Foi-nos enviado por um leitor do Elitário Para Todos:
«Boas e más notícias para
o nosso pobre Teatro de São Carlos. As boas são, naturalmente, a junção de três
responsáveis muito qualificados na orientação artística do teatro - Adriano
Jordão na Administração, Joana Carneiro como titular da Orquestra Sinfónica
Portuguesa, Paolo Pinamonti como Consultor Artístico. Poderia a ser uma equipa
ideal. Mas as más notícias começam logo a seguir, porque na realidade tudo
parece estar de pernas para o ar na situação institucional do Teatro. Começando
pelo Conselho de Administração, o Administrador Adriano Jordão está nomeado -
tal como, de resto, o Presidente João Villalobos - pelo Revisor Oficial de
Contas e não por resolução do Conselho de Ministros, ao abrigo de uma norma
obscura da legislação sobre sociedades comerciais destinada a evitar rupturas de
gestão nas respectivas empresas, e só com esta nomeação (excelente, por sinal,
em termos artísticos) se pôs fim à estranhíssima situação anterior, em que
durante meses os processos para despacho eram levados a Madrid para assinatura
do Administrador César Viana, entretanto residente na capital espanhola mas
supostamente ainda em funções (pelo exemplo, percebe-se o que esta gente entende
por "Reforma do Estado"!). Em segundo lugar, continua a ser escandaloso o
próprio princípio que preside à prática reiterada da nomeação da Direcção
Artística do São Carlos pela tutela governamental e não pelo respectivo Conselho
de Administração, que deveria ser o responsável independente por toda a
actividade da instituição, e de preferência através de um concurso público com
apresentação pelos candidatos de programas artísticos alternativos sujeitos a
uma avaliação por peritos. Por último - e diria que acima de tudo - a dotação
orçamental do São Carlos continua a ser miserável, e absolutamente impeditiva da
concretização de uma temporada artística consistente, que justifique o
investimento permanente que o Estado tem de fazer nos custos fixos da
instituição, abra esta ou não as portas ao público. Depois de anos de
mediocridade inaugurados pela infelicíssima decisão do então Secretário de
Estado da Cultura, Mário Vieira de Carvalho, de afastar Paolo Pinamonti da
Direcção do Teatro, substituindo-o pelo alemão Christoph Dammann, de triste
memória, o São Carlos volta a ter uma equipa artística de grande competência.
Mas continua desprovido dos meios orçamentais mínimos para que ela possa aplicar
em pleno o seu conhecimento e a sua experiência, pelo que os nomeados se
arriscam seriamente a ver a credibilidade dos seus nomes utilizada para
legitimar uma operação condenada à partida pelo desprezo manifesto desta gente
que nos governa pela Cultura e pelos seus agentes. Espero estar enganado e
desejo de todo o coração os maiores sucessos ao Adriano, ao Paolo e à Joana, que
bem os merecem».
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22.09
Rui Vieira
Nery
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