sábado, 19 de abril de 2025

NA MORTE DE JOÃO CRAVINHO | das «pequenas coisas» que distinguem os grandes ...

 


 
Sobre pessoas como João Cravinho naturalmente que não falta quem enalteça  o seu percurso de vida. E isso, felizmente,  está a acontecer em grande escala. Gostamos da maneira como é reconhecido enquanto SERVIDOR PÚBLICO neste tempo em que muitos e muitas se afastam das ADMINISTRAÇÕES,  quando não se  vê quem, nomeadamente nesta campanha eleitoral em curso, aborde a totalidade da GOVERNANÇA. O sentido estratégico do que acontece. Partiu, mas continuemos a cuidar o seu futuro, ou seja, a aprender com o que nos deixa: não só com o que fez e faz manchete mas com aquelas pequenas coisas que passam despercebidas, mas são grandes. E revelam a PESSOA enquanto profissional que não é separável do cidadão. Pensamos nisso, com o que acaba de nos chegar pelo «alerta» online a que se refere a imagem acima - vinda da  Clave do Sul. Reproduzimos:
    

João Cravinho foi um dos nossos desde o princípio da Clave de Sul. Membro do grupo fundador da nossa Associação, foi um entusiasta da construção e instalação do Órgão Sinfónico na Matiz de São Clemente de Loulé em que via a recuperação da tradição mantida na cidade entre os séculos XVI e XVIII. Foi-se inteirando dos passos que a Clave de Sul foi dando sempre que nos tempos mais recentes vinha à sua moradia no belo sítio da Soalheira, perto do Parragil, manifestando o seu entusiasmo e alegria com o programa de construção do Órgão Sinfónico apresentado e pelo mestre organeiro Dinarte Machado.

Foi desde o início membro proeminente do Conselho Consultivo Permanente da Clave de Sul, inteirando-se com visível emoção dos projetos de programação musical que foram sendo delineados e manifestando enorme confiança esperançosa nas parcerias e acordos de cooperação de que a associação lhe ia dando conta.

Aos 88 anos, João Cravinho depois de uma longa carreira política em que soube manter a ética, inegável e multifacetada competência técnica e amor ao torrão natal, partiu, mas não nos deixou – ficou no coração e na memória viva dos que o conheceram e com ele aprenderam muito. Na Clave de Sul continuará a ser uma referência indelével.

Muito obrigado, João Cravinho.

Loulé, 16 de abril de 2025.


Neste ambiente, o Elitário Para Todos recorda a conferência de João Cravinho num daqueles acontecimentos que com frequência se realizam nas Escolas. Este, em 2017:
 



Não nos lembramos do que o tenha despoletado, mas João Cravinho falou do excelente trabalho que Rui Vieira Nery tinha desenvolvido quando Secretário de Estado da Cultura. Algum espanto na sala - a cultura ali! Sim, seria bem interessante ter memória da transversalidade praticada entre o Ministério da Cultura e o Ministério do Equipamento Social, do Planeamento e da Administração do Território no I Governo de Guterres, no âmbito das Artes do Espectáculo.  E já agora alarguemos ao Ministério das Finanças. Deste modo na senda da CULTURA em todo o Governo e não apenas no Ministério da Cultura. Não «por decreto», mas porque «governança» de qualidade não pode ser de modo diferente.
 

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Para um conhecimento maior,
 recordemos esta entrevista de JOÃO CRAVINHO
 a Anabela Mota Ribeiro
De lá:
 

«(...) Mas também sabe o que vale.

Conheço os meus pontos fortes. É muito diferente o indivíduo estar sozinho ou, como hoje se diz, networked com os poderes tradicionais. Sempre tive a consciência de que estava desligado dos poderes tradicionais. Podia ter vontade de cooperar, mas nunca esperei de nenhuma instituição, de nenhuma natureza e muito menos na área do poder, protecção. Percebi que há uma limitação em termos de afirmação individual, que há forças políticas e sociais que o ultrapassam, e que o aniquilam facilmente. Podia ter-me dado isso para ser prudente, no sentido de ser calculista – nunca fui. Também não sou suicidário, não me armo aos cucos [riso]. Mas sempre tive esta noção de que há um equilíbrio a que uma pessoa tem que atender. (...)».

 

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