ultrapassam, e que o aniquilam facilmente. Podia ter-me dado isso para ser prudente, no sentido de ser calculista – nunca fui. Também não sou suicidário, não me armo aos cucos [riso]. Mas sempre tive esta noção de que há um equilíbrio a que uma pessoa tem que atender. (...)».
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