«É a voz de Rui Cardoso Martins que aqui pode ser escutada. Lida agora. Mas escutada ainda. Ler muito, ver espectáculos, viver mais reproduz uma formação feita por alguém que escreve, numa partilha com aqueles que, pretendentes ou amantes da palavra, a desejam e a apreciam, interessam-se pelos seus mistérios. Foi esta voz, aqui transcrita, que se dirigiu aos participantes da formação O sentido dos Mestres, iniciativa do Festival de Almada 2024. E é com esta voz, ponderada e intensa, que ele nos diz agora a todos coisas graves, necessárias, improváveis, e pequenas também».
Edmundo Cordeiro
Edmundo Cordeiro
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No «dia mundial do teatro» 2025 estivemos lá, no Teatro Municipal Joaquim Benite, no lançamento do livro da imagem. Aquele «curso» desde início que nos tinha provocado uma curiosidade além do habitual:
O titulo era estranho. Faltava harmonia. Estabilizámos nesta interpretação: «ler muito», «ver espectáculos» - para «viver mais», como resultante. E fomos espiando as Folhas Informativas que são publicadas ao longo do Festival que nos iam dizendo sobre a formação a decorrer. A n.º 8 deitou por terra a nossa lógica, «viver mais» era parcela equivalente às outras no sentido de se mergulhar no quotidiano porque é um alfobre de ideias.
A apresentação no dia 27, embora pontuada de «coisas da vida», que sabemos animam uma palestra, mesmo que ditas por quem diz não ter jeito para isso, foi muito «régua e esquadro», e o que saltava do que se ia ouvindo é que estávamos perante um «MANUAL» para profissionais ou a isso aspirantes que estudado podia levar a ESCRITOR/A. Naturalmente, sentimos a ausência de palavras como TALENTO e MAGIA e outras da família que não se ensinam ... É a crueza dos factos. Sem prejuízo das formulas, das «bengalas», para o fazer de cada profissão. E da Inteligência Artificial que absorve os nossos dias. Mas o que se pode debater num acontecimento de 1 hora?, a correr. Sem tempo para sequer esboçar o que se pode trazer daquele encontro. Precisamos de «vagar» nestas coisas, mais que não seja como antídoto a muito que nos rodeia. Confirma-se, cada vez mais detestamos conversas de tempo contado. Pois bem, esqueçam tudo isso, vamos ao que interessa: a nosso ver, corram e adquiram o livro (o preço é acessível), antes que esgote. Procurando uma síntese: é ELITÁRIO PARA TODOS. Alô, públicos, não percam - espectáculos que viram vão ficar maiores, clareados, sem que se perca mistério. Desde logo, ressalta, objeto cuidado - quanto trabalho ali consumido!, que virá de longe de muito longe,... A qualidade, o bom gosto, o amor pelo que se faz, «não nascem de estaca». Qual manual, qual carapuça! Está bem, chamem-lhe transcrição, se quiserem, mas ali há «atmosfera» que não é dada por somatório de «salas de aula». Quando muito da família daquelas SEBENTAS MARAVILHOSAS dos tempos antigos que a partir de apontamentos de muitas mãos registavam o que os «mestres» iam transmitindo de uma forma só deles, não uma vez, mas numa sucessão de vezes... e que os alunos iam absorvendo encantados. Joias.
Quanto ao titulo ainda não estamos em paz. Numa de públicos, simples espetadores, talvez «UMA FAMÍLIA INFINITA» que nos mostra ao longo dos tempos que há um um prazer e um saber que só a cultura e a arte nos podem dar . Na circunstância o Teatro. E dessa família porventura não seja má ideia gizar com o mesmo conceito uma formação para o CICLO DO FESTIVAL DE ALMADA sobre o que aprender com os criadores no âmbito do Teatro do RAMO PORTUGUÊS dessa família. Ou será que «santos da casa não fazem milagre»?, e desta forma alinhando-se até com o conteúdo adotado para «o viver mais». E pronto, é fatal, nestes momentos vem à memória Luís Miguel Cintra, Mário Barradas, Joaquim Benite ... E fica bem aqui recordar o que José Peixoto disse no funeral do Barradas, na nossa leitura conjuga com o que se lê no «Manual» de Rui Cardoso Martins:
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