sexta-feira, 21 de novembro de 2025

«A PRIMEIRA ENTREVISTA» | da Ministra da Cultura, Juventude e Desporto, e acrescente-se Igualdade | NADA DE NOVO | MAS QUE FALTA DE ÉLAN !

 


  POR Christiana Martins e Liliana Valente (Texto) 
e José Fonseca Fernandes (Fotografias)
 
E lá fomos ler, na revista do semanário Expresso que acabou de sair,  a ENTREVISTA «habitual» que se faz à pessoa que no Governo é responsável pela CULTURA, como sabemos agora acompanhada por uma lista de outras áreas. As jornalistas até se pode dizer alinham com o discurso dos tempos e também assinalam «a primeira entrevista»:Escrevem: 
«Chegou à hora marcada, parecia impecável, mas, num minuto, trocou os confortáveis ténis pelos sapatinhos “de adulta”, como disse. Margarida Balseiro Lopes estava pronta para a sua primeira entrevista como ministra da Cultura, Juventude e Desporto. A conversa nem sempre foi fácil, a ministra mostrou que não ia desarmar do papel institucional. Discutiu o teor das questões, antes de responder. E talvez por isso, em quase duas horas, apenas permitiu que se arranhasse a superfície do seu lado mais pessoal.
(...)». Bom, mas se bem se leu, nada de novo na «primeira entrevista», tudo já passou pela comunicação social: mecenato; FFC; reuniões que 
 anda a fazer pelo País ... Atentemos no tom:
 «(...) 

Tem muitas pastas, mas podemos começar pelo ambiente do Palácio Nacional da Ajuda. Como se sente aqui a ministra mais jovem do Governo?

Sinto-me bem. A cultura em Portugal é muito rica e esta é uma das suas mais relevantes dimensões. O meu gabinete não é este, mas faço aqui algumas reuniões, embora esteja muitas vezes onde está a maioria dos ministros, no Campo Pequeno. É bom estar lá, porque tanto a cultura como as outras áreas envolvem a permanente articulação com vários membros do Governo. Mas aqui tenho entidades com que trabalho diariamente, como o Património Cultural e a Museus e Monumentos.

O desafio da Cultura não a intimidou?

De todo. Devemos procurar ser versáteis.

A arquitetura deste ministério continua a ser motivo de discussão na área da cultura, que deixou de ter um ministério exclusivo. Como justifica essa opção?

Acredito que depois da minha audição, no contexto do debate do Orçamento do Estado, se existiam dúvidas, estas desapareceram. A cultura é absolutamente central e não vai ser descurada. Quanto à arquitetura, a nível europeu, o comissário que trata estas matérias é da Justiça Intergeracional e tem a cultura, a juventude e o desporto. No Parlamento, a comissão que acompanha estas matérias tem a cultura, a comunicação, a juventude e o desporto. Países como a Áustria, a Coreia do Sul ou o Japão são exemplos com ministros que têm a cultura e outras áreas. O que espero é que venha a ser julgada por aquilo que tiver feito e não pelas dúvidas em relação à arquitetura do ministério.(...)».

 Pois bem, com «discurso» destes não há entusiasmo para se voltar, neste momento, a comentar 0 que disse a Governante mesmo recuperando o que já se tem escrito no Elitário Para Todos. Ainda assim, não acreditamos  que o caldeirão organizacional em que se encontra a Cultura foi decisão tomada comparando, como decorre disto: «Países como a Áustria, a Coreia do Sul ou o Japão são exemplos com ministros que têm a cultura e outras áreas». Apetecia perguntar porque não fizeram benchmarking com outras situações?, dizendo-nos  desde logo quais são os «benchmarks» escolhidos ... Quando se compara isto tem de ser justificado - vem nos livros. Pois é, Senhora Governante, as arquiteturas podem ser diversas, mas importam ...,  até no domínio simbólico, e até dependerão da «cultura» mais ampla, além da artística, deste ou daquele País - e a dos Países que mencionou talvez ... Deve ser por respostas destas que  as «conversas» que a Senhora Ministra defende (como se fosse a primeira vez) nos seus FORUM CULTURA  neste momento não nos chamem. Mas é coisa passageira. Porém, já o sugerimos em tempos, Senhora Governante, faça um levantamento dos DIÁLOGOS que aconteceram nos 50 ANOS DE ABRIL na esfera da Cultura. Assim, de repente, A CULTURA EM DIÁLOGO no tempo do Primeiro Governo Guterres -  intervenções estarão registadas na revista ADÁGIO  do CENDREV. Mas como saberá o «diálogo», o debate de ideias, estão para lá do momento dos acontecimentos. Para já há a «atmosfera», têm de estar no ADN da intervenção governamental ... Não se reduzirem a um somatório de encontros. E valorizando-se o contacto, naturalmente, falta a retaguarda dos ESTUDOS que os incorporem. Não dirá o contrário e concordará com isto : o GEPAC  (outro caldeirão organizacional) não tem condições para ser «Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais». Já que gosta de comparar, vá ver Senhora Ministra o que se passa noutros Países. Verificará que não atingimos «os mínimos» para isso ... Talvez começar por fazer o que vem «nos manuais» de GESTÃO PÚBLICA.
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E numa de aproveitarmos a leitura do trabalho do Expresso, recuperemos o artigo de opinião de António Pinto Ribeiro - o INSULTO - referido na entrevista e que ainda não tínhamos trazido para o Elitário Para Todos. A Senhora Ministra dos «fóruns» desvaloriza. Não devia, incorpore como parte do diálogo, como riqueza que nos vem do ESPAÇO PÚBLICO de maneira gratuita. E HÁ QUE RENDIBILIZAR O GRATUITO - há Países que o fazem de maneira assumida e grata. E quando tivermos Ministério da Cultura digno desse nome, estamos certos que isso vai acontecer.
 
 Excerto:«(...) Sobre a legislação em causa, que a ministra considera um grande avanço legislativo, não há muito a dizer: o tom e a linguagem usados é que são demonstrativos de uma postura política repetidamente arrogante,​ palavrosa e vaga, em tudo semelhante ao programa de política cultural da AD, que terá, na prática, resultados embalados numa suposta neutralidade ideológica. A ministra, que é das mais ideológicas do Governo, insiste em afirmar uma política desideologizada. É muito comum que os políticos que mais pugnam por afirmar políticas sem ideologia sejam os que mais pugnam por políticas ideologicamente marcadas pelos aparelhos partidários e intenções programáticas. O Freud bem explica este problema da negação que é sempre uma afirmação escondida.(...)».

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